21º DOM TC-A

21º DOMINGO COMUM-ANO A

27/08/2023  

LINK AUXILIAR:

AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO

 

1ª Leitura: Isaías 22,19-23

Salmo Responsorial 137(138)R – Ó Senhor, vossa bondade é para sempre! Completai em mim a obra começada!

 2ª Leitura: Romanos 11, 36-37

Evangelho de Mateus 16,13-20

13    Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos discípulos: “Quem dizem as pessoas ser o Filho do Homem?” 14  Eles responderam: “Alguns dizem que és João Batista; outros, Elias; outros ainda, Jeremias ou algum dos profetas”. 15 “E vós”, retomou Jesus, “quem dizeis que eu sou?” 16  Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. 17        Jesus então declarou: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. 19    Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. 20 Em seguida, recomendou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo.

 

DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA-SP


Mt 16,13-20 


Quem é Jesus? 


A essa pergunta podemos responder de duas maneiras: uma resposta que vem dos homens e outra que vem de Deus. De fato, Jesus faz essa distinção quando declara sobre a confissão de Pedro: “não foi carne e sangue que te revelaram isso, mas meu Pai que está nos céus”.

Uma resposta é fruto da pesquisa e das nossas reflexões, outra resposta é fruto de revelação divina. Um é o ponto de vista humano, outro o de Deus. Uma é a apreciação humana a respeito de um personagem da história, outro é o conhecimento sobrenatural que podemos ter de Jesus de Nazaré. A fé em Cristo só é possível por uma revelação do alto.

Na opinião corrente, Jesus era João Batista, Elias, Jeremias ou um dos profetas. Se fosse hoje, Jesus seria um amigo, um mestre, um libertador, um mártir ... São opiniões erradas? São verdadeiras? Nem uma coisa nem outra. São opiniões insuficientes.

Essas opiniões não precisam ser condenadas imediatamente como heresias, desde que não se queira impor em substituição ao dogma de fé. 

Também hoje Jesus não se contenta com a opinião que as pessoas e a cultura de hoje fazem dele. Jesus continua perguntando: “e vós, quem dizeis que eu sou?” Para responder a essa pergunta não bastam as nossas pesquisas de opinião nem as nossas reflexões filosóficas. A resposta a essa pergunta só pode ser a mesma de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Evidentemente não se trata de responder somente como uma fórmula decorada. Trata-se de reviver e aprofundar essa resposta de Pedro. Essa confissão de fé de Pedro foi repetida com a vida e, às vezes, com o próprio sangue pelas gerações de cristãos que nos antecederam, foi posta em prática em obras admiráveis de caridade pelos santos da misericórdia que hoje honramos sobre os altares. Essa resposta da confissão de Pedro foi o tema de reflexão e de estudos de sábios e de teólogos santos; foi proclamada por concílios e pelo magistério da Igreja ao longo de dois milênios. Essa resposta deu origem à cultura cristã, à arte, à Universidade, às Santas Casas. 

Nós hoje somos interpelados por Jesus a repetir de novo com a boca e o coração, com as palavras e a vida, com o comportamento e o testemunho a mesma confissão de fé. 

Essa alegria de poder confessar a fé em Jesus precedidos e ancorados em tantos santos, doutores, mártires da Igreja é também um perigo. Podemos simplesmente repetir uma fórmula achando que já tenhamos resolvido todas as buscas e interrogações. A resposta de fé acaba morrendo se não é continuamente renovada, revivida e transplantada de geração em geração, de cultura em cultura. Além disso, a confissão de fé precisa ser viva em si mesma. Caso contrário ela se torna sem significado pessoal; ela não se torna minha, não é interiorizada. 

A fé não é uma poesia que se memoriza. Ela é uma vida que só se transmite como vida entre pessoas vivas. Ela só subsiste se for vida: a minha vida, a nossa vida, assim como é a vida dos santos que nos antecederam.


Somos Petra/Rocha sobre a qual construímos nossa vida- Adroaldo Palaoro


21°DTC-Mt 16,13-20-A-27-08-2023.


“Tu és pedra, e sobre esta rocha eu construirei minha Igreja” (Mt. 16,18)


O evangelho deste domingo nos situa num destes momentos em que Pedro, com sua habitual ousadia e rapidez, responde à pergunta que Jesus lhes dirige sobre sua identidade: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Diante da pronta confissão Jesus o chamou, em hebraico, Kephas.

O texto grego usa duas expressões: petros e petra. Simão é por si mesmo um petros (pedregulho, cascalho), mas, através de sua confissão messiânica, afirmando que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, ele realizou uma missão essencial no princípio da Igreja; assim, o mesmo Jesus acolheu esta profissão de fé e lhe chamou bem-aventurado (makarios), acrescentando que sobre a rocha da confissão de Pedro (petra) edificará sua Igreja.

Por ter recebido uma revelação muito alta de Deus, o próprio Simão que em si mesmo é petros (pedra movediça, incapaz de ser alicerce) se converte, de maneira muito profunda, em petra/rocha firme, revelando-se o alicerce da nova comunidade. O texto distingue e vincula assim duas palavras fundamentais: a) Pe-tros (Pedro masculino), pedra-cascalho do caminho; b) Petra (rocha, feminino), na qual se expressa a revelação do Pai (“não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu”).

A realidade de Pedro está vinculada à sua história familiar, ao mundo conhecido ao qual pertence, à sua personalidade: é Simão (petros). No entanto, o olhar intenso e profundo de Jesus vai mais além, “perfura” essa realidade, descobrindo em Pedro a sua verdadeira identidade para o qual foi chamado a ser, ao se abrir à Graça: é Petra (Cefas). A missão para a qual foi chamado a ser, Pedro ainda não a conhece, mas é um dom que lhe foi dado já desde antes de nascer.

A acolhida de Jesus se expressa na palavra de verdade oferecida e não imposta, uma palavra que o leva a dialogar consigo mesmo e a aprofundar: “Tu és ‘petros’ e sobre esta ‘Petra’ construirei a minha Igreja”.

Pedro aparece, então, como o primeiro discípulo que manifesta sua fé pessoal em Jesus. E o evangelho faz um convite para que cada pessoa, cada seguidor(a), expresse para si mesmo qual é sua fé em Jesus.

Como consequência, essa mesma fé, que aflorou na primeira comunidade cristã, é a que emerge e se prolonga, ao longo dos séculos, em cada seguidor(a) de Jesus, com sua fortaleza (petra-rocha) e, ao mesmo tempo, com sua fragilidade (petros-pedra); sem dogmatismos nem doutrinas, mas com a modesta manifestação de alguém que se sente interpelado e animado pelo modo como Jesus viveu e pelos estímulos que Ele lhe deu para caminhar na direção da nova humanidade.

Por isso, continua sendo decisiva a pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” No entanto, não basta ter uma ideia clara sobre Ele ou um conceito teológico apurado, mas viver uma relação que se expressa como adesão a um estilo de vida cristificado.

