2º DOM. ADV. B

SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO B

10/12/2023


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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO


Primeira Leitura: Isaías 40,1-5.9-11

Salmo Responsorial: 84(85)R- Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!

Segunda Leitura: 2 Pedro 3,8-14

Evangelho: Marcos 1,1-8

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos. Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. 2    Está escrito no profeta Isaías: “Eis que envio à tua frente o meu mensageiro, e ele preparará teu caminho. 3Voz de quem clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas”. 4     Assim veio João, batizando no deserto e pregando um batismo de conversão, para o perdão dos pecados. 5        A Judéia inteira e todos os habitantes de Jerusalém saíam ao seu encontro, e eram batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. 6João se vestia de pelos de camelo, usava um cinto de couro à cintura e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 7     Ele proclamava: “Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de, abaixando-me, desatar a correia de suas sandálias. 8        Eu vos batizei com água. Ele vos batizará com o Espírito Santo”.


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA SP


Mc 1,1-8

Início do Evangelho de Jesus Cristo

Mateus e Lucas começam o evangelho narrando o nascimento de Jesus. Além disso, eles fazem narração da infância de Jesus. João começa o seu evangelho muito mais cedo ainda: com a preexistência do Verbo e a criação de tudo por meio Dele.

Temos a impressão de que Marcos comece seu evangelho no meio da história: dá início ao evangelho com o ministério de João Batista.

Na verdade, “início” tem ressonâncias do Gênesis (Gn 1,1): “No princípio Deus criou o céu e a terra”. Só que nesse caso se trata do início da Boa Notícia de Jesus Cristo. O início é um título (Jesus Messias) que abarca e orienta tudo: o livro inteiro de Marcos deve ser ouvido como boa notícia sobre Jesus Cristo. É de Jesus Cristo porque a traz da parte de Deus, e mais porque fala dele, porque é ele o objeto da mensagem.

Está escrito... Eis que envio o meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho. Essa citação tenciona provar, pela profecia, que a boa notícia sobre Cristo tem seu início determinado pela proclamação de um precursor que veio preparar o caminho.

Esta é a voz daquele que grita no deserto. É uma mensagem teísta. É um teísmo que ensina não somente que existe Deus, mas também que intervém na história humana. A voz grita no deserto, lugar do caminho de volta para Deus. Lá correm, atraído por sua fama os que na Judéia e em Jerusalém não acham resposta, os que não se satisfazem com as liturgias penitenciais e os ritos de expiação do templo.

Apareceu João no deserto batizando e pregando um batismo de penitência. O batismo de conversão se expressa na confissão pública dos pecados para obter o perdão de Deus. O batismo é um rito que representa e sela a reconciliação.

Depois de mim vem alguém com mais autoridade. O Senhor chega. Essa é a proclamação do Batista: a chegada do outro com mais autoridade. É ele que traz o autêntico batismo: não de água que limpa, mas do Espírito Santo que vivifica e consagra; não água de rio, mas vento ou “alento” que desce do céu e transforma o deserto em Jardim.


Advento: fazei-vos itinerantes- Pe Adroaldo Palaoro


“Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!” (Mc 1,3)


Desejo, anseio, expectativa... Isso é o que nos invade quando sentimos que se aproxima algo/alguém que esperamos profundamente. Pois isso é o Advento. Tempo para os grandes sonhos. Só os medíocres ou os desesperançados renunciam sonhar. Pois bem, se um grande desejo nos move, é tempo para levantar a cabeça de novo, ampliar o olhar, tanto para fora quanto para dentro. Deixar que ressoe como uma promessa o grito de um Deus que atravessa o tempo para nos dizer: “aproxima-se vossa libertação!”

O Advento é um tempo inspirador. Talvez porque seja um tempo de espera. Como na gravidez, um tempo de interioridade, onde uma vida vai crescendo no escuro e protegido ventre materno. Advento nos chama a olhar-nos por dentro, a descobrir aquilo que já não serve para deixá-lo; também descobrir a vida que pulsa buscando sair à luz. Ali podem se esconder os brotos verdes dos quais ainda não se manifestaram.

Por isso, viver o Advento é viver em permanente travessia, em contínuo deslocamento. A imagem do “fazer caminho” perpassa todo esse tempo litúrgico. E o apelo mobilizador que emerge é este: “fazei-vos itinerantes!” O Advento vem ao nosso encontro e nos desafia: “Tu és caminho!”

Os caminhos estão dentro de nós; temos “fome e sede de estradas”. Todo ser humano é “homo viator”, um caminhante pelos caminhos da vida; ele não recebe a existência pronta. O “ser humano é terra que caminha” (Yupanqui). Seu caminho pessoal tem de ser desbravado com criatividade, ousadia e destemor.

O caminho não é só o trajeto de uma pessoa para Deus, mas também o trajeto de Deus em sua aproximação a cada um de nós. A realidade está perpassada por um Deus que também empreendeu um caminho em direção à humanidade.

O ser peregrino por parte do ser humano corresponde ao ser peregrino por parte de Deus.

O caminho se converte, então, em caminho para um encontro mútuo, um encontro de dois peregrinos.

Todo caminho é um mundo de relações; relações livres porque não sabemos com quem vamos encontrar; falamos de igual para igual, compartilhamos alegrias e tristezas, nossa conversação, nossa ajuda. Não há prejuízos no trato mútuo, ajudamos e somos ajudados, carregamos a mochila de nosso irmão cansado, curamos suas bolhas nos pés; aproximamo-nos das pessoas sem barreiras, superando fronteiras de raça, credo e cultura.

O caminho faz do peregrino um obsessivo-apaixonado, pois está centrado numa única preocupação que é fazer o percurso, chegar à meta. “Nós pensamos e sentimos a partir de onde estão nossos pés” (Frei Betto).

O caminho nos põe em contato conosco e ajuda a nos conhecer melhor (o percurso externo é visibilização da viagem interior). O caminho externo é prolongamento do caminho interno, percorrido e saboreado. Só quem transita com liberdade pelos caminhos interiores será capaz de ir ao encontro dos outros e entrar em sintonia com eles pelos caminhos da vida. Viver percursos internos expande a mente, alarga o coração, eleva os sentimentos.

No contexto pós-moderno, onde predomina o uso dos meios eletrônicos, os “lugares virtuais” acabam determinando nossa vida, nosso modo de pensar, nossa visão, nosso sentir... Enquanto a tecnologia nos permite transitar por todos os lugares e encontrar pessoas mais distantes, cresce, no entanto, o medo do outro, daquele que é “diferente” de nós, daquele que não pensa como nós, encerrando-nos em pequenos mundos.

Assim, os “percursos virtuais” acabam atrofiando nosso horizonte, nossos desejos e inspirações; as relações são frias, neutras, não nos comprometemos com o outro e não permitimos o confronto.

Não tem sentido fazer caminho externo se nossa mente permanece estreita, se nosso coração continua insensível, se nossas mãos estão atrofiadas, se nossa criatividade sente-se bloqueada...

