30º DOM TC-A

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM -  ano A

29/10/2023

(Último domingo do mês missionário). 

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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO

1ª Leitura: Êxodo 22,20-26 

Salmo Responsorial 17(18)R- Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação.  

2ª Leitura: 1 Tessalonicenses 1,5c-10 

Evangelho Mateus 22,34-40

Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então se reuniram, 35    e um deles, um doutor da Lei, perguntou-lhe, para experimentá-lo: 36    “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37Ele respondeu: “‘Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento!’ 38  Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39        Ora, o segundo lhe é semelhante: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’. 40    Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos”.


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA SP


Mt 22,34-40

Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Quatro perguntas e quatro respostas mostram a crescente tensão com as autoridades judaicas (os fariseus, os herodianos e os saduceus). Três vezes Jesus é interrogado, a quarta é Ele que faz a pergunta e os deixa sem resposta. As perguntas e os interlocutores vão mudando: a primeira sobre o tributo a César (discípulos dos fariseus e herodianos), sobre a ressurreição (saduceus), sobre o preceito máximo (um fariseu com título de doutor), sobre o filho de Davi. Podemos classificar aproximadamente: a primeira é política, a segunda, teológica, a terceira, ética, e a quarta, messiânica.

Jesus ia vencendo os adversários que contra Ele se atiravam. Os fariseus ficaram tão impressionados que sentiram que o caso exigia outra reunião para traçar planos e mudar a estratégia. Por isso resolvem atacar a teologia com o objetivo de desacreditar Jesus.

Há uma maldade deliberada contra Jesus. A pergunta não é feita com a intenção de ser discípulo. Tratava-se de uma tentativa maliciosa de lançar Jesus no descrédito.

Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Uma das principais disputas entre as várias facções rivais das escolas religiosas girava em torno da prioridade dos mandamentos. O doutor da lei certamente se orgulhava de seu conhecimento sobre essas questões e esperava deixar Jesus perplexo. Imaginava que Jesus era menos preparado do que ele por não ter frequentado suas escolas teológicas. 

Os fariseus enumeravam 248 (duzentos e quarenta e oito) preceitos afirmativos (tanto quantos os membros do corpo humano) e 365 (trezentos e sessenta e cinco preceitos negativos), tanto quanto os dias do ano; o que dá o total de 613 (seiscentos e treze preceitos), número das letras do decálogo, no original hebraico.

Jesus poderia ter teoricamente indicado diversas coisas como o mandamento mais importante: o dízimo, as cerimônias, a observância do sábado, a oração, etc. 

Dentre os 613 mandamentos, Jesus escolhe. A escolha não é aleatória, nem arbitrária. Ela é a escolha de Jesus sempre, em todas as ocasiões, em todas as ações, em todas as suas vontades, em toda a sua vida! A resposta de Jesus não se refere somente ao mandamento mais importante, mas busca o princípio que unifica a vida de Jesus e sua missão.

Tal como os marinheiros encontram sua posição pelo firmamento e descobrem o lugar em que estão, tal como os aparelhos de GPS indicam a posição e a direção de uma viagem, esse primeiro mandamento nos revela quem somos, qual é nossa vocação e destino. Como não somos (nem deveríamos ser) guiados pelas luzes de outros navios, assim nossa existência não é guiada pelos outros. Caminhamos com os irmãos, mas não para eles. Sem orientação nossa vida se torna um caos e nos perdemos em meio ao ativismo.

“Amarás o Senhor teu Deus” indica que somos criaturas, que nossa natureza é a de ser criaturas em relação de dependência ao Criador. É a linha vertical da nossa vida. Sobre ela repousa o sentido de nossa existência. 

Mais. “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4,19). Ser criatura de Deus não significa somente dependência, submissão e impotência; é também nossa dignidade, grandeza e vocação: refletir o amor que Deus é. Deus é amor e somos criados à sua imagem e semelhança.

Para amar Deus é necessário o amor elevado ao seu mais alto grau, com tudo que há em nós e somos: coração, alma, entendimento: “Amar Deus” é o maior mandamento não somente no sentido de uma prioridade em relação aos outros mandamentos. É o maior no sentido que de que dá valor a toda obediência. A vida assume significado porque Deus existe e é o destino de nossa existência e peregrinação desta vida. Se removermos Deus, perdemos nossa estrela guia e o sentido de tudo.

O segundo é semelhante a esse. Jesus ensina que são incompatíveis a devoção a Deus e o abuso contra nossos irmãos. O amor é a base de todas as nossas ações humanas razoáveis e dignas. O amor a Deus requer amor ao próximo.

Amar o próximo significa tratá-lo como fim e não como meio. Significa que deve ser respeitado por aquilo que é, devido ao valor de sua própria individualidade e pessoa, e não por causa do proveito e do benefício que podemos extrair de nossa amizade com ele.

Como a ti mesmo. Cuidar de nós mesmos é algo muito intenso e “espontâneo”. Damos atenção à nossa alimentação, à nossa educação, queremos ocupar uma boa posição na sociedade, que sejam respeitos os nossos direitos, evitamos os acidentes e as doenças. Até mesmo coisas ínfimas (o perfume, as roupas que usamos, os objetos que compramos, o carro que dirigimos), quando estão relacionadas à nossa pessoa, se tornam coisas importantes para nós.

Jesus nos ensinou que esse amor natural por nós deve ser transferido para os outros. Jamais seremos transformados segundo a imagem de Cristo, enquanto não aprendermos a amar os outros com a mesma intensidade, prontidão e espontaneidade com que amamos a nós mesmos.

Jesus nos ensinou a manter esses dois amores unidos: o amor a Deus é primeiro na ordem do preceito, o amor ao próximo é o primeiro na ordem prática. 



Amor em tempos de ódio e intolerância - Pe Adroaldo Palaoro

“Amarás o Senhor teu Deus... Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37-39)


Vivemos tempos de profundas rupturas desumanizadoras no campo social, político, racial e sobretudo religioso; são tempos de ira e de ódio, frutos do fundamentalismo e da intolerância que envenenam as relações interpessoais, se visibilizam na internet e nas redes sociais, se alimentam de sentimentos putrefatos que brotam de corações rígidos e mentes doentias. As mentiras e as fake-news são servidas em pratos indigestos, através de coações, insultos e ameaças. Há excessivas palavras que afogam, companhas sórdidas, comentários maldosos, notícias sem fundamento e que destroem reputações...

Quando, carregado de ódio, alguém desqualifica o outro em nome de uma “pretensa verdade”, na realidade o que está fazendo é inocular em pequena escala o mesmo vírus que, em grande escala, desencadeia guerras e terror.

Este cenário macabro parece dominar tudo. O amor está sendo banido das esferas públicas, dos ambientes familiares, dos espaços religiosos, das relações sociais.

