12º DOM TC-A

12º. DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO A

25/06/2023

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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO


Primeira Leitura: Jeremias 20, 10-13

Salmo Responsorial 68(69)R- Atendei-me, ó Senhor, pelo vosso imenso amor!

Segunda Leitura: Romanos 5,12-15

Evangelho de Mateus 10,26-33

Naquele tempo Jesus disse: “Não tenhais medo deles. Não há nada de oculto que não venha a ser revelado, e nada de escondido que não venha a ser conhecido. 27 O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados! 28 Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas são incapazes de matar a alma! Pelo contrário, temei Aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno! 29 Não se vendem dois pardais por uma moedinha? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. 30 Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31 Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais. 32 Todo aquele, pois, que se declarar por mim diante dos homens, também eu me declararei por ele diante do meu Pai que está nos céus. 33 Aquele, porém, que me renegar diante dos homens, também eu o renegarei diante de meu Pai que está nos céus.


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA SP


Mt 10,26-33

Nós estamos cheios de medo. O medo não é somente uma vivência passageira; é a nossa condição. Desde criança até o último suspiro, em qualquer condição social estejamos, em qualquer lugar vivamos sempre estamos assombrados pelo medo. A criança tem medo do escuro, dos monstros, do adulto que grita, do desconhecido. O adolescente tem medo de si, do outro sexo, dos outros provocado pela timidez, pelos complexos de inferioridade, pela agressividade. Os adultos não estão livres do medo: têm medo do futuro e da morte. Jesus, uma vez, chegou a explicitar esse medo que os adultos têm do amanhã com perguntas simples: o que comeremos? O que beberemos? Com que nos vestiremos?

Este mundo nos parece muitas vezes como uma realidade hostil e ameaçadora: ele pode nos esmagar facilmente com os cataclismos, com as epidemias e até mesmo com o próprio progresso tecnológico. As máquinas e o robôs que se tornam autoconscientes, fogem do controle e se rebelam contra a humanidade é o mito moderno do medo tão antigo quanto a vida. Creio que o maior medo consiste na angústia pela maldade humano que, como nuvem tóxica que desce sobre todos nós tudo engole e destrói. É o pecado do qual nos fala S. Paulo na segunda leitura, que, a partir da transgressão de Adão, foi se engrossando como uma avalanche que engole tudo e destrói. 

Às vezes encontramos pessoas bondosas que nos animam. Elas nos encorajam e repetem “não tenha medo, coragem”. Elas, no entanto, também tremem. O encorajamento delas é um frágil conforto. Assim que elas se ausentam, voltamos ao velho medo de antes.

Será que não encontraremos quem nos conforte em nosso medo?

Todo o Evangelho de hoje é um bálsamo para as nossas angústias. Ouvimos de Jesus, como um refrão as palavras de Jesus: “Não tenhais medo”. Antes de qualquer raciocínio, hoje deveríamos assimilar e saborear a doçura destas palavras.

“Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas podem matar a alma”. Nada neste mundo pode matar a alma a não ser nós mesmos. 

“Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai.” Se assim “o vosso Pai” trata os pardais, o que vos fará que sois filhos? A revelação da paternidade de Deus e a revelação de uma vida além da morte nos asseguram. Todo medo é redimensionado no momento em que Jesus revela o desígnio do Pai. Isso ninguém pode destruir. Ninguém pode nos arrebatar das mãos de um Pai tão bom quanto poderoso. 

Além disso, não nos esqueçamos que o mundo e pecado já foi vencido por Jesus. O mundo hostil, desfigurado pelo pecado foi vencido pela morte e ressurreição de Jesus.

A raiz maligna de todo medo tem um nome: é a morte do pecado. Jesus a venceu, passando pela morte e esvaziando-a de todo o seu veneno. De agora em diante, unidos a Jesus, ao morrer, a nossa vida não é mais destruída, mas transformada. A morte e a ressurreição de Jesus são agora o penhor e a antecipação de nossa vitória sobre o pecado.

A Bíblia conhece os nossos medos mais profundos, sem deixar de nos abrir para a esperança de estar sempre com Jesus. “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como é que, com ele, não nos daria todas a coisas? Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada? Em tudo isso, porém, somos mais que vencedores, graça àquele que nos amou” (Rm 8,31ss).

Nesta eucaristia recebemos Jesus que se entrega em sacrifício. O Pai nos entregou Jesus e, com Ele, nos entrega tudo. Recebamos nesta eucaristia com fé e humildade o Cristo Jesus para estarmos sempre unidos a Ele. Assim poderemos enfrentar e vencer o medo.


Medo ou confiança: quem determina nossa vida? - Adroaldo Palaoro

12º DTComum - Mt 10,26-33 – Ano A – 25-06-2023


“Não tenhais medo!” (Mt 10,31)


Uma das grandes insistências de Jesus no Evangelho é, sem dúvida, esta: “Não tenhais medo!”