Portanto, Advento significa contínuo êxodo do lugar estreito e dispersivo ao lugar expansivo e unificante, travessia dos lugares autorreferenciais para os amplos lugares humanizadores. Assim, este tempo litúrgico nos pede deslocamento de nossos lugares onde controlamos; supõe travessia para espaços onde não somos o centro. Falamos de diferentes espaços: religioso, afetivo, gênero, ideias, crenças, ideologias...

Assim, ampliar os espaços do coração implica agilidade, flexibilidade, criatividade, solidariedade e abertura às mudanças e às novas descobertas. Quando os caminhos interiores são abrasados e iluminados pela força do Espírito peregrino, começam a cair nossas falsas seguranças, suspeitas e preconceitos e a nossa vida se abre à grande novidade que o Deus surpreendente nos reserva.

O caminho é a experiência de uma grande liberdade pela via do desprendimento (coisas, apegos, ideias fixas, posturas fechadas, conservadorismo...) e aí se abre a possibilidade de um encontro com o Transcendente, com Deus; é muito comum que uma pessoa, ao fazer esse caminho exterior e interior, espontaneamente eleve os olhos ao alto, expresse gratidão, ou se retire para orar...

Assim, Advento nos move à conversão pois se manifesta como um chamado a uma vida mais simples, partilhada, apaixonada, natural, livre, transcendente, intensa, comprometida...

Nosso caminhar pessoal, familiar, social, histórico... é um caminhar para frente, para o melhor, para a superação constante...; é um caminhar que se abre a nós cheio de possibilidades, que alimenta a esperança, que nos enche de novas energias..., porque Deus, que é novidade constante, nos impulsiona a partir de dentro.

Se considerarmos o novo ano litúrgico a partir desta perspectiva, seremos capazes de romper com a rotina para deixar-nos surpreender, comover e mobilizar. Já não será “outro Advento a mais”, senão “um Advento novo e diferente”; nem “um Natal a mais”, senão “um Natal novo e inesquecível” ...

“Aplainai o caminho do Senhor!”. É o grito do profeta João. O que devemos ter em conta hoje é que “o Senhor” não tem que vir de fora, mas deixá-lo surgir a partir de dentro. Como conseguir isso? Afastando de nós tudo o que impede a manifestação do divino em nós.

Por isso, preparar o caminho do Senhor implica desejo, conversão, empenho e confiança.

Tudo na vida requer preparo, e toda preparação exige empenho e mudança..., envolve uma espera.

Somos feitos disso: desejo, súplica, anseio, busca, esperança... No mais profundo de cada um há uma carência que nos faz bradar ao Eterno, pedindo ajuda: “Vem, Senhor, nos salvar! Vem sem demora nos dar a paz!” Tudo aponta para o vazio infinito dentro de nós, ressoando uma certeza: Ele vem!

Despertos e libertados podemos sair ao encontro d’Aquele que nos quer encontrar.


Para meditar na oração:


O caminho que temos de percorrer durante o ano litúrgico é longo: entrar em nossa casa, entrar em nosso interior requer tempo. Como dizia S. Bernardo: “não se trata de atravessar mares, de escalar o céu, de ultrapassar as nuvens, de cruzar vales ou de escalar montanhas. É para ti mesmo que deves caminhar; habitar-te e não ser casa vazia ou cheia de espíritos que não são teu espírito, tu mesmo”.


- Aproveita este Advento para sacudir a preguiça e sair para Aquele que vem ao teu encontro; propicia espaços nos quais possas escutar a voz do Espírito que em teu interior te recorda quem és: filho(a) e irmão(ã)!


- Está dentro de ti o caminho que tens a percorrer; para o mais profundo teu; é ali onde Deus te espera e deseja encontrar-se contigo, realizar o Natal.

  

Frestas - José Antonio Pagola

 

Há muitas pessoas que já não conseguem acreditar em Deus. Não é que o rejeitem. É que não sabem que caminho seguir para encontrar-se com Ele. E, no entanto, Deus não está longe. Oculto no interior, mesmo, da vida, Deus segue os nossos passos, muitas vezes errados ou desesperados, com amor respeitoso e discreto. Como perceber a sua presença?

 

Marcos recorda-nos o grito do profeta no meio do deserto: «Preparai o caminho ao Senhor, endireita as suas veredas». Onde e como abrir caminhos a Deus nas nossas vidas? Não devemos pensar em vias esplêndidas e livres por onde chegue um Deus espetacular. 

 

O teólogo catalão J. M. Rovira lembrou-nos que Deus se aproxima de nós procurando as frestas que o homem mantém aberta ao verdadeiro, ao bem, ao belo, ao humano. São esses resquícios da vida que temos de atender para abrir caminhos a Deus.

 

Para alguns, a vida tornou-se um labirinto. Ocupados em mil coisas, movem-se e agitam-se sem cessar, mas não sabem de onde vêm nem para onde vão. Abre-se neles uma fresta para Deus quando param para se encontrar com o melhor de si mesmos.

 

Há quem viva uma vida «descafeinada», plana e intranscendente em que a única coisa importante é estar entretido. Só poderão vislumbrar Deus se começarem a atender ao mistério que bate no fundo da vida.

 

Outros vivem submersos na «espuma das aparências». Só se preocupam com a sua imagem, do aparente e externo. Estarão mais perto de Deus se procurarem com simplicidade a verdade.

 

Os que vivem fragmentados em mil pedaços pelo ruído, a retórica, as ambições ou a pressa, darão passos em direção a Deus se se esforçarem por encontrar um fio condutor que humanize as suas vidas.

 

Muitos irão encontrar-se com Deus se souberem passar de uma atitude defensiva perante Ele para uma postura de acolhimento; do tom arrogante à oração humilde; do medo ao amor; da autocondenação ao acolhimento do Seu perdão. E todos nós daremos mais espaço para Deus nas nossas vidas se O procurarmos com um coração simples.

 

  

Joao Batista era a voz. Jesus a Palavra - Enzo Bianchi 


tradução Moisés Sbardelotto. 

Também neste domingo, a Palavra proclamada na liturgia nos convida a nos prepararmos para a vinda do Senhor. Mas se no Primeiro Domingo do Advento pedia-se a vigilância, hoje solicita-se dos cristãos a conversão, o retorno a Deus, uma mudança de mentalidade e de vida capaz de mostrar a diferença do cristão em relação a quem não tem o dom da fé.

 

É preciso preparar uma estrada para o novo êxodo que o próprio Senhor abrirá (cf. Is 40,1-5); é preciso se converter nos dias de vida que o Senhor concede a cada um de nós, de modo a esperar em céus novos e terra nova; é preciso pôr-se à escuta da pregação de João Batista que, como autêntico profeta, proclama uma palavra que vem de Deus e fere o coração de quem o escuta, abrindo-o ao grande dom da conversão que liberta (cf. Mc 1,4).