Sabemos que, onde não há amor, impera o fundamentalismo, o moralismo, o negacionismo, o fanatismo... Onde não há amor, a verdade se corrompe. Onde o amor é exilado ali transparece a podridão da desumanização. E o mais escandaloso: tal ambiente fétido é alimentado por “cristãos vestidos em pele de lobo” que, hipocritamente, mostram uma “cara lavada”, mas o “interior está cheio de roubos e maldades” (Lc 11,39).

Mas, como seguidores(as) d’Aquele que também foi vítima de estruturas políticas e religiosas injustas, somos movidos a renovar a esperança de que, apesar de tudo, o amor é mais forte que o ódio e a morte.

Infelizmente, a palavra “amor” se banalizou tanto que muitos a usam para justificam a violência. É preciso resgatar a sacralidade do amor. Não dispomos de um nome melhor para imaginar a Realidade Última, Deus, senão dizendo que ela é amor.

Segundo S. João, “Deus é amor”. Esta afirmação perpassa, carregada de mistério e de promessa, toda nossa história; nela se toca o coração mesmo do cristianismo. É

expressão nuclear, irradiante. Ela sozinha já seria capaz de manter a esperança no mundo. Captar sua profundidade significa apalpar seu mistério, encontrar a chave do sentido, entrar no seu fluxo e chegar à fonte da vida.

É dessa fonte que a força do amor brota das entranhas d’Aquele que é Puro Amor, que atravessa todas as etapas da evolução da criação e une todos os seres, dando-lhes afeto profundo e beleza. Trata-se de um “amor cósmico” que perpassa tudo por pura gratuidade. O místico Angelus Silesius afirma: “A rosa não tem um porquê. Floresce por florescer. Não se preocupa se a admiram ou não. Ela floresce por florescer”. Assim é o amor: não tem “porquês”, “sem-razões”. Ama porque ama. O amor floresce em nós como fruto de uma relação livre entre seres livres e com todos os demais seres.

A liturgia deste domingo está dedicada ao tema do amor, à experiência do amor, a descobrir em nós esse fogo que nos circula, de mil formas, em mil direções, de dentro para fora, de fora para dentro.

Que é o amor? O melhor é não o definir, mas vivê-lo. Sentir-se amado, amar, é uma experiência inefável. Estão aí os poetas, os músicos, os artistas para confirmar isso.

Jesus condensou (“compactou”) a Lei inteira e os profetas em dois mandamentos: “ama a Deus e ama a teu próximo”. Neles estão contidos todos os documentos, leis, discursos, programas, mensagens e declarações que foram sendo criados ao longo da história da vida cristã.

A Lei, que em princípio serviu para orientar o caminho do povo de Israel, contaminou-se e se viu reduzida a um fardo de prescrições que se impunham aos mais fracos.

O amor não é uma norma ou lei, no estilo dos 248 preceitos e das 365 proibições da religião judaica. O amor é esse modo de viver que abre nossa existência aos outros.

Não é lei que se impõe a partir de fora, mas impulso que brota do mais profundo de nosso ser, pois, na essência somos semelhantes ao Deus Amor.

Deus é puro dom, amor total. Trata-se de descobrir e ativar em nós esse dom incondicional de Deus e que através de nós deve chegar a todos. O amor a Deus sem entrega aos demais é pura farsa.

Portanto, aqui estamos diante da essência da vida cristã. E é tão simples: basta amar.

Infelizmente, como gostamos de complicar as coisas! Quantas leis, preceitos e normas criamos!

Quantos ritos estéreis e devoções vazias estabelecemos! Quantos códigos promulgamos! (o código de direito canônico contém mais de 1700 cânones ou “artigos”).

A espiritualidade de muitos cristãos frequentemente está associada a cumprir ritos, realizar algumas práticas piedosas auto-centradas, carregadas de penitências e mortificações impostas pelos outros e que acabam alimentando culpas e angústias.

No entanto, Jesus Cristo, com poucas palavras, deixou tudo muito claro, simples e fácil de entender para qualquer um. Poucas palavras foram suficientes para deixar as autoridades religiosas surpresas: “Amarás o Senhor, teu Deus, com todo teu coração, com toda tua alma, com todo teu ser”. Este mandamento é o principal e o primeiro. O segundo é semelhante a ele: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

Amar a Deus e ao próximo são totalmente inseparáveis. Jesus deixa isso suficientemente claro nestas duas afirmações, pois o texto grego de Mateus diz que o segundo é “omoía” (igual) ao primeiro. Esta palavra grega significa “equivalente, igual, o mesmo, que tem a mesma força”.

Portanto, trata-se de um mesmo e único amor. Não é possível um sem o outro. Da mesma forma que para formar uma cruz são igualmente necessários o tronco vertical e o horizontal, e se falta um não há cruz, assim acontece com o amor a Deus e ao próximo: são inseparáveis um do outro.

Mas, qual dos dois amores é primeiro? É preciso privilegiar o tronco vertical, dirigido a Deus, ou o horizontal, dirigido ao próximo? No final de nossa existência, seremos perguntados pelo tronco vertical: “tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, estive nu e me vestistes, enfermo e me atendestes, no cárcere e me visitastes”.

Mas, é muito mais fácil e menos comprometedor limitar-se ao tronco vertical e reduzir nossa fé a ritos, cultos, penitências, mortificações, novenas, devoções vazias, sacrifícios, procissões..., e permanecermos tranquilos porque já cumprimos o que está prescrito, embora nossa vida vá por caminhos totalmente contrários ao evangelho, ou seja, sem compromisso com a justiça, a fraternidade, a solidariedade, o amor, a ética, a misericórdia, o empenho por transformar as estruturas sociais injustas que geram e alimentam profundas desigualdades, misérias e violências.

Por isso, o que distingue o(a) seguidor(as) de Jesus tem como eixo o amor a Deus e aos irmãos, sobretudo os mais rejeitados e excluídos. “Ama e faze o que quiseres” (S. Agostinho). Amar é tirar o outro do anonimato, dar-lhe rosto, nome, vida, é ativar nele a autonomia, a autoria de sua vida. O amor não é algo que eu dou, mas uma maneira de ser alguém diante do outro, para o outro, com o outro.

Assim, o núcleo da vivência cristã se revela como uma iniciação no amor intenso. O amor que procede de Deus (que nos move) deverá iluminar todas as nossas opções e ações em favor da vida.

Vida cristã quer dizer vida vivida com intensidade, pois o amor é o motor dessa vida. É o próprio Deus que, por sua iniciativa totalmente gratuita, nos ama e nos capacita para amar.

A vida no amor revela uma existência integrada a partir do coração. Isto supõe lucidez, ter uma motivação inspirada em todas as coisas particulares e em todas as decisões da vida. “A Ele amando em todas as criaturas e a todas as criaturas n’Ele” (S. Inácio)


Para meditar na oração

O Amor originante e fontal de Deus lhe envolve permanentemente; marcado pela gratidão, queira entrar em sintonia, “ajuste-se” ao modo de amar de Deus: amor descendente, amor sem fronteiras, oblativo, aberto, e que se “revela mais em obras do que em palavras”.