Jesus sempre se revelou um profundo conhecedor da condição humana; percebeu claramente que muitas pessoas eram marcadas por tremendos medos, impedindo-as viver com sentido e plenitude. Ele tinha plena consciência que os maiores medos eram alimentados pela religião, centrada nas leis, nos ritos, nas doutrinas... gerando sentimentos de culpa e angústia diante do futuro. Pior ainda, eram os controladores da religião que manipulavam os medos, tendo o controle sobre as pessoas e impondo a imagem de um Deus que ameaça e castiga. É o chamado “poder de consciência” exercido pelas autoridades religiosas que tem feito e continua fazendo tantos “estragos” nas consciências dos indivíduos.

Diante desta dura realidade, Jesus sempre procurou despertar a esperança nas pessoas, alimentando um clima de confiança no Pai e da busca de vida plena: “Vim para que todos tenham vida e vida em plenitude”.

Medo e confiança são duas emoções fortes presentes no desenvolvimento do ser humano; dependendo de como alimentamos uma ou outra, assim será nossa vida: carregada de medo (atrofia, paralisia existencial...) ou de confiança (criatividade, mobilização dos melhores recursos internos, busca, inspiração...).

O medo é o oposto da confiança. Os neurocientíficos confirmam que ambas as emoções usam as mesmas redes neuronais. Isso quer dizer que, alimentar o medo, consciente ou inconscientemente, significa solapar a possibilidade de confiar.

O medo nos incapacita para a confiança, que é a atitude humana sobre a qual se assenta o dom da fé; o medo seca as fontes da esperança, impedindo-nos viver com prazer e alegria.

Sabemos que o medo é uma emoção importante que nos permite detectar as ameaças e proteger-nos diante delas. Faz parte, portanto, de nosso equipamento biológico.


Seu objetivo primeiro é defender-nos, seja fugindo, seja ativando energias para enfrentar a ameaça.


O problema surge quando a ameaça não é real, mas fabricada e alimentada por nossa mente, como consequência de medos “herdados” através de gerações, de experiências infantis mais ou menos traumáticas ou da ignorância de quem realmente somos.

O medo é um câncer que ameaça à fé, ao amor e à esperança de pessoas e instituições; ele corrói as fibras humanas, asfixia talentos, esvazia a vida e mata a criatividade.

O medo encolhe o ser humano, inibe a decisão e bloqueia os movimentos em direção ao “mais”.

A intensidade do medo pode anular a capacidade de reação das pessoas ou das instituições; ele impede o discernimento e a busca da solução mais inteligente para os problemas; longe de resolvê-los, pode agravá-los a médio e longo prazo.

O medo nos acovarda e nos constrange, nos isola e nos obriga a viver na defensiva, em permanente estado de alerta. O medo é paralisante; o medo nos impede ser nós mesmos; o medo nos acovarda diante daqueles que não pensam como nós; o medo impede afirmar nossa identidade de seguidores(as) de Jesus.

O medo nos mimetiza como alguns insetos que, diante do perigo, mudam de cor para não serem vistos e reconhecidos. O medo pode minar nossas esperanças, esvaziar a capacidade de amar, atrofiar a força de nossas ideias... Enfim, o medo obscurece o sentido e a direção da vida, tira o brilho tão próprio do amor, nos bloqueia e nos enterra na acomodação mesquinha.

O medo não só é explorado por empresas que se dedicam a todo tipo de seguros, mas também pelas religiões, que exploram seus seguidores vendendo-lhes o “paraíso”, depois de ter-lhes infundido um medo irracional ao sagrado. Somos bombardeados constantemente por uma “pastoral do medo”, que continua tendo uma influência nefasta.

Geralmente, os controladores das religiões tentam manipular a “divindade” para colocá-la a serviço de seus interesses egoístas. O medo induzido é o instrumento mais eficaz para dominar os outros. Historicamente, as autoridades religiosas utilizaram sempre desse expediente para conseguir a docilidade de seus súditos. Evangelicamente falando, o medo é sinal de que ainda não entramos na dinâmica do Reino, no caminho de Jesus; o medo nos faz refugiar numa fé alienante, que nãoarrisca nada, que não se compromete com nada, que não vai mais além de nossa autorrealização narcisista, fechados numa prática devocional estéril.

Os medos não costumam apresentar-se de rosto descoberto; mascaram-se, porque são sintomas de debilidade; tornam-se vergonhosos para nós. Eles se disfarçam para se tornaram mais aceitáveis.


Existem muitos medos escondidos por trás das atitudes tirânicas de rigidez, de legalismo, de intransigência ou de intolerância. Recorremos a eles para ocultar-nos e defender-nos contra o novo e o diferente.

O Papa Francisco afirma que por detrás das atitudes intolerantes está o frio hálito do medo.

O medo empurra na direção dos individualismos, dos fanatismos e das soluções que contemplam simplesmente os próprios interesses.

O medo enche de sombras o horizonte, tornando impossível uma decisão clarividente e ordenada. O medo cega, agita a imaginação e precipita juízos e decisões, criando impedimentos sérios para a vivência da fraternidade e para a coragem de compreender a vida como doação de si para o bem dos outros.


Quem é capaz de sentir compaixão, bondade, mansidão..., não se deixa afeta pelo medo e nunca será fanático, nem intolerante, nem intransigente...

Frente a tais medos-fantasmas, criados e alimentados por uma mente temerosa e ignorante, a mensagem das pessoas sábias aparece marcada pela confiança. É o que percebemos em Jesus de Nazaré, quem, de maneira constante, insiste: “Não tenhais medo”! Confiai!