O seguimento de Jesus não é questão de razão ou um profundo conhecimento da cristologia; é questão de sedução, de atração, de paixão... Só podemos responder à sua pergunta com o coração. Se a pessoa de Jesus – seu modo de ser e viver – não provoca um impacto afetivo em nosso interior, o seguimento vai se tornando estéril e sem maiores implicações na vida.

A pergunta sobre “quem é Jesus para nós” é fundamental para radicalizar nosso seguimento, e é fundamental para entendermos a nós mesmos; cada um precisa se situar de maneira única e original diante da mesma pergunta feita a todos. Em muitas ocasiões as perguntas nos ajudam a avançar mais que as nossas próprias respostas. As “perguntas existenciais” são provocativas e mobilizadoras pois sacodem nossas vidas e despertam os recursos mais nobres em carregamos em nossa interioridade.

Por isso, a pergunta por Jesus se volta a nós mesmos; perguntar por Jesus é perguntar por nós mesmos. Nesta rede de perguntas e respostas o que está em jogo não é tanto a identidade de Jesus, mas a nossa identidade de seguidores(as) seus(suas). No centro das perguntas que nós fazemos na vida vão surgindo respostas com as quais vamos configurando nossa existência, identificada com a vida de Jesus.

Mas hoje, talvez num gesto de ousadia e atrevimento, poderíamos inverter as perguntas. No Evangelho, é Jesus quem pergunta e nós respondemos; agora somos nós que fazemos as perguntas a Jesus. Se Ele está interessado em saber o que os outros pensam dele, também nós estamos interessados em saber o que ele pensa de nós:

“Senhor, que dizes, que pensas de mim?” “Senhor, que pensas e dizes de mim como batizado(a) e teu(tua) seguidor(a)? Sou realmente essa imagem do(a) homem/mulher novo(a) nascido(a) de tua Páscoa?” Senhor, que pensas e dizes de mim como: jovem? adulto? cristão/ã? trabalhador(a)...?”

“Senhor, Tu que pensas de mim como pessoa? Porque tu me deste a vida não para que a conserve atrofiada, mas para que me realize humanamente e chegue a ser uma pessoa livre, madura e comprometida. Tenho amadurecido no amor, chegando a ser essa pessoa que Tu esperas de mim?”

Talvez, de início, possamos sentir um pouco de medo da verdade que Ele dirá sobre nós. Mas, pensando bem, podemos concluir que Jesus pensa melhor sobre nós que nós sobre Ele. E se nos dá vergonha responder às suas perguntas, certamente que Jesus não sentirá vergonha alguma em responder às nossas.

Ao responder nossas perguntas, Jesus nos faz ter acesso àquilo que é o fundamento, a rocha sobre a qual construímos nossa vida. Assim como Ele respondeu, afirmando a verdadeira identidade de Pedro, podemos afirmar que petros é o que em nós é fragilidade, incoerência, vulnerabilidade, limitação... Petra, ao contrário, é o que é sólido, firme, consistente, sobre o qual fundamentamos a vida. “Carregamos um tesouro em vaso de barro” (2Cor. 4,7). Como seres humanos vivemos a integração de petros e petra.

Nossa própria interioridade é a rocha consistente e firme, bem talhada e preciosa que temos, para encontrar segurança e caminhar na vida superando as dificuldades e os inevitáveis resistências na vivência do seguimento de Jesus. O “eu profundo” constitui-se como um centro sólido, consistente e estável de nosso ser, radicalmente diferente das experiências fluidas que o atravessam. Existem camadas sólidas da experiência do “eu” que devem se contrapor às experiências passageiras de sentimentos vazios, desejos periféricos, sonhos sem paixão.

É no “eu mais profundo” que as forças vitais se acham disponíveis para nos ajudar a crescer dia a dia, tornando-nos aquilo para o qual fomos chamados a ser. Trata-se da dimensão mais verdadeira de nós mesmos, a sede das decisões vitais, o lugar das riquezas pessoais, onde vivemos o melhor de nós mesmos, onde se encontram os dinamismos do nosso crescimento, de onde brotam as nossas aspirações e desejos fundamentais, onde percebemos as dimensões do Absoluto e do Infinito da nossa vida.

Vivemos um contexto social e cultural no qual se constata um modo de vida que não favorece o contato com a nossa rocha interior. Seduzidos por estímulos ambientais, envolvidos por apelos vindos de fora, cativados pela mídia, pelas inovações rápidas, magnetizados por ofertas alucinantes... nós nos esvaziamos, nos diluímos, perdemos a interioridade e... nos desumanizamos. Tudo se torna líquido: o amor, as relações, os valores, a ética, as grandes causas... (cf. Bauman).

Diante desta “cultura líquida” é urgente gerar espaços que facilitem o acesso à rocha da interioridade, possibilitar o retorno à “base interior” onde é gestada a nossa identidade e as nossas opções mais firmes.

Somos um mistério no meio de mistérios, em um mundo de surpresas e de assombros.


Na oração:

Muitos caminhos conduzem à nossa própria interioridade. A oração é a chave de acesso; ela é esse silencioso exercício de deixar que Deus nos habite para que possamos abrir as portas do coração e janelas da mente àqueles que encontramos. Onde o Deus de Jesus tem liberdade de atuar, ali desaparece todo resquício do medo que desumaniza.

- Deixe que a “chave” da oração abra as portas do seu coração e mostre todos os seus tesouros escondidos nas arcas de seu interior. Permita que a petra de sua existência brote com leveza das profundezas de seu ser.


Que dizemos nós - José Antonio Pagola


Também hoje nos dirige Jesus aos cristãos a mesma pregunta que fez um dia aos Seus discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Não nos pregunta só para que nos pronunciemos sobre a Sua identidade misteriosa, mas também para que revejamos a nossa relação com Ele. Que Lhe podemos responder a partir das nossas comunidades?

Conhecemos cada vez melhor Jesus, ou temo-Lo “encerrado nos nossos velhos esquemas aborrecidos” de sempre? Somos comunidades vivas, interessadas em colocar Jesus no centro da nossa vida e das nossas atividades, ou vivemos presos na rotina e na mediocridade?

Amamos Jesus com paixão ou converteu-se para nós numa personagem gasta a quem continuamos a evocar enquanto no nosso coração vai crescendo a indiferença e o esquecimento? Quem se aproxima das nossas comunidades pode sentir a força e o atrativo que tem para nós?

Sentimo-nos discípulos e discípulas de Jesus? Estamos a aprender a viver com o Seu estilo de vida no meio da sociedade atual, ou deixamo-nos arrastrar por qualquer reclame mais apetecível para os nossos interesses? É igual viver de qualquer maneira, ou temos feito da nossa comunidade uma escola para aprender a viver como Jesus?

Estamos a aprender a olhar a vida como a olhava Jesus? Olhamos a partir das nossas comunidades para os necessitados e excluídos, com compaixão e responsabilidade, ou encerramo-nos nas nossas celebrações, indiferentes ao sofrimento dos mais desvalidos e esquecidos: os que foram sempre os prediletos de Jesus?