 

No tempo do Advento, duas figuras, com a sua vida e a sua história, aparecem aos nossos olhos como as testemunhas que tudo predispõem para a vinda do Senhor: João, chamado “o precursor”, aquele que caminha na frente do Messias, e Maria, a mãe do Messias, aquela que o carregou em seu ventre.

João se manifesta como enviado de Deus segundo a profecia de Isaías (cf. Is 40,3): no deserto, ele não organiza reuniões multitudinárias ao seu redor, pelo contrário, desencoraja e adverte quem o busca apenas para fugir mais uma vez das exigências postas pelo encontro com o Senhor: “Quem vos ensinou a fugir da ira que está para chegar? Produzi fruto dignos de conversão” (Mt 3,7-8). Tendo-se feito “voz”, ele grita e pede resolutamente o compromisso pessoal perante o Senhor, anuncia Aquele que vem, o Senhor que imergirá os fiéis não só na água – como ele faz – mas também no Espírito Santo (cf. Mc 1,8).

 

Para o Evangelho segundo Marcos, o aparecimento de João no deserto marca, sim, o início da boa notícia a respeito de Jesus Cristo, mas também é a figura sumária de todo o Antigo Testamento. João aparece e inicia a sua pregação para cumprir toda a profecia: ele está vestido, vive e prega como um profeta, é o novo Elias (cf. Mc 1,6)! Aquela profecia que, há cinco séculos, estava calada em Israel reemerge novamente em João, reencontra nele a sua voz.

E eis o grande consolo para o povo do Senhor: a salvação, o êxodo, a saída da opressão é anunciada e está prestes a ser cumprida pelo Senhor que vem.

 

Mesmo após a vinda do Senhor na carne em Jesus de Nazaré, os cristãos devem permanecer à espera daquela Vinda que acontecerá na glória, não no segredo da fé, e que se manifestará a toda a criação. Por isso, aqui e hoje, todo cristão é chamado a preparar uma estrada nas areias do seu coração para endireitar o caminho e retornar à via que conduz ao Senhor: trata-se de preencher as lacunas do próprio comportamento, de rebaixar as colinas do orgulho e da autossuficiência arrogante (cf. Lc 3,5; Is 40,4). É um agir concreto, que deve encontrar visibilidade na vida do cristão: só assim a estrada percorrida pelo Senhor e por nós em vista do encontro será sem obstáculos!

 

A voz de João, ontem como hoje, é a voz dos profetas, homens e mulheres que Deus nunca permite que faltem à sua Igreja. Muitas vezes, lamentamo-nos da ausência de profetas ao nosso redor, mas deveríamos nos perguntar se isso não depende da nossa incapacidade de ouvir a sua voz que pede conversão. É muito mais fácil dar ouvidos às vozes sedutoras de quem diz: “Vai tudo bem na Igreja! Vai tudo bem na sociedade!”, do que escutar quem nos incomoda, nos convence do pecado e nos chama à conversão.

 

Sim, João dirige a sua mensagem também a nós, hoje, porque Cristo ainda é Aquele que vem; João é o Elias que precede o retorno do Senhor no fim dos tempos: e nós estamos no fim dos tempos.

  

Começo da boa notícia de Jesus - Ana Maria Casarotti


O texto de Marcos que lemos neste segundo domingo do Advento apresenta o início das Boas Novas de Jesus, o Messias, o Filho de Deus. A palavra evangelho significa boa notícia e, no Império Romano, era uma palavra usada especialmente na esfera política para alguma comunicação importante do Império.

Esse evangelho foi escrito para os cristãos da segunda geração, quando o cristianismo já havia atravessado as fronteiras religiosas do mundo judaico, chegando a diferentes lugares, até mesmo a Roma, e os cristãos se perguntavam quem é Jesus, o que ele fez, por que ele atrai tanto e ao mesmo tempo gera tanta rejeição. Lembremos que o cristianismo em seus primórdios foi duramente perseguido pelo Império Romano porque sua vida, suas crenças não se encaixavam no que o império propunha. Marcos se dirige especialmente a essas comunidades perseguidas que precisavam dar uma razão para sua fé e sua identidade, queriam saber mais sobre Jesus, sua vida, sua pessoa. Quem é o Jesus morto e ressuscitado? Como era sua vida? E tantas outras perguntas motivam esse texto que começa com esta expressão tão forte quanto simples: "Início da Boa Nova" ou poderíamos dizer também: início do Evangelho de Jesus.

Marcos, assim, enquadra seu texto em uma única boa notícia, que será a de Jesus, o Messias e o Filho de Deus. E essa Boa Nova tem um começo. Não se trata de algo inesperado, ou algo que surgiu do nada. O início é o começo, a origem ou o começo de algo. É a porta que se abre para o novo, para "aquilo" que gerou uma nova realidade.

Em diferentes situações da vida, recomenda-se voltar ao início, voltar ao começo, voltar à origem, lembrar o primeiro motivo que levou a uma determinada ação. Voltar a esse início é uma forma de reordenar nosso olhar em direção ao horizonte do início. É retornar à fonte de onde surgiu a primeira inspiração. É relembrar a situação original da terra em que a primeira semente brotou.

Em primeiro lugar, o texto nos convida a voltar ao início de nossa fé, à origem de nosso compromisso cristão, ao nosso primeiro amor e, a partir daí, reorientar nossa vida e a vida de nossas comunidades.

Como podemos fazer isso? Lemos o seguinte:

"Eis que eu envio o meu mensageiro na tua frente, para preparar o teu caminho. Esta é a voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as vossas estradas!"

Há alguém que nos precede no caminho, está à nossa frente, mas ao mesmo tempo é uma fonte de sabedoria e uma bússola que marca o caminho. Vozes proféticas que continuam a falar e a ressoar na memória das pessoas e se tornam uma fonte de vida que sacia nossa sede e guia nossa jornada. É um caminho repleto de pessoas de diferentes culturas e lugares que nos precederam e enriqueceram com sua fé, em muitos casos até o martírio, o Caminho que somos convidados a percorrer hoje.

Suas palavras são claras: "Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!"

Neste tempo, somos convidados a retornar a esse início e a canalizar nossa vida para a fonte inicial. Para isso, será necessário retirar aquilo que empobrece a caminhada, aquilo que a torna mais lenta, aquilo que distrai a atenção. Devemos "Endeiretem suas estradas" para tornar nossa caminhada mais suave e suportável, para que não percamos nosso tempo com aquilo que nos distrai e nos deslumbra, levando-nos a encruzilhadas que nos confundem e desorientam.

O Advento é um período maravilhoso que nos convida a preparar nossos corações e nossas comunidades para reconhecer a presença de Jesus em nosso meio. Voltar ao início e preparar o caminho para que possamos desfrutar, com nossos sentidos, da limpeza de sua vinda, do amor do Pai/Mãe que já está em nosso meio e talvez não o reconheçamos.

Às vezes, na Igreja, esses momentos de preparação eram entendidos como algo puramente pessoal e enfatizavam a conversão interior. Embora isso seja importante, o Evangelho nos convida a voltar à fonte, ao amor do início da Boa Nova em nossas vidas, ouvindo o eco daqueles que nos precederam no caminho e traçaram um caminho que somos chamados a ouvir e seguir.