- Movido pelo Amor transbordante de Deus, entre no fluxo desse Amor criativo, “descendo” à realidade cotidiana e ali deixando transparecer esse mesmo Amor através de sua presença humana e humanizadora.

- Faça “memória agradecida” de sua presença amorosa na realidade cotidiana. Viva em contínua “ação de graças”.


Qual é o fundamento da nossa vida?- Ana Maria Casarotti


O evangelho deste domingo os fariseus continuam preocupados pelo agir de Jesus. Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. No domingo anterior os fariseus tinham feito um plano para apanhar Jesus em alguma palavra e por isso enviaram alguns dos seus discípulos junto com os seguidores de Herodes para perguntar sobre a licitude do imposto que deviam pagar ao Cesar. A resposta de Jesus foi contundente e acabam “indo embora” sem perguntar mais nada...

Mas os fariseus continuam no seu desejo de confrontar Jesus e pegá-lo num erro e assim desacreditá-lo. O evangelho disse que “se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus para o tentar: 'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?'”

É uma pergunta capciosa. Como judeu, Jesus tinha que conhecer qual é maior mandamento e viver de acordo com ele. Mas o que procuram eles? Possivelmente eles buscam que Jesus seja contraditório entre suas palavras é seu agir. Para os fariseus e os grupos religiosos Jesus não favorece o estrito cumprimento da Lei e por isso em várias oportunidades foi criticado pelos fariseus as autoridades religiosas. Os evangelhos descrevem diferentes momentos que Jesus tem conflito com os fariseus pelo seu agir no dia sábado. No evangelho de Mt 12, 1 disse que “os discípulos começaram a apanhar espigas para comer” e os fariseus confrontam Jesus porque “eles estão fazendo o que não é permitido fazer em dia sábado”. Um pouco mais adiante Jesus vai para a sinagoga e onde “há um homem com uma das mãos paralisadas” (Mt 12, 10).

Jesus cura-o e “logo depois os fariseus saíram da sinagoga e fizeram um plano para matar Jesus” (Mt 12,14).

Jesus prioriza a vida da pessoa, a liberdade daquilo que o escraviza, por isso, perdoa os pecados e, para demostrar que “o Filho do homem tem poder para perdoar pecados” cura o paralítico ordenando-lhe: “levante-se, pegue a sus cama e vá para casa” (Mc 2, 11). Nas suas predicações e no seu agir fica sempre do lado dos que sofrem, dos pobres, dos enfermos, dos leprosos. Ele come com os publicanos e os pecadores, permite que as mulheres escutem suas palavras e sejam suas discípulas, vai em busca dos enfermos, dos doentes, daqueles que a sociedade desprecia.

Seu proceder esta movido pela compaixão, pelo amor, libre de prejuízos e discriminações que deixam ao mais pobre tirado na vera do caminho. Seu atuar é um claro sinal de misericórdia e sensibilidade, com uma profunda empatia diante da dor e da injustiça. Um comportamento que não tem os limites estabelecidos por uma norma ou estrutura religiosa e por isso incomoda os que ficam seguros nas suas normas religiosas.

Os fariseus se reúnem num grupo e um deles pregunta Jesus sobre o maior mandamento da Lei. A resposta de Jesus é simples e clara: "Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento". Os fariseus sabem qual é o maior mandamento, não precisam da resposta de Jesus para sabê-lo. Mas Jesus não somente responde sobre o maior mandamento como também agrega que esse é a primeiro. Há outro mandamento e é tão importante como o primeiro: O segundo é semelhante a esse: "Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos".

Este grupo de fariseus esta incomodado pelas ações de Jesus, pelas suas palavras, porque seu agir os denuncia, fica na evidencia que eles se apropriaram da religião e se consideram a si mesmos os intérpretes da Lei de Moises. Quando Jesus lembra-lhes do segundo mandamento assemelha o amor ao próximo com o amor a Deus e conclui que “toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.

A resposta de Jesus é simples e clara: o amor a Deus expressa-se no amor ao próximo. Mas podemos perguntar-nos quem é meu próximo? E respondemos com as palavras do Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti: “A palavra ‘próximo’ na sociedade do tempo de Jesus costumava indicar a pessoa que está mais vizinha, mais próxima e para eles devia-se encaminhar a ajuda”. Continua dizendo o Papa “Jesus transforma completamente esta impostação: não nos convida a interrogar-nos quem é vizinho a nós, mas a tornar-nos nós mesmos vizinhos, próximos” (FT, 80).

Neste domingo o evangelho deixa aberta a pergunta: Quais são os mandamentos, os princípios, as orientações sobre os quais está fundamentada nossa vida? Temos no nosso agir ensinamentos ou regras que consideramos quase absolutas e assim as comunicamos aos demais?

Deixemos que as palavras de Jesus penetrem e transformem nossa vida para que sejam o fundamento da nossa existência.


O Primeiro - José Antonio Pagola


Em certa ocasião os fariseus reuniram-se em grupo e fizeram a Jesus uma pergunta que era motivo de discussão e debate entre os sectores mais preocupados em cumprir escrupulosamente os seiscentos e treze preceitos mais importantes sobre o sábado, a pureza ritual, os dízimos e outras questões: «Mestre, qual é o mandamento principal da Lei?».

A resposta de Jesus é muito conhecida entre os cristãos: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu ser». Este é o mais importante. Logo acrescentou: «O segundo é semelhante a este: amarás o teu próximo como a ti mesmo». E concluiu com esta afirmação: «Estes dois mandamentos sustentam a Lei e os profetas».

Interessa-nos muito escutar bem as palavras de Jesus pois também na Igreja, como no antigo Israel, foram crescendo ao longo dos séculos o número de preceitos, normas e proibições para regular os diversos aspetos da vida cristã. Que é o primeiro e mais importante? Que é o essencial para viver como seguidores de Jesus?

Jesus deixa claro que nem tudo é igualmente importante. É um erro dar muita importância a questões secundárias de carácter litúrgico ou disciplinar descuidando o essencial. Não devemos esquecer nunca que só o amor sincero a Deus e ao próximo é o critério principal e primeiro do nosso seguir a Jesus.

Segundo Ele, esse amor é a atitude de fundo, a força chave e insubstituível que põe verdade e sentido à nossa relação religiosa com Deus e ao nosso comportamento com as pessoas. Que é a religião cristã sem amor? A que fica reduzida a nossa vida no interior da Igreja e no meio da sociedade sem amor?

O amor liberta o nosso coração do risco de viver empobrecidos, empequenecidos ou paralisados pela atenção insana a todo o tipo de normas e ritos. Que é a vida de um praticante sem amor vivo a Deus? Que verdade há na nossa vida cristã sem amor prático ao próximo necessitado?

O amor opõe-se a duas atitudes bastantes difundidas. Em primeiro lugar, a indiferença entendida como insensibilidade, rigidez de mente, falta de coração. Em segundo lugar, o egocentrismo e desinteresse pelos demais.

