IRMÃZINHAS DE JESUS

(FOTOS NO FINAL DA PÁGINA)

AS IRMÃZINHAS DE JESUS

AMIGOS DE CARLOS DE FOUCAULD

Seguindo a inspiração do irmão Carlos de Jesus, irmãzinha Madalena de Jesus começou a fraternidade das irmãzinhas de Jesus no dia 8 de setembro de 1939.

Irmãzinha Madalena dizia: “Antes de ser religiosa, seja humana e cristã”.

As irmãzinhas estão presentes nos cinco continentes. São atualmente 1334 irmãzinhas, espalhadas em 68 países. Em 1952 chegaram as primeiras no continente latino-americano para viver com os índios Tapirapé, no Mato Grosso e em outros países.

São mulheres consagradas a Deus e aos irmãos e irmãs, numa vida contemplativa, vivida no meio dos empobrecidos, para juntos caminharem para Deus, num caminho de igualdade, fraternidade e justiça. É uma vida contemplativa mergulhada neste mundo que Deus ama.

O apostolado ou a pastoral das irmãzinhas consiste em fazer a palavra de Deus acontecer, caminhando cada dia com os irmãos e as irmãs, partilhando passo a passo suas vidas, suas histórias, seus clamores e suas lutas por uma vida verdadeiramente digna e humana.

A casa onde moram se chama “fraternidade”. Em pequenos grupos de três ou quatro, a comunidade se constrói, através da acolhida mútua, das fraquezas e dos limites, das riquezas e dos dons. Vale a pena entrar em contato com elas. Você descobre um mundo cheio de novas possibilidades.

Eis alguns endereços para contato:

Caixa postal 404 – 60001-970 – Fortaleza, CE

Casa paroquial – 78657-000 – Confresa, MT

Rua 2 Qd. 2 Lt. 16 – Estrela Dalva – 74.475-294 – Goiânia/Go


SEJAM LIVRES PARA AMAR


Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 02-10-2017, Gaudium Press) O Papa Francisco recebeu nesta segunda-feira, no Vaticano, as Irmãzinhas de Jesus, reunidas em Roma para seu Capítulo Geral. Na ocasião, o Pontífice exortou-as recomendando-lhes: "sejam livres para amar".


A Congregação foi fundada na Europa há 80 anos pela seguidora do Beato Charles de Foucauld, Irmãzinha Madalena de Jesus. Atualmente as Irmãzinhas estão presentes também em outros continentes.

Livres para amar

O Papa ressaltou a vocação da Congregação que é de estarem em meio aos mais pobres, não somente para cuidar, educar e catequizar, mas sobretudo para amar: "Não tenham medo de ir avante, levando em seus corações o pequeno Menino Jesus a todos os lugares onde estão os mais pequeninos do nosso mundo. Permaneçam livres de elos com obras e coisas, livres para amar quem encontram, onde quer o Espírito as conduza. "

Para além das fronteiras dos Corações

Ao tratar da superação das dificuldades encontradas na atuação da Congregação, o Papa encorajou as Irmãzinhas: "os seus corações não têm fronteiras. Naturalmente, vocês não podem mudar o mundo sozinhas, mas podem iluminá-lo levando a alegria do Evangelho aos bairros, às ruas, em meio à multidão, sempre próximas ao mais pequeninos", concluiu o Papa.

Brasil

No Brasil, a presença das irmãs fundadas por Irmã Madalena de Jesus vem desde 1952, quando a Fundadora visitou a Aldeia Tapirapé, no Mato Grosso, quando houve uma expansão da Congregação e o surgimento de nove casas entre as regiões Norte-Nordeste, Sudeste e mundo indígena.

Atualmente as atividades das irmãzinhas estão localizadas mais especificamente nas comunidades surgidas em Minas Gerais, nas cidades de Belo Horizonte e Roças Novas. (JSG)

Conteúdo publicado em gaudiumpress.org, no linkhttp://www.gaudiumpress.org/content/90226#ixzz4uPSxt8Z6


IRMÃZINHA MADALENA DE JESUS


(nascimento 26/04/1898)

BREVE ITINERÁRIO ESPIRITUAL DA IRMÃZINHA MADALENA DE JESUS

FUNDADORA DAS IRMÃZINHAS DE JESUS, QUE SEGUEM O CARISMA DO BEATO CARLOS DE FOUCAULD.

1898 -1989

Madalena Hutin nasceu a 26 de Abril de 1908 em Paris, mas é originária do leste da França e a sua juventude foi marcada dolorosamente pela primeira guerra mundial: a sua família foi dizimada e a sua pequena cidade destruída. Apesar de todo este sofrimento, conserva um grande amor pela vida e mantém um olhar positivo sobre cada pessoa.