Lembramos de Pedro Casaldáliga: o santo bispo do Araguaia que sempre soube ser fiel ao Evangelho, à Boa Nova: Jesus presente entre os mais pobres e exilados de seu povo. Como disse Fernando Altemeyer Jr. “Nunca abandonou o breviário, as missas fidelíssimas ao ordo e à missão, sem perder de vista os pobres e as comunidades. Via tudo sob o olhar da eternidade. Ficara conhecido pelo slogan vital e radical: 'Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar, e, sobretudo, nada matar'. Viveu sempre como um pobre, em casa simples, de porta sempre aberta, usando chinelo de dedo, bicicletas, canoas, roupa simples, comida frugal, cotidiano franciscano e viagens sem luxo".

Deixamos ressoar suas palabras:

Niña precoz,

hermana primogénita

de la Liberación

que se conquista.

Niña novia del Día prometido,

bautizada en la sangre,

grávida de esperanza.

Quiero abrazarte, América,

por tu cintura ardiente,

¡Centroamérica nuestra!

Alguém (um tal Ítalo Joven), no calor dos seus vinte anos, respondeu:

Quiero abrazar contigo,

amigo obispo,

Centroamérica nuestra,

y, como soy pobre

de corazón

y de vista,

quiero también

que sea

una novia verdadera.

Casaldáliga nos indica o caminho de desejos apaixonados e muito concretos, os únicos que nos salvam.


Acabamos de começar a percorrê-los. Ninguém sabe para onde nos levarão.


Jesus, o Messias, o Filho de Deus - Tempo de advento! - Tomaz Hughes. 

 

O Evangelho de Marcos foi o primeiro dos quatro evangelhos canônicos a ser escrito, provavelmente pelo ano 70, talvez no sul da Síria, na Galileia ou na Decápole. Marcos tem o grande mérito de ser o criador desse gênero literário, hoje tão conhecido, chamado “Evangelho”, o que literalmente significa “Boa Nova” ou “Boa Notícia”.

 

Porém, quando no primeiro versículo da sua obra ele se refere ao “começo do Evangelho”, ele não se refere ao gênero literário, mas à própria Boa Nova, que é a mensagem de salvação em Jesus, “o Messias, o Filho de Deus”. Pois, o jeito de escrever em forma de “Evangelho” é somente uma das maneiras viáveis para comunicar a experiência dessa Boa Notícia. Paulo, por exemplo, que nunca leu um dos quatro Evangelhos (pois foi executado a mando de Nerro pelo ano 66), pôde falar aos Gálatas do “Evangelho por mim anunciado” (Gl 1,11), da “verdade do Evangelho” (Gálatas 2,5.14).

 

Por isso, devemos sempre levar em conta que os quatro Evangelhos não se propõem a nos dar uma biografia de Jesus, nem de fazer um relatório sobre a vida d’Ele. Eles são a “Boa Notícia” de Jesus. Por isso, a pergunta que devemos ter em mente em primeiro lugar ao ler ou ouvir um trecho evangélico não é “aconteceu assim ou não?”, mas “onde está a Boa Notícia de Jesus neste texto?”

 

Preparação para o advento:

 

Como parte da nossa preparação para o Natal, o texto de hoje nos apresenta a pessoa e mensagem de um dos grandes personagens da liturgia do Advento – João, o Batista. Usando uma mistura de citações do Antigo Testamento, tiradas do profeta Malaquias 3,20, de Isaías 40,3 e Êx 23,20, Marcos enfatiza o papel de João como Precursor – aquele que prepara o caminho do Senhor. O fato de João estar vestido com pele de camelo faz uma ligação entre ele e o “pai do profetismo”, na tradição judaica, Elias (2 Reis 1,8). Assim, João é a última voz profética da Antiga Aliança, anunciando a chegada da Boa Nova na pessoa e atividade de Jesus de Nazaré.

 

O batismo de João era um rito conhecido naquele tempo. Significava o reconhecimento dos pecados e a conversão aos caminhos de Deus. Embora o Advento não seja primariamente tempo de penitência, mas de preparação, o texto lembra-nos que não será possível a preparação para a vinda do Senhor no Natal, sem que passemos pelo processo de arrependimento, conversão e pela experiência da gratuidade de Deus no perdão dos pecados.

 

Mas a ênfase mesmo está na aceitação não somente do batismo de João, mas de quem viria depois dele, literalmente como ele disse, “atrás de mim”. A expressão, que denota a dignidade de quem vem atrás, como num cortejo, põe toda a importância na pessoa que vem – pois tirar as sandálias era serviço de um escravo. Jesus é o mais importante, pois com a vinda d’Ele inaugura-se o tempo de salvação, esperado naquele tempo por muitas pessoas e grupos (como os essênios) somente para o fim dos tempos.

 

A voz de João ressoa de novo hoje, convidando a todos nós, pessoalmente e em comunidade, Igreja e sociedade, a preparar os caminhos do Senhor, endireitando as suas veredas! A preparação para o Natal implica a necessidade de um empenho de todos para que os males, individuais ou sociais, sejam eliminados, a fim de que o Natal seja experiência real da vinda do Salvador e não somente uma festinha, vazia de sentido.

 

 Fé na ousadia de Deus - Odete Adriano


Esta reflexão é sobre o segundo domingo do Advento. Advento é tempo de reflexão diante do plano de Deus para a humanidade. É tempo de refletir como estamos orientando nossas vidas em relação ao propósito de Deus. Advento também é vinda, chegada, presença. Ele vem.

 

Jesus vem!

 

É um período especial, pois antecede o Natal, e traz nada menos que três desafios à cristandade. Esse período 

·        Quer nos lembrar do Advento histórico, passado; 

·        Quer nos lembrar do Senhor que quer ser, hoje, nosso hóspede, portanto, o aspecto presente;

·        Finalmente, quer nos remeter ao futuro: o aspecto escatológico do mesmo.

 

O Advento é época de recuperar os grandes feitos de Deus. Eles são fundamentais para a nossa fé cristã e são orientadores para a nossa convivência na comunidade e no mundo, em testemunho e serviço. Recuperar os fatos, no Advento, significa, conforme Isaías, novo fascínio, força e vigor para superar nosso cansaço, desesperança, desânimo, vontade de desistir e cultivar nossa fé – esperança no Senhor.

 

Advento é esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas. É esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante de tantas coisas que afligem nossa alma e ferem nosso corpo.

 

Advento é, por isso, época de não só pensar em doces e presentes, mas, acima de tudo, é convite para olhar em direção ao que realmente importa, ou seja, a oferta da vida com esperança, em Cristo Jesus. É tempo de encontrar o novo.