Nestes tempos tão críticos nada há mais importante que cuidar humildemente do essencial: o amor sincero a Deus alimentado em celebrações sentidas e vividas desde dentro; o amor ao próximo fortalecendo o tratamento amistoso entre os crentes e impulsionando o compromisso com os necessitados. Contamos com o alento de Jesus.


Acreditar no amor - Pe Luciano Marini


A religião cristã apresenta-se para muitos um sistema religioso difícil de entender e, sobre tudo, um enredado de leis demasiado complicadas para viver corretamente ante Deus. Não necessitaremos, nós cristãos, concentrar muito mais a nossa atenção em cuidar antes de mais nada do essencial da experiência cristã?

Os evangelhos recolheram a resposta de Jesus a um setor de fariseus que lhe preguntam qual é o mandamento principal da Lei. Assim resume Jesus o essencial: o primeiro é “amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu ser”; o segundo é “amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

A afirmação de Jesus é clara. O amor é tudo. O decisivo na vida é amar. Ai está o fundamento de tudo. O primeiro é viver ante Deus e ante os demais numa atitude de amor. Não devemos perder-nos em coisas acidentais e secundárias, esquecendo o essencial. Do amor parte tudo o resto. Sem amor tudo fica pervertido.

Ao falar do amor a Deus, Jesus não está a pensar nos sentimentos ou emoções que podem brotar do nosso coração; tampouco nos está a convidar para multiplicar as nossas rezas e orações. Amar o Senhor, nosso Deus, com todo o coração é reconhecer Deus como Fonte última da nossa existência, despertar em nós uma adesão total à Sua vontade, e responder com fé incondicional ao Seu amor universal de Pai de todos.

Por isso junta Jesus um segundo mandamento. Não é possível amar Deus e viver de costas aos Seus filhos e filhas. Uma religião que predica o amor a Deus e se esquece dos que sofrem é uma grande mentira. A única postura realmente humana ante qualquer pessoa que encontramos no nosso caminho é amá-la e procurar o seu bem como queremos para nós mesmos.

Toda esta linguagem pode parecer demasiado velha, demasiado gasta e pouco eficaz. No entanto, também hoje o principal problema no mundo é a falta de amor, que vai desumanizando, uns atrás dos outros, os esforços e as lutas para construir uma convivência mais humana.

Há uns anos, o pensador francês, Jean Onimus escrevia assim: “O cristianismo está todavia nos seus começos; leva-nos trabalhando só há dois mil anos. A massa é pesada e são necessários séculos de amadurecimento antes que a caridade a faça fermentar”. Os seguidores de Jesus, não temos de nos esquecer da nossa responsabilidade. O mundo necessita de testemunhos vivos que ajudem as futuras gerações a acreditar no amor pois não há um futuro de esperança para o ser humano se acaba por perder a fé no amor.



O caminho do amor é o caminho da solidariedade - Ildo Bohn Gasss


Qual é o mandamento maior da lei? (Mt 22,34-40)


1 Os poderosos armam ciladas contra quem está com o povo

No evangelho para este final de semana, a comunidade de Mateus apresenta-nos Jesus ensinando o mandamento maior no templo de Jerusalém (cf. Mateus 21,23; 24,1). Auxiliado pela sinagoga, o templo era o pilar de um sistema que garantia o ensino e o cumprimento das leis, bem como a aplicação das penas para quem não as cumprisse. 

Nesse templo, mais uma vez, alguns fariseus procuram Jesus para “pô-lo à prova” (Mateus 22,35). Assim já haviam feito ao armarem, junto com herodianos, uma cilada em torno do pagamento dos impostos aos imperadores de Roma, a fim de “apanhá-lo por alguma palavra” (Mateus 22,15). Este relato foi o evangelho do domingo passado, quando, tanto representantes da religião oficial de Jesus (fariseus) bem como do império romano (partidários de Herodes), já haviam se dado conta de quanto o projeto de Jesus era perigoso para os seus privilégios. Ainda mais depois que Jesus também “fechara a boca dos saduceus” (Mateus 22,34). Os saduceus compunham o partido judaico mais poderoso naquele momento. Eles juntavam os que controlavam a religião a partir do templo, os sacerdotes, e os que detinham o poder sobre o comércio em Jerusalém, os anciãos. Hoje, diríamos que é o partido do capital financeiro com apoio da grande mídia empresarial.

O conflito entre diferentes projetos de vida leva-nos a perceber que a plataforma do Reino de Deus revoluciona todos os sistemas, de ontem e de hoje, grandes ou pequenos, dentro ou fora de nós. Apesar de todos os limites impostos por um sistema político e econômico intrinsecamente injusto, quem não percebe que ainda hoje os poderosos armam golpes contra quem procura melhorar a vida do povo, especialmente dos mais pobres, chamados por eles de “menos informados”, ignorantes?

No tempo de Jesus, não era diferente, como percebemos na narrativa da liturgia deste final de semana. Fariseus partem pra cima de Jesus com uma nova armadilha: “Mestre, qual é o mandamento maior da lei?” (Mateus 22,36). Em resposta, Jesus faz memória da centralidade do amor nas Escrituras de seu povo. Dessa forma, ao colocar o amor como motivação maior para todo o nosso agir, Jesus torna relativas todas as leis, doutrinas e tradições. Elas somente estão conforme a vontade de Deus, caso tiverem, como fonte primeira, o amor. 

Jesus acusa esses fariseus de traírem o projeto de Deus ao colocarem a letra acima do espírito da lei. Incomodados pela acusação de Jesus, ficaram sem resposta e silenciaram. Porém, como podemos ler na narrativa seguinte ao nosso texto, novamente eles se reuniram. Seria para preparar outro golpe? (Mateus 22,41). No entanto, segundo o relato de Mateus, a partir de agora é Jesus quem passa a desmascará-los, fazendo perguntas (Mateus 22,42) e acusações fortes contra fariseus, incluindo também doutores da lei (Mateus 23,1-36), de modo que “ninguém podia responder-lhe nada. E a partir daquele dia, ninguém se atreveu a interrogá-lo” (Mateus 22,46). Estavam nus, totalmente desmascarados.

2 Jesus resgata o espírito da lei

Em que parte das Escrituras Jesus busca o espírito da lei, o princípio do amor? Para o primeiro mandamento, ele recorre a um dos livros da lei judaica, o Deuteronômio (6,4-5): “Amarás o Senhor, teu Deus...”. É um amor intenso, isto é, com todo o nosso ser: coração e alma, força vital e mente. 