Desde criança deseja dar sua vida à Deus. O seu pai comunicou –lhe o amor pelas populações árabes. Quando em 1921 descobriu a figura de Charles de Foucauld através da biografia escrita por René Bazin, foi como que uma iluminação para ela. Sente-se chamada a esta vida toda centrada em Jesus, amado com toda a paixão e vivida em pleno mundo muçulmano para testemunhar silenciosamente, como Jesus em Nazaré, o amor do Senhor por cada ser humano.

Mas a espera será longa porque ela é doente e não pode abandonar a sua mãe viúva e só.

Quando em 1936 a sua saúde piora e ela corre o risco de ficar paralisada, o médico prescreve-lhe como único remédio ir viver num país onde não caia uma só gota de água… como o Sahara!

Para o padre que a aconselhava, é o sinal esperado e encoraja-a a partir sem tardar, apoiando-se unicamente na força do Senhor.

Parte para a Argélia com a sua mãe e uma companheira, que também tinha uma saúde muito frágil. Vão morar por alguns anos num bairro árabe, numa cidadezinha do planalto Sahariano, onde se esforça por responder às necessidades de uma população pobre e abandonada.

A LUZ DE BELÉM

A sua vocação é centrada na luz de Belém. Numa profunda experiência espiritual, ela recebe o Menino Jesus das mãos da Virgem Maria. Perante este recém nascido sem defesa, a Irmãzinha Madalena fica cativada por mistério da doçura e da humildade de Deus, este Deus que quis ser um de nós e se fez uma criança. Dai em diante a Infância Espiritual segundo o Evangelho será o seu caminho, um caminho de confiança e de abandono nas mãos do Pai por tudo o que Ele quiser: “Deus tomou-me pela mão e cegamente eu segui-o.”

Deus condu-la aos mais pobres e aos que mais sofrem, para com eles compartilhar a sua vida, ser para eles um pequeno sinal da ternura de Deus.

A 8 de Setembro de 1939, Madalena Hutin, agora Irmãzinha Madalena de Jesus funda neste espírito, a Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, consagrada nos primeiros tempos exclusivamente aos povos muçulmanos.

É em Touggourt, um oásis do Sahara Argeliano, que nasce a primeira Fraternidade. Na fronteira deste oásis vivem algumas centenas de nómadas cuja pobreza os obriga a agrupar-se. Instala-se no meio deles, numa velha casa em ruínas, que com a ajuda de alguns deles consegue reconstruir.

A Irmãzinha Madalena trabalha com eles de manhã a noite. Interessa-se por eles e por tudo o que diz respeito às suas vidas, conhece cada um pelo seu nome, nascendo entre eles uma profunda e recíproca amizade. Pouco tempo depois, porque a sua companheira parte, fica sozinha, completamente imersa neste mundo muçulmano. Evocando esta experiência, escreve:

“Vivi com eles um período extraordinário da minha vida , constatando que um amor de amizade pode coexistir apesar das diferenças de raças, de cultura, de condição social. Eles estavam entre os mais pobres dos nómadas, aqueles que não têm nada e que se instalam junto dos oásis para serem socorridos. E Comigo foram de uma bondade , de uma delicadeza impressionantes.”

A Fraternidade é construída sobre esta pedra de amizade e de confiança recíproca com os pobres, vivida em cada dia numa partilha de vida e num profundo respeito.

Trata-se na verdade de uma nova forma de vida religiosa, e para estar segura de agir segunda a vontade de Deus, a Irmãzinha Madalena quer submeter à mediação da Igreja esta sua intuição

Quando em 1944, a congregação conta apenas com uma dezenas de membros e não tem ainda nenhuma existência oficial, ela consegue, em plena guerra, ir à Roma encontrar-se com o Santo Padre para lhe confiar tudo o que tem na alma referente a esta fundação. Pio XII recebe-a e ouve-a com grande bondade. Encontra-se também com Monsenhor Montini, futuro Papa Paulo VI, que lhe manifesta imediatamente uma calorosa simpatia. Ao longo da sua vida, a Irmãzinha Madalena guardará um grande amor pela Igreja, sabendo defender com vigor e perseverança os pontos essenciais desta nova vocação.

NO BRASIL, COM OS ÍNDIOS TAPIRAPÉS

ATÉ O FIM DO MUNDO

A Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus cresceu. A força evangélica das palavras da Irmãzinha Madalena fala ao coração de muitas jovens. Dirigindo-se à cada uma num tom pessoal, ela escreve:

“Como Jesus durante a sua vida humana, faz-te toda para todas-/os: árabe entre os árabes, nomada entre os nomadas, operaria no meio dos operarias… mas acima de tudo humana entre os humanos.

