NATAL-A

NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

24 e 25/12/2022


 LINK AUXILIAR:

AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO

MISSA DA NOITE:

1ªLeitura: Isaías 9,1-6; 

Salmo responsorial: 95(96)-R- Hoje nasceu para nós o Salvador, que é Cristo, o Senhor.

2ª Leitura: Tito 2,11-14

Evangelho de Lucas 2,1-14


MISSA DA AURORA:

1ª Leitura:Isaías 62,11-12 

Salmo responsorial: 96(97) -R- Brilha hoje uma luz sobre nós, pois nasceu para nós o Senhor. 

2ª Leitura: Tito 3,4-7

Evangelho: 2,15-20


MISSA DO DIA

1ª Leitura: Isaías 52,7-10

Salmo responsorial: 97(98)R- Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. 

2ª Leitura:Hebreus 1,1-6

Evangelho: João 1,1-18


MISSA DA NOITE   - EVANGELHO Lc 2,1-14

Naqueles dias, saiu um decreto do imperador Augusto mandando fazer o recenseamento de toda a terra 2 – o primeiro recenseamento, feito quando Quirino era governador da Síria. 3 Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade. 4 Também José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, 5 para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. 6 Quando estavam ali, chegou o tempo do parto. 7 Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. 8 Havia naquela região pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho.  9 Um anjo do Senhor lhes apareceu, e a glória do Senhor os envolveu de luz. Os pastores ficaram com muito medo. 10 O anjo então lhes disse: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: 11 hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! 12 E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura”. 13 De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste cantando a Deus: 14 “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado!”


 Dom Júlio Endi Akamine- Arcebispo de Sorocaba SP.


Aconteceu que naqueles dias, César Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria.

Com estas palavras, Lucas introduz a sua narrativa sobre o nascimento de Jesus e explica porque ele aconteceu em Belém: um recenseamento, com a finalidade de determinar e depois cobrar os impostos. Essa é a razão pela qual José e Maria se deslocam de Nazaré até Belém.

A menção de César Augusto não é por acaso. Ela é intencional: serve para colocar em relação Jesus e César Augusto. O que eles têm em comum? O que eles têm de diferença?

Há uma inscrição histórica na qual vemos como César Augusto queria ser visto e considerado. O nascimento do Imperador conferiu uma fisionomia diferente ao mundo inteiro. O mundo teria se arruinado, se não tivesse nele nascido e brilhado uma felicidade universal. A Providência, que dirige a nossa vida, cumulou este homem de tais dons para a nossa salvação e para a salvação das gerações futuras. O dia do nascimento do Imperador foi para o mundo o início de um novo tempo. A partir do nascimento do salvador deve começar uma nova contagem do tempo (tradução livre da Inscrição de Priene, 9 a.C.).

Notem que César Augusto se considera e deseja ser considerado soter = salvador. O próprio título de Augusto possui uma conotação divina (sebastos = adorável). O imperador César Augusto queria ser considerado como o salvador que começou um novo tempo, e por isso o tempo devia começar a ser contado a partir dele.

Duas coisas importantes já podemos indicar sobre o nascimento de Jesus. Jesus não é um mito. Ele é um personagem histórico que pertence a um tempo e a um lugar: nasceu em Belém, no tempo de César Augusto, quando Quirino era governador da Síria, no contexto do recenseamento.

No tempo do nascimento de Jesus, todos falavam de paz e de justiça para o mundo todo. Também César Augusto se fazia chamar de salvador e de príncipe da paz. Depois dele, os Imperadores romanos faziam questão de serem saudados de “restaurador do mundo”, “esperado do povo”, “restituidor da luz”. Para o senso comum, para a maioria das pessoas a mentalidade era a de que somente o forte, somente quem tem o poder dos exércitos, só quem tem o comando pode impor a paz ao mundo e trazer a salvação para a humanidade.

O que os anjos anunciam aos pastores arrebenta com essa mentalidade!

"Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura".

O sinal de que nasceu o Salvador é um não-sinal: é um recém-nascido, envolvido em faixas, deitado numa manjedoura!

Somente Deus podia realizar uma mudança tão radical da lógica humana. Somente Deus poderia pronunciar um não tão radical àquilo que as pessoas sempre pensaram. Nós sozinhos nunca teríamos ousado afirmar tamanha reviravolta na escala de valores. Sozinhos nunca teríamos cogitado uma novidade tão grande quanto revolucionária. O Salvador, o Príncipe da Paz, o Cristo Senhor é este recém-nascido envolto em faixas, deitado na manjedoura.

O que viram os pastores e o que nós devemos ver?

O menino envolvido em panos já antecipa a hora da morte e da sepultura de Jesus. Jesus é desde o seu nascimento o imolado e a manjedoura se torna já o altar do sacrifício.

A manjedoura é o lugar onde os animais encontram o seu alimento. No natal, está deitado na manjedoura aquele que é o Pão descido do céu para ser nosso Pão da vida. A manjedoura se torna a mesa de Deus para a qual somos convidados para comer o Pão de Deus.

Na pobreza do nascimento de Belém se revela que o verdadeiro Salvador e o Príncipe da paz não é César Augusto, mas o recém-nascido envolto em faixas e deitado na manjedoura


Natal: A misericórdia tem rosto -  Adroaldo Palaoro


"Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura" (Lc 2,12)


“Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai”. Frase de abertura da bula Misericordiae vultus, onde o Papa Francisco motiva toda a Igreja a celebrar o Jubileu da Misericórdia. E a festa natalina é uma ocasião privilegiada para o encontro com a Misericórdia de Deus que se tornou viva, visível e atingiu sua máxima revelação no rosto de uma Criança.