Seguimos Jesus colaborando com Ele no projeto humanizador do Pai, ou continuamos a pensar que o mais importante do cristianismo é preocupar-nos exclusivamente na nossa salvação? Estamos convencidos de que o modo de seguir Jesus é viver cada dia fazendo a vida mais humana e mais ditosa para todos?

Vivemos o domingo Cristão celebrando a ressurreição de Jesus, ou organizamos o nosso fim-de-semana vazio de todo o sentido cristão? Temos aprendido a encontrar Jesus no silêncio do coração, ou sentimos que a nossa fé se vai apagando afogada pelo ruído e o vazio que há dentro de nós?

Acreditamos em Jesus ressuscitado que caminha connosco cheio de vida? Vivemos acolhendo nas nossas comunidades, a paz que nos deixou em herança aos Seus seguidores? Acreditamos que Jesus nos ama com um amor que nunca acabará? Acreditamos na Sua força renovadora? Sabemos ser testemunhas do mistério de esperança que levamos dentro de nós?


A comunidade de fé (Mt 16,13-19) - Mesters, Lopes e Orofino


Neste texto, aparecem muitas opiniões sobre Jesus e várias maneiras de se expressar a fé. Pedro, por exemplo, tem opiniões e atitudes tão opostas entre si que parece não caberem na vida de uma mesma pessoa. Hoje, também existem muitas opiniões diferentes sobre Jesus e também várias maneiras de viver a fé, tanto dentro da gente como dentro da comunidade. Vamos conversar sobre isso.

Situando

Estamos na parte da narrativa entre o Sermão das Parábolas (Mt 13) e o Sermão da Comunidade (Mt 18). Geralmente, nestas partes narrativas que ligam entre si os cinco sermões, Mateus costuma seguir a sequência do Evangelho de Marcos. De vez em quando, cita outras informações, também conhecidas por Lucas. E aqui e acolá, traz textos que só aparecem no Evangelho de Mateus, como é o caso da conversa entre Jesus e Pedro no texto de hoje. Este texto recebe interpretações diversas e até opostas nas várias igrejas cristãs.

Naquele tempo, as comunidades cultivavam uma ligação afetiva muito forte com as lideranças que tinham dado origem a elas. Por exemplo, as comunidades de Antioquia na Síria cultivavam a sua ligação com Pedro. As da Grécia, com Paulo. Algumas comunidades da Ásia, com o Discípulo Amado. Outras, com o profeta João do Apocalipse. Uma identificação com estes líderes da sua origem ajudava as comunidades a cultivar melhor a sua identidade e espiritualidade. Mas também podia ser motivo de briga, como no caso da comunidade de Corinto (1Cor 1,11-12). 

Comentando

Mt 16,13-16: As opiniões do povo e dos discípulos a respeito de Jesus

Jesus faz um levantamento da opinião do povo a seu respeito. As respostas são variadas: João Batista, Elias, Jeremias, algum dos profetas. Quando pergunta pela opinião dos discípulos, Pedro se torna porta-voz e diz: “Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo!” A resposta não é nova. Anteriormente, os discípulos já tinham dito a mesma coisa (Mt 14,33). No Evangelho de João, a mesma profissão de fé é feita por Marta (Jo 11,27). Ela significa que Jesus realiza as esperanças proféticas do Antigo Testamento. 

Mt 16,17: A resposta de Jesus a Pedro: “Feliz é você, Pedro!”

Jesus proclama Pedro “feliz”, porque recebeu uma revelação do Pai. Aqui também, a resposta de Jesus não é nova. Anteriormente, Jesus tinha louvado o Pai por ele ter revelado o Filho aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25-27) e tinha feito a mesma proclamação de felicidade aos discípulos por estarem vendo e ouvindo coisas que antes ninguém conhecia (Mt 13,16). 

Mt 16,18-19: As atribuições de Pedro: ser pedra e tomar conta das chaves do  Reino

Ser pedra: Pedro deve ser pedra, isto é, deve ser fundamento firme para a igreja a ponto de ela poder resistir contra as portas do inferno. Com estas palavras de Jesus a Pedro, Mateus anima as comunidades perseguidas da Síria e da Palestina que viam em Pedro a liderança marcante da sua origem. Apesar de fraca e perseguida, a comunidade tem fundamento firme, garantido pela palavra de Jesus.

Ser pedra como fundamento da fé evoca a palavra de Deus ao povo no exílio:  “Vocês que buscam a Deus e procuram a justiça, olhem para a rocha (pedra) de onde foram talhados, olhem para a pedreira de onde foram extraídos. Olhem para Abraão seu pai e para Sara sua mãe. Quando os chamei, eles eram um só, mas se multiplicaram por causa da minha bênção” (Is 51,1-2).

Indica um novo começo do povo de Deus. Em outros textos, Jesus é a pedra fundamental que os construtores rejeitaram (Mt 21,42; cf. Sl 118,22; 1Cor 3,10-11).

As chaves do Reino: Pedro recebe as chaves do Reino. O mesmo que confere o poder de ligar e desligar também diz: “É necessário que o Messias sofra e seja morto em Jerusalém” (v. 21). Dizendo que “é necessário”, Jesus indica que o sofrimento fazia parte da vida dos profetas. Não só o triunfo da glória, também o caminho da cruz. Se os discípulos aceitam Jesus como Messias e Filho de Deus, devem aceitá-lo também como Messias Servo que será morto. Porém, Pedro não aceita a correção de Jesus e procura dissuadi-lo. 

Alargando

Igreja, Assembleia

A Palavra Igreja, em grego ekklésia, aparece 105 vezes no Novo Testamento, quase exclusivamente nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas. Nos Evangelhos aparece três vezes, só em Mateus. A palavra significa literalmente “convocada” ou “escolhida”. Ela indica o povo que se reúne convocado pela Palavra de Deus e procura viver a mensagem do Reino que Jesus trouxe. A Igreja ou a comunidade não é o Reino de Deus, mas sim um instrumento e uma amostra do Reino. O Reino é maior. Na Igreja, na comunidade deve ou deveria aparecer aos olhos de todos aquilo que acontece quando um grupo humano deixa Deus reinar e tomar conta de suas vidas. 

Pedro, Pedra

Jesus deu a Simão o apelido de pedra (Pedro). Pedro era fraco na fé, duvidou, tentou desviar Jesus, teve medo no horto, dormiu e fugiu, não entendia o que Jesus falava. Ele era como os pequenos que Jesus proclamou felizes. Pedro era apenas um dos doze e deles se fazia porta-voz. Mais tarde, depois da morte e ressurreição de Jesus, a sua figura cresceu e se tornou símbolo da comunidade.


Vós, quem dizeis que eu sou? - Emilio Voigt


A voz do povo não é a voz de Deus. Isso está bem claro nas diferentes respostas a respeito de quem seria Jesus. Mesmo assim, a opinião popular é necessária.

