33º DOM TC-A

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM-A

 19/11/2023 

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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO

 

1ª Leitura: Provérbios 31,10-13.19-20.30-31 

Salmo Responsorial 127(128)R- Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos! 

2ª Leitura: 1 Tessalonicenses 5.1-6 

Evangelho de Mateus 25,14-30

“O Reino dos Céus é também como um homem que ia viajar para o estrangeiro. Chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens: 15     a um, cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um – a cada qual de acordo com sua capacidade. Em seguida viajou. 16        O servo que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles e lucrou outros cinco. 17    Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. 18 Mas aquele que havia recebido um só, foi cavar um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19       Depois de muito tempo, o senhor voltou e foi ajustar contas com os servos. 20   Aquele que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’. 21        O senhor lhe disse: ‘Parabéns, servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!’ 22    Chegou também o que havia recebido dois talentos e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. 23        O senhor lhe disse: ‘Parabéns, servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!’ 24       Por fim, chegou aquele que havia recebido um só talento, e disse: ‘Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ajuntas onde não semeaste. 25  Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. 26     O senhor lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu colho onde não plantei e que ajunto onde não semeei. 27       Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’. 28   Em seguida, o senhor ordenou: ‘Tirai dele o talento e daí àquele que tem dez! 29Pois a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30        E quanto a este servo inútil, lançai-o fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’

DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA SP

Mt 25,14-30

Talento, nos idiomas modernos, indica a capacidade e os dotes de uma pessoa. Originalmente o talento era uma unidade de peso, depois passou a ser uma unidade monetária. O uso posterior dessa palavra, para indicar habilidades ou dotes naturais, se desenvolveu do uso simbólico com que é usado nessa parábola.

Foi uma quantia muito grande que o patrão confiou aos seus servos. Vejamos:

5 talentos = 30.000 denários = 90 anos de trabalho (um denário = um dia de trabalho)

2 talentos = 12.000 denários = 36 anos

1 talento = 6.000 denários = 16 anos = 1.320,00 (X 12) = 15.840,00 (X16) = 253.440,00 (2023)

Esse gesto do patrão é demonstração de sua generosidade e de sua confiança. Além disso, revela uma sabedoria excepcional, pois na verdade cada um recebeu uma quantia “de acordo com a sua capacidade”. A proporção do dinheiro diferiu, mas cada qual devia ser fiel e sábio no uso do investimento do que recebeu: aquele que recebeu 5, devia também produzir outros 5.

O Senhor confiou seu dinheiro, mas cada um usou sua inteligência, desenvolveu e empregou suas habilidades para investir bem, agiu com prudência e coragem nos investimentos. O resultado disso tudo foi que a quantia duplica: de cinco para dez e de dois para quatro! A confiança do patrão consiste na firme esperança de que os empregados iriam fazer pleno uso das habilidades e inteligência que dispunham para fazer aumentar sua riqueza.

O servo de 5 talentos usou sua inteligência, desenvolveu e empregou suas habilidades para investir bem e agiu com prudência e coragem nos investimentos. O resultado de tudo isso foi que a quantia duplicou: de cinco para dez (60.000 = 180 anos).

O servo de dois talentos também se mostrou fiel. Embora tenha produzido menos, o seu resultado é igual ao do empregado de 5 talentos: cem por cento de produtividade! Ele não ficou invejando quem tinha 5; não se lamentou porque tinha um capital menor. Também nisso o patrão foi sábio – aquele servo poderia ficar inteiramente confuso com a responsabilidade de cinco talentos. Poderia falhar, esmagado pelo peso de tanta responsabilidade ou então desperdiçar tudo numa vida desenfreada. O patrão esperava do empregado de dois talentos o mesmo que esperou do de cinco: cem por cento de produtividade. E foi isso que ele fez. Demonstrou fidelidade no mais alto grau (no máximo grau) porque usou toda sua habilidade, inteligência e forças para dobrar o capital recebido.

“Mas aquele que havia recebido um só saiu, cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu patrão”. Esse homem não se mostrou desonesto, não gastou o dinheiro nem o desperdiçou. Simplesmente não fez o que o Senhor esperava dele. Deixou de fazer produzir o talento, mostrou-se negligente, preguiçoso e indigno de confiança.

É do tipo daqueles que não são externamente maus, mas que no íntimo são improdutivos, indiferentes e egoístas. É o símbolo da preguiça e da indiferença espiritual. Não tem vícios exteriores, mas é viciado no íntimo. Não comete crimes, mas não se interessa em crescer na prática do bem. Mostra-se acomodado e se contenta em ser um acomodado. Faz pouquíssimo progresso espiritual e não se importa com isso.

Esta parábola nos ensina que a preguiça e a indiferença pelo crescimento espiritual são uma maldade mortal consigo mesmo. O Senhor requer de nossa parte busca ativa pelas coisas espirituais, empenho no progresso na vida cristã. Todos nós queremos progredir na vida; fazemos esforços heroicos para subir na vida, mas temos uma preguiça invencível para fazer progressos na vida de oração, na vida em comunidade, no conhecimento da Bíblia, no amor aos outros.

Esta parábola nos ensina que recebemos de Deus dons valiosíssimos, mas corremos o risco de ignorá-los, de não os usar para progredir na vida espiritual. Esta parábola foi dita por Jesus para nós, que somos pessoas “comuns” de um só talento.

São poucos os homens excepcionais de 5 ou de 2 talentos: pessoas como João Paulo II, Madre Tereza de Calcutá, D. Helder Câmara, etc. O perigo que corremos é de dizer: “Com minhas poucas aptidões nada se pode esperar de mim. Não posso fazer nada!”. Esse é o sussurro de Satanás nos nossos ouvidos: “Você não pode fazer nada, pobre homem. Você só tem um talento enquanto outros têm mais. Deus foi injusto porque você tem poucos talentos enquanto os seus companheiros são brilhantes”.

Criticar Deus e ficar ressentido contra os outros é a escapatória das “pessoas comuns”, como nós. Foi também essa a reação do empregado de um só talento: “Sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeastes” = “tu és um tirano a ser temido, um cobiçoso, um avarento dinheirista e ganancioso; explorador do trabalho alheio”.

“O empregado que havia recebido cinco talentos”. Ele apresenta outros cinco: aplicou toda energia e forças de que dispunha para negociar. Trabalhou duro quando outros dormiam ou descansavam. Esperou o retorno do patrão. Não o temia e não temia a prestação de contas. Esse empregado tinha afeição pelo patrão porque trabalhou para fazer a riqueza dele crescer. O dinheiro não lhe pertencia, mas mesmo assim agiu como se fosse seu e aumentou o patrimônio do seu patrão.

Além disso, o trabalho desenvolveu sua natureza e suas capacidades. Aprendeu muito e se tornou mais responsável ainda. Se já era uma pessoa capacitada, agora o era em dobro. Não precisa contar vantagens, uma vez que suas próprias obras o louvam.

