4º DOMINGO TC-B

4 º DOMINGO COMUM-B

28/01/2024


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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO



1ª Leitura: Deuteronômio 18,15-20

Salmo 94(95)R- Não fecheis o coração, ouvi hoje a voz de Deus!

2ª Leitura: 1 Coríntios 7,32-35

Evangelho de Marcos 1,21-28

 Na  cidade de Cafarnaum, no sábado, Jesus foi à sinagoga e pôs-se a ensinar. 22 Todos ficaram admirados com seu ensinamento, pois ele os ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas. 23 Entre eles na sinagoga estava um homem com um espírito impuro; ele gritava: 24          “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: o Santo de Deus!” 25         Jesus o repreendeu: “Cala-te, sai dele!” 26    O espírito impuro sacudiu o homem com violência, deu um forte grito e saiu. 27      Todos ficaram admirados e perguntavam uns aos outros: “Que é isto? Um ensinamento novo, e com autoridade: ele dá ordens até aos espíritos impuros, e eles lhe obedecem!” 28      E sua fama se espalhou rapidamente por toda a região da Galileia.


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA SP

Mc 1,21-28

Marcos relata o primeiro confronto e a primeira vitória de Cristo sobre os poderes do mal que escravizam o homem. É o primeiro milagre de Jesus relatado por Marcos. Nessa primeira atuação de Jesus se unem ensinamento e milagre. O povo vê, ouve, e se admira. Essa é a exclamação que deveria ser também nossa: “Um ensinamento novo, dado com autoridade. Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem”. De fato, “todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade e não como os mestres da Lei”. 

Jesus ensina com autoridade, ou seja, não como um mero repetidor de tradições. Ele é fonte autorizada de doutrina. Marcos não relata o conteúdo da pregação de Jesus na Sinagoga de Cafarnaum. Por que? Porque o conteúdo da sua pregação será indicado pela própria vida de Jesus. Marcos somente diz que sua pregação causava espanto. As pessoas percebem na palavra e na pessoa de Jesus o “Evangelho”, experimentam que a pregação de Jesus contem o poder da ação de Deus, que sua palavra realiza o que diz, como a luz que expulsa as trevas. Não somente os milagres causam admiração. Jesus é sem igual, sua palavra é sem igual, suas ações são sem igual.

Os dois poderes estão frente a frente: Jesus e o espírito mau que domina uma pessoa. O espírito mau pronuncia nomes (Jesus Nazareno) e títulos de Jesus (Eu sei quem tu és: o Santo de Deus) para tentar tomar o seu poder ou, a contragosto, se reconhece como o vencido e reconhece o vencedor. Em várias culturas antigas, conhecer o nome de alguém dava um poder sobre ele. 

O espírito impuro sabe que entre Jesus e ele não há nada em comum: “que queres de nós. Vieste para nos arruinar?” O espírito mau sabe que com Jesus não é possível acordos ou conchavos. 

Jesus ordena ao espírito mau que saia do homem e o expulsa. O homem não é o habitat legítimo (casa) dos demônios, embora tenham o gosto perverso de escravizar a pessoa humana. A ação de Jesus é irresistível e eficaz, ou melhor, a sua palavra! Jesus não lança mão de gestos espalhafatosos; não faz o exorcismo como espetáculo. Simplesmente ordena com autoridade: “Sai dele!” 

Jesus mandou: “Cala-te”. Não estava satisfeito e não aceitava o testemunho ortodoxo do demônio sobre sua autoridade messiânica.

O Evangelho de hoje é um convite à admiração. O Evangelho me surpreende. Jesus me surpreende! Que queres de nós, Jesus Nazareno? Mesmo que sejam as palavras do espírito impuro, essa pergunta devemos fazer a Ele. Preciso ser exorcizado do espírito de cobiça que tudo deseja possuir (a propriedade alheia, a mulher do outro) até mesmo as pessoas; o espírito de egoísmo e de autoafirmação, o espírito do domínio e do proveito a todo custo; o espírito de preguiça de intriga, de injustiça...

O Evangelho de hoje é um convite ao progresso na vida cristã. Um progresso medíocre na vida cristã é um convite para os demônios, pois os semelhantes se atraem. Todo aquele que busca crescer em sua espiritualidade se apega mais estreitamente a Cristo mais se distancia dos demônios. Eles simplesmente não se sentem à vontade (em casa) quando encontram uma pessoa plena de Cristo.


Autoridade que destrava vidas - Adroaldo Palaoro

 

“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15)


O evangelho deste domingo é um texto de transição, pois fecha o prólogo (Mc 1,1-13) e abre a narração propriamente dita do evangelho. João Batista continua sendo pessoa de referência e servirá de contraponto histórico e teológico da história posterior. A prisão dele revela o ambiente de oposição e perseguição onde Jesus atuará, anunciando a Boa-Notícia.

“Jesus foi para a Galileia”: o espaço geográfico (e teológico) de João Batista era o deserto com o rio Jordão. O espaço de Jesus, no entanto é a Galileia. Ele não se retira ao lugar da prova, nem se instala à margem da terra prometida; também não busca um lugar de missão junto aos átrios de Jerusalém, santuário nacional. Jesus se encontra vinculado à terra e às pessoas simples da Galileia, junto a um mar simbolicamente aberto às nações vizinhas. Ele se faz “margem” e começa seu ministério junto às margens.

O evangelista Marcos quer desligar a pregação de Jesus de toda conotação oficial: longe das autoridades religiosas, longe do templo e de tudo o que isso implicava. Galileia era região fronteiriça, terra da exclusão e da violência, habitada pelos mais pobres e sofredores.

Se algo chama a atenção em Jesus é sua paixão por um projeto de sentido que Ele denominou como Reino de Deus. Toda sua pessoa está mobilizada e polarizada por esse sonho, por essa utopia carregada de esperança ativa. Jesus é consciente de que com Ele começa uma história nova. A esperança se faz realidade. A consumação do mundo está começando.

Mas, a Galileia em si mesma não basta. A novidade do Evangelho se fundamenta na mensagem de Jesus: “cumpriu-se o tempo e chegou o reino de Deus; convertei-vos e crede no evangelho”. Esta é a afirmação-chave, que consta de duas frases paralelas duplas, cada uma com duas partes, unidas por um “e”. Como é usual em Marcos, a segunda serve para precisar o sentido da primeira: cumpriu-se o tempo “e” chega o reino (o reino define e dá sentido ao tempo); convertei-vos “e” crede no evangelho (a fé dá sentido à conversão).

O progresso temático é claro: passamos do Batista (deserto/rio) à Galileia, descobrindo ali a mensagem de Jesus, aberta a todas as pessoas. Ele não se fecha nas casas, sussurrando ao ouvido um segredo de iniciados; não se instala numa escola, oferecendo cursos longos de ensinamento especializado; não oferece sua palavra à beira do templo sagrado (aos puros), nem à margem do rio/deserto (aos especialistas da penitência). Dirige-se à Galileia, oferecendo seu evangelho a todos; faz isso com claridade (para que seja bem entendido), em voz alta (que o escutem), como arauto ou mensageiro de boas notícias que devem se estender pelos povoados. Por isso, anúncio e chamado estão profundamente unidos; com seu anúncio, Jesus desperta o que há de mais humano em cada um e o chama a entrar no fluxo da Sua nobre missão: “farei de vós pescadores do humano”.