O segundo, ele o encontra em outro escrito do Pentateuco, o livro do Levítico (19,18): “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Também esse é um amor profundo, pois é amar o próximo tanto quanto amamos a nós próprios. Segundo o sermão da montanha (Mateus 5-7), Jesus diz o mesmo em outras palavras, resumindo a lei e os profetas, isto é, todas as Escrituras: “Tudo que desejais que as pessoas vos façam, fazei-o vós a elas” (Mateus 7,12). Jesus vai além do senso comum que dizia: “Não faça às outras pessoas o que não queres que te façam”. Ele propõe um amor mais intenso. E amar intensamente é acolher de coração. É cuidar com corpo e com alma. É escutar com mente aberta. É solidariedade, força de vida...

O amor é o centro da vida nutrida em Deus, pois Deus é amor (1 João 4,8.16). Segundo o apóstolo Paulo, se andamos no caminho de Deus, vivemos o amor que gera vida, “pois toda a lei se resume neste único mandamento: amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gálatas 5,14; Romanos 13,9). Portanto, “o amor é o cumprimento pleno da lei” (Romanos 13,10). Ao dizer que “toda lei e os profetas dependem desses dois mandamentos” (Mateus 22,40), Jesus torna todas as Escrituras relativas. Elas têm sentido somente quando estão em relação ao amor e dele dependem. Somente o amor é absoluto e dá sentido às Escrituras. O amor, portanto, é critério para reler qualquer texto da Bíblia.

Os judeus mais piedosos haviam catalogado todas as leis do Pentateuco. Chegaram a relacionar 613 leis. Dessas, 365 eram proibições como, por exemplo, “não matarás” (Êxodo 20,13). E 248 eram leis afirmativas como “lembra-te de santificar o dia de sábado” (Êxodo 20,8). Uma quantidade tão grande de leis era difícil para o povo cumprir. De um lado, por não saber ler e, por isso, não conhecer as leis em seus detalhes. De outro, por não ter, na luta cotidiana pela sobrevivência, condições de cumprir a lei em todos os seus pormenores.

Conforme uma informação que encontramos no evangelho segundo João, fariseus diziam que “esse povinho que desconhece a lei, são uns malditos” (cf. João 7,47-49). Segundo essa postura preconceituosa e intolerante de fariseus, as pessoas “menos informadas” sobre a lei e, em consequência, não a cumprindo, seriam amaldiçoadas por Deus. E essa era a situação da maioria do povo pobre daquele tempo. Apenas uma minoria considerava-se abençoada por Deus pelo fato de ser “mais informada” e cumprir a lei, bem como as tradições orais sobre o puro e o impuro. 

Ao dar valor relativo às inúmeras prescrições e ao colocar o amor como único princípio no cuidado e promoção da vida, Jesus abre a possibilidade aos pobres de também fazerem parte das bênçãos do Pai. Para muitos fariseus, por considerarem os pobres “menos informados” sobre a lei, estes estariam excluídos dessas bênçãos de Deus. Somente eles achavam ter esse privilégio. No entanto, em sua prática, Jesus derruba os muros que impediam o acesso dos pobres ao Reino. E mais. Alegra-se porque são justamente eles que acolheram a boa nova, enquanto os que se achavam “os mais informados”, porém, prisioneiros de inúmeras regrinhas e preconceitos, fecharam-se ao projeto de Deus (Mateus 11,25). Assim, diante da dificuldade para cumprir tantas leis, Jesus propõe um caminho alternativo, o caminho do amor. 

3 Caminhemos pela estrada do amor

O caminho do amor é um novo jeito de caminhar, é uma nova prática. Sua vivência não é algo abstrato, teórico, mas é um amor bem concreto. Antes de procurar um próximo para amar, importa tornar-se próximo de quem precisa de solidariedade. É isso que a comunidade de Lucas quer-nos lembrar ao acrescentar, à narrativa em que revela o mandamento do amor, a parábola do samaritano misericordioso (Lucas 10,29-37). Conforme a comunidade de Mateus, Jesus lembra-nos das principais atitudes de solidariedade: “Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a criação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era sem teto e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me” (Mateus 25,34-36). Definitivamente, o caminho do amor é o caminho da solidariedade.

As comunidades de João, diferentemente das de Mateus, Marcos e Lucas, não separam o mandamento de Jesus em dois: amar a Deus, de um lado, e o próximo, de outro. Elas vão mais fundo e identificam o amor a Deus com o amor ao próximo: “Se alguém disser: ‘amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê” (1 João 4,20). 

Ademais, essas comunidades consideram insuficientes “amar o próximo como a si mesmo”. É preciso ir além: “Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (João 13,34; 15,12.17). O amor deve ser sem limites, tal como Jesus mesmo amou, isto é, sendo fiel ao projeto do Pai até as últimas consequências. E sabemos que essa fidelidade lhe custou a vida. Porém, ela também é a razão fundamental porque ele continua vivo, presente na luta de quem o segue pelo caminho da justiça do Reino.

Ó Deus de ternura e de bondade,

diante da crise em que este mundo se encontra,

permite-nos que teu amor nos conduza

na superação de todas as estruturas de morte

que ameaçam a vida no planeta. Amém!


EVANGELHO 

1- A comunidade de Mateus apresenta Jesus ensinando o maior mandamento em um contexto no qual os fariseus novamente o procuram, a fim de pô-lo à prova. (Mateus 22,35).

2- Assim já haviam feito ao armarem, junto com os herodianos, uma cilada em torno do pagamento dos impostos ao império romano, para apanhá-lo por alguma palavra (Mateus 22,15).  

3- Tanto os representantes da religião oficial (fariseus), bem como os do império (herodianos), já haviam se dado conta de quanto era perigoso para seus sistemas o jeito de Jesus propor o Reino do Pai. Ainda mais, depois que ele também fechara a boca dos saduceus (Mateus 22,34).

4- Os saduceus eram o partido judaico mais poderoso naquele momento, uma vez que aglutinava os que controlavam a religião a partir do templo (sacerdotes) e os que detinham o poder sobre o comércio em Jerusalém (anciãos).

5- Os fariseus queriam que Jesus dissesse ser o maior mandamento “Guardar o dia de sábado”, pois assim poderiam condená-lo, já que Ele fazia muitas coisas proibidas no sábado.

6- O projeto do Reino de Deus é revolucionário a todos os sistemas, seja aos de ontem, seja aos de hoje, grandes ou pequenos, dentro ou fora de nós.

7- Desta vez, os fariseus partem para cima de Jesus com uma nova armadilha: Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? (Mateus 22,36).

8- Então, Jesus faz a memória da centralidade do amor em toda Lei. Dessa forma, ao colocar no centro o amor a Deus e ao próximo, Jesus torna relativas todas as leis e as tradições.

9- Elas somente estão conforme a vontade de Deus, caso tiverem como motivação primeira o amor. Assim, Jesus acusa os fariseus de traírem o projeto de Deus ao colocarem a letra acima do espírito da Lei.

10- Incomodados pela acusação de Jesus, eles ficaram sem resposta e silenciaram. Porém, novamente se reuniram. Seria para preparar outra cilada? (Mateus 22,41).