Como Jesus, penetra profundamente e santifica o teu meio pela identificação da tua vida, pela amizade, pelo amor, por uma vida totalmente entregue, como Jesus entregou a sua ao serviço de todos, por uma vida totalmente misturada com todos para que possas ser um com todos querendo estar no meio deles como o fermento que se perde na massa para fazê-la levedar

Mas para que as Fraternidade possam estar sem perigo, e sobretudo dar frutos, serem abertas e acolhedoras, é necessário que sejam ao mesmo tempo comunidades que irradiem a oração, o amor, a simplicidade e a paz, a doçura e a alegria. É necessário que vivas aí na presença de Jesus, como na santa casa de Nazaré, em recolhimento de amor, com o coração e o espírito tão cheios de Jesus que através de ti Ele irradie e se espalhe à tua volta».

É uma nova forma de vida contemplativa vivida em pleno mundo, em pequenas comunidades, como uma família. No coração de cada Fraternidade uma pequena capela abriga o Santíssimo Sacramento porque a oração das Irmãzinhas é centrada, como a oração do Irmão Carlos, na adoração silenciosa de Jesus presente na Eucaristia e a partir do Evangelho que deve penetrar e transformar a vida de cada Irmãzinha.

Em 1946 a Fraternidade abre-se ao mundo inteiro. A Irmãzinha Magdeleine acaba de reviver com profunda intensidade a Paixão de Jesus e arrasta esta experiência espiritual “como uma ferida no coração”, uma compaixão imensa por todo sofrimento, um amor abrasador que vai arrastá-la até o fim do mundo. As fundações multiplicam – se nos cincos continentes, num ritmo que desafia a prudência humana, mas persuadida que a força de Deus age na fraqueza, a Irmãzinha Madalena escreve:

Quando olho as Irmãzinhas, e as vejo, ainda tão jovens e inexperientes, tenho medo… Mas quando olho para o presépio e vejo o Menino Jesus sobre a palha, os pastores, os apóstolos e todos aqueles que começaram alguma coisa de grande, digo a mim mesma que é esta pobreza e esta fraqueza que o Senhor quer, para que seja Ele e só Ele a agir, e que nós sejamos apenas os seus instrumentos que ele modela sem que opunhamos resistência.”

Em situações de conflitos e de opressão, a Irmãzinha Madalena encoraja as Irmãzinhas a serem solidárias com os mais pobres e a lutar com eles contra a injustiça, mas sem violência e com o olhar fixo no presépio de Belém.

Eu gostaria que as Irmãzinhas de todos os continentes irradiassem à sua volta, até a extremidade da terra, a luz desse pequenino que é doçura, que é ternura, que é esperança. O mundo actual tem tanta necessidade dessa doçura, dessa ternura, dessa luz e dessa esperança.

A PAIXÃO PELA UNIDADE

Desde criança a Irmãzinha Madalena sabia por experiência até onde pode ir o ódio entre as nações e esse sofrimento provocou nela um imenso desejo de unidade.

Durante a sua primeira viagem à África Central, descobrindo as feridas do racismo, escreveu:

Será preciso que até ao fim dos séculos haja grupos humanos que desprezem os outros?! O desprezo, acredito que é pior ainda que o ódio, ou pelo menos conduz ao ódio. E isto quebra a unidade do amor.

Cada vez me apercebo mais que a unidade é o puro espírito do Evangelho, o desejo de Cristo, a sua última mensagem antes de morrer, esta mensagem recolhida de sua boca: “Que eles sejam um como nós somos um, eu neles e tu em mim, para que eles sejam consumados na unidade.”

Ela dizia também:

“ Se alguém me pede para definir numa só palavra a missão da Fraternidade, eu não hesitaria um minuto em gritar: UNIDADE – porque, tudo pode ser resumido na unidade.

Assim que ouvia falar de um país fechado a irmãzinha Madalena sentia-se irresistivelmente atraída e é assim que rapidamente, em pleno período estalinista, sonha partir para a Rússia.

A partir de 1956 organiza todos os anos estadias discretas na maioria dos países da Europa que estão sob o regime marxista. Acompanhada de algumas Irmãzinhas percorre centenas de quilómetros, numa rolote, para levar conforto aos cristãos perseguidos e também para tecer laços de amizade com todos/as aqueles/as que encontra, crentes ou não. Durante as suas estadias na Rússia une-se à oração dos cristãos ortodoxos e vários membros desta Igreja tornam-se grandes amigos. O Ecumenismo é, desde o inicio da Fraternidade, uma de suas prioridades

A 8 de Setembro de 1989, a Fraternidade festejou o seu jubileu (cinquenta anos de fundação). Pouco antes, a Irmãzinha Madalena deu uma queda da qual não se recompõe mais. Vai enfraquecendo progressivamente. Alguns anos antes tinha escrito às Irmãzinhas:

“Pode ser que haja entre nós uma ou outra que se encontre perto do grande encontro com o Senhor. Só Ele sabe. Esperemo-lo com amor “mais que o vigia espera pela aurora (Sl.130)… “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo, quando verei a sua face? Sl.42). Não tenhais medo! Ele é doçura e misericórdia. Ele é amor.