Atento ao “tempo oportuno” Jesus pôs-se a proclamar a “boa notícia” da parte de Deus. Ele não espera, como João, que as pessoas venham ao seu encontro. Faz-se peregrino e dirige-se às pessoas, sobretudo aquelas que estavam à margem, excluídas e sem esperança. Cumpriu-se o “kairós”, ou seja, o tempo oportuno, carregado de sentido e de Presença; um tempo que se abre às surpresas de Deus e que mobiliza cada pessoa a viver de uma maneira diferenciada, rompendo com a vida rotineira e repetitiva.

A fé do povo de Israel sempre se deixou guiar pelo tempo de Deus, por suas intervenções salvíficas.

Esta fé é a que lhe conduz a uma visão histórica do tempo, enquanto se trata do “hoje eterno de Deus” apontando para a Terra Prometida, lugar do destino do povo.

Descobre-se o tempo como momento no qual acontece algo qualitativamente novo e não explicável a partir do ritmo cíclico da natureza.

A atividade profética vai significar um passo decisivo na concepção do tempo dentro de Israel.

Os profetas anunciam um novo ato salvífico de Deus que está por chegar e que será decisivo para Israel.

A partir desse momento, o povo vai viver o tempo como expectativa e espera ansiosa de um momento definitivo em sua existência: a realização da Promessa.

E Jesus inicia sua missão pública entrando no fluxo dessa expectativa do povo.

O Filho do Homem vive na espera paciente de seu momento. Sua sabedoria consiste em saber aguardar que o tempo chega à sua colheita, sem cair na tentação de forçar sua maturação.

Nessa perspectiva, não podemos viver o tempo como se este fosse algo meramente plano e indiferente. O Senhor do tempo e da História se faz presente em nossos corações, através do seu Espírito de Amor. E o tempo se faz, simultaneamente, princípio e fim, Alfa e Ômega.

Cada dia e cada momento tem seu matiz, sua cor e sua novidade. Não é o mesmo a primavera que o inverno, ou o sábado que a segunda-feira.

Para Jesus, o tempo que se recebe em graça e que se converte em missão, é que dá sentido à sua vida neste mundo. Ele acolhe de seu Pai o “dom do tempo” e o encarna na história humana de maneira iluminadora. Receber este “dom do tempo” requer uma disposição nova por parte do ser humano.

O sentido do tempo é o grande desafio na condução da nossa vida.

Inconscientemente, muitas vezes resistimos a fazer uso adequado deste bem precioso e insubstituível; outras vezes, usamos o tempo de forma mais contra do que a favor de nossos desejos e objetivos.

Ao irromper no tempo histórico como presença viva de Deus-Amor, Jesus nos convoca a nada mais esperar: “O tempo já se completou”. O apelo de Jesus deve estar encaminhado a descobrir o que estamos fazendo com nosso tempo. Podemos estar desperdiçando ou perdendo aquilo que nos foi dado para vivermos com intensidade e inspiração. Os anos vão se passando e com eles as oportunidades de dar verdadeiro sentido à nossa vida.

Só quando a pessoa recupera o sentido do transcurso do tempo, estará preparada para bem viver.

Afinal, “não temos tempo, somos tempo”. Nós não temos o tempo; o tempo é o que somos, pois quando não somos, já não há tempo que valha a pena; o tempo torna-se “normótico”, pesado, insuportável...

“S” e por maiores que sejam os avanços tecnológicos e de pensamento, isso não mudará. É o mais valioso que nós temos; é o maior presente que podemos fazer uns aos outros: nosso tempo.

O que define nossa cultura pós-moderna é o consumo do tempo. Se antes o ter deslocou o ser, agora o fazer está deslocando o ter como prioridade. Acumular ações, ter agenda cheia, ativismo... é o que está de moda. Estão sendo desenvolvidas as estratégias mais sofisticadas para que qualquer pessoa busque ocupar o tempo. Até o descanso foi despojado de sua gratuidade: os fins de semana e os tempos de férias são preenchidos com uma carga excessiva de atividade. “Os domingos estão precisando de feriados” (Bonder).

O tempo está tão medido e amordaçado que não há espaço para a duração, a gratuidade, a criatividade...

O pior, no entanto, não é ter feito do ativismo o “modus vivendi” por excelência, mas é o fato da pessoa estar perdendo a noção da temporalidade, ou seja, a perda do sentido da história.

O ritmo cronológico da vida acaba desembocando na tirania da imediatez. O “carpe diem”, está contribuindo para que o dom do tempo seja objeto de consumo e acabe, portanto, consumido, ou seja, gasto e extinto. Espera-se tudo do presente, e os dias se reduzem a uma soma de instantes sucessivos sem especial conexão. Ao dia de hoje não é necessário saber o que fizemos ontem e nem o que faremos amanhã.

Vivemos numa cultura onde preenchemos nosso tempo de “afazeres” para não nos deixarmos “fazer” pelo Espírito de Deus. “Perdemos” nosso tempo quando não nos conscientizamos, por alienação ou escapismo, de toda a densidade do momento como possibilidade e oportunidade de Vida.


Para meditar na oração:


O tempo da oração é o tempo de deixar-se afetar, cativar, entusiasmar..., pela pessoa, pela missão, pelo projeto de Jesus; é o tempo do amadurecimento e da concretização das opções e dos compromissos para segui-Lo pelos caminhos que Ele percorreu.


Mais que “preencher” o tempo, a atitude espiritualmente cristã de conversão é deixar-se “preencher” pela bondade de Deus no tempo; agora é o tempo de deixar-se conduzir, de encontrar-se...

Fé é criar, é deixar passar por nós a energia criadora-libertadora do Deus-providente, Senhor dos “tempos novos”.


Viver o tempo como oportunidade é arriscar-nos a ver o que cremos, a perceber a presença d’Aquele que se “faz tempo” e dá sentido pleno ao nosso tempo. É no tempo que expressamos o louvor, a ação de graças...


A paixão que aninou Jesus - José Antonio Pagola


Para Jesus, o reino de Deus não é um sonho. É o projeto que Deus quer realizar no mundo. Deus quer isso, e não como querem os donos do mundo querem?

A rigor, Jesus não ensinou uma “doutrina religiosa” para seus discípulos aprenderem e difundirem corretamente. Pelo contrário, Jesus anuncia um “acontecimento” que pede para ser acolhido, pois pode mudar tudo. Ele já está experimentando isso: "Deus entra na vida com sua força salvadora. "Temos que abrir espaço para ele".

De acordo com o evangelho mais antigo, Jesus proclamou esta Boa Nova de Deus: “O prazo chegou. O reino de Deus está próximo. Converta-se e acredite nas Boas Novas. É um bom resumo da mensagem de Jesus: "Um novo tempo está chegando. Deus não quer nos deixar sozinhos diante dos nossos problemas e desafios. Ele quer construir conosco uma vida mais humana. Mude sua maneira de pensar e agir. Viva acreditando nesta Boa Nova.