O patrão olha o dinheiro entregue e sabe que o empregado diz a verdade. Não precisa ficar conferindo, pois aquele empregado que já era de confiança, ganhou ainda mais a confiança do patrão. Que maravilhoso se pudermos fazer algo para agradar ao nosso grande Rei!

“Como foste fiel em tão pouco”. O que parece ser uma quantia enorme, para o Patrão é pouco! Se ele tinha já sido muito generoso antes, na recompensa revelará uma generosidade mais surpreendente ainda!


Despertar a responsabilidade - José Antonio Pagola

 

A parábola dos talentos é um relato aberto que se presta a leituras diversas. De fato, comentadores e predicadores interpretaram-no com frequência num sentido alegórico, orientado em diferentes direções. É importante que nos centremos na atuação do terceiro servo, pois ocupa a maior atenção e espaço na parábola.

 

A sua conduta é estranha. Enquanto os outros servos se dedicam a fazer frutificar os bens que lhes confiou o seu senhor, o terceiro não lhe ocorre nada melhor do que «esconder debaixo da terra» o talento recebido para o conservar seguro. Quando o senhor chega, condena-o como servo «negligente e preguiçoso» que não entendeu nada. Como se explica o seu comportamento?

 

Este servo não se sente identificado com o seu senhor nem com os seus interesses. Em nenhum momento atua movido pelo amor. Não ama o seu senhor, tem-lhe medo. E é precisamente esse medo que o leva a agir procurando a sua própria segurança. Ele mesmo explica tudo: «Tive medo e fui esconder o meu talento debaixo da terra».

 

Este servo não entende em que consiste a sua verdadeira responsabilidade. Pensa que está a responder às expectativas de seu senhor, conservando o seu talento seguro, mas improdutivo. Não sabe o que é uma fidelidade ativa e criativa. Não se envolve nos projetos do seu senhor. Quando este chega, diz-lhe claramente: «Aqui tens o teu».

 

Nestes momentos em que, ao que parece, o cristianismo de não poucos chegou a um ponto em que o primordial é «conservar» e não tanto procurar com coragem caminhos novos para acolher, viver e anunciar o seu projeto de reino de Deus, temos de escutar atentamente a parábola de Jesus. Hoje diz-nos a nós.

 

Se nunca nos sentimos chamados a seguir as exigências de Cristo além do que sempre é ensinado e ordenado; se não arriscamos nada para fazer uma igreja mais fiel a Jesus; se nos mantemos alheios a qualquer conversão que nos possa complicar a vida; se não assumimos a responsabilidade do reino, como o fez Jesus, procurando «vinho novo em odres novos», é que necessitamos de aprender a fidelidade ativa, criativa e arriscada à qual nos convida a sua parábola.

  

Alimentar a fé no Deus do medo é uma blasfêmia - Adroaldo Palaoro


“...fiquei com medo e escondi o teu talento no chão” (Mt 25,25)


Normalmente, as parábolas de Jesus deixam transparecer dois sentidos: um, de anúncio (de boa notícia, de revelação do rosto misericordioso de Deus...); outro, de denúncia (põe às claras a falsa imagem de Deus).

A conhecida “parábola dos talentos”, proposta para este domingo, geralmente é lida de forma ingênua, fora do contexto em que Jesus a narrou. É preciso ter presente que Jesus, ao contar esta parábola, encontrava-se em Jerusalém, vivendo um violento conflito com as autoridades religiosas. 

E a principal fonte de conflito estava justamente na “imagem de Deus”. Na parábola, Jesus denuncia o “deus mesquinho” dos fariseus e sacerdotes que só desperta medo. Por isso, o texto original não começa com este refrão: “o Reino de Deus é semelhante...”, mas “é como um homem que partiu para o estrangeiro”.

Diante de um “deus mesquinho”, resposta mesquinha; os que receberam cinco e dois talentos se limitam a render 5 e 2 talentos; também eles são mesquinhos, pois não são capazes de ir mais além.

No fundo, Jesus está denunciando com a parábola o seguinte: “o ‘deus’ que ameaça com a exigência da prestação de contas até o último centavo, é um ‘deus’ que bloqueia e anula as pessoas, os grupos, as comunidades”. 

Seu Deus é o Pai de mãos abertas que derramam graças abundantes a todos. Diante do excesso do amor de Deus a resposta é a da gratidão. Quem se deixa determinar pela gratidão não se contenta com cinco ou dois talentos; vai sempre além; entra no fluxo do “magis”, do “mais”.

Por isso, a “parábola dos talentos” nos motiva a perguntar: quem é o Deus em quem eu creio? É o “deus mesquinho” da lei ou o Deus do Amor exagerado? A fé no Deus de Jesus me faz contentar com a mediocridade ou me move a ir sempre mais além?

Para viver o seguimento de Jesus com mais intensidade é urgente quebrar a falsa imagem do Deus que ameaça, que não liberta nem cura, que nos amarra e não nos deixa viver.

Nesse sentido, é útil mergulhar e conhecer o verdadeiro sentido da parábola dos talentos.

Normalmente, costuma-se explicar esta parábola dizendo que Deus dá a cada pessoa uma quantidade determinada de talentos, divinos e humanos, dos quais terá de prestar contas a Ele, até o último centavo, no dia do Juízo Final. Quando se interpreta a parábola desta maneira, o Deus que aí aparece é uma ameaça insuportável; ao considerar a parábola como uma exortação à responsabilidade, falsifica-se o sentido autêntico da mesma. 

O que está em questão aqui é a falsa “imagem” de Deus que todos trazemos e que foi introjetada por uma “religião” centrada no legalismo, no moralismo, nas mortificações, nas devoções estéreis, alimentando culpa, angústia, uma longa cadeia de medos, da primeira à última respiração, e nos ameaçando continuamente nesta terra de sombras.

O medo nos deixa vulneráveis à manipulação; e muitas “autoridades religiosas”, de diferentes religiões, são “experts” em ativar medos nas pessoas.

Diferentes medos congelam nossas relações, atormentam nossa vida, quebram nossa serenidade, obscurecem o nosso próprio ser, matam nossos sonhos e intuições.

Nada mais terrível do que ter medo de tudo. Com medos é insuportável viver.

Quando este medo se projeta na relação com Deus, passamos a alimentar uma falsa imagem de Deus.

Quem pensa e sente dessa maneira, dificilmente pode relacionar-se com o Deus que Jesus nos revelou. Ele já não é o Pai misericordioso, senão o “todo-poderoso” que se compreende a partir do poder, da grandeza, da onipotência e tudo o que supera infinitamente o ser humano. Como consequência, a relação com Ele já não é mais vivida a partir da bondade e do amor, mas da força e do medo.

Quem está convencido de que Deus atua assim, na realidade crê num “deus” que é um constante perigo e uma ameaça insuportável.

Como pessoas de fé, muitas vezes temos imagens idólatras de Deus. Adoramos, em nossa mente e coração, representações distorcidas, falsas, de Deus. Assim, Deus se converte em um ídolo que provoca medo, temor, submissão, coação, repressão. Um “deus” mais digno de ser rejeitado que de aceitação. Este “deus” é uma carga, uma opressão, não expande nossa vida, senão que a empequenece e atrofia nossa humanidade.