A confiança brota da compreensão, da certeza de que aquilo que somos se encontra sempre a salvo. Nas palavras do próprio Jesus: “podem matar o corpo, mas não podem matar a alma”.

A confiança não surge de um voluntarismo a toda prova, mas da experiência profunda de quem é Deus para nós. Aceitar e acolher nossas limitações e descobrir nossas verdadeiras possibilidades, é o único caminho para chegar à total confiança.


Confiar em Deus é confiar em nosso próprio ser, na vida, naquilo que somos de verdade. Não se trata de confiar em um ser que está fora de nós e que pode nos dar, a partir de fora, aquilo que nós desejamos. Trata-se de descobrir que Deus é o fundamento de nosso próprio ser e que podemos estar tão seguros de nós mesmos como Deus está seguro de si.

Por maior que seja o motivo para temer, sempre será maior o motivo para confiar. Confiar em Deus é acolher nossa realidade, rica e pobre, iluminada pela Sua presença. Confiar em Deus não é esperar sua intervenção a partir de fora para que retifique a criação. É entrar na dinâmica da criação e não a violentar.


É deixar-nos conduzir pela energia da vida que sabe perfeitamente onde tem de nos levar. É deixar que a vida flua pelos canais que nosso Criador nos proporcionou: presença solidária, compaixão, amor, alegria, abertura.


Para meditar na oração:

Redenção e libertação do medo. É preciso olhar para o alto, encher os pulmões, erguer a cabeça, abrir o sorriso, e dar boas-vindas à vida; é ativar a força do destemor e a alegria da coragem.


É este o significado da redenção: a capacidade de ter confiança em Deus e, como consequência, nas pessoas e em toda a criação, para trabalhar em liberdade e viver com alegria.


- No dia a dia, você alimenta mais o medo ou a confiança?


Seguir Jesus sem medo - José Antonio Pagola


A lembrança da execução de Jesus ainda era muito recente. Pelas comunidades cristãs circulavam diversas versões da sua paixão. Todos sabiam que era perigoso seguir alguém que havia terminado tão mal. Recordava-se uma frase de Jesus: “O discípulo não está acima de seu Mestre”. Se a Ele lhe chamaram Belzebu, o que não dirão dos seus seguidores?

Jesus não queria que seus discípulos tivessem falsas ilusões. Ninguém pode pretender realmente segui-lo sem compartilhar de alguma maneira sua sorte. Em algum momento, alguém nos rejeitará, maltratará, insultará ou condenará. O que temos de fazer?

A resposta vem de dentro de Jesus: “Não lhes tenhais medo”. O medo é mau. Nunca deve paralisar os Seus discípulos. Não devem calar-se. Não devem cessar de propagar a Sua mensagem por nenhum motivo.

Jesus explica-lhes como eles devem colocar-se ante a perseguição. Com Ele começou já a revelação da Boa Nova de Deus. Devem confiar. O que ainda está “oculto” e “escondido” a muitos, um dia ficará claro: irá conhecer-se o mistério de Deus, seu amor ao ser humano e seu projeto de uma vida mais feliz para todos.

Os seguidores de Jesus estão chamados a fazer parte desde já no processo de revelação: “O que Eu vos digo à noite, dizei em plena luz do dia”. O que lhes explica ao anoitecer, antes de se retirar para descansar, têm de comunicar sem medo “em pleno dia”. “O que Eu vos digo ao ouvido, proclamai dos telhados”. O que lhes sussurra ao ouvido para que penetre bem no seu coração, têm de torná-lo público.

Jesus insiste que não tenham medo. “Quem fica do meu lado”, nada tem que temer. O último julgamento será para Ele uma surpresa alegre. O juiz será o “Meu Pai do céu”, aquele que os ama infinitamente. O defensor serei Eu mesmo: “que me colocarei do vosso lado”. Quem pode infundir-nos mais esperança no meio das provações?

Jesus imaginava seus seguidores como um grupo de crentes que sabem “colocar-se do seu lado” sem medo. Por que somos tão pouco livres para abrir novos caminhos mais fiéis a Jesus? Por que não nos atrevemos a apresentar de forma simples, clara e concreta o essencial do evangelho?



O que está oculto será conhecido - Ana Maria Casarotti


A leitura do evangelho de hoje situa-se no contexto do diálogo de Jesus com seus discípulos e discípulas. Continua oferecendo-lhes as recomendações sobre a missão que levarão adiante e suas consequências. Lembremos que, segundo a tradição, os destinatários do evangelho de Mateus são os cristãos/ãs de origem judaica. Ao longo de seu escrito, o evangelista mostra de diferentes formas o ambiente de claro confronto com as autoridades judaicas.

No momento em que foi escrito o evangelho de Mateus, os cristãos sofriam a hostilidade e opressão do Império Romano com uma grande mostra da força militar. Lembremos também da existência de grupos rebeldes dispostos a eliminar o que não estivesse de acordo com eles. Uma grande hostilidade se acrescentava no dia a dia e por isso a perseguição até a morte aparecia no horizonte próximo das comunidades cristãs.