Os especialistas pensam que o que Jesus chama de “reino de Deus” é o cerne da sua mensagem e a paixão que alimenta toda a sua vida. O surpreendente é que Jesus nunca explica diretamente em que consiste o “reino de Deus”. O que ele faz é sugerir em parábolas inesquecíveis como Deus age e como seria a vida se existissem pessoas que agissem como ele.

Para Jesus, o “reino de Deus” é a vida tal como Deus quer construí-la. Esse era o fogo que ele tinha dentro de si: como seria a vida no Império se Deus reinasse em Roma e não Tibério? Como as coisas mudariam se não se imitasse Tibério, que só buscava poder, riqueza e honra, mas Deus, quem pede por justiça e compaixão pelos últimos?

Como seria a vida nas aldeias da Galileia se Deus reinasse em Tiberíades e não Antipas? Como tudo mudaria se as pessoas não se parecessem com os grandes latifundiários, que exploram os camponeses, mas com Deus, que quer vê-los comendo e não morrendo de fome?

Para Jesus, o reino de Deus não é um sonho. É o projeto que Deus quer realizar no mundo. O único objetivo que seus seguidores devem ter. Como seria a Igreja se se dedicasse apenas a construir a vida como Deus quer, e não como querem os donos do mundo? Como seriam os cristãos se vivêssemos nos convertendo ao reino de Deus? Como lutaríamos pelo “pão de cada dia” para cada ser humano, como gritaríamos: “Venha o teu reino”?


Jesus nos liberta do poder do diabo - Enzo Bianchi

Tradução Moisés Sbardelotto.

 

Depois do relato da vocação dos primeiros quatro discípulos (cf. Mc 1,16-20), Marcos sublinha que Jesus não está mais sozinho. Agora, existe uma pequena comunidade no seguimento desse rabi que foi à Galileia a partir das margens do Mar Morto, após a prisão do seu mestre e profeta João Batista, e essa comunidade crescerá e acompanhará Jesus, envolvida na sua vida até o fim.

O evangelista nos apresenta, então, um dia típico vivido por Jesus e pelos seus discípulos: o “dia de Cafarnaum” (cf. Mc 1,21-34), uma pequena cidade situada ao norte do Mar da Galileia, centro comercial, lugar de passagem entre a Palestina, o Líbano e a Assíria, cidade com pessoas heterogêneas, escolhida por Jesus como “residência”, como lugar onde ele e a sua comunidade tinham uma casa (cf. Mc 1,29,35, etc.), uma morada onde eles pousavam de vez em quando, nas pausas dos seus itinerários na Galileia e na Judéia.

Como um dia era vivido por Jesus? Ele pregava e ensinava, encontrava pessoas, libertando-as do mal e curando-as, rezava. Depois, certamente havia um tempo e um espaço para comer com os seus, para estar com a sua comunidade e para ensiná-la como era necessário viver para acolher o reino de Deus que vem.

Eis como o Evangelho nos narra essa jornada de Jesus. É um sábado, o dia do Senhor, em que o judeu vive o mandamento de santificar o sétimo dia (cf. Ex 20,8-11; Dt 5,12-15), e ele vai para a sinagoga para o culto. Jesus e os seus discípulos também vão à sinagoga de Cafarnaum, onde, depois da leitura de um trecho da Torá de Moisés (parashah) e de uma perícope dos Profetas (haftarah), um homem adulto podia tomar a palavra e comentar o que havia sido proclamado.

Jesus é um simples fiel do povo de Israel, é um leigo, não um sacerdote, e exerce esse direito. Vai ao ambão e faz uma homilia, cujo conteúdo Marcos não nos diz, ao contrário do que faz Lucas a respeito da homilia proferida por Jesus na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4,16-21).

E eis que “todos ficavam admirados com o seu ensinamento”, atesta o evangelista: sem manifestar o conteúdo preciso da sua pregação, no entanto, ele ressalta que os ouvintes ficaram tomados de estupor (exepléssonto) ao ouvi-lo. Certamente, naquele ensinamento, havia o anúncio do reino de Deus que vem, havia o chamado à conversão (cf. Mc 1,15), mas o leitor aqui é convidado sobretudo a captar a “autoridade” (exousía) de Jesus, bem diferente da dos escribas, dos especialistas das Sagradas Escrituras. Não que estes não tivessem autoridade, porque entre eles havia mestres que sabiam despertar discípulos e tocar o coração dos ouvintes. Mas a autoridade do escriba, habitualmente, era a de um mestre que havia recebido o ensinamento de outro mestre antes dele, em uma tradição, em uma transmissão que remontava a Moisés.

Jesus, por outro lado, tem uma autoridade semelhante à de Moisés, que lhe vem do fato de ter sido feito profeta por Deus e por ele enviado. Não se deve esquecer que Marcos acabou de apresentar Jesus como aquele sobre quem se abrem os céus e descem o Espírito de Deus e a sua Palavra, que o definiu como Filho amado, habilitando-o assim ao ministério profético (cf. Mc 1,10-11). João Batista, ao apresentar Aquele que vem como “o mais forte” (Mc 1,7), também havia indicado Jesus como um homem cheio do poder do Espírito Santo.

Jesus, portanto, mostra que tem uma autoridade inédita, rara. A sua palavra não é como a dos profissionais religiosos, dos muitos escribas encarregados de estudar e explicar as Escrituras. O que há de diferente na sua pregação? Podemos pelo menos dizer que nele há uma palavra que vem das suas profundezas, uma palavra que parece nascer de um silêncio vivido, uma palavra dita com convicção e paixão, uma palavra dita por alguém que não só crê naquilo que diz, mas que também o vive. Acima de tudo, é a coerência vivida por Jesus entre pensar, dizer e viver que lhe confere essa autoridade que se impõe e é performativa.

Atenção: Jesus não é alguém que seduz com a sua palavra elegante, erudita, literalmente cinzelada, rico em citações culturais; ele não pertence às fileiras dos pregadores que apenas impressionam e seduzem a todos, sem nunca converter ninguém. Pelo contrário, ele sabe penetrar no coração de cada um dos seus ouvintes, que são levados a pensar que o seu ensinamento é “novo”, sapiencial e profético ao mesmo tempo, uma palavra que vem de Deus, que sacode, “fere” e convence.

Nós sabemos bem disto: todos nós desejamos esse pregador nas nossas liturgias dominicais, mas às vezes ficamos decepcionados. Por outro lado, quem prega nas nossas assembleias não é o Filho de Deus que se fez homem, às vezes é alguém cansado e até frustrado na sua missão, às vezes é tão obrigado a repetir ritos e palavras que lhe faltam a convicção e a paixão.

Porém, eu creio que, mesmo nessa situação de pobreza de algumas assembleias litúrgicas, se alguém tem o coração aberto e desejoso de ouvir a palavra de Deus, algum fragmento dela sempre chega até ele... Já diziam os rabinos: se a Lei de Deus foi dada em meio a trovões, barulhos, sons, mas foi bem acolhida pelos fiéis, a pregação, que às vezes é apenas barulho, também pode transmitir a palavra de Deus a quem tem fome dessa palavra.