O Deus de Jesus não pode ser isto. Seria a inversão e deformação dos evangelhos. Aquele que é o mais Santo, Amoroso e Libertador, nós o convertemos no mais temível e rejeitável. Há algo de espantoso nesta capacidade humana de dar volta a tudo e converter o melhor no pior. Nem a imagem de Deus escapou a esta capacidade humana de corromper até o mais santo. O filósofo judeu Martin Buber afirma: “Quê outra palavra da fala humana sofreu tantos abusos, foi tão corrompida, tão profanada! Todo o sangue inocente por ela derramada despojou-a de todo seu esplendor. Toda a injustiça encoberta com ela, apagou seus traços salientes. Quando ouço chamar ‘Deus’ ao mais elevado, às vezes me parece quase uma blasfêmia”.

A luz da parábola dos talentos, todo aquele que traz em sua consciência um Deus que mete medo, não fará nada nesta vida que valha a pena, já que o muito ou o pouco que recebeu será enterrado, por causa do medo. A promessa converte-se em ameaça, o chamado em imposição, a existência em castigo, o Evangelho em lei.

Crer em um Deus que pede conta até o último centavo é o mesmo que crer em um juiz justiceiro que torna a vida amarga e pesada. Sem a superação cotidiana dos medos, nossa experiência de Deus estará comprometida, perderá sua força inovadora e nos fará menos humanos.

A fé no “Deus que dá medo” se expressa no medo permanente como atitude de vida. Demasiado temor, demasiada falta de espontaneidade e de alegria na relação com Deus e com os outros.

De fato, não existe depósito de munição mais potencialmente explosivo do que os estoques de medo guardados nas escuras profundezas do nosso ser, sobretudo aqueles alimentados por uma falsa imagem de Deus. É preciso, portanto, rastrear, identificar, compreender e desterrar os medos de nossos corações.

É urgente substituir a cultura do medo pela cultura da coragem. A coragem desbloqueia energias, impulsiona decisões, levanta projetos, reacende a criatividade e o gosto por viver.

É preciso superar a imagem de Deus que exige a perfeição, que nos cobra até o último centavo, que não admite a possibilidade do fracasso, que nos paralisa, dá medo...

Crer num Deus assim nos faz duros, inflexíveis, exigentes, perfeccionistas... “Livra-nos do Deus que dá medo!”.

Mas, no fundo, a parábola tem também um elemento positivo. Ela nos anima a ser o que somos, a não enterrar o talento do amor e dos melhores recursos que recebemos, a não nos deixar vencer pelo medo.

Apesar de sua aparente inocência, a “parábola dos talentos” contém uma carga explosiva. É surpreendente ver que o “terceiro empregado” é condenado sem ter cometido nenhuma ação má. Seu único erro consiste em não fazer nada: não arrisca seu talento, não o faz frutificar, conserva-o intacto em um lugar seguro.

A parábola deixa transparecer esta mensagem: não ao conservadorismo, sim à criatividade; não a uma vida estéril, sim à resposta ativa a Deus; não à obsessão pela segurança, sim ao esforço arriscado por transformar o mundo; não à fé enterrada sob o conformismo, sim ao trabalho comprometido em abrir caminhos ao Reino de Deus...

É significativo observar a linguagem utilizada, muitas vezes, pelas “autoridades eclesiais” ao longo dos anos, e que expressam a atitude do “terceiro empregado”: conservar o depósito da fé, conservar a tradição, conservar a moral e os bons costumes, conservar a doutrina, conservar a vocação...

Esta tentação do “conservadorismo” é mais forte em tempos de crise religiosa. É fácil então invocar a necessidade de controlar a doutrina, reforçar a disciplina e a prática da lei, garantir a moral auto-centrada, assegurar a pertença à Igreja... Tudo pode ser explicável, mas, na prática, aqui se revela uma maneira de desvirtuar o Evangelho e congelar a criatividade do Espírito.

As atitudes que devemos alimentar hoje no interior da Igreja não se chamam “prudência”, “fidelidade ao passado”, “resignação” ... É preciso alimentar outras atitudes, em sintonia com Aquele que se deixou conduzir pelo Espírito: “busca criativa”, “audácia”, “capacidade de risco”, “escuta do Espírito”.


Para meditar na oração

- A verdadeira “experiência espiritual” é estabelecer com o “Deus da Vida” uma relação “des-interessada”, isto é, uma relação na e a partir da gratuidade; é passar do “Deus do mérito” ao “Deus do dom”, do “Deus juiz” ao “Deus Pai-Mãe”, do “Deus ameaça” ao Deus que nos acolhe em nossa pobreza e fragilidade...

- Sua relação com Deus é marcada pelo medo ou pela confiança amorosa?



 

Arrisca teus passos... Ana Maria Casarotti

 

Hoje continua a leitura do capítulo 25 do Evangelho de Mateus, que começou no domingo passado com a parábola das dez virgens, cinco precavidas e outras cinco insensatas. Nos últimos domingos do Ano Litúrgico, antes do Advento, os textos Evangélicos nos apresentam diferentes atitudes para aguardar a vinda do Filho de Deus. Hoje lemos a parábola do empresário que sai ao estrangeiro e distribui seus talentos, em abundância, a três empregados.

O homem entrega uma fortuna considerável, se temos em conta que cada talento, nessa época, equivalia a aproximadamente 26 quilogramas de prata. O proprietário entrega a cada um uma quantidade diferente. Ele confia a seus empregados as quantias que, a seu juízo, podem administrar. Ao seu retorno, recebe a produção que cada um realizou com os bens recebidos.

Somos portadores de diferentes tipos de bens que nos foram confiados para que administremos. Não importa a quantidade, mas a importância que tem para cada pessoa é o valor daquilo que recebemos. Temos consciência disso?

E agora também podemos perguntar qual é nossa atitude diante deste bem recebido? Pode significar algo muito apreciado, e daí seu valor, para a pessoa que deposita em nós sua riqueza, aquilo que é considerado um bem pessoal, que nos confia uma situação determinada.

E Deus foi o primeiro a depositar sua confiança em nós, sem limites. Ele nos confiou toda sua criação para que nós a cuidemos e distribuamos de forma equitativa entre todas as pessoas. Ela é nossa casa comum e assim deve ser preservada e considerada.

Na Encíclica Laudato Si: cuidado da Casa Comum (maio de 2015), o Papa Francisco relê as narrações da Bíblia e articula a “tremenda responsabilidade” (90) do ser humano diante da criação, o elo íntimo entre todas as criaturas e o fato de que “o meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos” (95). Nela, apresenta a necessidade de enfrentar vários aspectos da atual crise ecológica, (15) como nas mudanças climáticas, que “são um problema global com graves implicações ambientais, sociais, econômicas, distributivas e políticas, constituindo atualmente um dos principais desafios para a humanidade” (25). Porque se “o clima é um bem comum, um bem de todos e para todos” (23), Deus confiou sua criação à nossa responsabilidade pessoal e social para que seja equitativo para todas as pessoas que moram nesta terra.