11- No entanto, agora é Jesus quem passa a desmascará-los, fazendo perguntas (Mateus 22,42) e acusações fortes contra os fariseus, incluindo também os doutores da Lei, os escribas (Mateus 23,1-36).

12- Desse modo, ninguém podia responder-lhe nada. E a partir daquele dia, ninguém se atreveu a interrogá-lo (Mateus 22,46).

13- Jesus lembra a Lei a fim de relativiza-la.

14- Jesus lembra o primeiro mandamento recorrendo ao livro do Deuteronômio (6,4-5): Amarás ao Senhor, teu Deus… É um amor intenso, isto é, com todo o nosso ser: coração, alma, força vital e mente.

15- O segundo, ele o encontra em outro escrito do Pentateuco, o livro do Levítico (19,18): Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

16- O amor é o centro da vida nutrida em Deus, pois Deus é amor (1ª carta de João 4,8.16).

17- Pois toda a Lei se resume neste único mandamento: ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo' (Gálatas 5,14; Romanos 13,9). 

18- Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei (Romanos 13,10).

19- Ao dizer que toda Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos (Mateus 22,40), Jesus torna todas as Escrituras relativas em relação ao amor. Somente este é absoluto.

20- Os judeus mais piedosos haviam chegado a catalogar 613 leis.

21- Uma quantidade tão grande de leis era difícil para o povo cumprir. De um lado, por não saber ler e, por isso, não conhecer toda a Lei em seus detalhes. De outro, por não ter, na luta pela sobrevivência diária, condições de cumprir a Lei em todos os seus pormenores.

22- Segundo uma informação que encontramos no evangelho segundo João (7,47-49), os fariseus diziam que essa corja que ignora a Lei, são uns amaldiçoados.

23- Isso revela que, para esses fariseus, as pessoas que não conhecem a Lei e, em consequência, não a cumprem são amaldiçoadas por Deus.

24- E essa era a situação da maioria do povo pobre daquele tempo.

25- Apenas uma minoria se considerava abençoada por Deus pelo fato de saber e cumprir a Lei, bem como as tradições orais sobre o puro e o impuro.

26- Ao dar valor relativo às inúmeras prescrições e ao colocar como único princípio o amor, Jesus abre a possibilidade aos pobres de também fazerem parte das bênçãos do Reino.

27- Segundo os fariseus, por não conhecerem a Lei, estavam fora dessas bênçãos de Deus. Somente eles achavam ter esse privilégio.

28- Dessa forma, Jesus derruba os muros que impediam o acesso dos pobres ao Reino. 

29- Assim, diante da dificuldade para cumprir tantas leis, Jesus propõe um caminho alternativo, o caminho do amor.

30- O caminho do amor é um novo jeito de caminhar, é uma nova prática.

31- Antes de procurar um próximo para amar, importa tornar-se próximo através da solidariedade.

32- É isso que a comunidade de Lucas nos quer lembrar ao acrescentar ao mandamento do amor a parábola do samaritano misericordioso (Lucas 10,29-37).

33- Ou como recorda a comunidade de Mateus, ao insistir na prática da misericórdia: Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a criação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era sem teto e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me (Mateus 25,34-36).

34- A comunidade de João, diferentemente de Mateus, Marcos e Lucas, não separa em dois o mandamento de Jesus. Vai mais fundo e identifica o amor a Deus com o amor ao próximo: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros (João 13,34; 15,12.17). 

35- Se alguém disser: ‘amo a Deus', mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê (1ª carta de João 4,20).



TEXTO EM ESPANHOL, DE DOM DAMIAN NANNINI, ARGENTINA


DOMINGO 30 DURANTE EL AÑO CICLO "A"


Primera lectura (Ex 22,20-26):


Este texto forma parte del llamado código de la alianza (Ex 20,22-23,19) que, a su vez, integra la sección mayor centrada en la Alianza de Dios con su pueblo en el Sinaí con la mediación de Moisés (Ex 19,1-24,11). Es importante no perder de vista este marco de la Alianza porque nos muestra claramente que la ley se define en función de la alianza del pueblo con el Señor, siendo entonces el compromiso formal de la respuesta del pueblo ante el don de Dios. En efecto, el éxodo, acto salvífico por excelencia, fundamenta y da sentido al decálogo y a todas las demás leyes en Israel. Así, el motivo principal por el cual el pueblo debe observar las leyes del Señor es porque Dios lo ha liberado de Egipto. De hecho, en nuestro texto hay una doble referencia a la experiencia del pueblo en Egipto. Al respecto señala P. Andiñach : "La experiencia histórica de haber sido extranjeros debe servir de criterio para ponerse en el lugar del otro y no someterlo a engaño o angustia. Viudas y huérfanos deben ser protegidos, pues si son oprimidos y claman a Dios – al igual que sucedió cuando los israelitas clamaron – oirá su voz, y su juicio caerá sobre quienes los maltraten".

En cuanto a su contenido, este código de la Alianza ha llamado siempre la atención por su profundo sentido social: preocupación por los más débiles, la recta administración de la justicia y el problema del préstamo. En concreto, el fragmento que leemos este domingo resalta la preocupación directa y especial de Dios por los pobres-débiles ejemplificados en la clásica trilogía bíblica: extranjeros, viudas y huérfanos. A estos se suman los pobres materiales dentro del pueblo, que no pueden ser objeto de usura ni ser despojados de su única prenda. Dios mismo atenderá sus reclamos y obrará con justicia si los israelitas los maltratan, les hacen daño o abusan de ellos. Por tanto: "el Dios que muestra estas leyes es un Dios que se pone del lado del pobre" . En breve, la relación con Dios en el marco de la Alianza incluye necesariamente el respeto por el prójimo, en particular por los débiles-pobres.



Evangelio (Mt 22, 34-40)

Después de fracasar en su intento de atrapar a Jesús con la cuestión del tributo al emperador (el evangelio del domingo pasado); ahora los fariseos se reúnen para confabular contra Él. Por tanto, la intención de la pregunta es también aquí maliciosa. De hecho, el verbo utilizado es peira,zw que se traduce por "ponerle a prueba" y que aparece seis veces en Mateo: dos en referencia a las tentaciones del demonio a Jesús en el desierto (4,1.3); y las otras cuatro para calificar las distintas preguntas que le hacen sus opositores (fariseos, saduceos, herodianos) a Jesús en un clima de controversia (cf. Mt 16,1; 19,3; 22,18.35).

La tentación o trampa de la pregunta del doctor o experto en la Ley (νομικός) está en pedirle a Jesús que tome posición sobre un tema debatido por aquel tiempo. Ante todo, debemos recordar que los rabinos contabilizaban un total de 613 mandamientos divinos, cifra que resultaba de la suma de los 248 preceptos y 365 prohibiciones presentes en la Torá (Pentateuco). El debate se centraba entonces en la posibilidad de distinguir entre preceptos "grandes" y "pequeños"; y en la gravedad de la falta que derivaba de su incumplimiento. 