Neste Natal o convite é claro: abrir as portas da misericórdia para acolher uma Criança inocente, mansa e misericordiosa. É ela que ativará a faísca da misericórdia presente no interior de cada um de nós. Natal é Misericórdia que se expande, envolve toda a Criação e nos move a sermos mais ternos e humanos.

Ao aproximarmos de Belém para olhar e contemplar o rosto do Menino-Deus, acessaremos, ao mesmo tempo, o mais profundo do coração humano, carregado de misericórdia e bondade. A misericórdia humana é uma faísca divina que pode se atrofiar, jamais se apagar. São necessários alguns momentos densos para que esta chama seja ativada. A vivência do Natal é um deles.

Em Belém somos pacificados de nossas ansiedades e pressas de fazer mais e de conseguir mais, de nossa sede de poder e de vaidade; e se permanecemos em silêncio ali, diante da manjedoura, brotará em nós um desejo profundo de sermos mais humanos, de sermos aquilo que já somos, refletido no rosto aberto daquele Menino; ao mesmo tempo, brotará um desejo de venerar cada ser humano, de contemplá-lo em seu interior, esse lugar ainda não profanado em cada pessoa, o lugar de sua infância e de sua paz.

No momento em que o Verbo de Deus assume um rosto, todo ser humano chega à plenitude de sua realização: entra em comunhão com o Infinito e recebe uma dignidade infinita.

“Deus se humanizou”: tal expressão revela que a Misericórdia de Deus significa também ternura. Apareceu um Menino: apareceu a ternura e a doçura do Deus que salva. No rosto de uma criança se faz visível a Misericórdia que desce sempre mais abaixo, que nasce no ventre da terra e se faz terra fértil.

A verdadeira Misericórdia sabe desta ternura e desta reverência diante do outro; não é unicamente uma qualidade do modo de ser de Deus, senão o Ser mesmo que Ele é. É o que se entrega, amorosa e delicadamente, e que para isso desce sempre mais abaixo, nos extremos da condição humana.

Misericórdia carregada de humanidade: possibilitadora de tudo o que existe, discreta presença expansiva que ilumina todas as expressões de vida, Rosto que desvela todos os rostos e a todos dignifica. Abrir-se à dinâmica da ternura parece ser a grande aspiração de nosso tempo, marcado pela frieza nos relacionamentos, pelo preconceito que cria barreiras, pela prepotência que alimenta violências.

Somos ternos quando nos abrimos à linguagem da sensibilidade, entrando em sintonia com as alegrias e dores do outro; somos ternos quando reconhecemos nossa fragilidade e entendemos que a força nasce da partilha do alimento afetivo com os outros; somos ternos quando acolhemos a diferença que nos enriquece; somos ternos quando abandonamos a lógica da violência, protegendo os nichos afetivos e vitais (grutas) para que não sejam contaminados pelas exigências da competição e produtividade.

Este é o convite insistente do Natal: marcados pela ternura de Deus, viver misericordiosamente.

Na noite do Natal, a Misericórdia “desce” aos rincões da humanidade; uma intensa Luz brilha no interior da gruta e nos convida a olhar contemplativamente todo o universo e descobrir o significado do mundo. “Deus se fez mundo, a misericórdia se faz carne”.

A contemplação do Nascimento de Jesus nos impulsiona a fazer a travessia para o interior de uma Gruta: ali o Grande Mistério da Misericórdia se faz visível e revelador do sentido da existência humana. Trata-se de “entrar” nela com suavidade, de percebê-la e fazê-la descer até o coração, de convertê-la em matéria de consideração e oração silenciosa e surpreendida.

A contemplação desse Menino na Gruta revela que Deus, na sua Misericórdia, assumiu a aventura humana desde seus começos até seus extremos. Deus se fez “tecido humano”, revestiu o ser humano de sua própria glória, plenificou-o de sentido e de finalidade. No nascimento de Jesus é revelada a grandeza, a dignidade, o mistério inesgotável do ser humano. Nossa humanidade foi divinizada pela “descida” de Deus. “Sendo rico, Cristo se fez pobre para que nós participássemos de sua riqueza” (2Cor. 8,9).

Tudo isso é Deus na nossa carne quente e mortal. Um Deus que “adentrou” na humanidade e de onde nunca mais saiu; um Deus que agora pode ser buscado em nossa interioridade e em tudo o que é humano. Na pobreza, na humildade da própria história pessoal, inserida na grande história da humanidade, torna-se possível acolher o dom da Misericórdia de Deus visível na Criança de Belém.

“Em uma carne espiritual calosa, fossilizada, endurecida, Deus não pode vibrar. Deus vibra sempre no terno. O Natal evoca em nós aquele menino que fomos e aquela criança na qual, quando sonhamos, ainda captamos a presença de Deus... O menino é um olho aberto e maravilhado diante desta Presença” (A. Olivier).

A publicidade dos meios de comunicação, as cadeias de televisão vão nos impondo olhos para ver o de cima, o que conta, o que vale, o que impera. Enquanto Belém arrasta nossos olhos para baixo, nos convida a olhar para o que não aparece, o que não conta, o que quase não se vê.

Em tempos de deslocamentos forçados para milhões de seres humanos, na era da tecnologia e da comunicação virtual, somos convidados a olhar o “reverso” da história para encontrar salvação, buscá-la sob o signo da debilidade em um entorno prepotente. O Natal nos aponta para o pequeno, o último... nos faz dirigir o olhar para a periferia, onde o coração de Deus armou sua tenda.

Deus pode ser encontrado não na estrada suntuosa do domínio e do poder, mas na estrada da doação, da partilha, da solidariedade... A única explicação da “descida” de Deus é sua “misericórdia compassiva”. A indigência e a fragilidade da humanidade atraem a plenitude da ternura e da graça de Deus. No Verbo feito homem nos é revelada a grandeza, a dignidade, o mistério inesgotável de todo ser humano.