No domingo passado refletimos sobre a origem do chamado de Jesus aos discípulos quando vê as multidões que estavam abatidas como ovelhas que não têm pastor. Assim Jesus os faz partícipes da sua missão e recomenda-lhes estendê-la por todo o mundo, levando a Boa Notícia do Reino para todo o mundo. A comunidade cristã vive e cresce no meio de diferentes tensões, buscando levar adiante a proposta de Jesus que obviamente entrava em confronto com as autoridades religiosas, com os interesses do império e dos grupos rebeldes.

“Não tenham medo”. Jesus traz conforto a sua comunidade. Haverá perseguições, dificuldades, incompreensões que podem gerar um medo que os paralise ou os faça desistir da sua missão, mas Jesus garante sua presença que os consola e apoia.

A pandemia que perpassa o mundo, nos diferentes países e situações sociais e culturais, gera medo porque, como disse o historiador Francisco Martinez Hoyos: “Apesar da modernidade do nosso mundo hiperconectado, a humanidade continua sendo muito, muito frágil. E medos nos assombram como sempre”. É o medo do contágio do covid, o vírus diante do qual a ciência procura reagir com prontidão, mas não pode impedir sua propagação e seu contágio nem suas consequências. E isto pode gerar o vírus do medo.

“Não há nada de escondido que não venha a ser revelado”. Jesus nos consola com suas palavras. Tudo será manifesto, nada ficará escondido. Ele chama-nos a não ter medo porque tudo aquilo que hoje se realiza na escuridão será conhecido.

Quantas pessoas hoje que, perpassando a dor e o medo do contágio, continuam fazendo o bem, contribuindo com os mais abandonados, levando comida aos mais desprotegidos, entregando-lhes solidariamente água e outros instrumentos para impedir seu contágio?

Pessoas que possivelmente atuem caladamente porque sua atitude pode ser rejeitada pelas suas amizades, ou ainda pela sua família. Atitudes que permanecem no segredo porque a sociedade não as aceita, porque têm medo. Por isso, a comunidade dos amigos e amigas de Jesus não pode ficar calada. Como Maria, tem a missão de ser servidora da Palavra de Deus, o que a faz ser neste mundo voz profética, libertadora e terna.

"Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais”. Jesus convida-nos a agir sem medo, a viver com liberdade, porque nossa vida e a vida de toda pessoa humana é muito mais valiosa que tudo aquilo que possa atingir sua liberdade. Cada um e cada uma recebe do Pai seu olhar e seu amor misericordioso que não tem limites. Esse amor de Deus Pai e Mãe é nossa força para levar adiante sua missão neste momento que nos toca viver.

Encorajados/as por este cuidado amoroso que Deus tem por nós, e pelo testemunho de tantos homens e mulheres que na nossa América Latina souberam ser fiéis ao projeto de Deus, sofrendo a perseguição e até a morte, continuemos nossa “carreira” na construção de um mundo de acordo com o sonho de Deus Pai-Mãe.

Meditemos uma vez mais a mensagem do papa Francisco no domingo de Ramos: “Hoje, no drama da pandemia, diante de tantas certezas que desmoronaram, diante de tantas expectativas traídas, no senso de abandono que nos aperta o coração, Jesus diz a cada um: ‘Coragem, abra o seu coração ao meu amor. Você sentirá a consolação de Deus que o sustenta’. O drama que estamos atravessando neste tempo nos impulsiona a levar a sério aquilo que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouca importância; a redescobrir que a vida não serve se não se serve. Porque a vida é medida pelo amor”. (Mensagem do papa no Domingo de Ramos: “Não tenham medo. Vocês não estão sozinhos”-2020) 

Jesus nos convida uma vez mais a escutar novamente suas palavras e não deixar que o medo condicione nosso agir, mas, pelo contrário, colocar nossa confiança nele que está no meio de nós!

Como remarcou Francisco: “Sintam-se chamados a colocar as suas vidas em jogo. Não tenham medo de gastá-la por Deus e pelos outros”.


Oração

Que importa, que ao chegar

eu nem pareça pássaro!

Que importa se ao chegar

venha me rebentando

caindo aos pedaços,

sem aprumo

e sem beleza!...

Fundamental

é cumprir a missão

e cumpri-la

até o fim!...

Dom Helder Camara


A espiritualidade do testemunho - Thomas Mc Grath (Tomé)

Mateus 10,26-33 - 


O evangelho deste domingo está dentro do discurso de Jesus sobre a missão da comunidade cristã (Mt 10,1- 42). Portanto, são palavras dirigidas aos discípulos e às discípulas, de ontem e de hoje, que assumiram o apostolado, que acolheram o chamado e o envio em missão. 

O rumo da missão (Mt 10,1-25)

Após a escolha e o envio os seus discípulos e discípulas (Mt 10,1-4), Jesus, em seguida dá rumo à missão da comunidade (Mt 10,5-15). Missão essa que é para dar prosseguimento à prática de Jesus em favor das pessoas doentes, leprosas, possessas, enfim as pessoas excluídas. Os enviados devem anunciar o Reino sem se preocupar com resultados imediatos. Deus tem sua própria lógica.