Perguntar o que outros pensam a nosso respeito não implica necessariamente deixar-se orientar pelo julgamento alheio. A pergunta é necessária porque ela estimula a reflexão, traz clareza e provoca decisões. Ademais, ela ajuda a perceber se estamos conseguindo comunicar o que somos.

O texto mostra que havia diferentes ideias a respeito de Jesus entre o povo. Mas Pedro e os discípulos sabiam exatamente quem ele é: o Cristo (Messias). Foi essa certeza que os levou a uma decisão. Por isso abandonaram tudo e o seguiram. Todavia, faltava ainda clareza a respeito do que seria esse Messias. Às vezes, precisam ser repreendidos pela falta de entendimento. No seguimento, vão aprendendo a conhecer e a compreender. A igreja peregrina ainda conhece o Messias com a visão obscurecida, como em espelho (1Co 13.12).

A comparação entre Jesus e grandes personagens da religião judaica indicava reconhecimento. Mas Jesus representava mais. A diferença não foi percebida. Tratava-se de uma diferença tão tênue? Talvez. Mas o texto também dá pistas para outra explicação. O texto afirma que a confissão de Pedro não veio dele mesmo. Ela foi revelada por Deus. Não se chega à compreensão simplesmente por reflexão pessoal, ainda que essa seja necessária. Isso nos coloca no âmbito da graça e do dom de Deus. Naturalmente fica o questionamento: se Pedro recebeu tal revelação, por que outros não a receberam? Seria a graça algo destinado a poucos escolhidos? Certamente não! Para receber a graça, que permite perceber a diferença, é preciso também disposição para despojar-se dos próprios conceitos, anseios e expectativas. É necessária a renovação da mente (Rm 12.2).

A pergunta de Jesus – “Vós, quem dizeis que eu sou?” – permanece atual. Somos convidados a dar resposta pessoal, a ir além da opinião que ouvimos. Somos convidados a perceber a diferença. Quem é Cristo para nós hoje? Podemos confessar como Pedro: “Tu és o Cristo”? E que tipo de Cristo (Messias) nós confessamos? A resposta determina nossa motivação e também nossa forma de seguimento. E certamente a nós também cabe responder: Por que pertencemos e por que vamos à igreja? O que a igreja de Cristo representa para nós?

A falta de clareza a respeito de Cristo espelha-se na falta de clareza a respeito de sua igreja. A cada dia surgem novas igrejas disputando o “mercado religioso”. Em muitos casos, igrejas ditas cristãs aproveitam-se de fraquezas e necessidades para alcançar objetivos suspeitos. Como perceber a diferença? Afinal, o que caracteriza a igreja de Cristo? Quais os aspectos comuns que reúnem as pessoas como igreja? E o que marca a diferença entre participantes e não-participantes de uma igreja? A metáfora do corpo humano pode ser uma grande ajuda na busca por respostas. A igreja como corpo de Cristo possui três elementos essenciais: unidade, diversidade, serviço.

1) Unidade – Os membros do corpo humano formam uma unidade na medida em que estão interligados: “Se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam” (1Co 12.26). Quando damos uma martelada no dedão, a boca, que nada sofreu, emite uma palavra ou grito de dor e os olhos podem demonstrar a dor com lágrimas. A interligação e a unidade em uma comunidade são dadas através de Cristo, que é a cabeça da igreja (Cl 2.18-19; Ef 4.15-16). Batizados em um só corpo (1 Co 12.13), os membros de uma comunidade manifestam a unidade através da fé no Trino Deus, do testemunho e da vivência do evangelho.

2) Diversidade – Assim como os membros do corpo são diferentes e possuem funções distintas, também uma comunidade cristã é constituída por pessoas com diferentes ideias e diferentes dons. A diferença não deve alimentar sentimentos de inferioridade ou de discriminação, mas apontar para a necessidade de complementação. Nenhum membro é autossuficiente. Cada pessoa tem algo a dar e a receber. Cada pessoa tem um dom, e cada dom é importante e necessário para o desenvolvimento da comunidade.

3) Serviço – Os membros não vivem para si, mas estão a serviço do corpo. Igreja não é prestadora de serviços, mas tem o serviço (diaconia) como essência. Por isso ela busca comunhão, solidariedade, partilha, paz, justiça. O serviço está em oposição à busca por grandeza, honra e vantagens de qualquer espécie. A chegada do domínio de Deus tem implicações nas relações de poder. No lugar do poder como dominação entra o poder como serviço. O texto de Marcos 10.42-44 expressa muito bem o contraste entre o poder exercido pelos “grandes” e o poder que pode ser exercido no seguimento de Jesus, ou seja, sob o domínio de Deus. Há uma inversão de valores e da ordem: poder significa serviço e não privilégio e dominação.

A igreja é o local da vivência do domínio de Deus. Aqui será colocada em prática uma nova forma de agir, que buscará contagiar toda a sociedade. Pois a igreja de Cristo é chamada para ser sal e luz do mundo (Mt 5.13s). É ela quem deve influenciar a sociedade, e não o contrário. A igreja fará bem em aplicar o método de Jesus e perguntar pela opinião popular. Mas a sociedade não determinará quem é o Cristo e o que é sua igreja. A igreja de Cristo, constituída por pessoas que aceitam o domínio de Deus, não se conforma com este século.

Oração do dia:

Ó Deus, nós agradecemos por tua misericórdia e por teu amor. Agradecemos-te porque enviaste teu Filho para inaugurar o teu domínio sobre nós. O teu domínio significa amor, cura, justiça, paz, alegria. Permita que vivamos sob o teu domínio, refletindo e vivendo de acordo com a tua vontade. Por Jesus Cristo, que contigo e com o Espírito Santo nos congrega e nos anima a perceber os sinais do teu reino neste mundo.


E vocês, quem dizem que eu sou? (MT 16,13-19) - Tomaz Hughes


Como evangelho deste domingo, escolheu-se a história do caminho de Cesareia de Felipe. O relato mais antigo está em Marcos 8,27-38, que se tornou o pivô de todo aquele Evangelho. A estrutura de Mateus é diferente. Porém, o relato tem a mesma finalidade, ou seja, clarificar quem é Jesus e o que significa ser seu discípulo.

A pedagogia do relato é interessante. Primeiro Jesus faz uma pergunta aparentemente inócua: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” Assim recebe diversas respostas, pois esta pergunta não compromete, uma vez que tem a ver a compreensão de terceiros.

Mas, a segunda pergunta traz a facada: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Agora, não vêm muitas respostas, pois quem responde em nome pessoal, e não dos outros, se compromete com as consequências. Pedro, representante dos Doze, se arrisca e proclama a verdade sobre Jesus: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Aparentemente, Pedro acertou. E realmente, em Mateus, Jesus confirma a verdade do que Pedro proclamou. Jesus afirmou que foi através de uma revelação do Pai que Pedro fez a sua profissão de fé. Mas, para que entendamos bem o trecho, é necessário que continuemos a leitura pelo menos até v. 25. Pois, o assunto é mais complexo do que possa parecer.