En general el grupo de los fariseos pensaba que todos los mandamientos eran importantes y debían ser cumplidos con extrema fidelidad. Otros, en cambio, reconocían cierta jerarquía en los mandamientos y en las exigencias de su cumplimiento. Además, debatían sobre la existencia de un mandamiento que fuera el principio fundamental o regla de oro del comportamiento del judío fiel. La pregunta que el fariseo dirige a Jesús va sobre todo en esta última línea: "¿cuál es el mandamiento grande (evntolh. mega,lh) de la Ley?" (Mt 22,36), donde grande significa aquí importante, el más importante.

Jesús responde en primer lugar citando Dt 6,5: “Amarás al Señor, tu Dios, con todo tu corazón, con toda tu alma y con todo tu espíritu”. Este texto forma parte del pasaje de Dt 6,4-9, que juntamente con Dt 11,13-21 y Nm 15,38-41, integran el famoso Shemá Israel (Escucha Israel), oración que desde finales del s. I no han dejado de rezar mañana y tarde los judíos observantes. Este texto expresa el imperativo de amar a Dios con la totalidad de la persona, con todas las fibras interiores, sin residuo y sin reserva. Este compromiso totalizante viene expresado con la terminología propia del Deuteronomio (Dt): corazón, alma y fuerzas. La interpretación rabínica contenida en la Mishna especifica que con toda el alma significa hasta el martirio y con todas las fuerzas implica con todos los bienes. El mensaje es que se debe amar a Dios no sólo con todo el ser (corazón), sino también con los propios bienes materiales (fuerzas) y hasta el don total de la vida (alma). La cita de Mateo sustituye el término fuerza por mente (διανοίᾳ); por lo que implica amarlo con toda la capacidad mental, con todos los pensamientos. En realidad, como nota L. H. Rivas, en la Biblia la sede de los pensamientos es el “corazón”, por tanto, lo que se pide es que “todos nuestros pensamientos, todos nuestros planes, todas nuestras decisiones deben expresar de distintas maneras el amor a Dios, aunque se refieran a las cosas más diversas” .

En cuanto al alcance del término "amar" podemos señalar que para el Dt amor, temor, reverencia y obediencia se colocan en una misma línea como actitudes básicas del israelita respecto de su Dios y que está aquí la esencia de la ley. 

En síntesis, a la luz de la tradición bíblica este "amar a Dios" implica ante todo el conocimiento del único Dios y la obediencia a sus palabras con todo el ser . 

Jesús señala a continuación (22,38) que éste es el mandamiento grande y precisa que además es el primer mandamiento (αὕτη ἐστὶν ἡ μεγάλη καὶ πρώτη ἐντολή,).

Luego (22,39) enuncia un segundo (δευτέρα) mandamiento, semejante (ὁμοία) a este, y cita Lev 19,18: “Amarás a tu prójimo como a ti mismo” (que ya había sido citado en Mt 5,43 y 19,19). Este versículo pertenece al Código de Santidad (Lv 17-24), llamado así porque el fundamento teológico que da a todas sus prescripciones es "Ustedes serán santos, porque yo, el Señor su Dios, soy santo” (Lv 19,2). Justamente el capítulo 19 del Levítico contiene varias normas de índole más bien social, donde resaltan la del amor al prójimo y la del rechazo de la venganza. Ahora bien, la insistencia en la primacía de la santidad de Dios indica que para el Levítico el verdadero fundamento del amor al prójimo es el amor de Dios. No lo dice tan explícitamente como Jesús en el evangelio, pero es claro que la presencia del Dios Santo en medio de su pueblo es la que motiva el trato fraterno entre sus miembros. Notemos que este mandamiento del amor al prójimo en el Levítico se extiende y entiende exclusivamente en relación a los miembros del pueblo, a los compatriotas, pues prójimo es aquí fundamentalmente el israelita, aunque se extienda a modo de excepción, a los extranjeros residentes en Israel (cf. Lv 19,34) . 

Notemos también que aquí no se exige un amor de totalidad y exclusividad como en el primer mandamiento; sino que la referencia es al amor a uno mismo (ὡς σεαυτόν). Es decir, que tenemos que amar al prójimo del mismo modo, así como nos amamos a nosotros mismos. 

En cuanto a la relación entre estos dos mandamientos es clave definir qué alcance tiene la expresión "semejante" (ὁμοία). Fuera de este versículo Mateo utiliza este término al inicio de las parábolas para expresar con qué se puede comparar el Reino de Dios (cf. Mt 11,16; 13,31.33.44.45.47.52; 20,1). Podríamos entenderlo, entonces, en el sentido que el segundo mandamiento es comparable al primero, aunque no idéntico. Por tanto, ambos mandamientos tienen una estrechísima relación, pero se mantiene todavía una diferencia de orden por cuanto uno es el primero (πρώτη) y otro el segundo (δευτέρα), como expresamente lo dice el texto.

Jesús termina afirmando que "de estos dos mandamientos dependen toda la Ley y los Profetas". Es interesante notar que el verbo utilizado aquí (krema,nnumi) es traducido por "dependen" pero significa literalmente "colgar". Mateo lo utiliza con este sentido literal en 18,6 (colgar una piedra de molino al cuello) mientras que en otros textos del NT se usa en referencia a los que "cuelgan" de la cruz (cf. Lc 23,39; He 5,30; 10,39; Gal 3,13). Por tanto, toda la revelación de Dios, todo lo que Dios nos enseña para vivir (“la ley y los profetas”) depende, está colgado, de estos mandamientos como de su principio superior pues son su hilo primordial. Todos los demás mandamientos están conectados con el amor a Dios y al prójimo; y se ordenan a estos.



Algunas reflexiones:


En todos los órdenes de la vida, incluido el de la vida espiritual, es muy importante la búsqueda de la unidad y de la simplicidad. Más aun, podemos decir que todo proceso de maduración en la vida conduce a una mayor simplificación o concentración en lo esencial y fundamental de la misma. El evangelio de hoy nos dice claramente cuáles son los mandamientos “esenciales” de Dios y en los cuales se puede resumir o concretar todo lo que Dios nos pide vivir. Por ello, no está de más recibir también nosotros con un corazón abierto la enseñanza de Jesús sobre el "mandamiento mayor" que es el amor a Dios; y el segundo que le sigue y depende de él que es el amor al prójimo como a uno mismo. Recordemos que “el amor es el vínculo de la perfección” (Col 3,14) y “la plenitud de la ley” (Rom 13,10). Más aún, como también dice San Pablo, si no hay amor, caridad, mis obras, aún las más extraordinarias, no valen nada (cf. 1Cor 13,1-3). 