Para meditar na oração

A cena do Nascimento de Jesus pede tempo, presença, assombro... para deixar-nos afetar por ela.

- Descer aos rincões interiores com a luz do Nascimento de Jesus; abrir espaço para que a luz chegue até os recantos mais escondidos; “nas cavernas interiores está escondido nosso verdadeiro tesouro”;

- Nós nos humanizamos ao mergulhar na humanidade de Jesus.

Humanizando-se, Jesus desatou todas as possibilidades humanas presentes em cada pessoa.

Que a celebração do Natal faça emergir o que há de mais “humano” em cada um de nós.

Um “humano Natal” a todos.


O NATAL E NOSSA EXISTÊNCIA - José A. Pagola



O Natal oferece a chave para desvendar o mistério da nossa existência


Jose Antonio Pagola


o "Geração após geração, os seres humanos gritaram suas perguntas mais profundas na angústia. Por que temos que sofrer, se do mais íntimo de nosso ser tudo nos chama para a felicidade? Por que tanta frustração? Por que a morte, se nascemos para a vida?

o "Os homens perguntaram. E perguntaram a Deus, porque, de alguma forma, quando buscamos o sentido último de nosso ser estamos apontando para ele. Mas Deus guardou um silêncio impenetrável".


O Natal guarda um segredo que, infelizmente, escapa a muitos daqueles que festejam “alguma coisa” nessas datas sem saber ao certo o quê. Eles não podem suspeitar que o Natal oferece a chave para desvendar o mistério supremo de nossa existência.


Geração após geração, os seres humanos formularam suas perguntas mais profundas em angústia. Por que temos que sofrer, se desde o mais íntimo de nosso ser tudo nos chama à felicidade? Por que tanta frustração? Por que a morte, se nascemos para a vida? Os homens perguntaram. E perguntaram a Deus, porque, de alguma forma, quando buscamos o sentido último de nosso ser, estamos apontando para ele. Mas Deus estava impenetravelmente silencioso.


No Natal, Deus falou. Já temos a sua resposta. Ele não falou conosco para dizer palavras bonitas sobre o sofrimento. Deus não oferece palavras. "A Palavra de Deus se tornou carne." Ou seja, mais do que nos dar explicações, Deus quis sofrer em nossa própria carne nossas questões, sofrimentos e impotências.


Deus não explica o sofrimento, mas sofre conosco. Ele não responde o motivo de tanta dor e humilhação, mas se humilha. Ele não responde com palavras ao mistério da nossa existência, mas nasce para viver ele mesmo a nossa aventura humana.


Não estamos mais perdidos em nossa imensa solidão. Não estamos submersos em pura escuridão. Ele está conosco. Há uma luz. "Não somos mais solitários, mas solidários" (Leonardo Boff). Deus compartilha nossa existência.

Isso muda tudo. O próprio Deus entrou em nossa vida. É possível viver com esperança. Deus partilha a nossa vida, e com ele podemos caminhar para a salvação. É por isso que o Natal é sempre um chamado ao renascimento para os crentes. Um convite para reavivar a alegria, a esperança, a solidariedade, a fraternidade e a total confiança no Pai.


Recordemos as palavras do poeta Angelus Silesius: Mesmo que Cristo nasça mil vezes em Belém, enquanto Ele não nascer no teu coração, estarás perdido para o além: terás nascido em vão.


Natal do Senhor- ESTEF


Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da 

Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana – ESTEF:

Dr. Bruno Glaab

Me. Carlos Rodrigo Dutra

Dr. Humberto Maiztegui

Me. Rita de Cácia Ló 

Evangelho: João 1,1-18


A perícope é escolhida para esta solenidade por destacar o tema da encarnação, como ponto de partida da obra terrena do Logos preexistente.

A afirmação “e a Palavra (Logos) se fez carne e habitou entre nós” (1,14) está no centro da cristologia joanina. O predicado “Logos” é encontrado apenas no prólogo do evangelho e ainda é retomado na expressão “o Logos da vida” em 1 Jo 1,1. Logos não aparece mais no evangelho, fazendo quem lê pressupor a preexistência de Jesus em todos os relatos que virão na sequência. Funciona talvez como “indicação de leitura”. É uma fórmula que vai além de todos os predicados cristológicos: Filho, Filho da Humanidade, Profeta, Cordeiro de Deus, e desenvolve uma perspectiva única.

v.2: “estava com Deus”, tem-se a impressão de que o evangelista usa a construção prós com acusativo para indicar uma relação dinâmica entre o Logos e Deus, isto é, “Palavra” que “se dirige” a Deus.

No AT, aparecem entrelaçadas a Palavra, a Sabedoria de Deus e a Lei. A Palavra de Deus tem uma força criadora: “Pela Palavra do Senhor foram criados os céus, e pelo alento de sua boca todos os astros” (Sl 33,6). “Por tua palavra tudo fizeste” (Sb 9,1). Precisamente isto é dito do Logos joanino: “Tudo foi feito por ela, e sem ela nada se fez” (Jo 1,3). Sem dúvida, este discurso é inspirado na história de criação de Gn 1, especialmente para a expressão “no princípio”.

Em relação a Deus, é atribuído ao Logos outros requisitos: ele estava perto Deus e ele era Deus.

Se, além disso, considerarmos os outros predicados: “Nela estava a vida e a vida era a luz dos seres humanos” (1,4), salta aos olhos a relação com a literatura sapiencial. Já no momento da criação, a Sabedoria personificada é retratada como arquiteta (Pr 8, 27-30), conselheira (Sb 4), artista (Sb 8,6), até criadora (Sb 7,12). A Sabedoria não é igualada a Deus, mas é vista como a força graças à qual Deus criou tudo.