A autoridade de Jesus se mostra imediatamente depois em um ato de libertação. Na sinagoga, há um homem atormentado por um espírito impuro, um homem em quem o demônio está agindo. Não detenhamos a nossa atenção na violência e no barulho com que esse homem se expressa, segundo a descrição típica do estilo oriental imaginativo.

Vamos à substância: há um homem em quem o demônio atua de modo particular, em quem a força que se opõe à de Deus ocupou um grande espaço; nessa pessoa há um espírito impuro que se opõe ao Espírito Santo de Deus que habita em Jesus. A presença de Jesus na sinagoga é uma ameaça a essa força demoníaca, e então a verdade é gritada: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!”.

Significativamente, esse espírito impuro fala de si mesmo no plural, apresentando-se como uma hoste de forças maléficas, demoníacas; como uma potência que, quando encurralada, reage gritando com violência, mas proclamando uma fórmula cristológica verdadeira: “Tu és o Santo de Deus” (cf. Jo 6,68-69). No entanto, isso visa a gerar escândalo e incredulidade, porque essa força plural não quer ter nada a ver com Jesus. Ele, porém, intima essa força: “Cala-te!”, impede-a de fazer uma proclamação sem adesão, sem seguimento; então, liberta o homem daquela presença devastadora e mortífera. O sinal da libertação ocorrida é um grande grito: “O espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu”.

Observe-se a imposição do silêncio por parte de Jesus: o grito do endemoninhado é formalmente uma confissão de fé, a identidade de Jesus não pode ser proclamada tão facilmente, como se fosse uma fórmula doutrinal ou, pior ainda, mágica. É diabólico confessar a fé correta sem se pôr no seguimento de Jesus!

Ao longo de todo o Evangelho segundo Marcos, testemunha-se essa preocupação de Jesus acerca da manifestação da sua identidade: não se deve divinizá-lo tão rapidamente, não se deve fazer isso por se estar encantado com os prodígios que ele realiza, nem se deve fazer isso por se entusiasmar com ele. Isso só poderá ser feito quando, tendo seguido Jesus até o fim, ele for visto pendurado na cruz. Só então – atesta o Evangelho – a confissão do leitor pode ser verdadeira, feita na verdade e com conhecimento profundo, junto com o centurião que, vendo Jesus pendurado no lenho, proclama: “Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus!” (Mc 15,39).

O melhor comentário é uma palavra de um monge do século XII, Guigo I, o Cartuxo: “A verdade deve ser adorada nua e pendurada na cruz”.

E eis que Marcos, criando uma inclusão com o início do relato (“Todos ficavam admirados com o seu ensinamento”), observa: “Todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: ‘O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!’”.

As pessoas presentes na sinagoga de Cafarnaum se interrogam cheias de temor: ouviram e viram que até mesmo as potências do mal são vencidas por Jesus graças à sua palavra nova, eficaz. O reino de Deus verdadeiramente se aproximou, e Jesus é cada vez mais reconhecido como uma presença por meio da qual o próprio Deus fala e age em toda a Galileia, a terra destinatária da sua pregação.

   

Jesus liberador do mal - Ricardo Machado

 

Marcos continua nos apresentando um dia da vida de Jesus. Ele se encontra na sinagoga em Cafarnaum e sua pregação desmascara a malignidade de tudo o que desumaniza a vida das pessoas e impede-lhes de ser feliz.

A missão de Jesus é libertar os oprimidos e escravizados pelo poder do mal. Baseado na Palavra, Jesus ensina com autoridade e realiza aquilo que ele está proclamando: liberar as pessoas de qualquer forma de escravidão, abrir suas consciências para que não se deixem oprimir.

Marcos não diz qual era o ensinamento de Jesus. Ele menciona-o junto com uma curação e sugere assim que o ensinamento com autoridade repouse numa prática concreta de libertação. Os próprios fatos que Jesus realizava eram seu ensinamento.

“Mais daquilo que ele falava o que impactava era esse poder de suas ações em favor da vida e contra o mal que esmaga o homem. A presença de Jesus privava o homem de toda força. Essa era a clave de sua autoridade: ele não tinha estudos, nem credenciais ou graduações que o autorizavam, mas quando ele falava alguma coisa acontecia em favor dos que sofrem”.

Jesus está na sinagoga, no dia de sábado, e nesse espaço é data sagrada para um judeu realizar seu ensinamento expulsando os espíritos imundos que o reconhecem como representante de Deus.

Agora, bem, esta proposta de Jesus provoca admiração naqueles que ficam maravilhados de sua autoridade de liberar e curar as pessoas e, por outro lado, encontra-se com uma forte oposição. Esta oposição está representada pelos escribas, colocados no mesmo caráter que os escribas: ambos são inimigos de Jesus.

“A primeira ação publicada de Jesus é também uma ação programática de purificar a Casa de Deus e libertar as pessoas de tudo que as aliena e desumaniza”. (Wenzel, João Inácio)

Os escribas e fariseus são incomodados pelas suas palavras e autoridade de Jesus que é reconhecida pelo povo simples que sente nascer em Jesus uma nova esperança de vida e liberdade.

Jesus nos convida a ser junto com ele pessoas que gerem vida, sem permitir que os diferentes tipos de escravidão continuem oprimindo as pessoas que caminham ao nosso lado. Participar de sua convicção de ter uma missão e ser responsável de uma causa que é a causa do Pai.

 

Dá-nos tua paz!

Dá-nos, Senhor, aquela Paz estranha

que brota em plena luta

como uma flor de fogo;

que rompe em plena noite

como um canto escondido;

que chega em plena morte

como o beijo esperado.

Dá-nos a Paz dos que caminham sempre,

nus de toda vantagem,

Vestidos pelo vento da esperança.

Aquela Paz dos pobres,

vencedores do medo.

Aquela Paz dos livres,

amarrados à vida.

A Paz que se partilha na igualdade,

como a água e a Hóstia.

aquela Paz do Reino, que vem vindo,

inviável e certo.

Dá-nos a Paz, a outra Paz, a Tua,

Tu que és nossa Paz!

 

Dom Pedro Casaldáliga

  


José Luiz Gonzaga do Prado - Marcos 1,21-28

Nova Resende – MG


Depois de anunciar a chegada próxima do Reinado de Deus e de começar a reunir os irmãos para formar sua nova comunidade religiosa, Jesus vai ensinar na instituição religiosa de sua gente, a sinagoga. O povo admira a autoridade que tem o seu ensinamento e o compara com os dirigentes da sinagoga, a antiga instituição religiosa.

O homem ali estava com um mau espírito. O mau espírito estava dentro da instituição religiosa, a sinagoga, comandada pelos escribas. Jesus os incomoda, é uma ameaça. Notar como o homem com mau espírito fala em nome de todos eles: “Vieste para nos destruir”!

Dali da Galileia tinham saído os revoltosos para tomar o poder em Jerusalém e cada líder se fazia proclamar Messias, o Salvador da pátria. Jesus não se deixa confundir com eles. Manda que o mau espírito se cale e saia do homem.