  

O “evangelho” de Jesus não vem dos palácios

 

Os primeiros versos do Evangelho segundo Marcos retomam a profecia do Antigo Testamento e a conduzem ao Novo, ao evento do Espírito. O Espírito perfaz o novo! Marcos ressalta que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a Boa Nova da salvação para a humanidade. Como o mensageiro antigo (Isaías 52,7: “Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro da paz…”), João Batista proclama o alegre anúncio, que culmina em Jesus (Marcos 1,14-15) e ressoa nas comunidades cristãs como apelo a anunciar a mensagem de libertação no mundo inteiro (Marcos 13,10; 14,9).

 

Sabe-se que, para o evangelista, as palavras e ações de Jesus são “evangelho”. “Evangelho” é uma palavra que era utilizada pelas autoridades para anunciar as suas ações. Contudo, para o evangelista Marcos, o “evangelho” de Jesus não vem dos palácios, mas da periferia de Nazaré (W. Marxen). O evangelho é alegria, não é imposto, como o evangelho imperial. Aqui, é-nos apresentado Jesus Cristo como “Filho de Deus”, uma expressão que é central para o Evangelho segundo Marcos (cf. Marcos 1,11; 15,39). Para as comunidades cristãs, não é o imperador de Roma que é o filho de Deus, mas Jesus de Nazaré. Ao mesmo tempo em que reconhece a presença divina em Jesus, é resistência contra um império que se apresentava como sagrado.

 

Em seguida, Marcos 1,2-8 apresenta o precursor, João Batista. Jesus está na linha da profecia! João Batista é o profeta anunciado em Isaías. Restaura Israel a partir do deserto, como Moisés o fez com o povo que saiu do Egito, e como tinha sido a prática de Elias no Horebe. João Batista, o profeta, tem seu foco no deserto. Para a história de Israel, o deserto é símbolo de vida, de resistência, vida restaurada, de vida nova.

 

A profecia de João Batista apela à conversão, ao arrependimento. Isso é antiga tradição profética. O arrependimento é o eixo da renovação.

 

Fé na renovada ousadia de Deus e olhos fixos no futuro

 

O povo de Deus sempre teve os olhos fixos no futuro, com esperança na vinda definitiva do Senhor (Isaías). Marcos nos chama a olhar à nossa volta e enxergar dentro de nossa história a vinda de Deus: João é o novo Elias (2 Reis 1,8), isto é, a profecia que volta a ser proclamada, o povo se reúne e se organiza para recomeçar como nos tempos do “deserto”, enquanto os poderosos se abalam por se sentirem desmascarados (Mateus 2,3.7). Em Jesus de Nazaré, é Deus mesmo quem opera a restauração das pessoas.

 

Assim como se deu com Elias, João foi perseguido e morto covardemente, mas a palavra ressurge em Jesus (Marcos 1,14-15; 6,16). Também Jesus foi perseguido e assassinado, mas a caminhada da Palavra prossegue com seus discípulos e discípulas.

 

Ouvir de Elias, de João, de Jesus, é ouvir falar da renovada ousadia de Deus, a ousadia da liberdade, que não aceita calar-se nunca, nem teme os poderosos do mundo. Sempre de novo a Palavra ressurge para anunciar que são possíveis “novos céus e nova terra” (2 Pedro 3,13; Marcos 1,9-13; 9,2-13). A Palavra volta a levantar-se para denunciar os obstáculos que se antepõem ao propósito de Deus e proclamar que só há uma maneira de viver nessa nova realidade: “endireitar” os caminhos, reconhecer os erros pessoais e coletivos, refazer as relações pelo perdão, pela igualdade e pela partilha (Lucas 3,10-14). Aí, sim, o “deserto” se transforma em larga estrada, em jardim do Senhor.

 

O deserto era o lugar onde frequentemente se refugiava quem se sentia à margem do sistema e se punha na oposição. Lá estavam os essênios, pessoas que romperam com o templo e se consideravam vanguarda do novo povo. Para lá se dirigia quem se proclamava profeta ou messias e pretendia organizar a resistência popular. Por lá andavam guerrilheiros (sicários, zelotas) e bandidos. O movimento de João é de protesto e de resistência. Por isso, foi preso e morto. Herodes o temia.

 

Batismos e rituais de purificação eram práticas comuns no ambiente dos fariseus e dos essênios. No movimento de João, não são os sacrifícios que purificam do pecado, mas a confissão e o arrependimento, a mudança de vida. O povo não peregrina em direção ao templo, mas sai das cidades, como num êxodo, em direção ao deserto. É como se fosse preciso sair de novo do Egito, “a casa da servidão”, e, pelo Jordão, entrar na Terra Prometida, isto é, Terra Partilhada.

 

Sob a expressão “remissão dos pecados” está escondida a antiga esperança da “remissão das dívidas” prevista para o Ano do Jubileu (Levítico 25), o ano da graça do Senhor (Lucas 4,19), o perdão das dívidas (Mateus 6,12; Lucas 11,4). O novo tempo anunciado por João é a possibilidade, com Jesus, de restauração radical da convivência do povo em sociedade, segundo os ideais da igualdade e da justiça. Para isso, é que se prevê a “imersão” (batismo) no Espírito Santo. Será como passar pelo fogo (Mateus 3,11; Malaquias 3,2) que purifica e destrói, para que algo novo possa surgir. Essa novidade era esperada desde o final do exílio na Babilônia e é dela que falavam profetas e profetisas no grupo de discípulos de Isaías (Is 40-66).

 

Deus sabe o caminho que devemos andar

 

João Batista, o precursor, propõe a conversão como meio para preparar o caminho do Senhor e acelerar a chegada de um mundo novo de justiça. Deus caminha pelo deserto da história, ensinando-nos a endireitar as veredas através de gestos solidários de amor e paz.

 

Dietrich Bonhoeffer dizia:

 

“Eu não entendo os Teus caminhos, Senhor. Mas Tu sabes os caminhos que devo andar!” E é verdade! Deus sabe o caminho que devemos andar. Sabe, quanto mais procuro vivenciar e entender as coisas que Deus quer de mim, mais me surpreende o quanto Deus vem ao meu, ao nosso encontro nas áreas mais essenciais e carentes da vida: “significado, pertencimento, saúde, liberdade e comunidade”.

É que Deus – que é um Deus de amor e, consequentemente, de salvação – vem ao nosso encontro nas áreas mais necessitadas da existência humana e comunitária.

 

Por isso, “Ficai atentos, preparem-se!”. Ficai Atentos! Não se deixem seduzir pela propaganda consumista, uma vez que a alegria do consumismo é superficial e passageira. Ficai Atentos! A Esperança não pode esmorecer, mas resistir. Esperança Teimosa! Nascida do discernimento.

 

Construída mesmo no tempo de sofrimento e esmorecimento! O tempo que vivemos é tempo de resistir pela solidariedade ao egoísmo e ao individualismo que nos consomem. Ser sensível é ser humano! Olhar o mundo sem indiferença. Com compaixão e afeto que movam à transformação! Vivamos intensamente este Tempo do Advento! Pois o Advento nos ensina: Não canse de esperar, o que esperamos vai chegar!