Após afirmar que Pedro tinha falado a verdade, Jesus logo explica o que significa ser o Messias. Não era ser glorioso, triunfante e poderoso, conforme os critérios deste mundo. Muito pelo contrário, era ser fiel à sua vocação como Servo de Javé. As consequências dessa fidelidade ao Pai eram prisão, a tortura e o assassinato, dando a vida em favor de muitos. Jesus confirmou que, de fato, era o Messias, mas não do jeito que Pedro quis. Ele, conforme as expectativas do povo do seu tempo, esperava um Messias forte e dominador. Não um que pudesse ir e levar os seus seguidores com ele até a cruz. Por isso, Pedro tenta demover Jesus, pedindo que nada disso acontecesse.

Como recompensa, ganha uma das frases mais duras da Bíblia: “Fique atrás de mim, satanás, você é uma pedra de tropeço para mim, pois não pensa as coisas de Deus, mas dos homens!” (v. 23). Pedro, cuja proclamação de fé em Jesus como filho de Deus e cujo reconhecimento de Jesus como pedra angular da Igreja (vv. 16.18), é agora chamado de Satanás – o Tentador por excelência – e “pedra de tropeço” para Jesus. Pedro tinha os títulos certos para Jesus, mas a prática errada.

Assim, Jesus usa o equívoco de Pedro para explicar o que significa ser seguidor dele: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” (v. 24). Ter fé em Jesus não é, em primeiro lugar, um exercício intelectual ou teológico, mas uma prática: o seguimento dele na construção do seu projeto, até as últimas consequências.

Hoje, a segunda pergunta de Jesus ainda ressoa forte para nós: quem é Jesus para vocês, para cada um de nós pessoalmente?

No fundo, a resposta se dá, não com palavras, mas pela maneira como vivemos e nos comprometemos com o seu projeto – Ele que veio para que todas as pessoas “tivessem a vida e a vida plenamente” (Jo 10,10). Cuidemos para que não caiamos na tentação do equívoco de Pedro, a de termos a doutrina certa, mas a prática errada; de cairmos na tentação de substituir o caminho humilde e serviçal da cruz pela pompa e ritual; de esquecermos os valores do Reino de Deus para substituí-los com os valores da sociedade vigente. Pedro aprendeu ao longo da vida o que é ser discípulo, pois terminou crucificado também, mas não foi fácil a mudança de mentalidade.

Paulo também teve que despojar-se de toda a sua formação farisaica, quando descobriu que a Lei não salva ninguém, mas somente a graça de Deus mediante a fidelidade de Jesus.

Esta opção é pedra de toque para a nossa fidelidade como cristãos. Torna-se, portanto, importante lembrar o ensinamento de Jesus sobre o discipulado: Ele não veio para ser servido, mas para servir (Mt 20,28).


MT 16,13-19 - Luciano Marini, 


01- Lembramos que o Evangelho de Mateus foi escrito no ano 90 dC. Em Antioquia da Síria, onde os habitantes fugiram depois da destruição da cidade de Jerusalém no ano 70 dC..

02- Domingo passado o evangelho nos apresentava o diálogo de Jesus com uma mulher pagã.

03- Domingo próximo estamos no evangelho de Mateus no capitulo 16, além da metade do evangelho.

04- Jesus depois de passar bastante tempo na Palestina, ele agora vai em terra dos pagãos.

05- O objetivo de Jesus é dialogar com os discípulos para que descubram melhor sua missão de Messias e aprendam a sua missão.

06- Para isso Jesus vai fora da Palestina para dialogar melhor com os discípulos longe de sua terra, longe da mentalidade tradicionalista dos judeus.

07- O texto foi escrito para as comunidades primitivas e também para nós.

08- Jesus começa perguntando o que o povo está pensando sobre ele, Jesus.

09- Os discípulos respondem que alguns pensam que é o Batista, outros Elias, outros Jeremias ou outro profeta. São todas pessoas do Antigo Testamento, sem nada de novo.

10- Muitas pessoas o aceitavam Jesus, outros não ligavam para ele e outros o odiavamcomo os escribas e os fariseus que conseguiram mata-lo.

11- O Batista e os demais profetas tinham denunciado os governos opressores e nisso acertavam.

12- E Jesus "perguntou aos discípulos: "Quem vocês dizem que eu sou?" (Mt 16,15).

13- Jesus quer saber o que os seus discípulos descobriram nele depois de tanta catequese.

14- Parece que Jesus faz a mesma pergunta para nós.

15- E <Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". (Mt,16,16).

16- A resposta não é nova. Anteriormente, os discípulos já tinham dito a mesma coisa (Mt 14,33).

17- A palavra grega Cristo significa UNGIDO, MESSIAS. É primeira vez que Jesus é chamado de Messias. Pedro quer dizer que Jesus é consagrado rei para libertar o povo e instaurar o Reino de Deus. Porém o tipo de Messias que Pedro pensa não é o mesmo de Jesus.

18- Pedro, como o povo, queria um Messias Onipotente e violento, que matasse os inimigos e todos os pagãos. Esta era também a mentalidade das comunidades primitivas.

19- Será que essa é também a nossa mentalidade?

20- E Jesus respondeu: "Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não foi revelado a você por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. (Mt16,17).

21- As palavras “filho de Jonas” o que querem dizer? Na mentalidade da época a palavra filho não indicava a geração carnal mas o tipo de exemplo que tinha recebido uma pessoa.

22- No nosso caso Jesus quis dizer que Pedro é como o profeta Jonas que foi convidado a ir para converter a cidade de Nínive, mas fugiu em sentido contrário. Assim é o Pedro, nunca faz o que Jesus lhe pede, é um traidor permanente.

23- E Jesus continua dizendo: “E eu digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e o poder da morte nunca vai vencê-la”. (Mt 16,18). Jesus não diz sobre ti edificarei minha igreja.

24- Jesus dá outro nome a Simão, “PEDRO”, que significa pedra.

25- Ser pedra: Pedro deve ser pedra, isto é, deve ser fundamento firme para a igreja a ponto de ela poder resistir contra as portas do inferno.

26- Este texto teve muitas explicações, até opostas.

27- Hoje, também existem muitas opiniões diferentes sobre Jesus e várias maneiras de se viver a fé, tanto dentro da gente como na comunidade.

28- Lembramos que Jesus é a rocha, só ele é o alicerce, Pedro é uma pedra.

29- Lembramos também que no mesmo capitulo do evangelho de Mateus (Mt 16,23) o mesmo Jesus chamará Pedro de satanás, porque não aceita a luta até a morte para cegar a ressurreição.

30- A bíblia afirma claramente que Cristo é o fundamento da igreja, insistindo que ninguém pode lançar outro fundamento além de Jesus Cristo (1Cor 3,11).

31- Paulo declarou que a igreja é edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Jesus Cristo a pedra angula (Ef 2,20).

32- O mesmo Pedro diz para nós: “* 4 Aproximem-se do Senhor, a pedra viva rejeitada pelos homens... Do mesmo modo, vocês também como pedras vivas.” (1Pd 2,4-8). 