E, junto com esta riqueza, fomos marcados com a grandeza do seu amor. Ele nos confia seu tesouro, como disse Paulo, de sermos seus filhos e filhas amados. Como disse Paulo aos Coríntios, “Pois o Deus que disse: ‘Do meio das trevas brilhe a luz’!, foi ele mesmo que reluziu em nossos corações para fazer brilhar o conhecimento da glória de Deus, que resplandece na face de Cristo. Todavia, esse tesouro nós o levamos em vasos de barro, para que todos reconheçam que esse incomparável poder pertence a Deus e não é propriedade nossa” (2Cor 4, 6-7).

O fato de confiar a uns mais e a outros menos talentos não significa amar a uns mais que a outros: uma parábola deve ser considerada não em suas particularidades, mas como um todo e dentro do contexto geral do Evangelho.

A diversa quantidade de talentos distribuídos sublinha a ideia de que somos diferentes, devendo, por isso mesmo, complementar-nos, como bem nos ensina Paulo a respeito da diversidade dos dons e dos carismas (cf 1 Cor 12).

Na parábola, o problema se apresenta com a diversa atitude diante dos talentos recebidos. O primeiro apresenta-se diante do administrador com o dobro do que foi recebido. E o segundo empregado também. Mas o terceiro tem uma atitude totalmente diferente:“Senhor, eu sei que tu és um homem severo, pois colhes onde não plantaste, e recolhes onde não semeaste. Por isso, fiquei com medo, e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence”.

Ele acha que conhece seu senhor e por isso ficou com medo e escondeu o talento. Ele fica dominado pelo medo, considerando que está fazendo o correto. Não se anima a arriscar à procura de outra coisa, acha melhor enterrar o talento, aquilo que lhe foi confiado e o devolve aparentemente intacto, mas ele não fez nada!

O medo de arriscar paralisou-o, levando-o a ocultar numa cova o talento recebido. Ele escolheu a segurança do mais fácil, tentando convencer-se de que era o melhor, e para isso muda a ideia do seu senhor e apresenta-o como uma pessoa que é muito exigente e, além disso, que “colhe onde não semeou”. Quase uma pessoa injusta, digna de se ter medo. Ele não ama, porque amar é comprometer-se, tentar, expor-se, estar disposto a dar a vida, não omitir-se!

Ele tem medo de ser livre e ter que tomar as decisões próprias de uma pessoa livre, ele enterra seu talento como enterra os dons recebidos e omite a confiança que lhe é depositada. Escolhe a comodidade que lhe traz segurança aparente, mas que não frutifica em nada.

Nesta parábola Jesus nos ensina uma vez mais a não ficar numa atitude cautelosa, medida, seja no plano religioso, social, político ou econômico.

Também me é dirigido o convite a dispor livremente de minha vida a serviço de Deus e do próximo. Qual é a minha resposta?

  

Para que servem os dons? - Mesters, Lopes e Orofino


1. SITUANDO

A "parábola dos talentos" (Mt 25, 14-30) faz parte do 5º Sermão da Nova Lei. Ela está situada entre a parábola das dez moças (Mt 25, 1-13) e a parábola do juízo final (Mt 25, 31-46). As três parábolas orientam as pessoas sobre a chegada do Reino. A parábola das dez moças insiste na vigilância: o Reino pode chegar a qualquer momento. A parábola dos talentos orienta sobre como fazer para que o Reino possa crescer. A parábola do juízo final diz que para tomar posse do Reino se devem acolher os pequenos.

Uma das coisas que mais influi na vida da gente é a ideia que nós fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz severo que os tratava de acordo como mérito conquistado pelas observâncias. Isto produzia medo e impedia as pessoas de crescer. Sobretudo, impedia que elas abrissem um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava. Para ajudar a estas pessoas, Mateus conta a parábola dos talentos.

 

2. COMENTANDO

Mateus 25, 14-15: A porta de entrada na história da parábola

A parábola conta a história de um homem que, antes de viajar, distribuiu seus bens aos empregados, dando 5, 2 ou 1 talento, conforme a capacidade de cada um. Um talento corresponde a 34 quilos de ouro, o que não é pouco! No fundo, cada um recebeu igual, pois recebeu "de acordo com a sua capacidade". Quem tem copo grande, recebe o copo cheio. Quem tem copo pequeno, recebe copo cheio. Em seguida, o patrão viajou para o estrangeiro e lá ficou por muito tempo. A história tem um certo suspense. Você não sabe com que finalidade o proprietário entregou o seu dinheiro aos empregados, nem sabe como vai ser o fim.

Mateus 25, 16-18: O jeito de agir de cada empregado

Os dois primeiros trabalham e fazem duplicar os talentos. Mas o que recebeu 1 enterrou o dinheiro no chão para guardar bem e não perder. Trata-se dos bens do Reino que são entregues às pessoas e às comunidades de acordo com a sua capacidade. Todos e todas recebem algum dom do Reino mas nem todos respondem da mesma maneira!

Mateus 25, 19-23: Prestação de contas do primeiro e do segundo empregado, e a resposta do Senhor

Depois de muito tempo, o proprietário voltou. Os dois primeiros dizem a mesma coisa: "O Senhor me deu 5/2. Aqui estão outros 5/2 que eu ganhei!" E o senhor dá a mesma resposta: "Muito bem, servo bom e fiel. Sobre pouco foste fiel, sobre muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!"

Mateus 25, 24-25: Prestação de contas do terceiro empregado

Ele chega e diz: "Senhor, eu sabia que és um homem severo que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. Assim, amedrontado, fui enterrar teu talento no chão. Aqui tens o que é teu!" Nesta frase transparece uma ideia errada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um patrão severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da observância exata e mesquinha da lei. Ele pensa que, assim, a severidade do legislador não vai poder castigá-lo. Assim, pensava alguns fariseus. Na realidade, uma pessoa assim já não crê em Deus, mas crê apenas em si mesma e na sua observância da lei. Ela se fecha em si, desliga-se de Deus e já não consegue preocupar-se com os outros. Torna-se incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus isola o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida.

 Mateus 25, 26-27: Resposta do Senhor ao terceiro empregado

A resposta do senhor é irônica. Ele diz: "Empregado mau e preguiçoso! Você sabia que eu colho onde não plantei, e que recolho onde não semeei. Então você devia ter depositado meu dinheiro no banco, para que, na volta, eu recebesse com juros o que me pertence!" O terceiro empregado não foi coerente com a imagem severa que tinha de Deus. Se ele imaginava Deus severo daquele jeito, deveria ao menos ter colocado o dinheiro no banco. Ou seja, ele sai condenado não por Deus, mas pela ideia errada que tinha de Deus e que o deixou mais medroso e mais imaturo do que devia ser. Nem seria possível ele ser coerente com aquela imagem de Deus, pois o medo desumaniza a paraliza a vida.