Cresce a admiração do povo. Os chefes certamente se viram perdidos e violentados. Jesus traz um ensinamento novo, uma nova proposta, diferente daquelas esperanças limitadas dos que só queriam uma solução de momento para a sua nação. Jesus não é um chefe político nacional, mas é o verdadeiro guia de todo o povo, como o profeta semelhante a Moisés, anunciado na primeira leitura.

O Mistério

O Evangelho segundo Marcos, lido nos domingos deste ano, frequentemente diz que Jesus ensinava, mas quase nunca diz o que ele ensinava. É que Jesus ensina com as atitudes, com sua prática, com sua maneira de viver.

Assim é a eucaristia que ele nos mandou celebrar. A oração Eucarística V diz: “mandando que se faça o mesmo que ele fez”. Que fez ele naquela Ceia derradeira? Entregou-se à morte de cruz. Para fazer o que ele fez basta repetir o seu gesto com o pão e o vinho e dizer as mesmas palavras dele? Não seria necessário também repetir a sua atitude, assumir o sacrifício em favor de todos?


Mc 1, 21-28: O primeiro impacto da Boa Nova de Jesus no povo - Mesters e Lopes

1. SITUANDO

O texto de hoje descreve várias atividades de Jesus: a admiração do povo diante do ensinamento de Jesus (Mt 1,21-22), o primeiro milagre da expulsão de um demônio (Mt 1,23-28), a cura da sogra de Pedro (Mc 1,29-31), a cura de muitos doentes (Mc 1,32-34). Marcos recolheu estes episódios, que eram transmitidos oralmente nas comunidades, e os uniu entre si como tijolos numa parede.

Nos anos 70, época em que Marcos escreveu, as comunidades necessitavam de orientação. 

Descrevendo como foi o início da atividade de Jesus, Marcos indicava como elas deviam fazer para anunciar a Boa Nova aos que viviam oprimidos pelo medo dos demônios, pela imposição arbitrária de normas ultrapassadas, pela perseguição por parte do Império Romano. Marcos fez catequese contando para as comunidades os fatos e acontecimentos da vida de Jesus.

 

2. COMENTANDO

1. Marcos 1,21-22: Admirado com o ensino de Jesus, o povo cria consciência crítica

A primeira coisa que Jesus faz é chamar gente para formar comunidade (Mc 1,16-20). A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. Por este seu jeito diferente, Jesus cria consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebe, compara e diz: Ele ensina com autoridade, diferentemente dos escribas. Os escribas da época ensinam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida.

2. Marcos 1,23-26: Jesus combate o poder do mal

O primeiro milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e as alienava de si mesmas. Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada pelos cobradores. Acha que  não vive direito como gente se não comprar aquilo que a propaganda anuncia. Em Marcos, o primeiro gesto de Jesus consiste em expulsar e combater o poder do mal. Jesus envolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade.

3. Marcos 1,27-28: A reação do povo – o primeiro impacto

Os dois primeiro sinais da Boa Nova que o povo percebe em Jesus são estes: o seu jeito diferente de ensinar as coisas de Deus e o seu poder sobre os espíritos impuros. Jesus abre um novo caminho para o povo conseguir a pureza através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa que era declarada impura já não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bânção prometida por Deus a Abraão. Teria que se purificar primeiro. Assim, havia muitas leis e normas que dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Agora, purificadas por Jesus, as pessoas impuras podiam comparecer novamente à presença de Deus.

4. Marcos 1,29-31: Jesus restaura a vida para o serviço

Depois de participar da celebração do sábado, na sinagoga, Jesus entra na casa de Pedro e cura a sogra dele. A cura faz com que ela se coloque imediatamente de pé. Com a saúde e a dignidade recuperadas, ela se põe a serviço das pessoas. Jesus não só cura, mas cura para que a pessoa se coloque a serviço da vida.

5. Marcos 1,32-24: Jesus acolhe os marginalizados

Ao cair da tarde, terminado o sábado, na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, Jesus acolhe e cura os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Doentes e possessos eram as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer. Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava impuras. Elas não podiam participar da comunidade. Era como se Deus as rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os marginalizados e os excluídos e reintegrá-los na convivência.

3. ALARGANDO

Os OITO PONTOS DA MISSÃO DA COMUNIDADE

Um duplo cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época, e o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado da exploração e de repressão. 

Por causa disso, uma grande parte do povo vivia excluída, enxotada e sem lugar, nem na religião nem na sociedade. Era o contrário da fraternidade que Deus sonhou para todos! É neste contexto que Jesus começa a realizar sua missão.

Após a descrição da preparação da Boa Nova (Mc 1,1-13) e da sua proclamação (Mc 1,14-15), Marcos reúne, um depois do outro, oito episódios ou atividades de Jesus para descrever a missão das comunidades (Mc 1,16-45). É a mesma missão que Jesus recebeu do Pai (Jo 20,21). Estes oito episódios são oito critérios para as comunidades fazerem uma boa revisão e verificar se estão realizando bem a sua missão. Vejamos:

1) Mc 1,16-20: Criar comunidade – A primeira coisa que Jesus faz é chamar pessoas para segui-lo. A tarefa básica da missão é congregar as pessoas em torno de Jesus e criar comunidade.

2) Mc 1,21-22: Despertar consciência crítica – A primeira coisa que o povo percebe é a diferença entre o ensino de Jesus e o dos escribas. Faz parte da missão contribuir para que o povo crie consciência crítica frente à religião social.

3) Mc 1,23-28: Combater o poder do mal – O primeiro milagre de Jesus é a expulsão de um espírito impuro. Faz parte da missão combater o poder do mal que estraga a vida e aliena as pessoas de si mesmas.

4. Mc 1,29-31: Restaurar a vida para o serviço – Jesus curou a sogra de Pedro, ela levantou-se e começou a servir. Faz parte da missão preocupar-se com os doentes de tal modo que possam levantar-se e voltar a prestar serviço aos outros.

5. Mc 1,32-34: Acolher os marginalizados – Depois que o sábado passou, o povo trouxe até Jesus todos os doentes e endemoniados, para que Jesus os curasse, e ele curou a todos, impondo-lhes as mãos. Faz parte da missão acolher os marginalizados.

6. Mc 1,35: Permanecer unido ao Pai pela oração – Após um dia de trabalho até tarde, Jesus se levantou cedo para poder rezar num lugar deserto. Faz parte da missão permanecer unido à fonta da Boa Nova que é o Pai, através da oração.

7. Mc 1,36-39: Manter a consciência da missão – Os discípulos gostaram do resultado e queriam que Jesus voltasse. Mas ele seguiu adiante. Faz parte da missão não se fechar no resultado já obtido e manter viva a consciência da missão.

8. Mc 1,40-45: Reintegrar os marginalizados na convivência – Jesus cura um leproso e pede que se apresente ao sacerdote para poder ser declarado curado e voltar a conviver com o povo. Faz parte da missão reintegrar os marginalizados na convivência humana.

Esses oito pontos, tão bem escolhidos por Marcos, mostram o rumo e o objetivo da missão de Jesus: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundânci" (Jo 10,10). 