33- O mesmo evangelho de Mateus nos alerta a construir bem nossa vida, 26 Por outro lado, quem ouve essas minhas palavras e não as põe em prática, é como  homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. 27 Caiu a chuva, vieram as enxurradas, os ventos sopraram com força contra a casa, e a casa caiu, e a sua ruína foi completa!

34- Como conclusão podemos dizer que Pedro deve ser pedra, isto é, deve ser fundamento firme para a igreja a ponto de ela poder resistir contra as portas do inferno, da morte. Mas a rocha é Cristo.

35- Com estas palavras de Jesus a Pedro, Mateus anima as comunidades perseguidas da Síria e da Palestina que viam em Pedro a liderança marcante da sua origem.

36- Jesus faz outra promessa:“Eu darei a você as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus".

37- As chaves do Reino: Pedro recebe as chaves do Reino. O mesmo poder de ligar e desligar é dado às comunidades (Mt 18,18) e aos outros discípulos (Jo 20,23).

38- O mesmo poder Jesus dará a toda comunidade:”18 Eu lhes garanto que tudo o que vocês ligarem na terra, será ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra seròa desligado no ceu” (Mt 18,18).

39- No fim Jesus “advertiu a seus discípulos que não contassem a ninguém que ele era o Cristo.” (Mt 16,20).

40- Jesus percebeu que os discípulos ainda não tinham ideias claras sobre missão dele e que era imprudente que eles falassem de Jesus como Messias, por isso pediu que não falassem disso com o povo.

41- Deste encontro o que nos impressionou mais? Por que?

42- Abraços a todos.



TEXTO EM ESPANHOL DE DOM DAMIÁN NANNINI, ARGENTINA.


DOMINGO 21 DURANTE EL AÑO CICLO "A"


Primera lectura (Is 22,19-23)

Sobná, mayordomo del palacio real, se ha construido una tumba o mausoleo en un lugar privilegiado (cf. Is 22,15-16). Para el Señor esta acción es juzgada como un acto de corrupción y de soberbia, pues se ha aprovechado de su situación en beneficio propio olvidando su misión de servir al pueblo y a su rey. Por ello el profeta Isaías le anuncia que será destituido y que le dará su lugar cargo a Eliaquín y que "pondrá sobre sus hombros la llave de la casa de David: lo que él abra, nadie lo cerrará; lo que él cierre, nadie lo abrirá". Por tanto, para indicar el poder otorgado se utiliza la metáfora de las llaves con la potestad de abrir y cerrar. Llama la atención que hable de poner sobre los hombros la llave, pero esto puede deberse, como señala H. U. von Balthasar , a que las llaves eran de gran tamaño; o a cierta referencia a que los “cargos son cargas”, son responsabilidades y pesos, como una cruz. En fin, el texto ha sido elegido como primera lectura justamente porque representa el poder otorgado con la imagen de la posesión de las llaves para abrir y cerrar.



 Evangelio (Mt 16,13-20)


El inicio de la perícopa en 16,13 es claro pues señala un cambio de lugar de Jesús y sus discípulos, quienes llegan a “la región de Cesarea de Filipo”. Se refiere a una ciudad fundada por el tetrarca Filipo, hijo de Herodes el Grande y sucesor suyo en la administración de este territorio, ubicado al norte de Galilea y a los pies del monte Hermón, en el actual Líbano . 

El texto puede dividirse en tres partes: a) un diálogo entre Jesús y sus discípulos (16,13-16); b) un discurso de Jesús dirigido a Pedro y vinculado con lo anterior (16,17-19); y c) un versículo conclusivo con una orden de Jesús a todos los discípulos (16,20).

Jesús comienza, de modo sorpresivo, preguntando a sus discípulos sobre la opinión que tiene la gente acerca del "hijo del hombre". En las otras ocasiones del evangelio de Mateo en las cuales Jesús utiliza la expresión "hijo del hombre" para referirse a sí mismo, siempre hay un contexto escatológico (cf. Mt 10,23; 13,41; 16,28; 24,30; 26,64); por lo cual se puede concluir que la referencia más probable es la figura del "hijo de hombre" de la profecía de Daniel (cf. Dn 7,13-14). Ahora bien, en 13,37 Jesús identifica al “hijo del hombre” con el sembrador de la parábola, por tanto actúa también en el presente y es el mismo Jesús.

Los discípulos refieren las opiniones de la gente, que tienen en común ubicar a Jesús en la categoría de profeta. Es innegable que Jesús fue logrando durante su ministerio en Galilea un prestigio creciente que debió ser un gran signo de interrogación tanto para el pueblo como para las autoridades y, por ende, un personaje cuya identidad se procuró precisar. Entre las respuestas de la gente se destaca la identificación con Elías, quien vendría a preparar la llegada del Mesías y en la literatura rabínica se lo consideraba vivo. De Juan Bautista y de Jeremías no sabemos si existían leyendas que los consideraban vivos o resucitados de algún modo. Como bien señala U. Luz , más allá de las diversas opiniones, lo importante es que la gente no acierta con la verdadera identidad de Jesús pues, si bien le reconocen una dimensión profética, no han descubierto su carácter mesiánico ni divino.

Sigue luego la misma pregunta sobre la identidad de Jesús, pero pidiendo esta vez la opinión de los discípulos y contestada sólo por Pedro: "Tú eres el Mesías, el Hijo de Dios vivo". Así Pedro confiesa la identidad de Jesús, su mesianidad y su divinidad; o sea que Jesús es más que un profeta o precursor del Mesías. Es el mismo Mesías; más aún, es el Hijo de Dios vivo.

La expresión “Dios vivo” (τοῦ θεοῦ τοῦ ζῶντος) “hace referencia al Dios real que actúa en la historia, a diferencia de los ídolos paganos sin vida” . 

La Confesión de Fe de Pedro inaugura una etapa nueva del ministerio mesiánico de Jesús, pues a partir de ese momento comienza a manifestar o enseñar algo nuevo; algo que antes no enseñaba: el anuncio de su pasión (Mt 16,21). Además, este acto de fe en el carácter mesiánico de Jesús marca un claro hito teológico en el evangelio. En efecto, por primera vez Jesús pregunta a sus discípulos respecto de su propia persona y recibe una clarísima confesión de su carácter mesiánico. De todo esto se deduce que este pasaje es medular en el Evangelio pues se abordan los temas de la identidad de Jesús y de la iglesia .

Luego de esta confesión de fe Jesús dirige unas palabras de manera exclusiva a Pedro. En primer lugar, lo declara bienaventurado, feliz (μακάριος), porque ha llegado a este conocimiento suyo por una revelación del Padre (cf. Mt 11,25-30), no como fruto de la naturaleza humana ("la carne y la sangre"). Por tanto, la respuesta de Pedro sobre la identidad de Jesús es acertada porque ha sido inspirada por Dios mismo, se la ha revelado (ἀπεκάλυψέν) el mismo Padre.