O anúncio não vai acontecer sem conflitos. As pessoas vão como ovelhas em meio a lobos. Na bíblia a palavra “lobo” se refere as autoridades dentro do povo de Deus. Isto é, dificuldades com as autoridades religiosas dentro do judaísmo. 

O evangelho de Mateus foi escrito 50 anos após a morte e ressurreição de Jesus, e as comunidades estavam sendo perseguidas e enfrentando julgamentos civis (tribunais) e religiosos (sinagogas). As palavras de Jesus querem confortar estas pessoas, dizendo que a perseguição apenas indicava a fidelidade delas aos ensinamentos do Mestre. Quem escreveu o Evangelho de Mateus aconselha as comunidades a não terem medo! Esta é a chave para a leitura do evangelho para este domingo!

Não tenham medo (vv. 26-33)

A frase não tenham medo! aparece três vezes (vv. 26.28.31) neste trecho. Quer dizer o grande problema nas comunidades era justamente o medo. Medo de ser preso, torturado, expulso das sinagogas, ou entrar em conflito com os próprios familiares, por causa do seu modo de pensar e viver. O perigo agora é eles/elas fugirem de seus compromissos batismais, negando a opção feita por Jesus e pelo Reino, fugindo da missão.

Ora, a vinda do Espírito Santo sobre a comunidade no dia de Pentecostes, foi para superar este medo e a se expor transmitindo a novidade do Reino. Receber o Espírito e sentir medo, ou vergonha de Jesus, é uma contradição na vida de uma pessoa batizada. A presença do Espírito nos leva a trabalhar nossos medos e buscar coragem para viver os princípios do Evangelho de Jesus - a proposta de Jesus, e os valores do Reino de Deus. 

Esta vivencia corajoso é que identifica a profunda união entre Mestre e discípulo ou discípula. Este ato de testemunhar corajosamente se chama martiria. O que Jesus nos pede neste domingo é coerência com o Espírito recebido em Pentecostes. Somos todos e todas chamados a testemunhar nossa fé, mesmo diante dos ambientes mais desencorajadores. Nosso batismo nos pede a martiria, a força e a coragem de testemunhar a novidade que vem de Deus.

Podemos, e devemos lembrar este domingo, todas as pessoas das comunidades cristãs que sofrem por testemunharem corajosamente o Evangelho de Jesus. Na Igreja primitiva existia uma questão básica: confessar Cristo como Senhor podia significar correr risco de vida. Os cristãos tinham que se imbuir do espírito de morrer por Cristo. Deviam permanecer firmes na declaração de sua fé nele mesmo quando jogados em prisões e colocados diante de tribunais. Aqui e agora em nosso país, professar a fé não cria problemas para ninguém - temos total liberdade de religião e de culto. Mas viver os valores da nossa fé pode. 

A timidez no testemunho da fé é o problema maior dos cristãos hoje. E por isso a nossa missão não deslancha em nossas comunidades. Parece que temos medo de nos expor, de defender nosso ponto de vista a partir do evangelho. Anunciar e defender valores tão preciosos para Jesus, e que lhe custou a vida, denunciar comportamentos e valores que matam a vida do excluído, como Jesus fez, é mais perigoso do que recitar o credo. Brigar para que o faminto tenha acesso ao “pão de cada dia” exige mais de nós do que recitar as palavras do Pai Nosso. 

Onde está nosso testemunho em favor dos povos indígenas do nosso brasil? Onde está nosso testemunho em favor dos empobrecidos? Onde está nosso testemunho em favor da dignidade dos moradores de rua? Onde está nosso testemunho em defesa da natureza, e contra o desmatamento da Amazônia e a destruição dos biomas? Onde está nosso testemunho em favor da paz e contra a guerra? 

Onde está a voz das comunidades quando os países se organizam em busca de um submarino com cinco pessoas ricas a bordo desaparece no mar (e com toda razão!), mas não se manifestam quando mais de quinhentos refugiados – homens, mulheres e crianças – se afundam no oceano?

Viver corajosamente a nossa identificação profunda com a causa do Reino e os valores do Mestre vai muito além de palavras. Este ato de testemunhar com a vida se chama martiria. O que Jesus nos pede é coerência com o Espírito recebido no batismo. 


TEXTO EM ESPANHOL - DOM DAMIÁN NANNINI, ARGENTINA


DUODÉCIMO DOMINGO DURANTE EL AÑO CICLO "A"


Primera lectura (Jer 20,10-13)


En la profecía de Jeremías encontramos una serie de textos llamados "confesiones" porque están en primera persona y en ellos el profeta manifiesta al Señor su intimidad, su estado anímico. En las mismas hay un tono de queja fruto de una crisis de Jeremías al ver que Dios parece no ser fiel a su palabra de apoyar al profeta, que sus enemigos aparentemente llevan la razón y que la palabra de desgracia anunciada por el profeta no se cumple. De ninguno de los demás profetas de Israel se han conservado textos parecidos. El texto de hoy forma parte de la quinta confesión (cf. Jer 20,7-18) que podría haberla pronunciado Jeremías cuando se hundía en el barro del fondo del pozo (cf. Jer 38,1-13) y tiene la impresión de que sus adversarios, que están constantemente al acecho para provocar su caída, lo han vencido. Ahora bien, en el mismo capítulo 38 también se narra cómo Jeremías sale victorioso de la fosa; y aquí sonarían muy bien los versos 20, 11-13 donde Jeremías confiesa que el Señor se ha puesto de su lado, por lo que tiene asegurada la victoria sobre sus enemigos. Le sigue una oración pidiendo justicia a Dios, único juez que ve el interior del hombre; justicia que incluye el castigo de sus adversarios. Termina con una invitación a la alabanza a Dios que libera a los pobres de la mano de los malvados.