Contra este pano de fundo sapiencial, o Logos torna-se o criador do universo, mas também a vida e a luz das pessoas (1,4). Em Sb 9, de Deus é dito não só que ele fez tudo pela sua Palavra, mas também que apetrechou os seres humanos de sua Sabedoria. Visto que a Sabedoria ensina todos os caminhos da virtude (Sb 8,7), está intimamente ligada à Lei divina.

O texto volta nossa atenção para o mundo humano, para o qual a Palavra de Deus é vida e luz, como Sabedoria que ilumina, vivifica e enche tudo de alegria, mas da qual as pessoas se afastaram incompreensivelmente. Finalmente, o evento que supera tudo é descrito: a encarnação do Logos, que armou sua tenda entre os seres humanos. Assim se abriu definitivamente a revelação de Deus e abriu-se o caminho da vida (1,18).

Com a afirmação: “E o Logos (a Palavra) se fez carne e habitou entre nós” (1,14), João vai além da ideia de um poder habitação espiritual pré-existente no mundo. A expressão “fez-se carne” não nos deixa dúvidas que João está pensando no homem Jesus Cristo, de carne e sangue, que apareceu entre a nós em determinado contexto histórico e nos revelou as fontes da Sabedoria de Deus. O termo sárks, “carne”, designa o elemento de fraqueza e caducidade humana. O Logos tornou-se perfeitamente solidário com o gênero humano.

Há um paradoxo na frase “e a Palavra se fez carne”. O texto apresenta o Logos na forma de um homem fraco e fugaz, que, no entanto, possui em si poderes salvadores. Fraqueza da carne e força do espírito estão paradoxalmente unidos. O Logos não encontrou acolhimento no mundo embora este tivesse sido criado por ele e fosse sua propriedade. Os seres humanos, a quem ele deveria trazer vida e luz, o recusaram.

O que se expressa aqui é uma mudança no modo de ser do Logos: antes ele estava “com Deus” (v.1), agora ele coloca sua tenda “entre nós” (v.14), na plena realidade da ‘carne”. O “tornar-se carne” da Palavra indica um ponto de virada e abre para os seres humanos a possibilidade de salvação.

A expressão cháris kaì alétheia: “graça e verdade”, corresponde ao hebraico hesed–’aemet que expressa no AT o amor e a fidelidade de Deus a seu povo. A bênção desta presença divina é certamente experimentada (apenas?) pelos crentes, que alcançaram a plenitude da graça em virtude do testemunho daqueles que viram a glória do Encarnado (v.12-14b). O v. 13 destaca ainda mais o sentido da filiação divina: não é um nascer natural, mas nascer de Deus. A comunidade dos crentes professa a sua fé: “de sua plenitude todos nós recebemos graça por graça” (v. 16), um dom em lugar de outro, a nova revelação em lugar da antiga.

Relação com as outras leituras

Do conjunto das Leituras, fica nítida a ideia de que o Verbo encarnado é o mediador, para os seres humanos, da existência da criação. Ele é o transmissor de tudo o que dá plenitude e sentido à sua existência particular: vida e luz. Os dois conceitos são intimamente relacionados entre si; mas, deles, o da ‘vida’ é o principal e a ‘luz’ o qualifica, colocando essa ‘vida’ sob um aspecto particular: a vida que estava no Logos significa, para a humanidade, luz.

O texto de Isaias é um cântico de júbilo que acolhe a boa notícia da chegada triunfante do Senhor. O centro da boa notícia é o anúncio do Reinado de Deus (v. 7), ou seja, da manifestação do Senhor como salvador e consolador do seu povo.

Na Epístola aos Hebreus (v. 3) encontramos o tema da igualdade da natureza do Pai e do Filho mediante a imagem da luz irradiada e da Palavra que “sustenta”, conserva existencialmente toda a criação.




TEXTOS EM ESPANHOL - Dom Damián Nannini - Argentina


1)- MISSA DA NOITE DO DIA 24


NAVIDAD: MISA DE NOCHEBUENA


Primera Lectura (Is 9,1-6):


La causa de la situación de angustia y desolación que afligía al pueblo de Israel y que viene descrita por el profeta como oscuridad y tiniebla es la segunda invasión de los asirios conducida por Tiglatpileser III, quienes ocuparon los territorios de las tribus del Norte, Zabulón y Neftalí (año 732 a.C., cf. 2Re 15,29). Los israelitas del Norte quedaron desde entonces sometidos al dominio de los paganos con todo lo que esto implicaba de humillación, pérdida de soberanía y libertad. En este contexto histórico se percibe mejor el tono de Is 9,1-4 como anuncio de liberación ilustrado como luz y alegría. En Is 9,5 se vincula esta salvación con el nacimiento de un niño que es un don de Dios (verbo en pasivo). Al niño se le otorgan cuatro títulos con resonancias reales: consejero prudente, Dios fuerte, padre eterno, príncipe de paz, que lo hacen trascender el recinto histórico para elevarlo a la esfera divina. Al final 9,6 lo presenta como descendiente de David; es decir, la promesa hecha a David en 2Sam 7,14 viene actualizada en él, pero con proporciones sobrehumanas. 

Por tanto, el profeta celebra un cambio total de situación obrado por Dios: el pueblo que caminaba en las tinieblas y habitaba en la oscuridad ha visto el brillo de una gran luz. El efecto es una multiplicación de la alegría, del gozo y una paz sin fin. La causa o motivo de esto es el nacimiento de un niño muy especial. Y el autor de todo es Dios, pues "el celo ("amor ardiente") del Señor de los ejércitos hará todo esto" (9,6).


Salmo Responsorial (95):


Desde el inicio invita a todos a cantar un canto nuevo en honor de Dios que debe involucrar a toda la creación. Al canto se une la alegría, la exultación y hasta un grito de gozo: todo esto porque el Señor viene a reinar. Inmejorable manera de recibir al Niño en Navidad. 