Acto seguido Jesús le confía una misión especial mediante un juego de palabras en torno al "sobrenombre" o apodo de Pedro/piedra que le impone a Simón, hijo de Jonás: Pedro será la piedra sobre la que se edificará la iglesia. Sucede que en aquel tiempo Πέτρος, hoy Pedro, no era un nombre propio y se lo vincula con “piedra” (pe,tra) según el origen griego del término. Ya en Jn 1,42 se hacía referencia a este nombre nuevo de Pedro: "Entonces lo llevó a donde estaba Jesús. Jesús lo miró y le dijo: "Tú eres Simón, el hijo de Juan: tú te llamarás Cefas" (Κηφᾶς), que traducido significa Pedro (Πέτρος)". En Juan se conserva el original arameo utilizado por Jesús, que ha llamado a Simón literalmente "piedra" (kηφᾶς) y ha dicho que sobre esta "piedra", o sea la persona de Pedro, edificará la Iglesia. Ya desde el AT la piedra simboliza el lugar que permite tener firme apoyo y seguridad (cf. Sal 62,3: "sólo él es mi roca, mi salvación, mi baluarte; no vacilaré") y es una imagen atribuida a Dios, donde el hombre encuentra el verdadero sostén o apoyo de su vida (cf. 1Sam 2,2; 2Sam 22,2.3.32; Sal 18,3; 19,15…). Por su parte, en el sermón del monte Jesús compara al que escucha y cumple sus palabras con alguien que construye su casa sobre roca (pe,tra) para señalar la solidez de la misma (cf. Mt 7,24-25).

El término ekklesía - ἐκκλησία (iglesia), aparece sólo dos veces en los evangelios, aquí y en Mt 18,18; y traduce el hebreo qahal con el sentido de convocatoria: designa al grupo de personas que se han reunido porque han sido convocadas-llamadas por Dios. En Mateo hace referencia al nuevo pueblo de Dios, la Iglesia, que surge en reemplazo de Israel como signo histórico y sociológico de la presencia del Reino de Dios .

Entonces, la iglesia fundada sobre la roca de Pedro tiene la promesa de que el reino de la muerte (Hades) no prevalecerá contra ella. El Hades en la literatura griega es el lugar de descanso de los muertos y se corresponde al hebreo Sheol; pero no se identifica con la gehena o gehena del fuego (τὴν γέενναν τοῦ πυρός), como lugar de castigo eterno al que hace referencia el mismo evangelio (cf. Mt 5,22.29.20;18,9; 23,15.33) y el judaísmo rabínico. Por tanto, la frase de Jesús a Pedro garantiza la permanencia de la fe de la Iglesia más allá de la muerte. 

Además, en su Iglesia Jesús le otorga a Pedro el poder (simbolizado por las llaves del Reino de los cielos) de atar y desatar, es decir, de admitir y excomulgar; de permitir y prohibir; de perdonar y condenar, de aprobar o desaprobar las interpretaciones del evangelio . 

En Mt 18,18 encontramos la misma expresión en boca de Jesús que concede este mismo poder a toda la comunidad de los discípulos. Al parecer en 16,19 se referiría más bien a lo doctrinal y en 18,18 a los disciplinar. Por contraste, nos ilumina el texto de 23,13 donde Jesús acusa a los escribas y fariseos de impedir la entrada en el reino de los cielos. Por tanto, la misión de Pedro al tener las “llaves” es abrir a los hombres las “puertas” el reino de los cielos dando la correcta interpretación de la ley, dando a conocer la voluntad de Dios para los hombres. Y de este modo la Iglesia será la presencia visible del reinado de Dios entre los hombres.

Indiscutible es el lugar preeminente de Pedro en los Evangelios y en muchos de los demás escritos neotestamentarios. Esto no sólo lo reconoce la tradición exegética católica sino también la protestante. Al respecto vale la pena citar a U. Luz quien pertenece a la tradición evangélica : "Es claro, por último, que Pedro tiene una función intransferible que ejercer en la Iglesia: él es el cimiento, diferente de todo lo que se construya luego sobre él. De modo no explícito, pero alusivo, aparece también la idea de la unidad de la Iglesia, que descansa en un fundamento. […] Las puertas del Hades como paradigma del reino de los muertos, invencibles para los humanos, no serán más fuertes que la Iglesia construida sobre roca. Esto significa para la Iglesia la promesa de la perennidad mientras dure este tiempo terreno, ya que su Señor estará con ella todos los días hasta el fin del mundo (Mt 28,20)".

La preeminencia de Pedro aparece ligada a su temperamento y a su fe. A su temperamento, pues Pedro aparece como un hombre emprendedor, que toma iniciativas cuando sus hermanos se quedan y, en ocasiones, se muestra hasta temerariamente impulsivo. Es el mismo Pedro que le pide a Jesús ir caminando sobre el agua hacia Él, pero luego duda; que hace alarde de su valentía declarando que nunca negaría a Jesús, pero luego reniega de él tres veces; que toma la palabra cuando Jesús desafía a sus discípulos a irse... Pero esta iniciativa, ligada a su temperamento, pasa a segundo plano ante el contenido de su confesión de fe. En efecto, es él quien confiesa la índole mesiánica de Jesús en el episodio de Cesarea de Filipo y, por esto mismo, Simón Pedro precede a sus hermanos en la fe.



Algunas reflexiones:


En la meditación tenemos que aplicar el evangelio a nuestra vida; en este caso habría que sentir cómo dirigida a nosotros mismos la pregunta de Jesús: «¿Quién dices que soy yo? ¿Quién soy yo para Ti?» Es mucho lo que depende de la respuesta que demos a esta pregunta, al punto de cambiarnos la orientación de nuestra vida.

Ahora bien, este evangelio nos enseña que el verdadero conocimiento de Cristo proviene del mismo Dios, del Padre; es una revelación, una gracia, un don celestial. Ya lo había dicho Jesús: "Todo me ha sido dado por mi Padre, y nadie conoce al Hijo sino el Padre, así como nadie conoce al Padre sino el Hijo y aquel a quien el Hijo se lo quiera revelar" (Mt 11,27). 

Es el Padre es quien revela a los discípulos la verdadera identidad de Jesús: es la fe como don. En consecuencia, es necesario asumir y hacer propia la insistente oración que recomienda San Ignacio para la segunda semana de los ejercicios: "pedir conocimiento interno del Señor, que por mí se ha hecho hombre, para que más le ame y le siga" (EE nº 104).

Ahora bien, este conocimiento interno requiere tiempo, a veces mucho tiempo, porque como dijo el Papa Francisco: "Conocer a Jesús es una aventura que te lleva toda la vida, porque el amor de Jesús no tiene límites". 