Segunda lectura (Rom 5,12-15)


En esta sección (Rom 5,12-21) san Pablo busca fundamentar con la Escritura el alcance universal - parar todos los hombres - de la reconciliación obrada por Dios. Para ello recurre a un paralelo entre Adán y Cristo que es muy importante pues nos muestra que la reconciliación llegó al origen de la división - el pecado del primer hombre - y nos devuelve la condición perdida.

San Pablo presenta al “pecado” personalizado; como un poder negativo que ha entrado en el mundo a causa de la desobediencia de Adán y debilita radicalmente a todos sus hijos, especialmente a los que imitan su desobediencia. La teología cristiana lo llama “pecado original”. 

En contraposición, la obra de Cristo, el nuevo Adán, es paralela a la del primer Adán, pero superior. Como notaba Benedicto XVI en su catequesis del 4 de diciembre de 2008: “La repetición del "cuanto más" respecto a Cristo subraya cómo el don recibido en Él sobrepasa totalmente al pecado de Adán y a las consecuencias de éste en la humanidad, tanto que Pablo puede llegar a la conclusión: "Pero donde abundó el pecado sobreabundó la gracia" (Rm 5,20). Por tanto, la confrontación que Pablo traza entre Adán y Cristo ilumina la inferioridad del primer hombre respecto a la superioridad del segundo”.


Evangelio (Mt 10,26-33)


Este domingo leemos una parte del "sermón o discurso apostólico" de Jesús (cf. Mt 9,36-11,1) donde Jesús les da instrucciones a los apóstoles al enviarlos. En los versículos anteriores al texto de hoy Jesús les anunció claramente a sus apóstoles que sufrirán persecuciones de parte de los hombres; más aún, que serán perseguidos por los miembros de su propia familia (cf. Mt 10,17-23). Y termina esta sección diciéndoles que si al maestro y señor lo han perseguido y tratado de Belzebul (príncipe de los demonios), los discípulos y servidores no pueden esperar un trato diferente (cf. Mt 10, 24-25).

Ante estas predicciones es lógico que el miedo se apodere del corazón de los apóstoles. Por eso Jesús comienza esta nueva sección de su discurso apostólico invitándolos a "no tener miedo". Por lo que sigue nos damos cuenta de que se trata de no tener miedo de predicar abiertamente. El mensaje que tienen que llevar los apóstoles – el Reino de Dios está cerca – está dirigido a todos, es algo público, no puede ocultarse ni mantenerse en secreto. 

Se trata del miedo a los hombres, a ser rechazado y perseguido por ellos. Este miedo puede bloquear el espíritu misionero confinando el evangelio al silencio.

Por tanto, en esta sección Jesús busca que se supere el miedo en momentos de persecución. La comunidad de Mateo era consciente de ser perseguida y contaba con la posibilidad del martirio; y es interpelada a seguir cumpliendo el mandato misionero en estas circunstancias desfavorables.

Luego Jesús les pide una reorientación del miedo. Del miedo a los hombres, a los que pueden matar el cuerpo pero no el alma, hay que pasar al temor de Dios. En efecto, es Dios quien puede aniquilar cuerpo y alma en el infierno. La gehenna (γέεννα) se entiende aquí como lugar de castigo definitivo de los malos, donde serán totalmente aniquilados . Se trata, por tanto, de una invitación al temor de Dios, el único Juez verdadero. 

Este temor o respeto reverencial a Dios debe conducir al discípulo a una viva confianza en el Padre Providente. Para invitarnos a esta confianza Jesús recurre a la comparación con el cuidado de Dios sobre “los gorriones” al igual que en Mt 6,26 refiere a las “aves del cielo”, dejando en claro cuanto más cuidará el Padre Providente a los hombres . Por eso pasa enseguida al ejemplo de los cabellos de la cabeza que están contados. En Lc 12,7 se dice explícitamente: “Ustedes tienen contados todos sus cabellos: no teman, porque valen más que muchos pájaros”. En conclusión, es la confianza en el Padre Providente que vela por sus hijos lo que permite vencer o superar el temor.

El verbo temer (φοβέομαι) aparece cuatro veces en este texto (tres en negativo: no teman en 10,26.28.31; y uno en positivo: teman en 10,28); lo cual indica que es un tema central del mismo. Es clara la contraposición entre el miedo a los hombres, a los que pueden matar el cuerpo; y el temor o respeto a Dios, el único que tiene poder para destruir cuerpo y alma. Notemos que en griego el mismo verbo “temer” (φοβέομαι) puede referirse tanto al miedo a los hombres como al temor reverencial o respeto a Dios (cf. Lc 1,50; 18,2-4; He 10,2. 22. 35; 13,16. 26; Col 3,22; 1 Pt 2,17; Ap 11,18; 14,7; 19,5).