Segunda Lectura (Tit 2,11-14):


Para una lectura en el contexto litúrgico es clave el versículo inicial: "La gracia de Dios, que es fuente de salvación para todos los hombres, se ha manifestado". 

Sería bueno recordar aquí la riqueza de significados del término "gracia" (járis) que incluyen "el amor, la belleza y la gratuidad que se manifiestan en la autodonación de Dios al hombre" . La Gracia y la Salvación de Dios se han manifestado en Cristo, más aún, son Cristo mismo, se identifican con la persona de Jesucristo. Este es el gran anuncio que hace esta carta a Tito y que repite de modo semejante en 3,4: "Pero cuando se manifestó la bondad de Dios, nuestro Salvador, y su amor a los hombres, él nos salvó, no por obras de justicia que hubiésemos hecho nosotros, sino según su misericordia, por medio del baño de regeneración y de renovación del Espíritu Santo".

Y es justamente esta revelación de la Belleza y Bondad salvífica de Dios en Cristo el motor para una vida sobria, justa y piadosa a la que invita la carta a continuación.


Evangelio (Lc 2,1-14):


Después del solemne encuadre histórico (2,1-3), el relato que sigue incluye dos momentos sucesivos. En primer lugar, nos narra el nacimiento de Jesús en Belén (2,4-7) y luego el anuncio de este acontecimiento hecho por un ángel a los pastores (2,8-14).

El comienzo de esta perícopa es solemne y hace referencia a una proclamación imperial ordenando un censo, el cual obra como "causa segunda" del nacimiento de Jesús en Belén. Según R. Brown la intención de Lucas es presentar, en contraposición a los reclamos del emperador Augusto, a Jesús como el Salvador y la fuente de la paz, cuyo nacimiento marca el comienzo de una nueva era . 

La descripción del nacimiento siempre ha llamado la atención por su sobriedad . Un solo versículo (2,7) para contar el acontecimiento que dividirá la historia en dos: "Y dio a luz a su hijo primogénito, le envolvió en pañales y le acostó en un pesebre, porque no tenían sitio en el albergue". 

El albergue o habitación (κατάλυμα) sería un lugar público para refugio de los transeúntes o peregrinos; mientras que el pesebre (φάτνῃ) sería el lugar para los animales, una especie de establo o comedero . Lleno el albergue, tuvieron que quedarse en el pesebre.

La segunda parte es el anuncio a los pastores de la región. El núcleo del mensaje es la "buena nueva" o evangelio proclamado por el ángel del Señor: "Hoy en la ciudad de David ha nacido un Salvador: el Mesías, el Señor" (2,11). Este versículo es realmente importante porque al formar parte del anuncio del ángel indica que el testimonio viene de Dios mismo quien nos revela la identidad de este Niño: es el Cristo (χριστὸς), es el Señor (κύριος), es el Salvador (σωτὴρ). Probablemente estos tres títulos vengan a sustituir a los que Is 9,5b aplicaba al Enmanuel como epítetos mesiánicos . El título Salvador explicita el sentido del nombre Jesús (1,31) y su misión con respecto al pueblo. Es de notar que en el Magníficat (1,47) el título de Salvador se aplica a Dios Padre mientras que aquí a Jesús. De la salvación que llega con Jesús se habla en el Benedictus (1,69.71.77) y en el cántico de Simeón (2,30). 

En breve, Lucas nos dice que Dios salva a su pueblo mediante su Hijo Jesús; y que esta salvación consiste en ser liberados de los enemigos y en el perdón de los pecados.

Los pastores son los primeros receptores de este Buen Anuncio. Esto se debe a que están cerca del lugar y velando en la noche, vigilando sus rebaños. Pero también porque "formaban parte de los pobres, de las almas sencillas, a los que Jesús bendeciría, porque a ellos está reservado el acceso al misterio de Dios (cf. Lc 10,21 s). Ellos representan a los pobres de Israel, a los pobres en general: los predilectos del amor de Dios" .

El ángel del Señor les da también a los pastores un signo o señal (shmei/on) del cumplimiento de este anuncio: "encontrarán a un niño recién nacido envuelto en pañales y acostado en un pesebre" (2,12). En la tradición bíblica los signos dejan a salvo la trascendencia de Dios al obrar y, al mismo tiempo, confirman la actuación divina . En general, si el anuncio profético era difícil de creer, el signo tenía un carácter extraordinario, milagroso. En el evangelio de Lucas varias veces se le piden a Jesús signos, acciones extraordinarias, para que confirme su origen divino (cf. 11,16.29-30; 21,7; 23,8). En este caso hay una doble particularidad. La primera porque se trata de un hecho que no presenta nada de extraordinario: un niño envuelto en pañales y acostado en un pesebre. Como bien nota L. Rivas : "se esperaba algo magnífico, y se da como señal lo más pequeño, lo más débil, lo más humilde". Por su parte J. Ratzinger dice: "No es una señal en el sentido de que la gloria de Dios se había hecho patente, de tal modo que se pudiera decir claramente: Éste es el verdadero Señor del mundo. Nada de eso. En este sentido, el signo es al mismo tiempo un no signo: el verdadero signo es la pobreza de Dios" . 

La segunda particularidad es que el signo coincide con lo significado, con el anuncio mismo: el niño recién nacido es el anuncio y el signo. 

La narración termina con el canto del coro angélico que conocemos como Gloria y que está muy ligado a la fiesta de Navidad . El contenido del mismo hace referencia a un nuevo orden que ha sido decretado desde el cielo y cuya realización ya ha comenzado con el Nacimiento de Jesús, aunque su culminación plena queda reservada al futuro . 