Y el único camino para ello es la contemplación, como bien dice P. van Breemen: “conocer a Cristo debe ser el objetivo de nuestras vidas. Y el único modo de conocer a Cristo es contemplarlo: «Mas todos nosotros, que con el rostro descubierto reflejamos como en un espejo la gloria del Señor, nos vamos transformando en esa misma imagen cada vez más gloriosos: así es como actúa el Señor, que es Espíritu» (2 Cor. 3,18). Poco a poco, imperceptiblemente, sucede algo, y nos transformamos en la imagen que contemplamos. Ésta es en realidad «la acción del Señor, que es Espíritu». El proceso es largo. Lleva tiempo, es un tiempo empleado en orar. No hay otro modo de conocer a Cristo” .

La otra enseñanza del evangelio, esta vez en clave eclesial, es que hace falta integrar el grupo de los discípulos, unirse a la comunidad, a la Iglesia, para conocer en profundidad a Jesús. Y esto porque el Padre le ha revelado a Pedro y a los demás discípulos la identidad de Jesús. La Iglesia es la receptora y la fiel custodia de esta revelación, de este "depósito" de la fe. Como bien nota H. U. von Balthasar , el atributo o la propiedad de ser "roca" que otorga fiabilidad a la fe es propio de Dios en el AT y de Cristo el NT; pero ha querido participar de esta propiedad a Pedro y a sus sucesores. Y lo mismo podemos decir de la potestad de las llaves, que también es "participada" a hombres concretos; a Pedro y sus sucesores.

Surge aquí la cuestión de la necesidad de la Iglesia como mediación humana del misterio de Cristo. Desde los orígenes ha habido siempre tendencias gnósticas que buscaron "puentear" esta mediación de la Iglesia. Tendencias que hoy día gozan de gran actualidad y difusión mediática. Así las describe el Papa Francisco en Gaudete et exultate n° 37: “Conciben una mente sin encarnación, incapaz de tocar la carne sufriente de Cristo en los otros, encorsetada en una enciclopedia de abstracciones. Al descarnar el misterio finalmente prefieren «un Dios sin Cristo, un Cristo sin Iglesia, una Iglesia sin pueblo»”.

Con esta ideología neo gnóstica se niega tanto el testimonio del evangelio como el realismo mismo de la Encarnación que lleva al extremo una pedagogía de Dios que viene ya del Antiguo Testamento. En efecto, el Reino de Dios que hace presente Jesús es esencialmente comunitario y está referido a un pueblo concreto a quien va destinado y que está llamado a aceptarlo y hacerlo visible. Como bien dice R. Aguirre : “Si Dios interviene en la historia con un proyecto de humanidad, por algún punto concreto del tiempo y del espacio tiene que comenzar esta transformación. El Reino de Dios no se identifica simplemente con ningún pueblo concreto, pero sí conlleva la dinámica de encarnarse en uno determinado. La responsabilidad de Israel en el Antiguo Testamento y de la Iglesia en el Nuevo Testamento es aceptar el Reinado de Dios y visibilizar la transformación humanizante que supone la aceptación de esta soberanía de Dios”.

Y lo mismo vale para la misión de “roca” concedida a Pedro. Al respecto dice J. Ratzinger: "Abrahán, el padre de todos los creyentes, es con su fe la roca que sostiene la creación, rechazando el caos, el diluvio originario que ataca y amenaza con arruinarlo todo. Simón, el primero que confesó a Jesús como el Cristo y primer testigo de la resurrección, se convierte ahora, con su fe renovada cristológicamente, en la roca que se opone a la sucia marea de la incredulidad y a su fuerza destructora de lo humano" . 

Y lo mismo vale para la misión de “roca” concedida a Pedro. Al respecto el Papa Benedicto XVI dijo en su homilía en la misa de toma de posesión de su cátedra el 7 de mayo de 2005: “Pedro expresó en primer lugar, en nombre de los apóstoles, la profesión de fe: "Tú eres el Cristo, el Hijo de Dios vivo". Esta es la tarea de todos los sucesores de Pedro: ser la guía en la profesión de fe en Cristo, el Hijo del Dios vivo» […]. Esta potestad de enseñanza da miedo a muchos hombres dentro y fuera de la Iglesia. Se preguntan si no es una amenaza a la libertad de conciencia, si no es una presunción que se opone a la libertad de pensamiento. No es así. El poder conferido por Cristo a Pedro y a sus sucesores es, en sentido absoluto, un mandato a servir. La potestad de enseñar, en la Iglesia, comporta un compromiso al servicio de la obediencia a la fe. El Papa no es un soberano absoluto, cuyo pensamiento y voluntad son ley. Por el contrario, el ministerio del Papa es garantía de la obediencia a Cristo y a su Palabra. Él no debe proclamar sus propias ideas, sino vincularse constantemente y vincular a la Iglesia a la obediencia a la Palabra de Dios, ante los intentos de adaptarse y aguarse, así como ante todo oportunismo [...] El Papa es consciente de estar, en sus grandes decisiones, ligado a la gran comunidad de la fe de todos los tiempos, a las interpretaciones vinculantes desarrolladas a través del camino de peregrinación de la Iglesia. Así, su poder no está por encima, sino al servicio de la palabra de Dios, y tiene la responsabilidad de hacer que esta Palabra siga estando presente en su grandeza y resonando en su pureza, de modo que no la alteren los continuos cambios de las modas.”

En breve, Jesús ha querido incluir en nuestro camino de fe a una Iglesia compuesta por hombres frágiles, que llevan el tesoro del conocimiento de Jesús en vasijas de barro. Una Iglesia que tiene a Pedro y a sus sucesores, los Papas, con la misión de enseñar la Verdad de la Fe y de guiarnos con la luz del evangelio en la realidad cambiante y desafiante que nos toca vivir.

Podemos hacer extensible esto a todo servicio o ministerio que Dios suscita en la Iglesia, lo cual «requerirá siempre fe y honestidad de ambas partes: “fe” de parte de la comunidad para aceptar la autoridad de las cosas divinas depositada en hombres, “honestidad” de parte del que sirve gobernando para no arrogarse un poder que le ha sido “dado”» .

En fin, nos toca a nosotros ahora responder a la pregunta de Jesús: ¿Quién dices que soy? Es mucho lo que depende de la respuesta que demos a esta pregunta, al punto de cambiarnos la orientación de nuestra vida. Para llegar a la respuesta correcta hay que dejarse enseñar por el Padre y pertenecer de corazón a la Iglesia de Pedro.



PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):


Para ustedes…


Señor, Tú eres.

El decir de la gente se hizo pregunta

Y respuesta urgente


La fe nuestra es tan débil

Si Tú mismo no la enciendes


Lo sabes todo y aun así

Tu paciencia infinita pretende

Una declaración contundente


De tales hombres

Tan distraídos siempre


Se nos entristece el corazón

Cuando quieres saber 

Hacernos entrar en razón


Tú eres el Mesías, el esperado

El Hijo de Dios


Y nos contemplas

Nuestra mirada perdida en la tuya

La alegría y la tristeza


Ven a colmar Señor, 

El vacío que la ignorancia nos deja


Concédenos perseverar hasta el final

Orar sin cesar por tanta causa propia y ajena

Envíanos Señor tu Espíritu: nuestra fuerza. Amén