 

Mc 1,1-8 - “Pertencer ao Reino de Deus, para a Comunidade de Marcos, era viver na contramão” - Frei Carlos Mesters 

Marcos Monteiro.

À luz dessa compreensão vamos caminhar com este texto.

1 Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus

Andar na contramão é trazer a boa notícia de que o povo de Deus não é composto dos judeus ricos, mas de todo pobre, de qualquer lugar, que reconhece que o Filho de Deus é Jesus de Nazareth e não o imperador de Roma.

2 Como está escrito nos profetas: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. 3 Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.

Andar na contramão era ler as Escrituras de modo diferente dos doutores da Lei, Deus falava pela boca de João Batista e não pelos rabinos fariseus.

4 Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados. 5. E toda a província da Judeia e os de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por João. 6. E João andava vestido de pelos de camelo, e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.

Quando o tempo chega, as multidões são capazes de correr o mundo para refrescar a alma. Andar na contramão é não fazer nenhuma concessão. João Batista não vestia roupas finas e se alimentava de gafanhotos e mel. Não participava dos banquetes dos opressores, em que o prato principal era a cabeça dos profetas. Pela boca de João Deus gritava no deserto que chegou o momento do juízo. A foice de Deus derrubava a maldade pela raiz e queimava a terra para que não sobrasse nenhum broto. Mas as águas sagradas do Jordão poderiam lavar os pecados de quem estivesse disposto a mudar de vida.

7 E pregava, dizendo: após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das suas alparcas. 8. Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo.

Andar na contramão é denunciar e anunciar que o tempo dos pobres chegou. A melhor notícia é a de que Jesus foi trazido pela Brisa Santa para fazer a escuridão virar dia, a doença virar saúde, a tristeza virar alegria. Jesus inventa um novo batismo. O antigo lavava o corpo. O novo, o da Brisa Santa, lava a alma para que chegue o tempo do amor.



 TEXTO EM ESPANHOL DE DOM DAMIÁN NANNINI, ARGENTINA 


SEGUNDO DOMINGO DE ADVIENTO - CICLO B

 

Conversión: Juan Bautista nos invita a la conversión para preparar con gozo la venida del Señor.

 

Primera lectura (Is 40,1-5.9-11):

 

            Dentro del libro de Isaías tenemos los capítulos 40 a 55 que se atribuyen a un profeta del exilio al que se denomina Segundo Isaías y que es, sin lugar a duda, el profeta del amanecer, del despertar después de la larga noche del exilio en Babilonia (51,17; 52,1)[1]. 

            Justamente le ha tocado a este profeta la misión de anunciar a los desterrados un mensaje de consolación porque Dios considera que el pueblo ya ha cumplido con el castigo por su pecado y, por ello, ha decidido devolverlos a la tierra de Judá (Is 40,1-2).

             “Consolad a mi pueblo” (Is 40, 1) es la frase que abre esta sección del libro de Isaías y que se repetirá como constatación más adelante (“El Señor consuela” en Is 51,12; 52,9). La consolación no se agota en palabras, se realiza en las obras mismas del Señor. La consolación es reconciliación y perdón. Se trata de la consolación del pueblo desterrado, pero también de la consolación de Jerusalén que volverá a resplandecer para recibir a los desterrados que regresan a ella. El pueblo se prepara para regresar y Jerusalén para recibirlos. Así, el tiempo del exilio es visto como una purificación, como un crisol donde el pueblo, como la plata, se depuró (cf. 48,9-10). 

Es de notar que el mensaje de este profeta está tan centrado en la acción de Dios, es tal el protagonismo de Dios, que quien va a regresar a la tierra es ante todo el mismo Dios, presidiendo y cerrando la procesión de los deportados: "Una voz proclama: ¡Preparen en el desierto el camino del Señor, tracen en la estepa un sendero para nuestro Dios!" (Is 40,3). La mención del “camino por el desierto” ( בַּמִּדְבָּר֙ דֶּ֔רֶךְ ) hace referencia al éxodo de Egipto, primera y fundamental acción liberadora de Dios con su pueblo Israel. Esta idea de un “nuevo éxodo” volverá más adelante: “Así habla el Señor, el que abrió un camino a través del mar y un sendero entre las aguas impetuosas; el que hizo salir carros de guerra y caballos, todo un ejército de hombres aguerridos; ellos quedaron tendidos, no se levantarán, se extinguieron, se consumieron como una mecha. No se acuerden de las cosas pasadas, no piensen en las cosas antiguas; yo estoy por hacer algo nuevo: ya está germinando, ¿no se dan cuenta? Sí, pondré un camino en el desierto ( בַּמִּדְבָּר֙ דֶּ֔רֶךְ ) y ríos en la estepa” (Isa 43,16-19).

Su mensaje es sobre todo una Buena Noticia o evangelio (la LXX lo expresa con el verbo euaggelizw = “anunciar buenas noticias, evangelizar” en 40,9) pues al pueblo que se encontraba desterrado en Babilonia (sin tierra, sin gobierno propio, sin culto, sintiéndose abandonado hasta por Dios) el profeta le da la buena noticia de que Dios viene con poder a rescatarlo. 

  

Segunda lectura (2Pe 3,8-14):

 

            Esta carta, al igual que otros textos del Nuevo Testamento, busca dar razón de la “demora de la parusía”. Y para explicar su retraso utiliza el Sal 90, 4 donde se afirma que para el Señor un día es como mil años. Es decir, los tiempos de Dios no son los nuestros; su medida del tiempo es diversa de la nuestra y, por eso, la invitación que hace a mantener viva la esperanza en que Dios cumplirá su promesa y vendrán “los cielos nuevos y tierra nueva”. Más aún, esta aparente demora de la venida del Señor hay que interpretarla como signo de la actitud paciente de Dios y como un tiempo de gracia o de misericordia en el cual Dios espera la conversión de todos los hombres. Y también, al igual que otros textos del Nuevo Testamento, la invitación es a tener durante este tiempo de espera una conducta de vida santa “para que Dios los halle sin mancha y sin defecto, y en paz con él” (3,14) al momento de su repentina venida.

  

Evangelio (Mc 1,1-8):

 

"Comienzo del evangelio de Jesús, Mesías, Hijo de Dios" (1,1)

Sólo Marcos llama a su obra "evangelio", término que no indica primeramente un libro, sino una “buena noticia”. Evangelio de Jesucristo. Se trata de un genitivo a la vez subjetivo y objetivo. En cualquier caso, no se trata del evangelio de Marcos, sino del evangelio de Jesús, según san Marcos.

Este versículo con valor de título constituye una síntesis de la cristología de Marcos afirmando que Jesús es el Cristo-Mesías en respuesta al tema de su función o misión; y que es Hijo de Dios para responder a la cuestión de su ascendencia directa de Dios (cf. 12,35-37). 

 

La cita inicial del profeta: (Mc 1,2-3 = Mal 3,1 + Is 40,3)

 

Mc 1,2-3

Mal 3,1 

Is 40,3

Conforme está escrito en Isaías el profeta: Mira, envío mi mensajero delante de tu rostro (pro. prosw,pou sou), el que ha de preparar tu camino.