El paralelo más cercano al "Gloria" en Lucas/Hechos es la aclamación litúrgica formulada cuando Jesús entra en Jerusalén (cfr. Lc 19,38). Únicamente en el relato lucano la multitud de los discípulos alaba al rey que viene en el nombre del Señor: "Paz en el cielo y gloria en las alturas". De este modo Lucas nos dice que los ángeles del cielo reconocieron al comienzo de la vida de Jesús lo que los discípulos no llegaron a reconocer sino hasta el final: la presencia del rey Mesías que viene en nombre del Señor .

En cuanto a los destinatarios de esta paz mesiánica, aquí sólo podemos decir que la crítica textual apoya la traducción en pasivo que utiliza la Biblia del Pueblo de Dios, o sea "paz a los hombres amados por él (Dios)" y no "a los hombres que aman a Dios o de buena voluntad" de otras traducciones. Se trata de algo no menor en sus consecuencias pues como nota R. Cantalamessa : "Si la paz fuera concedida a los hombres por su 'buena voluntad', entonces sí que estaría limitada tan sólo a unos pocos, a aquellos que la merecen; pero desde el momento en que la paz se concede por la buena voluntad de Dios, es decir, por gracia, es un bien que se ofrece a todos […] La Navidad no es una llamada a la buena voluntad de los hombres, sino un anuncio gozoso de la buena voluntad de Dios para con los hombres".



Algunas Reflexiones:


Es muy importante que pidamos la gracia de que, a pesar de celebrar cada año y durante muchos años la Navidad, podamos mantener viva la capacidad de asombro. Sí, asombrarse de que Dios nos ame tanto; asombrarse de que haya venido y siga viniendo a nosotros; asombrarse de que Dios se haya hecho niño y haya elegido nacer pobre entre los pobres. Asombrarse por todo y por tanto….


Celebrar la Navidad, el Nacimiento de Jesús, es celebrar su Presencia entre nosotros. Esto es lo fundamental, Él está con nosotros (Enmanuel). Se trata de tomar conciencia de la Presencia de este misterio de Dios con nosotros en el hoy de nuestro tiempo y de nuestra vida. 

La memoria del pasado, es decir la atención al nacimiento histórico de Jesús, es necesaria para no perder nunca de vista el realismo de la Encarnación. Pero no nos quedamos en el pasado porque es Dios mismo, el Eterno, quien entra en la historia y en el tiempo, por eso se trata de una realidad siempre actual, siempre presente en nuestro tiempo y en nuestra historia. Es el mismo Jesús que nació en Belén quien se hace presente ahora y siguiendo la misma pedagogía divina que entonces. Sólo cambia el modo de su presencia: no ya visible a los ojos sino sólo a la mirada de fe. 

Por tanto, bien podríamos nosotros colocar, al comienzo del relato, nuestras propias coordenadas históricas nombrando a nuestros gobernantes y dirigentes de turno. Al igual que entonces, el gran acontecimiento que celebramos se ocultará a sus miradas enceguecidas por la soberbia del poder. Porque para el mundo la sabiduría de Dios sigue siendo locura, como bien lo señalaba San Pablo (cf. 1Cor 2,6-9). Sobre esto decía el Cardenal Bergoglio: "En esta noche santa les pido que miren el pesebre: allí “el pueblo que caminaba en tinieblas vio una gran luz” ... pero la vio el pueblo, aquél que era sencillo y estaba abierto al Regalo de Dios. No la vieron los autosuficientes, los soberbios, los que se fabrican su propia ley según su medida, los que cierran las puertas. Miremos el pesebre y pidamos por nosotros, por nuestro pueblo tan sufrido. Miremos el pesebre y digámosle a la Madre: “María, muéstranos a Jesús” .

Justamente la intención del evangelista San Lucas es poner de relieve el contraste entre el camino de los hombres que van tras la gloria del poder y la manifestación de la gloria de Dios a los humildes, a los que esperan y confían sólo en Él. Es a ellos, a los humildes, a los pobres de corazón, a quienes se les descubre el misterio escondido, a quienes se les anuncia la llegada del Salvador, de Cristo el Señor. Más aún, "los pastores verán un "signo", pero ese signo no será otra cosa que la realidad…oculta, escondida. Escondida para quienes permanecen en la noche; luminosa como la claridad angélica para quienes saben verla" . 


La Navidad, por tanto, nos enseña mucho acerca de los misteriosos caminos de Dios.  En lo externo, en la apariencia, nada cambió en el mundo ni en la vida de María y de José. No se volvieron ángeles, espíritus puros. Siguieron sujetos a todas las necesidades propias de la vida humana. Pero en lo interior, en lo verdadero y profundo, todo cambió. Porque Jesús estaba con ellos, compartía la vida de ellos, llenándola de luz y alegría. María y José, en su sencillez, habían descubierto el sentido de las cosas, o mejor, lo que da sentido a todas las cosas. La salvación estaba presente, vivían en presencia de Dios. Cuando se lo tiene a Jesús, todo cobra sentido y la vida se tiñe de color esperanza. Se agradecen las posesiones y se aceptan las carencias. Se lucha por una vida digna, humana, pero sin olvidar que, si llegásemos a tener todo lo necesario, pero no lo tuviéramos a Jesús, la vida no sería plenamente humana.

El gran don que el Niño Jesús viene a regalarnos es el de la PAZ. Es el anuncio cantado por el coro de ángeles: “¡Gloria a Dios en las alturas, y en la tierra, paz a los hombres amados por él" (Lc 2,14). Navidad es el día para sentirse profundamente amados por el Señor, que ha venido a nosotros, y que nos regala el son de su PAZ. Seguramente viviremos una Navidad más austera por la crisis económica; pero si gozamos de la PAZ del Señor, será una feliz Navidad para todos.