Mateus 25, 28-30: A palavra final do Senhor que esclarece a parábola

O senhor manda tirar o talento e dar àquele que tem 10, "pois a todo aquele que tem será dado, mas daquele que não tem até o que tem lhe será tirado". Aqui está a chave que esclarece tudo. Na realidade, os talentos, o "dinheiro do patrão", os bens do Reino, são o amor, o serviço, a partilha. É tudo aquilo que faz crescer a comunidade e revela a presença de Deus. Quem se fecha em si com medo de perder o pouco que tem, este vai perder até o pouco que tem. Mas a pessoa que não pensa em si e se doa aos outros, esta vai crescer e receber de volta, de maneira inesperada, tudo que entregou e muito mais. "Perde a vida quem quer segurá-la, ganha a vida quem tem coragem de perdê-la".

 

3. ALARGANDO

A MOEDA DIFERENTE DO REINO

Não há diferença entre os que recebem mais e os que recebem menos. Todos têm o seu dom de acordo com a sua capacidade. O que importa é que este dom seja colocado a serviço do Reino e faça crescer os bens do Reino que são amor, fraternidade, partilha. A chave principal da parábola não consiste em fazer render e produzir talentos, mas sim em relacionar-se com Deus de maneira correta. Os dois primeiros não perguntam nada, não procuram o próprio bem-estar, não guardam para si, não se fecham, não calculam. Com a maior naturalidade, quase sem se dar conta e sem procurar mérito, começam a trabalhar, para que o dom dado por Deus renda para Deus e para o Reino. O terceiro tem medo e, por isso, não faz nada. De acordo com as normas da antiga lei ele estava correto. Manteve-se dentro das exigências. Não perdeu nada e não ganhou nada. Por isso, perdeu até o que tinha. O Reino é risco. Quem não quer correr risco, perde o Reino! 

   

A Parabola dos Talentos - Enzo Bianchi

Tradução Moisés Sbardelotto.

 

33º DomTC-19-11, 4 Jornada Mundial dos Pobres (Mt 25, 14-30). 

 

A parábola dos talentos proposta pela liturgia deste domingo é uma parábola que, de acordo com a minha pobre opinião, é perigosa hoje: perigosa porque, várias vezes, eu a ouvi ser comentada de um modo que, em vez de estimular os cristãos à conversão, parece confirmá-los no seu comportamento atual entre os outros homens e mulheres, no mundo e na Igreja. Portanto, talvez seria melhor não ler esse texto, em vez de lê-lo mal...

Na verdade, essa parábola não é uma exaltação, um aplauso à eficiência, não é uma apologia para quem sabe gerar lucrar, não é um hino à meritocracia, mas é uma verdadeira contestação em relação ao cristão que muitas vezes é morno, sem iniciativa, contente com aquilo que faz e atua, medroso diante da mudança exigida por novos desafios ou pela mudança das condições culturais da sociedade.

A parábola sequer confirma o “ativismo pastoral” do qual são presas muitas comunidades cristãs, muitos “agentes de pastoral” que não sabem ler a esterilidade de todo o seu esforço, mas pede da comunidade cristã consciência, a responsabilidade, laboriosidade, audácia e, acima de tudo, criatividade. Não é a quantidade do fazer, das obras, nem o fato de ganhar prosélitos que tornam cristã uma comunidade, mas sim a sua obediência à palavra do Senhor que a impulsiona rumo a novas fronteiras, rumo a novas lidas, a estradas não percorridas, ao longo das quais a bússola que orienta o caminho é apenas o Evangelho, unido com o grito dos homens e das mulheres de hoje, quando balbuciam: “Queremos ver Jesus!” (Jo 12, 21).

Leiamos, então, com inteligência essa parábola, cuja perspectiva – repito – não é econômica nem financeira; ela não é um convite ao ativismo, mas à vigilância que permanece em espera, não contente com o presente, mas totalmente inclinada para a vinda do Senhor. Ele não está mais entre nós, sobre a terra, como que partiu para uma viagem e confiou aos seus servos, aos seus discípulos uma tarefa: multiplicar os dons que ele deu a cada um.

Na parábola, a dois servos, o Senhor deixou muito, uma soma conspícua – cinco lingotes de prata para um, dois para outro – para que os façam frutificar; a um terceiro servo, deixou apenas um lingote, o que, no entanto, não é pouco. Sobre todos, ele colocou a sua confiança sem limites, confiando-lhes os seus bens. Portanto, cabe aos servos não trair a grande confiança do patrão e operar uma sábia gestão dos bens, não da sua propriedade, mas do patrão, que, no seu retorno, lhes dará a recompensa. A cada um o patrão dá em função da sua capacidade, e o seu dom é também uma tarefa: conservar e fazer frutificar.

Para além da imagem dos talentos, o que é esse dom, em última instância? De acordo com Irineu de Lyon, é a vida concedida por Deus a cada pessoa. A vida é um dom que absolutamente não deve ser desperdiçado, ignorado ou dissipado. Infelizmente – devemos constatar isto –, para alguns, a vida não tem nenhum valor: não a vivem, ao contrário, desperdiçam-na e a consomem, “até fazer dela uma repugnante estranha” (Konstantinos Kavafis), e assim se deixam viver. Porém, vive-se apenas uma vez, e fazer isso com consciência e responsabilidade é decisivo a fim de salvar uma vida ou de perdê-la!

De acordo com outros Padres orientais, os talentos são as palavras do Senhor confiadas aos discípulos para que as conservem, certamente, mas, sobretudo, para que as tornem frutuosas na vida deles, ponham-nas em prática até semeá-las copiosamente na terra que é o mundo. De novo, é questão de vida, de “escolher a vida” (cf. Dt 30, 19).

“Depois de muito tempo” – alusão ao atraso da parusia, da vinda gloriosa do Senhor (cf Mt 24, 48; 25, 5) – o patrão retorna e pede as contas da confiança que ele depositou nos seus servos, que devem mostrar a sua capacidade de serem responsáveis, isto é, capazes de responder à confiança recebida. Eis, portanto, que todos eles se apresentam diante dele.

Aquele que recebera cinco talentos mostrou-se operoso, empreendedor, capaz de arriscar, comprometeu-se para que os dons recebidos não fossem diminuídos, desperdiçados ou inutilizados; por isso, no ato de entregar ao patrão dez talentos, ele recebe dele o elogio: “Muito bem, servo bom e fiel! (...) Vem participar da minha alegria!”

O mesmo ocorre com o segundo servo, ele também capaz de duplicar os talentos recebidos. Para esses dois servos, a recompensa é proporcionalmente igual, embora as somas confiadas fossem diferentes, porque ambos agiram de acordo com as suas capacidades.

Por fim, vem aquele que recebera apenas um único talento, que imediatamente coloca as mãos para a frente, manifestando o pensamento que o paralisou: “Desde que tu me deste o talento, eu sabia que és um homem duro, exigente, arbitrário, que faz o que quer, colhendo onde não plantaste”. Com estas palavras (“eu julgo você pela sua própria boca”, lê-se no texto paralelo de Lc 19, 22), o servo confessa ter fabricado para si uma imagem distorcida do Senhor, uma imagem moldada pelo seu medo e pela sua incapacidade de ter confiança no outro: ele considera o patrão como alguém que lhe dá medo, que pede uma escrupulosa observância daquilo que ordena, que age de modo arbitrário.