Voz del que clama en el desierto: Preparad el camino del Señor, enderezad sus sendas…

Voy a enviar a mi mensajero a allanar el camino delante de mí rostro,

Una voz proclama: ¡Preparen en el desierto el camino del Señor, tracen en la estepa un sendero para nuestro Dios!

.

 Marcos funde una cita de Malaquías con otra de Isaías, para referirse al Bautista como el enviado que viene a preparar el camino de Jesús. Cambia el texto de Malaquías “delante de mi rostro” (el rostro de Dios) por “delante de tu rostro” (el de Jesús); y cambia el preparar sus caminos (de Dios) por tu camino (el de Jesús). Esta cita de Malaquías le permite a Marcos vincular a Juan Bautista con Elías, ya que este profeta anunciará la venida del Mesías antes del día final: "Voy a enviaros al profeta Elías antes de que llegue el Día de Yahvé, grande y terrible" (Mal 3,23).

Por otra parte, donde Isaías decía “tracen en la estepa un sendero para nuestro Dios”, Marcos dice: “enderezad sus sendas”, las de Jesús.  Entonces, ha tomado dos textos de la Escritura referidos a Dios y los refiere a Jesús. ¿Cómo se puede hablar así de un simple hombre? Porque Marcos empieza a dar contenido al título Hijo de Dios aplicado a Jesús. Esta identidad no se puede entender sin recurrir al Antiguo Testamento, por eso las citas del profeta que invitan a preparar la venida de Dios. Además, “la cita profética sitúa a los protagonistas que vienen a continuación, Juan y Jesús, en una historia más amplia hacia detrás y hacia delante […] La repetición de camino anticipa un elemento fundamental de la historia. El tiempo total y abarcante de pasado-presente-futuro, que es concreto, como indica el énfasis en el presente y adelanta la forma en que Marcos va a tratar la temporalidad”[2]. Pero al mismo tiempo hay una sorprendente novedad en esta "buena noticia" de san Marcos pues no sólo anuncia el cumplimiento en la persona de Juan el Bautista de estos dos oráculos proféticos sino la misma venida de Dios en la persona de Jesús.

 

Además, estas citas bíblicas preparan la aparición en escena de Juan "bautizando en el desierto, proclamando un bautismo de conversión para perdón de los pecados" (1,4). Se nos presenta aquí de modo concreto lo que significa preparar el camino y allanar las sendas para la venida del Señor: conversión para el perdón de los pecados. No se trata ahora, como en la profecía de Isaías, de la vuelta a Jerusalén del pueblo exiliado, sino de la vuelta a Dios. Por tanto, lo que obstaculiza el camino, el vínculo con Dios, es el pecado. Hay que arrepentirse y pedir perdón. 

En síntesis, el mensaje de Juan Bautista, antes incluso de hablar, es doble: “esperanza en Dios fiel que cumple sus promesas, y conversión, pues sólo una persona que espera y se convierte puede aceptar a Jesús como Mesías e Hijo de Dios”[3].

El pueblo responde a este llamado a la conversión y se hace bautizar por él confesando los pecados.

 Luego se describen las vestiduras y la frugal comida del Bautista que demuestran su condición ascética; refuerzan su predicación del juicio y lo asemejan a Elías[4].

El contenido de la predicación del Bautista (cf. 1,7-8) está claramente orientado a Jesús, presentado como el más fuerte y quien tiene un bautismo del Espíritu, en contraposición al del agua que ofrece el Bautista. El agua purifica, es signo del perdón de los pecados. El Espíritu Santo comunica la vida nueva de la gracia, nos hace hijos de Dios en el Hijo Jesús. Como bien nota L. Monloubou[5]: "la predicación de Juan lleva la marca de su propia insuficiencia. Juan pide que se acepte el bautismo para una remisión de los pecados aún no realizada; su bautismo de agua es temporal, preludio de otro bautismo eficaz y definitivo, el del Espíritu".

 

Algunas reflexiones: 

            La frase de Isaías citada por Marcos da el tono y el sentido a este segundo domingo de Adviento: "preparen los caminos del Señor, enderecen sus senderos". Y vimos que se trataba del Señor Jesús, por tanto en el contexto litúrgico hay que entenderlo como una invitación a preparar la venida del Señor en esta Navidad y, también, su venida al fin de los tiempos. 

            En efecto, las tres lecturas nos ponen delante al Señor que viene. Y estas venidas, con matices diferentes, invitan a prepararse para recibirlo mediante la conversión.

En la primera lectura el profeta Isaías anuncia que el Señor viene a liberar a su pueblo cautivo en el destierro repitiendo las proezas del éxodo y del providencial camino por el desierto. Sí, Dios viene a consolar, a rescatar, a perdonar. Viene como un buen pastor a recoger a su rebaño disperso. Se trata de la Buena Noticia del perdón de Dios y de su venida a nosotros. Ante esta venida amorosa de Dios, la esperanza se enciende y el corazón se abre para recibirlo.

La segunda lectura, en continuidad con el domingo pasado, vuelve a ponernos ante la venida final del Señor al fin de los tiempos. Y la demora de este día final hay que interpretarla como signo de la paciencia Divina que espera la conversión de todos, pues no quiere que nadie se pierda. Ante esta realidad se pide a los cristianos una esperanza activa que se traduce en "una conducta santa y piadosa" para que en su venida nos "encuentre en paz, sin mancha ni reproche".

El evangelio, por su parte, nos recuerda la venida histórica de Jesús que Dios preparó con el envío de Juan el Bautista, el precursor, tal como lo señalaban las Escrituras. Así, Juan invita al pueblo a prepararse para la venida del Señor Jesús mediante un bautismo de conversión para el perdón de los pecados. Y como el Señor vendrá nuevamente en esta Navidad, también nos toca a nosotros "preparar los caminos, enderezar los senderos". Ahora bien, este camino para el Señor hay que prepararlo en el desierto. Hay que animarse en este adviento a recuperar nuestra vida interior, a hacer silencio y aceptar la soledad habitando nuestro propio corazón. Pues bien, en este desierto silencioso y solitario de nuestro corazón, si ponemos atención, resonará la voz del profeta que nos llama a preparar la venida del Señor, a reconocer nuestros pecados y a confesarlos; a corregir nuestros defectos dominantes. Tengo que arreglarme y arreglar mi corazón para recibirlo. Se trata de conversión, de ascesis, pero todo esto motivado por el deseo de Su visita; porque la certeza de su Venida aumentará nuestro deseo de recibirlo. Es el deseo de gozar de Su compañía, de una presencia más plena suya, lo que debe movernos a poner en orden nuestra vida, a trascender la dimensión temporal u horizontal de nuestra existencia, para abrirnos al Eterno que viene a nuestro tiempo. Justamente en la oración colecta de este domingo le pedimos a Dios que "ninguna actividad temporal detenga a quienes vamos presurosos al encuentro de tu Hijo; sino que, instruidos por la sabiduría divina, podamos gozar siempre de su compañía". 