Por tanto, es justo y necesario un permanente examen de amor y sobre el amor en nuestras vidas. En primer lugar, tenemos que preguntarnos si el amor es lo más importante y esencial en nuestra vida. Al respecto es muy lindo el testimonio escrito que nos dejó el Siervo de Dios Guillermo Muzzio, seminarista de la diócesis de san Miguel, fallecido a los 30 años: “Lo primero que experimento día a día, es que sólo el amor es digno de ser vivido, y que en nuestra vida todo lo que no sea amor corre el riesgo de llevarnos a enfrentarnos con nosotros mismos, con nuestra familia, con nuestros amigos o pareja. Experimento de día en día, que gracias a que alguien me ensenó a amar hasta dar la vida y me dio fuerzas para hacerlo, he podido cosechar en casi 30 años amor por todos lados y no hay cosa que me haga sentir más feliz que el amar a todos y el ser amado por ellos, incluso en los encontronazos que tuve con otros […] La seguridad con que el amor nos planta en la vida es algo que no se puede explicar. Simplemente uno sabe que está en medio de un maremoto, que todo llama al desconcierto y al sin sentido, al dolor y a la impotencia que da el no comprender nada, y a pesar de todo esto, uno puede mantener la mirada serena, el corazón en paz y la cabeza dispuesta a superar lo que venga, amando al que tengo al lado y haciendo que la atmósfera oscura que a todos nos envuelve, sea para Él un poco más diáfana y amable” .


En segundo lugar, tenemos que comparar el “orden” de nuestros “amores” con el que nos propone Jesús: primero amar a Dios con todo nuestro ser. Y alimentados de este amor, tenemos que amarnos a nosotros mismos; y así como nos amamos a nosotros, así tenemos que amar a nuestro prójimo. Aquí es importante no perder de vista que en este segundo mandamiento hay dos amores: el amor al prójimo y el amor a uno mismo. En este contexto hay un necesario y legítimo amor a uno mismo. El entonces Cardenal J. Ratzinger decía al respecto que “esto significa lo siguiente: el amor de sí mismo, la afirmación del propio ser, ofrece la forma y la medida para el amor al prójimo. El amor de sí mismo es una cosa natural y necesaria, sin la que el amor al prójimo perdería su propio fundamento […] Todos los hombres han sido llamados a la salvación. El hombre es querido y amado por Dios y su tarea máxima consiste en corresponder a este amor. No puede odiar lo que Dios ama. No puede destruir lo que está destinado a la eternidad. Ser llamados al amor de Dios es ser llamados a la felicidad. Ser felices es un deber humano-natural y sobrenatural. Cuando Jesús habla de negarse a sí mismo, de perder la propia vida, etc., está indicando el camino de la justa afirmación de sí (amor de sí mismo) que reclama siempre un abrirse, un trascender. Pero la necesidad de salir de sí, no excluye la autoafirmación, sino todo lo contrario: es el modo de encontrarse a sí mismo y de "amarse". Cuando hace cuarenta años leí por primera vez el Diario de un cura rural de Bernanos, me impresionó muchísimo la última frase de aquella alma sufriente: “No es difícil odiarse a sí mismo, pero la gracia de las gracias sería amarse a sí mismo como un miembro del cuerpo de Cristo”. El realismo de esta afirmación es evidente. Hay muchas personas que viven en contradicción consigo mismas. Su aversión a sus propias personas, su incapacidad de aceptarse y de reconciliarse consigo mismas, queda muy lejos de la “auto – negación” pretendida por el Señor. Quien no se ama a sí mismo no puede amar a su prójimo. No le puede aceptar “como sí mismo”, porque esta contra sí mismo y por tanto es incapaz de amarle partiendo de lo profundo de su ser.” 


En cuanto a la relación entre los dos mandamientos, lo que en la tradición judía se afirmaba en el plano ético, en la tradición cristiana pasa al plano ontológico, del ser. Es decir, hay una verdadera circulación e interacción entre estos dos amores de modo que se alimentan mutuamente. Como dice “Dios es Amor” nº 18: "Al verlo con los ojos de Cristo, puedo dar al otro mucho más que cosas externas necesarias: puedo ofrecerle la mirada de amor que él necesita. En esto se manifiesta la imprescindible interacción entre amor a Dios y amor al prójimo, de la que habla con tanta insistencia la Primera carta de Juan. Si en mi vida falta completamente el contacto con Dios, podré ver siempre en el prójimo solamente al otro, sin conseguir reconocer en él la imagen divina. Por el contrario, si en mi vida omito del todo la atención al otro, queriendo ser sólo «piadoso» y cumplir con mis «deberes religiosos», se marchita también la relación con Dios. Será únicamente una relación «correcta», pero sin amor. Sólo mi disponibilidad para ayudar al prójimo, para manifestarle amor, me hace sensible también ante Dios. Sólo el servicio al prójimo abre mis ojos a lo que Dios hace por mí y a lo mucho que me ama. Amor a Dios y amor al prójimo son inseparables, son un único mandamiento. Pero ambos viven del amor que viene de Dios, que nos ha amado primero. Así, pues, no se trata ya de un «mandamiento» externo que nos impone lo imposible, sino de una experiencia de amor nacida desde dentro, un amor que por su propia naturaleza ha de ser ulteriormente comunicado a otros. El amor crece a través del amor".

Sobre este evangelio decía el Papa Francisco en el ángelus del 25 de octubre de 2020: “En el Evangelio de hoy, una vez más, Jesús nos ayuda a ir a la fuente viva y que brota del Amor. Y tal fuente es Dios mismo, para ser amado totalmente en una comunión que nada ni nadie puede romper. Comunión que es un don para invocar cada día, pero también compromiso personal para que nuestra vida no se deje esclavizar por los ídolos del mundo. Y la verificación de nuestro camino de conversión y de santidad está siempre en el amor al prójimo. Esta es la verificación: si yo digo “amo a Dios” y no amo al prójimo, no va bien. La verificación de que yo amo a Dios es que amo al prójimo. Mientras haya un hermano o una hermana a la que cerremos nuestro corazón, estaremos todavía lejos del ser discípulos como Jesús nos pide. Pero su divina misericordia no nos permite desanimarnos, es más nos llama a empezar de nuevo cada día para vivir coherentemente el Evangelio”.



PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):


Su Herencia


Señor

Tú que eres la fuerza de nuestro corazón

¡Danos de beber! 

Este caminar nos deja sin aliento

A cada paso sangre y fuego

¡Calma nuestra sed!


Amar con el alma seca

Es imposible para el que peca,

Frágiles vasijas de lodo

Somos tu pueblo, cargamos tu yugo

Hazlo Tú, todo.


Vamos a ti, vuelve a invitar

Descánsanos del trajín y en tus praderas

Haznos reposar

Agua pura derramas, sin ella desfallecemos

Al volver a trabajar.


El reino espera y apremia el Amor

Y es la ley la que gobierna

De ella depende el santo, el pecador… toda la tierra

Amar es cumplirlo todo

Letra por letra


El Padre nos ama y observa en el Verbo:

Su Hijo, su Herencia.

Vivimos en él y en su Misericordia

Cumplimos lo que nos mande

Para alabanza de su Gloria

Amén.