Tendo essa imagem em si, ele optou por não correr riscos: assegurou, debaixo da terra, o dinheiro recebido e agora o restitui tal e qual. Assim, devolve ao patrão aquilo que não é seu e não rouba, não comete pecado...

Mas eis que o Senhor enraivece e lhe responde: “Tu és um servo mau (ponerós) e preguiçoso (oknerós). Mau porque obedeceste à imagem perversa do Senhor que te fizeste e, assim, viveste uma relação de amor servil, de amor ‘forçado’. Por isso, foste preguiçoso, não confiável, não tiveste nem o coração nem a capacidade de agir de acordo com a confiança que eu te concedera. Não fizeste sequer o esforço de colocar o talento no banco, onde ele teria sido frutuoso, dando-me lucros. Não cuidaste do meu bem confiado a ti”.

Sim, nós o sabemos: é mais fácil enterrar os dons que Deus nos deu do que compartilhá-los; é mais fácil conservar as posições, os tesouros do passado, do que ir descobrir novos; é mais fácil desconfiar do outro que nos fez bem do que responder conscientemente, na liberdade e por amor.

Eis, portanto, o louvor para aqueles que arriscam e a reprovação para aqueles que se contentam com o que tem, fechando-se no seu “eu mínimo”. Este servo não fez mal; pior ainda, não fez nada! Então, diante de Deus no dia do julgamento, comparecerão dois tipos de pessoas:

- quem recebeu e fez frutificar o dom;

- quem o recebeu e não fez nada.

Os servos fiéis entrarão na alegria do Senhor; aqueles que, ao contrário, foram “bons em nada” (achreîos) serão despojados até mesmo dos méritos dos quais pensavam poder se orgulhar!

Mas eu gostaria que a parábola se concluísse de outro modo: assim, ficaria mais claro o coração do patrão, enquanto o coração do discípulo seria aquilo que o patrão deseja. Ouso, portanto, propor esta conclusão “apócrifa”:

Chegou o terceiro servo, a quem o patrão confiara um único talento, e lhe disse: “Senhor, eu ganhei apenas um talento, dobrando o que tu me entregaste, mas, durante a viagem, perdi todo o dinheiro. Sei, porém, que tu és bom e compreendes a minha desgraça. Não te trago nada, mas sei que és misericordioso”. E o patrão, a quem, mais do que o dinheiro, importava que aquele servo tivesse uma imagem verdadeira dele, lhe disse: “Bem, servo bom e fiel, embora não tenhas nada, entra também tu na alegria do teu patrão, porque tiveste confiança em mim”.

Assim, a parábola também seria uma boa notícia!


 TEXTO EM ESPANHOL DE DOM DAMIAN NANNINI, ARGENTINA


DOMINGO 33 DURANTE EL AÑO CICLO "A"


Primera lectura (Prov 31,10-13.19-20.30-31):


Los “proverbios” sobre la mujer ideal que leemos en este domingo cierran justamente todo el libro de los Proverbios. En ellos el autor describe y exalta el ideal de mujer según la concepción propia de aquella época, la cual tenía en cuenta solamente la condición de esposa, madre y ama de casa; y todo esto al servicio del marido. Más allá de la cuestión del rol de la mujer en la familia y en la sociedad de hoy, el texto ha sido elegido, suponemos, por el elogio que hace de la laboriosidad de la mujer. La mujer ideal es la que sabe hacer buen uso de las capacidades que Dios le dio; y con este mensaje nos prepara para la parábola de los talentos que nos ofrecerá el evangelio de hoy.



Segunda Lectura (1Tes 5,1-6)


La forma de comenzar este capítulo nos sugiere que Pablo está respondiendo, al igual que en 1Tes 4,9-12, a una pregunta hecha por los tesalonicenses acerca del tiempo y del momento. En esta expresión el "tiempo", jrónos (cro,noj), indica el tiempo en general o lineal; mientras que "momento", kairós (kairo,j) es el tiempo específico, momento u ocasión. Aquí ambos están formando una endíadis, es decir, dos términos juntos expresando un único concepto que equivale a la expresión “el fin de los tiempos” o “el tiempo final”. 

Este sentido escatológico se confirma por la siguiente referencia a ‘el día del Señor’ que es una imagen bíblica originada en la tradición profética (cf. Am 5,18; Jl 2,1; So 1,7) y presente también en el NT (cf. He 2,20; 1Cor 5,5). Es interesante notar que en su formulación tradicional el Señor es Dios (yóm Yhwh) pero termina identificándose con el día de Cristo Jesús (cf. Flp 1,6.10). 

El tiempo final o día del Señor se compara con la venida de un ladrón. Esta comparación es común en el NT (cf. Mt 24,43; Lc 12,39; 2 Pe 3,10; Ap 3,3; 16,15) y sirve para indicar lo repentino e inesperado del mismo. Este carácter inesperado se retoma en el v. 3 por contraste con lo que dice la gente: paz y seguridad; que nos recuerdan las palabras de los falsos profetas (cf. Jer 6,14; Ez 13,10.16). Vale decir que la percepción de la realidad que tiene la gente común no es la correcta pues piensan que todo está bien, cuando no es así. Para reforzar el aspecto de repentino e inevitable Pablo recurre a la imagen de la mujer encinta a quien le llegan de repente los dolores del parto (cf. Jr 6,24). Este versículo 3 termina con una frase algo amenazante: no podrán escapar o huir. Por tanto, el día del Señor no sólo será repentino sino también inevitable. Aquí san Pablo se está refiriendo a los que no han recibido el evangelio; a los de afuera; hijos de la noche y de las tinieblas; a los que persiguen y causan sufrimiento a los cristianos de Tesalónica.

Los versículos siguientes giran en torno a la contraposición entre los cristianos, hijos de la luz y del día; y los otros (no identificados explícitamente), hijos de la noche y de las tinieblas. En esta situación de confrontación la exhortación de Pablo en el v. 6 es a la vigilancia (γρηγορέω) y a la sobriedad (νήφω). 

En síntesis, Pablo no insiste en el cuándo tendrá lugar el fin escatológico, que no sabemos, sino en el cómo vendrá: de modo repentino e inevitable. Frente a esto enseña cuál es la conducta a observar en el entretiempo: vigilancia y sobriedad.


Evangelio (Mt 25, 14-30)

Este evangelio pertenece al quinto y último sermón de Jesús conocido como “discurso escatológico” (Mt 24,1-25,46). Nos encontramos, por tanto, ante una parábola de juicio que complementa la anterior (las diez vírgenes) y prepara la siguiente (el juicio final). Así, su punto focal es la rendición de cuentas que tienen que hacer los servidores ante su Señor quien les ha confiado los talentos. Los detalles de la narración están en función de esto mostrando dos actitudes contrapuestas ante los dones recibidos en custodia en esta vida. En efecto, “mientras que en la parábola anterior se trata de la espera activa, que debe considerar la demora de la venida del Hijo del Hombre (25,1-13), esta tercera parábola cuenta ahora el encuentro con el Señor que ha llegado al cabo de mucho tiempo (25,19). El ejemplo de los dos siervos acentúa el permanente estar preparado para la venida del Señor, que llega en un momento inesperado” .