En fin, terminemos compartiendo una propuesta del Papa Francisco para la Navidad: “Hermanos, y hermanas, deteniéndonos ante el belén miremos el centro; vayamos más allá de las luces y los adornos, que son hermosos, y contemplemos al Niño. En su pequeñez es Dios. Reconozcámoslo: “Niño, Tú eres Dios, Dios-niño”. Dejémonos atravesar por este asombro escandaloso. Aquel que abraza al universo necesita que lo sostengan en brazos. Él, que ha hecho el sol, necesita ser arropado. La ternura en persona necesita ser mimada. El amor infinito tiene un corazón minúsculo, que emite ligeros latidos. La Palabra eterna es infante, es decir, incapaz de hablar. El Pan de vida debe ser alimentado. El creador del mundo no tiene hogar. Hoy todo se invierte: Dios viene al mundo pequeño. Su grandeza se ofrece en la pequeñez.

Y nosotros, preguntémonos, ¿sabemos acoger este camino de Dios? Es el desafío de Navidad: Dios se revela, pero los hombres no lo entienden. Él se hace pequeño a los ojos del mundo y nosotros seguimos buscando la grandeza según el mundo, quizá incluso en nombre suyo. Dios se abaja y nosotros queremos subir al pedestal. El Altísimo indica la humildad y nosotros pretendemos brillar. Dios va en busca de los pastores, de los invisibles; nosotros buscamos visibilidad, hacernos notar. Jesús nace para servir y nosotros pasamos los años persiguiendo el éxito. Dios no busca fuerza y poder, pide ternura y pequeñez interior.

Esto es lo que podemos pedir a Jesús para Navidad: la gracia de la pequeñez. “Señor, enséñanos a amar la pequeñez. Ayúdanos a comprender que es el camino para la verdadera grandeza” (homilía del 24 de diciembre de 2021).


PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):



El tiempo de ser madre

 

Señor Jesús

Tú que señalaste el momento preciso

En medio de un pueblo ocupado en sus deberes

Obligado por decretos y leyes

 

Tú que atrapaste la atención de unos jóvenes

Y les diste la Misión de las misiones

Ser los padres del Rey de las naciones

 

Ven a sorprendernos en la noche

Envía tus mensajeros a estos sencillos pastores

Anima la modesta misión de estos pobres

 

¡Gloria a Dios en las alturas! Señor!

Haznos comprender estos honores

Por si Ignorantes andamos buscando otros amores

 

Un niño pequeño en un pesebre

Ruidos de un llanto infantil, arrullo de madre pobre

Es el signo que el mismo Dios quiere dar a los hombres.

Amén.



2)- MISSA DO DIA DE NATAL EM ESPANHOL


NAVIDAD: MISA DEL DÍA


LA PALABRA SE HIZO CARNE Y HABITÓ EN NOSOTROS


Todas las lecturas de la misa de hoy nos invitan a tener una mirada contemplativa, esto es, de fe enamorada sobre el Misterio del Niño de Belén. En especial el evangelio de hoy: “El prólogo de Juan es una síntesis meditativa de todo el misterio de Navidad, porque el Niño de Belén es la revelación de Dios, la verdad de Dios y del hombre, y reflexionando sobre este evento nos ponemos en tesitura de comprender quién es el que ha nacido y quienes somos nosotros” (G. Zevini - P. G. Cabra).

En efecto, “El Verbo hecho carne será siempre para los cristianos, para todos los que desde siglos tienen los ojos fijos en Cristo, el polo de la contemplación, la fuente de su fe, de su esperanza y de su amor […] En el Verbo hecho carne, brilla, pues, el misterio del amor, pues sólo el amor puede reducir las distancias hasta llegar a suprimirlas. En fin, la expresión “el Verbo hecho carne” muestra la perfección de ese amor que está en el origen del misterio de la Encarnación” .


¿Y qué nos revelan las lecturas ante esta nueva mirada? Que el Niño Jesús es la Palabra de Dios hecha carne. Sí, es la Palabra eterna y única de Dios. Dios Padre nos habla por medio de Su Palabra, o más aún, nos lo dice todo y de una sola vez, pues se dice a Sí mismo. Lo expresa muy bien San Juan de la Cruz: "«Porque en darnos, como nos dio a su Hijo, que es una Palabra suya, que no tiene otra, todo nos lo habló junto y de una vez en esta sola Palabra... Porque lo que hablaba antes en partes a los profetas ya lo ha hablado a Él todo, dándonos el todo, que es su Hijo" (Subida del Monte Carmelo, II, 22).

Esta Palabra o Verbo Eterno del Padre se ha hecho carne, hombre, niño en Jesús. Es el final y la plenitud de un largo camino de comunicación de Dios con los hombres que comenzó con la creación. En efecto: "Muchas veces y de muchas maneras habló Dios en el pasado a nuestros Padres por medio de los Profetas. En estos últimos tiempos nos ha hablado por medio del Hijo" (Heb 1,1-2).

Esta Palabra se recibe escuchándola y haciéndola vida en nosotros. Y, siguiendo el prólogo de Juan podemos decir que quien ESCUCHA esta PALABRA, quien la recibe, quien la cree, quien acepta este amor y se deja transformar por él, llega a ser Hijo de Dios. Esta es la misión de la Palabra de Dios, de Jesús: hacernos hijos de Dios; enseñarnos a vivir como hijos de Dios. Y esta es la vocación temporal y eterna del hombre, de todo hombre.

Se trata de habitar dónde Jesús habita que es en su relación con el Padre. Jesús nos quiere llevar aquí. Quiere que también para nosotros la relación con el Padre sea nuestro “lugar en el mundo” donde habitemos; donde sintamos que somos libres y que realizamos nuestra vocación de hijos de Dios.