Estes mesmos oito pontos podem servir como avaliação para a nossa comunidade. 

Por aí a gente vê como Marcos constrói o seu Evangelho. Construção bonita, que leva em conta duas coisas ao mesmo tempo:

(1) informa as pessoas a respeito das coisas que Jesus fez e ensinou; 

(2) forma as comunidades e as pessoas para a missão de anunciadores e anunciadoras da Boa Nova.


TEXTOS DE Dom Damián Nannini, Argentina

(Traduzido direto pelo Google sem revisão). 

4ºDOMINGO IV DO ANO – CICLO “B”

Primeira Leitura (Dt 18,15-20):

A seção de Dt 18,9-22 contém “leis sobre os profetas” na medida em que trata da busca de comunicação com Deus por meio de intermediários1. Na primeira parte (18,9-14), é firmemente proibido o recurso a mediações típicas dos povos pagãos, como adivinhos, astrólogos, feiticeiros, consultores espirituais ou evocadores dos mortos. Então, a mediação legítima e autêntica é proposta como alternativa:a de um profeta semelhante a Moisés que surgirá do mesmo povo e a quem deverão ouvir.

O melhor da teologia do Deuteronômio se alimenta da experiência fundadora do Monte Horebe (Sinai); e a mediação profética também tem aí a sua origem e fundamento, como lemos em Dt 18,16-18. A transcendência divina que suscitava medo e tremor no povo de Israel torna-se proximidade afável graças à mediação de Moisés, que pela sua grandeza se tornou o ideal de toda mediação profética para o futuro (“Um profeta como Moisés, a quem Yahweh tratou face a face, nunca mais apareceu em Israel.”Dt 34,10). A comunidade cristã primitiva considera que o anúncio de um profeta excepcional como Moisés, feito em Dt 18,15 - que estava presente nas expectativas do judaísmo do seu tempo como prova de Jo 1,21 - cumpriu-se em Jesus Cristo (cf. Hb 3 ,22;7,37).

A partir daqui, estabelece-se uma “pedagogia da comunicação divina”, dado que a Palavra de Deus chegará ao povo através da mediação do profeta, que deverá transmitir ‘tudo e somente’ o que Deus lhe disser para dizer. E isto é mantido no Novo Testamento onde passa de Jesus aos seus discípulos (“Quem te escuta, me escuta; Quem te rejeita, me rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou", Lc 10,16); e desde Pentecostes até toda a Igreja como povo profético (cf. Hb 2, 15-18).

Agora, o outro lado da proximidade e da “acessibilidade” da Palavra de Deus transmitida pelos profetas, pelos homens, é a possibilidade de “falsificação”. Podem surgir falsos profetas que não transmitem a verdadeira Palavra de Deus, mas sim a sua própria ou a de outros deuses (interesses diríamos hoje). É por isso que o profeta deve “verificar” a Palavra transmitida com a sua vida e as suas obras, como vemos Jesus fazer no evangelho de hoje.

Segunda Leitura (1Cor 7,32-35):

Nesta secção da carta, São Paulo exprime claramente a sua preferência pessoal pelo estado celibatário em detrimento do casamento (cf. 7,26.32-35); mas com o limite realista de que isto se aplica apenas àqueles que receberam o “dom” de Deus (cf. 7,36-38). São Paulo vai longamente apresentando a virgindade consagrada como um valor superior à vida conjugal. O seu maior argumento a favor desta opção de vida é a possibilidade de uma entrega total e unitária ou unificada ao Senhor, o que implica ou facilita uma dedicação mais nobre, constante e sem distrações ao Senhor. Este é o fim que justifica e dá sentido à renúncia a algo sagrado e valioso como o casamento.

Evangelho (Mc 1,21-28):

Depois da chamada dos primeiros discípulos (cf. 1, 16-20), Marcos apresenta-nos Jesus em ação; mas ao mesmo tempo destacando a impressão que causou nas pessoas; o efeito que suas palavras e ações tiveram. A história de hoje descreve duas ações de Jesus e as respectivas reações do povo, mas mantém a sua unidade porque tudo acontece na sinagoga de Cafarnaum onde Jesus entra (1:21) e sai (1:29).

1Cf. G. Braulik,Deuteronômio. O Testamento de Moisés(Cittadella; Assis 1987) 79.

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A primeira ação de Jesus éensino(ensinado). Especificamente, a narrativa nos situa num dia de sábado quando, ao chegar a Cafarnaum, Jesus entra na sinagoga e ali ensina. Neste texto, e em geral em todo o evangelho de Marcos, o conteúdo dos ensinamentos de Jesus não é explicitado. Podemos pensar que a essência da pregação de Jesus já foi especificada por Marcos na perícope anterior: “Chegou a hora: o Reino de Deus está próximo. Converta-se e acredite nas Boas Novas" (1,15). Além disso, como o verbo "ensinar" aparece em Marcos apenas quando Jesus se dirige a um público exclusivamente judeu - e neste caso na sinagoga -

Podemos assumir que é uma mensagem que vem do Antigo Testamento. A reação do povo é um misto de espanto e admiração porque Jesus ensinava comautoridade, o que significa que ele falou de Deus com seu próprio conhecimento; em contraste com os escribas, isto é, os professores “oficiais”. O termo grego usado para descrever a reação das pessoas –ekplexomai– "derivado deo pleito, "golpe", expressa o estado de espírito produzido pela experiência ou forte impacto de um acontecimento inusitado e importante, que inevitavelmente influencia quem o conhece: "ficar/ficar impressionado""2.

Esta reação é provocada não tanto pelo conteúdo do ensinamento de Jesus, mas pela qualidade pessoal manifestada na forma como ele ensinava, já que Jesus o fazia comautoridade. O termo grego é usado aquiexousía (poder), "qualidade típica de Deus ou do homem que consiste na superioridade e se manifesta na capacidade de agir livre e eficazmente sobre as pessoas e instituições. É, portanto, uma autoridade soberana ou comunicada pelo soberano"3. Jesus recebeu esta “autoridade” de Deus ao ser ungido pelo Espírito Santo no seu batismo (cf. 1,10); e ali mesmo o Pai revelou que é em seu Filho que Ele se agrada (cf. 1,11). BJ diz sobre isso. Malina – RL Rohrbaugh4: “O importantíssimo problema da autoridade aparece mais uma vez. As pessoas que não agiam de acordo com o grau de honra adquirido ao nascer atraíram imediatamente a atenção das comunidades do mundo mediterrâneo. Visto que não se esperava que o filho de um artesão falasse em público, os ouvintes de Jesus ficaram surpresos, talvez um pouco chocados. Contudo, Marcos já justificou esta forma de agir de Jesus aos olhos do leitor, ao falar do seu altíssimo grau de honra como Filho de Deus.”. Por tanto,A autoridade de Jesus baseia-se na sua filiação divina e na sua posse do Espírito Santo.