Tener en cuenta este contexto mayor del discurso escatológico es por demás de importante por cuanto esta parábola ha dado lugar a múltiples y contrapuestas interpretaciones. Sucede que cuando perdemos de vista su sentido global y su contexto, y se comienza a entrar en el análisis de los detalles buscando las alegorizaciones, posiblemente terminemos en un callejón sin salida. Así hay quienes se sienten molestos porque les parece que esta parábola justifica la explotación, el lucro, el mercado financiero y hasta la ideología capitalista . Al respecto dicen B. Manila – R. Rohrbaugh : “En el contexto del evangelio de Mateo, esta parábola no toca los temas de la ganancia, la capacidad negociadora, el compartir las riquezas o cosas por el estilo. Trata más bien del modo de conducirse durante el tiempo previo a la pronta y repentina venida del Mesías. Esta historia, usando el escenario de gente depredadora y codiciosa (y de su mundo), enseña al auditorio a no ser perezosos ni inútiles”.

La parábola comienza justamente narrando las acciones de un señor o amo quien, antes de emprender un viaje, les confía sus bienes a sus servidores. Estos son tres y reciben cantidades distintas de talentos, cinco, dos y uno, "cada uno según su capacidad" (κατὰ τὴν ἰδίαν δύναμιν). Notemos que dúnamis significa primariamente poder operativo y, de modo derivado, capacidad, pero siempre en orden a la acción. Recordemos también que el talento era originalmente una medida de peso equivalente a 35-40 kg. de metal precioso. Como valor monetario representaba unos 6000 dracmas o denarios, esto es, jornales diarios. Algunos calculan que sería el equivalente a 20 ó 30 años de trabajo. Se trata, por tanto, de sumas considerables de dinero las que confía el señor a sus servidores.


Luego se describen las acciones de los tres servidores. Los dos primeros "inmediatamente" (εὐθέως) negocian, hacen trabajar el dinero y obtienen el doble de ganancia. En cambio, el tercero esconde en un campo el talento, lo pone a resguardo, según una costumbre común en Oriente Medio por aquel tiempo.

Después de “un largo tiempo” (πολὺν χρόνον) llega el amo o señor y comienza la "rendición de cuentas". Los dos primeros dan cuenta de las ganancias obtenidas y reciben el mismo reconocimiento de su señor: "¡Bien, siervo bueno y fiel!; en lo poco has sido fiel, al frente de lo mucho te pondré; entra en el gozo de tu señor."

El señor los reconoce como buenos y fieles en lo poco, por lo que se han hecho merecedores de que se les confíe mucho más y de entrar en el gozo de su señor. Se valora en los servidores la fidelidad (πιστός) en lo poco; y el entrar en la alegría o gozo del señor (εἴσελθε εἰς τὴν χαρὰν τοῦ κυρίου σου) remite claramente a la fiesta escatológica. 

Es muy interesante lo que anota L. Monloubou : "En tanto que la distribución de los talentos era desigual, lo que ahora preside el juicio del dueño es la igualdad. Los dos primeros siervos, a pesar de conseguir rentas desiguales, reciben el mismo elogio y promesas absolutamente iguales. El dueño juzga, por lo tanto, no por la suma de las rentas que le es presentada, sino por la calidad del trabajo llevado a cabo. Los dos siervos han actuado de modo equivalente, en el sentido de que cada uno obró conforme a sus capacidades".

Sigue luego la rendición de cuentas del tercer servidor que incluye un diálogo con su señor. En efecto, el servidor comienza describiendo al amo o señor como alguien duro y extremadamente exigente, al punto de provocarle temor; y es por ello que no arriesgó el talento y se lo devuelve sin intereses. Según los comentaristas las palabras de este siervo, especialmente la última frase, suenan como irrespetuosas e irreverentes.

El señor de la parábola, al dar su juicio, deja en claro que lo dicho por el servidor no era más que una excusa y lo cataloga de "malo y perezoso" (πονηρὲ δοῦλε καὶ ὀκνηρέ). El término griego que se traduce por perezoso es frecuente en algunos libros sapienciales que presentan claramente a la pereza como un antivalor (cf. Prov 6,6-11; 20,4; 26,14; Eclo 22,1-2). También San Pablo dice en Rom 12,11: “con solicitud sin pereza; con espíritu fervoroso; sirviendo al Señor”. Por tanto, al igual que a las vírgenes necias, el tercer siervo es castigado por su inactividad, su “pecado” es principalmente de omisión.

En clara contraposición a la recompensa de los dos primeros servidores - entrar en el gozo de su señor - la sentencia contra el tercero es: "Echen afuera, a las tinieblas, a este servidor inútil; allí habrá llanto y rechinar de dientes". Esta última expresión es común en Mateo para referirse al castigo de los malos en el juicio final (cf. Mt 13,41-42.49-50). Esta alusión al castigo escatológico de los malos nos parece importante pues confirma el carácter de parábola de juicio de toda la narración. 

En síntesis, “la parábola de los talentos ofrece otra faceta de la vigilancia: vigilar es cooperar seria y responsablemente con el don recibido, pues hay que dar cuenta de él” .


Algunas reflexiones:


La primera lectura y el evangelio de hoy nos invitan a considerar la necesidad del obrar del hombre tanto en el orden natural como sobrenatural. En otros términos, se invita a la fidelidad activa en relación a los talentos recibidos. En este sentido la interpretación común del pueblo fiel sobre esta parábola es muy válida: se trata de una fuerte invitación a poner los talentos personales al servicio de la comunidad, al servicio del Reino de Dios. 

Los talentos representan lo que hemos recibido de Dios, o sea, todo. Por tanto, se refiere a los dones naturales, morales y espirituales. Sería perder tiempo quedarse en comparaciones odiosas sobre quien recibió más o quién recibió un don mejor (como hacían los corintios con los carismas; cf. 1Cor 12-14). Lo cierto es que el Señor ha dejado mucho en nuestras manos para que demos frutos. Nos trata como seres responsables y libres, capaces de arriesgar creativamente lo que nos ha dado, buscando el bien de todos.

Lo contrario es la actitud timorata que esconde el talento; pero que también esconde su propia pereza; su conformismo mediocre. Si en el orden material puede darse que lo que se guarda se preserva; no sucede así en el orden espiritual. Como suele decirse, en el orden espiritual no avanzar es retroceder. Y también se dice que la fe es como el agua, si no corre se pudre; o en positivo con san Juan Pablo II: “la fe crece dándola”, compartiéndola, misionando. 