Esta parte del discurso se cierra con una referencia al juicio final ante Dios, donde Jesús afirma la repercusión ante el juicio divino de nuestra actitud en esta vida: si lo confesamos o reconocemos (ὁμολογέω) ante los hombres, él nos reconocerá ante el Padre; si lo negamos (ἀρνέομαι) él nos negará ante el Padre.

En síntesis, "El texto deja claro que la idea del temor a Dios lleva emparejada teológicamente la soberanía de Dios […] Visto desde el poder de Dios, el poder del hombre se limita al cuerpo visible y no alcanza toda la realidad del hombre: su "alma". Pero la idea del poder de Dios cobra de inmediato su dimensión profunda: el Dios poderoso es "vuestro Padre", que se preocupa hasta de los gorriones" .



Algunas reflexiones:


El miedo es algo natural en nosotros, es nuestro compañero de camino, es una manifestación de nuestro instinto de conservación. Su función es ayudarnos a ser prudentes, a no ser temerarios. En este sentido, como sugieren los psicólogos, hay que aprender a convivir con nuestros miedos. El problema es cuando el miedo nos bloquea, nos impide obrar lo que es correcto o decir cosas y realizar acciones por las que vale la pena “arriesgar la vida”. Peor aún cuando se vuelve pánico, cuando adquiere tal fuerza que traba la voluntad y nos impide tener una vida plena.

Los diferentes miedos o temores pueden reducirse fundamentalmente al miedo a la muerte o a estar sólo. Por muerte entendemos aquí toda situación frustrante, toda pérdida de vínculos. 

En el evangelio de hoy Jesús invita a superar el miedo al rechazo, a la persecución, a la marginación que puede frenar la misión del apóstol. En los tiempos del evangelista Mateo y en los primeros siglos de la era cristiana la amenaza de muerte por confesar la fe era una realidad. Todavía lo es en varias partes del planeta. Sí, existen hoy los mártires cristianos; los que están dispuestos a perder su vida antes que renegar de su fe.

Tal vez no sea tan crítica nuestra situación particular; pero es cierto que el proclamarse cristiano y el proclamar a Cristo sigue atrayendo sobre el discípulo algún tipo de persecución. Y esta amenaza real puede entibiar, sino frenar, nuestro impulso evangelizador.

Jesús nos propone hoy el camino para vencer, para superar este miedo al qué dirán, el respeto humano que nos lleva a callar nuestra fe en ciertos ambientes hostiles. Se trata simplemente del santo temor de Dios y de la confianza en el Padre Providente. 

El discípulo de Cristo es invitado a ponerse en la Presencia de Dios para re-direccionar hacia Él nuestros miedos, que se transforman entonces en el santo temor de Dios, que no es otra cosa que reconocer su Soberanía y Señorío sobre la vida de los hombres. Esta confesión del poder de Dios, de su señorío sobre nosotros, nos librará del señorío de la opinión ajena. Darle valor absoluto al juicio de Dios sobre nuestra vida nos ayudará a relativizar el juicio de los hombres. Entonces seremos libres para anunciar el Evangelio más allá de las consecuencias negativas que nos puedan sobrevenir. Al respecto decía el Papa Benedicto XVI en su homilía de Corpus del 2008: "Adorar al Dios de Jesucristo, que se hizo pan partido por amor, es el remedio más válido y radical contra las idolatrías de ayer y hoy. Arrodillarse ante la Eucaristía es una profesión de libertad: quien se inclina ante Jesús no puede y no debe postrarse ante ningún poder terreno, por más fuerte que sea. Nosotros, los cristianos, sólo nos arrodillamos ante el santísimo Sacramento, porque en él sabemos y creemos que está presente el único Dios verdadero, que ha creado el mundo y lo ha amado hasta el punto de entregar a su unigénito Hijo (Cf. Juan 3, 16)".


Pero no es suficiente el temor de Dios; la atención a su juicio. Hay que dar el paso siguiente hacia la confianza y el abandono en las manos providentes del Padre. La certeza del amor personal del Padre sobre nosotros es lo que despierta la confianza. Y esta confianza es la que supera todo temor. La confianza en el Dios de la vida nos libra del miedo radical, del miedo a la muerte. De este miedo esclavizante nos ha librado Cristo al asumir nuestra condición mortal y al vencer a la muerte con su Resurrección (cf. Heb 2,14.15). Igualmente, la promesa de la presencia permanente del Señor con sus discípulos (cf. Mt 28,20) nos libera del miedo a quedar solos y abandonados.

Los mártires eran hombres frágiles y temerosos como lo somos todos. Pero Dios les infundió su amor, un amor eterno, que los hizo fuertes hasta dar la vida por Cristo. Los mártires amaban la vida como la amamos todos; pero llegaron a amar a Dios más que a su propia vida. Por eso aceptaron la muerte como suprema confesión de su Fe.