Isso é "nova forma de ensinar, com autoridade" (doutrina nova por autoridadeem 1:27), é explicitamente contrastado com o dos escribas ou estudiosos de Israel que, portanto, ensinavam sem autoridade. Na verdade, a partir de fontes rabínicas sabemos que "Sua forma de ensinar baseava-se na citação e interpretação de textos de rabinos ilustres, o que constituía uma espécie de jurisprudência. Não apresentaram uma experiência pessoal, limitaram-se a repetir continuamente o que os professores consagrados propuseram."5. Em outras palavras, eles não ensinavam a partir da sua própria experiência de Deus, mas eram meros repetidores de tradições humanas.

Em conclusão, issoautoridadede Jesus ao ensinar que chama a atenção e deixa impressionado seus ouvintes, é porque ele fala de Deus com “conhecimento próprio”, a partir da experiência pessoal, cheio do Espírito Santo e manifestando sua condição de Filho de Deus. É por isso que as pessoas reconhecem que o próprio Deus lhes fala através dele; Ele é um verdadeiro profeta.

Mas esta não é a única reação que Jesus provoca porque, ali mesmo, na sinagoga, estava um homem possuído por um “espírito imundo” (o espírito imundo) que começa a gritar com ele desafiadoramente. O “espírito” é um princípio ativo, ou seja, o que move o homem a pensar e agir de determinada maneira. "Impuro" é o oposto de "puro" ou

2J. Mateos – F. Camacho,O Evangelho de Marcos. Análise linguística e comentário exegético(El Almendro; Córdoba 2003) 136.

3Ídem, 136. A maioria das traduções consultadas traduzexousía por “autoridade”; exceto a Vulgata que se traduz como “poststates habent”, mantendo mais o sentido de “poder” que este termo também possui.4Os evangelhos sinópticos e a cultura mediterrânea do século I(Palavra Divina; Estella 1996) 148.5J. Mateos – F. Camacho,O Evangelho de Marcos. Análise linguística e comentário exegético, 142. L. H. Rivas, por sua vez, nos diz que “entre os judeus, entende-se que um bom professor é aquele que ensina com base no que disseram os professores do passado. Para ser confiável, todo ensinamento deve ser salpicado de citações de autores antigos, porque para eles a tradição é extremamente importante."Jesus fala ao seu povo. Ciclo B. Domingos durante o ano(CEA; Buenos Aires 2002) 23.

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“Santo” é tudo aquilo que não pode ser oferecido a Deus e onde Deus não pode estar presente. Portanto, por ter um “espírito impuro” este homem estava separado de Deus, seus pensamentos e ações eram contrários a Deus. Notemos que o “espírito impuro” é o oposto do Espírito Santo, o princípio ativo que nos faz pensar e agir como Deus, que nos aproxima de Deus. E notemos também que o Espírito Santo desceu sobre Jesus (cf. Marcos 1,10) e o exortou a ir para o deserto (cf. 1,12). Pois bem, o contraste entre estes dois espíritos aparece claramente nos gritos deste homem contra Jesus:"O que temos a ver com você, Jesus de Nazaré? Você veio para nos destruir? Eu sei quem você é: o Santo de Deus" (1,24).

A primeira exclamação deixa claro que este espírito impuro nada tem em comum com Jesus. Além disso, ele interpreta a ação de Jesus como um perigo destrutivo para si mesmo, ou melhor, paraeles, já que é plural. Segundo J. Gnilka, esse plural indica que ele fala por toda a sua raça, ou seja, é uma força grupal que se opõe à ação de Jesus.6.

Na segunda exclamação Jesus é reconhecido como “o Santo de Deus” (o santo de deus). Lembremos que segundo o enredo narrativo de Marcos, os demônios e/ou espíritos impuros reconhecem a identidade de Jesus como Messias e Filho de Deus; enquanto permanece oculto, secreto, dos homens (cf. 3,11; 5,7). É, portanto, uma verdadeira confissão de fé, embora paradoxalmente venha dos inimigos de Jesus.

Apenas três vezes nos evangelhos Jesus é chamado de “Santo de Deus” (os outros dois casos são Lucas 4:34 e João 6:69). Existem algumas pessoas no Antigo Testamento que recebem esse tratamento, como Sansão, Moisés, Arão e o povo de Israel. Ora, como já vimos, o santo é o oposto do impuro, é o que pode ser oferecido a Deus e onde Deus pode fazer-se presente, e porque Deus está presente ele é Santo. Portanto, o espírito impuro reconhece e até confessa que Deus, o Santo, está presente em Jesus; Em outras palavras:Jesus é o Santo de Deus porque Nele Deus está presente, se manifesta e atua no mundo.

A reação imediata de Jesus é dizer ao espírito imundo para calar a boca e deixar aquele homem. E a sua palavra revela-se soberana e eficaz porque o espírito imediatamente lhe obedece e abandona aquele homem. Pois bem, "Ao silenciar demônios, Jesus demonstra que a soberania de Deus sobre o mundo chegou"7. Na verdade, o mundo está sob o domínio de Satanás, do mal, e Jesus vem para libertá-lo, para resgatá-lo com o seu poder. Precisamente quem aceita o Reino de Deus, a soberania de Deus, está livre do domínio dos espíritos impuros. Como observa J. Gnilka8, "Não é pura coincidência que Jesus tenha iniciado a sua atividade pública com um exorcismo […] Marcos vê a novidade da irrupção da soberania de Deus que se impõe na vitória sobre os demônios".

Segue-se, como inclusão no início da história, uma nova descrição da reação de espanto do povo ao ensinamento de Jesus, à qual se acrescenta agora a causada pelo exorcismo. Aqui está claro queA autoridade divina de Jesus no ensino é confirmada pelas suas ações, pelo seu senhorio sobre os espíritos impuros. A história termina apontando a propagação da fama de Jesus por toda a Galiléia.

Meditação:

No domingo passado vimos que Jesus anunciou e também tornou presente o Reino de Deus entre os homens. Em Jesus o reino, a soberania de Deus, torna-se próximo. Hoje somos informados de como Jesus torna presente o reino de Deus:através da sua Palavra e da sua Acção.Por isso, somos convidados a fixar o olhar em Jesus, ouvi-lo ensinar e vê-lo agir.

Escutarpara Jesusporque Ele é a Palavra pessoal de Deus. A primeira leitura contém o anúncio do futuro surgimento de um profeta semelhante a Moisés naquele

6O Evangelho segundo São Marcos. Vol. eu(Siga-me; Salamanca 1992) 94. A interpretação de Mateos-Camacho parece-nos forçada, para quem o “nós” inclui o homem possuído e o letrado, cf. op. cit. pág. 146.7D. Rhoads - J. Dewey - D. Michie,Marcas como uma história(Siga-me; Salamanca 2002) 118.8O evangelho segundo São Marcos, 93,95.-

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transmitirão a mesma Palavra de Deus. Deus falará ao seu povo através deste profeta e o povo deve ouvi-lo. Agora, em Jesus esta profecia se cumpre, mas superando-a infinitamente. Jesus ensina sobre Deus com autoridade, como um verdadeiro profeta. A Palavra de Deus está em sua boca. Mas é muito superado porque Jesus não só nos transmite a palavra de Deus, mas Ele mesmo é a Palavra de Deus. Esta é a verdade sobre Jesus que deveria “atingir-nos”, “chocar-nos”, encher-nos de admiração e espanto.