Es la dinámica propia de la Palabra de Dios - y varios padres de la Iglesia dicen que los talentos son la Palabra de Dios - que es comparada por Jesús con una semilla sembraba. La misma encierra toda la potencialidad para florecer y dar fruto; pero necesita que el terreno del corazón sea bueno y aporte lo suyo. De lo contrario toda su potencia y su energía quedarían frustradas. 

Nadie está exento del todo de la tentación de la tibieza y mediocridad. Más aún, es nuestra gran amenaza como nos recuerda Aparecida citando al Papa Benedicto XVI: "No resiste a los embates del tiempo una fe católica reducida a bagaje, a elenco de normas y prohibiciones, a prácticas de devoción fragmentadas, a adhesiones selectivas y parciales de las verdades de la fe, a una participación ocasional en algunos sacramentos, a la repetición de principios doctrinales, a moralismos blandos o crispados que no convierten la vida de los bautizados. Nuestra mayor amenaza “es el gris pragmatismo de la vida cotidiana de la Iglesia en el cual aparentemente todo procede con normalidad, pero en realidad la fe se va desgastando y degenerando en mezquindad” (DA nº 12).

Sobre lo nefasto de esta actitud temerosa y derrotista en la misión nos dice el Papa Francisco en EG n° 85: “Una de las tentaciones más serias que ahogan el fervor y la audacia es la conciencia de derrota que nos convierte en pesimistas quejosos y desencantados con cara de vinagre. Nadie puede emprender una lucha si de antemano no confía plenamente en el triunfo. El que comienza sin confiar perdió de antemano la mitad de la batalla y entierra sus talentos. Aun con la dolorosa conciencia de las propias fragilidades, hay que seguir adelante sin declararse vencidos, y recordar lo que el Señor dijo a san Pablo: «Te basta mi gracia, porque mi fuerza se manifiesta en la debilidad» (2 Co 12,9). El triunfo cristiano es siempre una cruz, pero una cruz que al mismo tiempo es bandera de victoria, que se lleva con una ternura combativa ante los embates del mal. El mal espíritu de la derrota es hermano de la tentación de separar antes de tiempo el trigo de la cizaña, producto de una desconfianza ansiosa y egocéntrica”.

Sobre esta parábola también decía el Papa Francisco en su homilía del 15 de noviembre de 2020: “En el Evangelio, los siervos buenos son los que arriesgan. No son cautelosos y precavidos, no guardan lo que han recibido, sino que lo emplean. Porque el bien, si no se invierte, se pierde; porque la grandeza de nuestra vida no depende de cuánto acaparamos, sino de cuánto fruto damos. Cuánta gente pasa su vida acumulando, pensando en estar bien en vez de hacer el bien. ¡Pero qué vacía es una vida que persigue las necesidades, sin mirar a los necesitados! Si tenemos dones, es para ser nosotros dones para los demás. Y aquí, hermanos y hermanas, nos preguntamos: ¿Sigo las necesidades, solamente, o soy capaz de mirar a los que tienen necesitad? ¿A quién está necesitado?... Cabe destacar que los siervos que invierten, que arriesgan, son llamados «fieles» cuatro veces (vv. 21.23). Para el Evangelio no hay fidelidad sin riesgo… Ser fiel a Dios es gastar la vida, es dejar que los planes se trastoquen por el servicio. “Yo tengo este plan, pero si sirvo…”. Deja que se trastoque el plan, tú sirve”. 

En síntesis, se trata de hacer producir los talentos poniéndolos al servicio de los demás y venciendo el miedo y la pereza que nos paralizan.

También decía el Papa Francisco en el Ángelus del 15 de noviembre de 2020: “A veces pensamos que ser cristianos es no hacer el mal. Y no hacer el mal es bueno. Pero no hacer el bien no es bueno. Tenemos que hacer el bien, salir de nosotros mismos y mirar, mirar a quienes tienen más necesidad. Hay mucha hambre, incluso en el corazón de nuestras ciudades, y tantas veces entramos en esa lógica de la indiferencia: el pobre está ahí y miramos para el otro lado. Tiende tu mano al pobre: es Cristo”. 

Este domingo celebramos la jornada mundial de los pobres. Al respecto dice el Papa Francisco comentando el lema de la misma en el mensaje para este año (“No apartes tu rostro del pobre” Tb 4,7): “Tobit, en el momento de la prueba, descubre su propia pobreza, que lo hace capaz de reconocer a los pobres. Es fiel a la Ley de Dios y observa los mandamientos, pero esto no le es suficiente. La atención efectiva hacia los pobres le era posible porque había experimentado la pobreza en su propia carne. Por lo tanto, las palabras que dirige a su hijo Tobías son su auténtica herencia: «No apartes tu rostro de ningún pobre» (4,7). En definitiva, cuando estamos ante un pobre no podemos volver la mirada hacia otra parte, porque eso nos impedirá encontrarnos con el rostro del Señor Jesús. Y fijémonos bien en esa expresión «de ningún pobre». Cada uno de ellos es nuestro prójimo. No importa el color de la piel, la condición social, la procedencia. Si soy pobre, puedo reconocer quién es el hermano que realmente me necesita. Estamos llamados a encontrar a cada pobre y a cada tipo de pobreza, sacudiendo de nosotros la indiferencia y la banalidad con las que escudamos un bienestar ilusorio”.

Por último, y dado que estamos en el mes de María, nos puede ayudar la reflexión H. U. von Balthasar  al respecto: "El Antiguo Testamento pone ante nuestros ojos en la primera lectura el modelo de este compromiso genuinamente cristiano en la mujer hacendosa. El cristiano, ante esta trabajadora ejemplar, piensa enseguida en María: «Su marido se fía de ella»; Cristo puede confiarle todos sus bienes, pues «le trae ganancias y no pérdidas». Gracias a su sí, a su perfecta disponibilidad para todo, para la encarnación, para el abandono, para la cruz, para su incorporación a la Iglesia: gracias a todo lo que ella es y hace, puede él construir lo mejor de lo que Dios ha proyectado con esta creación y redención. En medio de los múltiples pecadores que dicen no y fracasan, ella es la inmaculada, la Iglesia sin mancha ni arruga". 

En fin, mirando e imitando a María, pongamos manos a la obra con la viva esperanza de recibir la aprobación del Señor y de tener parte en su Gozo.


PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):


La rendición de cuentas


Hemos negociado los talentos

De propiedad del Señor, 

Al tiempo nos pedirá cuentas

Tal será la rendición.


Monedas de alto valor

Puso en nuestras manos.

A quien más a quien menos,

En nosotros invirtió.


Reclamará la renta

A su Gloriosa venida y preguntará

Si amamos sin medida…

O enterramos su Don en las heridas.


Servidores enfermizos

Tibios apenas, cumplidores de ritos

Llorarán en la oscuridad

La soledad y el vacío


Libres somos de elegir

Esperar su llegada sin temor.

Sin esconder la mirada,

Porque se multiplicó su Amor.


Servidores buenos y fieles

Queremos ser, Señor, te rogamos!

Y arriesgarlo todo por ti

En ti y para ti, en los hermanos. Amén.