Al respecto decía el Papa Francisco en el ángelus del 10 de diciembre de 2017: “El profeta Isaías se dirige al pueblo anunciando el final del exilio en Babilonia y el regreso a Jerusalén. Él profetiza: «Una voz clama: “En el desierto abrid camino a Yahveh. […] Que todo valle sea elevado”» (40, 3). Los valles para elevar representan todos los vacíos de nuestro comportamiento ante Dios, todos nuestros pecados de omisión. Un vacío en nuestra vida puede ser el hecho de que no rezamos o rezamos poco. El Adviento es entonces el momento favorable para rezar con más intensidad, para reservar a la vida espiritual el puesto importante que le corresponde. Otro vacío podría ser la falta de caridad hacia el prójimo, sobre todo, hacia las personas más necesitadas de ayuda no solo material, sino también espiritual. Estamos llamados a prestar más atención a las necesidades de los otros, más cercanos. Como Juan Bautista, de este modo podemos abrir caminos de esperanza en el desierto de los corazones áridos de tantas personas. «Y todo monte y cerro sea rebajado» (v. 4), exhorta aún Isaías. Los montes y los cerros que deben ser rebajados son el orgullo, la soberbia, la prepotencia. Donde hay orgullo, donde hay prepotencia, donde hay soberbia no puede entrar el Señor porque ese corazón está lleno de orgullo, de prepotencia, de soberbia. Por esto, debemos rebajar este orgullo. Debemos asumir actitudes de mansedumbre y de humildad, sin gritar, escuchar, hablar con mansedumbre y así preparar la venida de nuestro Salvador, Él que es manso y humilde de corazón (cf. Mateo 11, 29)”.

 

En síntesis, sin dejar de mirar al futuro, de dónde vendrá el Señor, el evangelio nos vuelve al pasado, a Juan el Bautista, el precursor del Mesías, para que nos ayude también a nosotros a preparar su Venida en esta Navidad.

¿Y qué nos dice Juan el Bautista? Nos repite actualizadas las palabras del profeta Isaías: preparen en el desierto un camino al Señor. El camino en el desierto evoca al Éxodo de Israel, al inmenso desierto que tuvieron que atravesar los israelitas en su camino hacia la tierra prometida. También hoy, entre nosotros y el Señor, hay un desierto que atravesar y el único camino para hacerlo es el de la Esperanza. 

El desierto es un lugar donde se sobrevive más que se vive, no es acogedor, no es apto para la vida y da miedo perderse en él. Pero al mismo tiempo es el lugar donde resuena la Palabra del Señor y se aprende a seguirlo; dónde se dejan todas las cosas no necesarias y se aprende a vivir con lo esencial. 

Hacer un camino en el desierto para que venga el Señor en esta Navidad:

Ø  Significa convertirse, dejar el camino equivocado del pecado que nos lleva a la destrucción y volver al camino de la Esperanza que nos lleva hasta la Vida plena. 

Ø  Significa hacer silencio en medio de tanto ruido de voces para concentrarse en la escucha de la Palabra del Señor, única guía verdadera para caminar por el desierto. 

Ø  Significa renunciar a lo superfluo, a lo que poco vale y nos distrae de lo que realmente importa en la vida. 

Ø  Significa dejar de correr detrás de las cosas urgentes para dedicarse a las esenciales.

 

Éste último aspecto de la conversión nos parece para resaltar: se nos invita a revisar nuestro uso del tiempo. Desde esta perspectiva descubrimos que muchas veces hemos descuidado lo importante por lo urgente; que el tiempo se nos consumió en cosas vanas y superfluas, descuidando las esenciales de la vida. Nada tan importante y esencial para la vida humana y cristiana como el buen manejo del tiempo. Al respecto nos advierte E. Bianchi: “El tiempo es el enemigo contra el que se lucha o el fantasma que se persigue; el tiempo se nos escapa, perdemos el tiempo, no tenemos tiempo, estamos devorados por el tiempo, el tiempo se convierte de esta manera en el ídolo al que nos hemos alienado habitual y cotidianamente. Pero para nosotros los cristianos el tiempo es el ámbito en el que se juega nuestra fidelidad al Señor: o sabemos vivir el tiempo, ordenarlo, sintiéndolo como don y compromiso, o somos idólatras del tiempo”[6].

 

El tiempo del creyente se enriquece con la luz de la Esperanza que nos invita a vivir de modo diferente, con serenidad y alegría. Sobre este tema decía H. J. Nouwen[7]: “La paradoja de la espera está precisamente en el hecho de que los que creen en el mañana están en disposición de vivir mejor el hoy; que los que esperan que de la tristeza brote el gozo están en disposición de descubrir los rasgos inaugurales de una vida nueva ya en la vejez; que los que esperan con impaciencia la vuelta del Señor pueden descubrir que él ya está aquí y ahora en medio de ellos (...). Precisamente en la espera confiada y fiel del amado es donde comprendemos cómo ya ha llenado nuestras vidas. Como el amor de una madre por su propio hijo puede crecer mientras espera su regreso, como los que se aman pueden descubrirse cada vez más durante un largo período de ausencia, así nuestra relación interior con Dios puede ser cada vez más honda, más madura mientras esperamos pacientemente su retorno”.

 

 

PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):

 

Voces del desierto

 

Cantos de alabanzas del testigo,

Palabras en la soledad del desierto, en la aridez y la muerte

Llaman al más débil y al más fuerte

 

No son voces de arrullo o de dulzura

Son gritos que despiertan, advierten con premura:

¡Preparen el camino, ya llega!

 

Es preciso caminar hasta el río, oprimidos por la sed

El agua se aquieta en pos de tu querer

Sumérgete, lávate, ven a beber…

 

Aquel que viene, calmará toda sed

Reavivará los latidos de tu corazón

Será la ternura hecha bebé.

 

Y después…

Será el hombre deseado, amado y adorado

Por todos y cada quien.

 

Déjate llevar, al desierto donde hay un nuevo Maná

Su estirpe y realeza no existió jamás

A sus pies te postrarás

 

Con temblor y temor

En el Sagrado Altar, lo esperado se verá:

Velado bajo una forma: Santísima Trinidad. Amén.


[1] En general hay aceptación en datar la acción de este profeta al final del exilio, cerca del año 540 a.C. cuando el imperio babilónico comienza a colapsar habiendo surgido los persas capitaneados por Ciro.

[2] Cf. M. Navarro Puerto, Marcos (Verbo Divino; Estella 2006) 43.45.

[3] Cf. A. Rodríguez Carmona, Evangelio de Marcos (DDB; Sevilla 2006) 21.

[4] Cf. J. Gnilka, El evangelio según San Marcos. Vol I (Sígueme; Salamanca 1992) 54.

[5]  Leer y predicar el evangelio de Marcos (Sal Terrae; Santander 1981) 17.

[6]  A los presbíteros, Salamanca 2005, 15-16.

[7] Forza dalla solitudine, Brescia 1998, 59-62.