Esta verdade sobre Jesus como Palavra pessoal do Pai foi belamente expressa por Bento XVI emPalavra do Senhor: "O Verbo eterno, que se exprime na criação e se comunica na história da salvação, tornou-se em Cristo um homem «nascido de mulher» (Gl 4, 4). A Palavra aqui não se expressa principalmente através do discurso, com conceitos ou normas. Aqui nos encontramos diante da própria pessoa de Jesus. Sua história única e singular é a palavra definitiva que Deus diz à humanidade”.(nº 11)[…] “O próprio Filho é o Verbo, o Logos; o Verbo eterno tornou-se pequeno, tão pequeno que parece estar numa manjedoura. só pode ser ouvido, não só tem voz, mas tem um rosto que podemos ver: Jesus de Nazaré" (nº 12).

Ao mesmo tempo "O evangelho que se proclama neste domingo nos coloca diante da autoridade que a Palavra de Jesus tem […] A Palavra de Deus tem autoridade porque faz o que diz… é criativa… Deus fala conosco e o que Ele diz se faz em nós”9.

E então a nossa reação a esta Palavra de Deus que é Jesus Cristo deve ir além do espanto e da escuta até chegar à fé como encontro pessoal e vital:"A renovação deste encontro e da sua compreensão produz no coração dos crentes uma reacção de espanto perante uma iniciativa divina que o homem, com a sua capacidade racional e imaginação, nunca poderia ter inventado. Esta é uma novidade inédita e humanamente inconcebível: «E o Verbo se fez carne e acampou entre nós» (Jo 1, 14a). Esta expressão não se refere a uma figura retórica, mas a uma experiência viva. São João, testemunha ocular, narra: «E contemplamos a sua glória; glória própria do Filho Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14b). A fé apostólica testifica que o Verbo eterno se tornou Um de nós. A Palavra divina exprime-se verdadeiramente em palavras humanas» (V. D. n. 11).

É interessante a contribuição de E. Bianchi10quando ele diz: "O ensinamento de Jesus não se limita às palavras, mas exprime-se também através de ações e gestos dotados de autoridade autêntica, que consiste em “fazer crescer o outro” (cf. o sentido original deautoridade, do verbopara aumentar)”. Na verdade, um dos significados originais deautoridade(autoridade em latim) é ser a qualidade de quem cresceu, derivada do verbopara aumentarO que significa crescer, portanto, é uma qualidade doautorque é aquele que cresceu e o faz crescer.

Agoracontemplemos Jesus Cristo, Palavra de Deus,Agir: ordena que o espírito impuro seja silenciado e o expulse do homem. Ele é o Santo de Deus que nos purifica, que nos torna agradáveis ​​ao Pai, que nos aproxima de Deus. Com efeito, a Palavra de Deus purifica-nos e silencia os muitos ruídos do mundo que nos atormentam para nos convidar a entrar no silêncio de Deus onde ressoa."a música tranquila, a solidão sonora, o jantar que recria e apaixona"(São João da Cruz, Cântico Espiritual B, c. 15).

Precisamos que o Senhor silencie as muitas vozes que nos atordoam, que nos confundem, que nos impedem de ouvi-lo, só a Ele.A Palavra exige silêncio:“A grande tradição patrística ensina-nos que os mistérios de Cristo estão ligados ao silêncio, e só nele o Verbo pode encontrar morada em nós, como aconteceu com Maria, mulher do Verbo e do silêncio inseparavelmente”(V. D. nº 66).

Jesus é a Palavra de Deus, é o Santo de Deus e, portanto, a sua Palavra nos santifica. Jo 17:17 diz expressamente:"Santifica-os na verdade: a tua palavra é a verdade”.Então,"os discípulos estão, num certo sentido, "imersos nas profundezas de Deus através da sua imersão na Palavra de Deus. A Palavra de Deus é, por assim dizer, o banho que os purifica, a força criativa que os transforma no ser de Deus." ".

Num segundo momento temos que aprender com Jesus, com o seu modo de ensinar e de agir, pois somos chamados, vivendo unidos a Ele, a prolongar a sua própria missão. É por isso que eu sei

9L. H. Rivas,Jesus fala ao seu povo. Ciclo B. Domingos durante o ano(CEA; Buenos Aires 2002) 26-27.10Ouça o Filho amado, nele se cumpre a Escritura. Ciclo B(Siga-me; Salamanca 2011) 100.

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esperado dos cristãosvamos falar sobre Deus com autoridade, como quem conhece por experiência porque O conhecemos e dá testemunho do que vimos e ouvimos. São Paulo VI já o disse:"Para a Igreja, o primeiro meio de evangelização consiste no testemunho de uma vida autenticamente cristã, entregue a Deus numa comunhão que não deve ser interrompida por nada e ao mesmo tempo igualmente consagrada ao próximo com zelo ilimitado. O homem contemporâneo escuta com mais boa vontade quem dá testemunho do que quem ensina - dissemos recentemente a um grupo de leigos - ou se escuta quem ensina é porque dá testemunho.(E N. nº 41). 

Para falar com autoridade do Santo de Deus é necessário já ter sido introduzido num caminho de santidade, de vivência autêntica e comprometida da nossa fé. São Paulo VI nos ilumina mais uma vez:“O mundo exige e espera de nós simplicidade de vida, espírito de oração, caridade para com todos, especialmente para com os pequenos e os pobres, obediência e humildade, desapego de si mesmo e renúncia. abre brecha no coração dos homens deste tempo. Corre o risco de se tornar vaidoso e infértil" (E. N. n. 76).

São João Paulo II disse isso de forma breve, mas categórica:"O verdadeiro missionário é o santo"(RM nº 90). Mais perto de nós, o Papa Francisco insiste nestes temas na EG n° 136: “Renovemos a nossa confiança na pregação, que se baseia na convicção de que é Deus quem quer chegar aos outros através do pregador e que Ele exerce o seu poder através da palavra humana. São Paulo fala com força da necessidade de pregar, porque o Senhor quis chegar aos outros também através da nossa palavra. Com a palavra, nosso Senhor conquistou o coração do povo”.

PARA ORAÇÃO (RESSON NCIAS DO EVANGELHO EM ORAÇÃO):sua fama

Um sábado

O povo o ouviu. Senhor da sua casa viu

Ele respeitou sua postura real e ouviu suas palavras

Deus só

Ele conhecia o interior do coração que escuta

Dúvidas, angústias e tensões daqueles tempos...

A verdade era escassa

E como hoje, é difícil prestar atenção

Somente uma voz de puro Amor, fez o seu direito

Som divino

Entra dentro como uma melodia

Que acaricia os sentidos e nos limpa

Mas se for uma ordem

E o seu Espírito sopra forte

Isso abala as consciências e as coloca em alerta…

Antes de você, Senhor

Só a obediência é possível, e sem medo

Aguarde sua cura com serena paciência

Não demore, nós pedimos

Assim, proclamemos com nossas vidas o seu Poder

e a tua fama se espalhará por toda a terra. Amém.