Es conmovedor el testamento del P. Christian de Chergé, prior de un Monasterio en Argelia, donde fue asesinado junto con otros seis monjes en 1996 (y que inspiró la película francesa “De dioses y de hombres”). Citemos sólo un fragmento: 


"Si un día me aconteciera –y podría ser hoy– ser víctima del terrorismo que actualmente parece querer alcanzar a todos los extranjeros que viven en Argelia, quisiera que mi comunidad, mi Iglesia y mi familia recordaran que mi vida ha sido donada a Dios y a este país; que aceptaran que el único Señor de todas las vidas no podría permanecer ajeno a esta muerte brutal; que rezaran por mí: ¿cómo ser digno de semejante ofrenda?; que supieran asociar esta muerte a muchas otras, igualmente violentas, abandonadas a la indiferencia y el anonimato. Mi vida no vale más que otra. Tampoco vale menos […]. De esta vida perdida, totalmente mía y totalmente de ellos, doy gracias a Dios, porque parece haberla querido por entero para esta alegría, por encima de todo y a pesar de todo. En este gracias, en el que ya está dicho todo de mi vida, os incluyo a vosotros, por supuesto, amigos de ayer y de hoy, y a vosotros, amigos de aquí, junto con mi madre y mi padre, mis hermanas y mis hermanos, y a ellos, ¡céntuplo regalado como había sido prometido! Y a ti también, amigo del último instante, que no sabrás lo que estés haciendo; sí, porque también por ti quiero decir este gracias, y este a-Dios, en cuyo rostro te contemplo. Y que nos sea dado volvernos a encontrar, ladrones colmados de gozo, en el Paraíso, si así le place a Dios, Padre nuestro, Padre de ambos. Amén. Inchalá". 


Aunque el evangelio hoy no hable de esto, bien podemos decir que también hay miedo del lado del oyente, del que recibe el anuncio del evangelio. Es el miedo a Dios, el mismo que muchas veces está en la raíz del rechazo agresivo al Evangelio y a la Iglesia. Esté temor habita en nosotros como consecuencia del pecado original y nos lleva a escondernos de Dios (cf. Gn 3, 9-10). 

Concluyamos con un diálogo de Francisco con una joven flamenca del 31/3/2014:


(Joven): Yo tengo algunos miedos. ¿Usted de qué tiene miedo?

(Papa Francisco): «¡De mí mismo! Miedo… Mira, en el Evangelio Jesús repite tanto: «No tengáis miedo. No tengáis miedo». Lo dice muchas veces. ¿Y por qué? Porque sabe que el miedo es algo —diría— normal. Tenemos miedo de la vida, tenemos miedo frente a los desafíos, tenemos miedo ante Dios… Todos tenemos miedo, todos. Tú no debes preocuparte de tener miedo. Debes sentir esto, pero no tengas miedo, y además piensa: «¿Por qué tengo miedo?». Y ante Dios y ante ti misma, trata de aclarar la situación o pedir ayuda a otro. El miedo no es buen consejero, porque te aconseja mal. Te impulsa hacia un camino que no es el correcto. Por eso Jesús repetía tanto: «No tengáis miedo. No tengáis miedo». Además, debemos conocernos a nosotros mismos, todos: cada uno debe conocerse a sí mismo y buscar donde está la zona en la que podemos equivocarnos más, y tener un poco de miedo de esa zona. Porque está el miedo malo y el miedo bueno. El miedo bueno es como la prudencia. Es una actitud prudente: «Mira, tú eres débil en esto, esto y esto, sé prudente y no caigas». El miedo malo es el que tú dices que te anula un poco, te aniquila. Te aniquila, no te deja hacer nada: este es malo, y es necesario rechazarlo».

(Joven): «Hago esta pregunta, porque quiero tener la fuerza también de testimoniar…».

(Papa Francisco): «Claro, ahora entiendo la raíz de la pregunta. Testimoniar con sencillez. Porque si vas con tu fe como una bandera, como en las Cruzadas, y vas a hacer proselitismo, no funciona. El mejor camino es el testimonio, pero humilde: «Soy así», con humildad, sin triunfalismo.” Este es otro pecado de nuestro tiempo, otra actitud mala, el triunfalismo. Jesús no fue triunfalista, y también la historia nos enseña a no ser triunfalistas, porque los grandes triunfalistas fueron derrotados. El testimonio: este es una clave, este interpela. Lo doy con humildad, sin hacer proselitismo. Lo ofrezco. Es así. Y esto no da miedo. No vas a las Cruzadas».



PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):


Secreto


Padre mío,

Espérame mañana en el lugar de siempre

Un secreto divino lo envuelve, no puedo definirlo

Es familiar, cariñoso, tierno


Me siento seguro allí, tiene sabor eterno

Traigo todo lo mío y te lo dejo

Se derrama la unción en el barro seco

Y lento se ablanda para dejarte hacer


Sabes de mí, aunque escuchas mis ruegos

Viste mis manos y cuanto di, 

También las dudas, los vacíos y los miedos

¡Dulce, tan dulce Alfarero!


Tu Amor intenso y constante 

Acompaña silencioso cada momento

Y calma mi ansiedad, 

Porque soy un niño por dentro


Alabo tu Gloria y me convierto

Salgo renovado a mis afanes

Espero volver a tu encuentro

Tu carga es liviana y tu yugo suave.


¡Te necesito Padre mío, gracias!

Envíame pronto tu Aliento

Eres mi recompensa y la alcanzo pleno

Soy tu hijo y Cristo mi modelo.


Amén.