Sobre el misterio de la Encarnación decía con su sólida claridad el Papa Benedicto en la audiencia del 9 de enero de 2013: “En estos días ha resonado repetidas veces en nuestras iglesias el término «Encarnación» de Dios, para expresar la realidad que celebramos en la Santa Navidad: el Hijo de Dios se hizo hombre, como recitamos en el Credo. Pero, ¿qué significa esta palabra central para la fe cristiana? Encarnación deriva del latín «incarnatio». San Ignacio de Antioquía —finales del siglo I— y, sobre todo, san Ireneo usaron este término reflexionando sobre el Prólogo del Evangelio de san Juan, en especial sobre la expresión: «El Verbo se hizo carne» (Jn 1, 14). Aquí, la palabra «carne», según el uso hebreo, indica el hombre en su integridad, todo el hombre, pero precisamente bajo el aspecto de su caducidad y temporalidad, de su pobreza y contingencia. Esto para decirnos que la salvación traída por el Dios que se hizo carne en Jesús de Nazaret toca al hombre en su realidad concreta y en cualquier situación en que se encuentre. Dios asumió la condición humana para sanarla de todo lo que la separa de Él, para permitirnos llamarle, en su Hijo unigénito, con el nombre de «Abbá, Padre» y ser verdaderamente hijos de Dios. San Ireneo afirma: «Este es el motivo por el cual el Verbo se hizo hombre, y el Hijo de Dios, Hijo del hombre: para que el hombre, entrando en comunión con el Verbo y recibiendo de este modo la filiación divina, llegara a ser hijo de Dios» (Adversus haereses, 3, 19, 1: PG 7, 939; cf. Catecismo de la Iglesia católica, 460)”.


De modo especial esta Palabra de Dios hecha hombre, que es Jesús, se puede escuchar sólo si hacemos silencio, como san José. Al respecto decía el Papa Francisco en la audiencia del 15 de diciembre de 2021: “Los Evangelios no relatan ninguna palabra de José de Nazaret, nada, no habló nunca. Eso no significa que fuera taciturno, no, hay un motivo más profundo. Con su silencio, José confirma lo que escribe san Agustín: «Cuando el Verbo de Dios crece, las palabras del hombre disminuyen».  En la medida en que Jesús ―la vida espiritual― crece, las palabras disminuyen. Esto que podemos definir como el “papagayismo”, hablar como papagayos, continuamente, disminuye un poco. El mismo Juan Bautista, que es «voz que clama en el desierto: preparad del camino del Señor”» ( Mt 3,1), dice sobre el Verbo: «Es preciso que él crezca y que yo disminuya» ( Jn 3,30). Esto quiere decir que Él debe hablar y yo estar callado y José con su silencio nos invita a dejar espacio a la Presencia de la Palabra hecha carne, a Jesús.

El silencio de José no es mutismo; es un silencio lleno de escucha, un silencio trabajador, un silencio que hace emerger su gran interioridad. «Una palabra habló el Padre, que fue su Hijo ― comenta san Juan de la Cruz― y ésta habla siempre en eterno silencio, y en silencio ha de ser oída del alma»… 

Qué bonito sería si cada uno de nosotros, siguiendo el ejemplo de san José, lograra recuperar esta dimensión contemplativa de la vida abierta de par en par precisamente por el silencio. Pero todos sabemos por experiencia que no es fácil: el silencio nos asusta un poco, porque nos pide entrar dentro de nosotros mismos y encontrar la parte más verdadera de nosotros. Y mucha gente tiene miedo del silencio, debe hablar, hablar, hablar o escuchar, radio, televisión…, pero el silencio no puede aceptarlo porque tiene miedo. El filósofo Pascal observaba que «toda la desgracia de los hombres viene de una sola cosa: el no saber quedarse tranquilos en una habitación». 

Queridos hermanos y hermanas, aprendamos de san José a cultivar espacios de silencio, en los que pueda emerger otra Palabra, es decir, Jesús, la Palabra: la del Espíritu Santo que habita en nosotros y que lleva a Jesús. No es fácil reconocer esta Voz, confusa a menudo con los miles de voces de preocupaciones, tentaciones, deseos, esperanzas que albergamos; pero sin este entrenamiento que viene precisamente de la práctica del silencio, puede enfermarse también nuestra habla. Sin la práctica del silencio se enferma nuestra habla”. 

Esta PALABRA Personal del Padre, nos dice el prólogo de Juan, es la VIDA y la LUZ de los hombres. Y esta PALABRA es AMOR.  Así, el AMOR es la LUZ de la VIDA.  Porque sólo el amor de Dios da razón, sentido (otros posibles significados del término logos) a la vida y de este modo la ilumina.

Esta contemplación del misterio de la Encarnación nos cambia la mirada sobre Dios y sobre nuestra relación con Él. Y desde allí nos invita a cambiar nuestra relación con nosotros mismos, con las cosas y con los demás.



PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):


Solo la Palabra

 

Cuán necesaria era entre las tinieblas

El sonido de sus sílabas, el ritmo de sus letras

Y así Palabra fue verbo:

Obrar, modelar el barro grosero.

 

Y así Palabra fue adjetivo y sinónimo

De Belleza infinita, de creación inmensa.

 

Los trazos de una caligrafía perfecta

Plasmados en naturaleza

Culminaron pronta,

Su Obra Maestra.

 

Vino a ser Ella, la Luz verdadera

Borró lo de Adán, cargó nuestras penas

 

Engendrados en el sonido armonioso

Donde todo se renueva

Abrió los oídos nuestros

Para captar su Presencia.

 

Hoy pondremos pobres palabras

En una oración, apenas.

 

Un mensajero nos llama…

pide abrirle las puertas,

Su Gracia colme nuestras almas

Y haga nuestra alegría plena. Amén