É nesta fé e nesta sede de encontro, que no dia 6 de Novembro de 1989, ela parte ao encontro do seu Senhor.

O que sobressai de uma tal vida? Talvez o que ela mesma disse de si mesma um pouco antes de sua morte:

“Eu só quis fazer uma obra de amor.

E agora cabe a cada uma de vocês que se comprometeu como eu a fazer este mesmo caminho e continuar também a mesma obra de amor, guardando sempre a consciência de que ela não nos pertence, mas que é uma obra da Igreja.”

Bibliografia

Do Sahara au monde entier – Pte. Sr. Magdeleine de Jésus Nouvelle Cité,1986

D ?un bout du monde à l ?autre – Pte. Sr. Magdeleine de Jésus Nouvelle Cité, 1983

Jésus est le maitre d’impossible – Pte. Sr. Magdeleine de Jésus – Le livre Ouvert.

Petite Sœur Magdeleine de Jésus, l’expérience de Bethléem jusqu’aux confins du monde – Pte. Sr. Annie de Jésus

Au-delà des frontières, vie et spiritualité de Pte. Sr. Magdeleine – Angélica Daiker, Cerf, 2005

Prier 15 jours avec petite sœur Magdeleine de Jésus – Michel Lafon et des Petites Sœurs de Jésus. Nouvelle Cité 1998.

FOTOS TIRADAS DE:

http://www.portal.ecclesia.pt/ecclesiaout/irmazinhasdejesus/madalena.htm

Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus Portugal

Categoria: Notícias (tirado do site da diocese de Leiria-Fátima


Fundada pela irmã Madalena de Jesus em 1939, na Argélia, esta congregação apresenta-se também com o nome mais completo de Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus de Carlos de Foucauld, porque foi a partir do exemplo de vida deste Beato que tudo começou.

Viver como Jesus, na partilha de vida com os mais pobres

Madalena Hutin, nascida em Paris em 1898, desde cedo manifestava a vontade de se consagrar a Deus. Aos 23 anos, descobriu a vida e os escritos de Carlos de Foucauld e encontrou o seu ideal de vida: “o Evangelho vivido, a pobreza total e, sobretudo, o amor”. Seguindo as pegadas daquele Beato, rumou à Argélia para viver “como Jesus de Nazaré”, espalhando o Evangelho entre os povos muçulmanos e partilhando com amizade a dureza da vida dos nómadas do Saara.

Foi aí que, em 1939, fez a sua profissão religiosa e deu início à Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, que sonhava com uma congregação de “nómadas e contemplativas”, vivendo o Mistério da Encarnação no meio do mundo. Dizia que cada fraternidade deveria ser “como a gruta de Belém, uma manifestação da presença de Jesus, um sinal da ternura de Deus, um raio de luz e de esperança”. E aconselhava a cada irmãzinha: “Como Jesus, faz parte da massa humana, de tal modo misturada com os outros, que possas ser no meio deles como o fermento na massa; antes de seres religiosa, sê humana e cristã com toda a força e a beleza do termo, pois quanto mais perfeita e totalmente humana, mais serás perfeita e totalmente religiosa”.

Carisma

Contemplativas no meio do mundo, as Irmãzinhas de Jesus têm como lema “Jesus Amor”, assumindo-O como único modelo e centrando a sua espiritualidade no Evangelho e na Eucaristia. Tal como a fundadora, procuram “manter o coração aberto às dimensões do mundo, desejando que todas as barreiras sejam demolidas e uma solidariedade e aproximação se construam, partilhando a vida com os mais pobres para os ajudar a criar condições de vida mais humanas, justas e fraternas”.

Para tal, num mundo marcado pelas injustiças e pela violência, querem que as suas fraternidades surjam como “pequenos oásis onde todos possam encontrar a esperança e o reconforto”, sabendo que o testemunho do amor fraterno entre si e com todos é o melhor testemunho de Jesus.

Nessa linha, assumem como missão na Igreja “levar Jesus fora das suas próprias fronteiras, alargando sempre o horizonte aos lugares de fraturas humanas de marginalidade e exclusão, a tantos lugares onde a falta de amor fraterno e universal faz sofrer uma imensa maioria de seres através do mundo, escondendo assim o verdadeiro rosto de Deus”.

Em Portugal e na Diocese


Presentes em 65 países dos 5 continentes, chegaram também a Portugal, em 1952, integrando-se no Casal Ventoso, bairro lisboeta marcado por uma extrema pobreza e marginalidade.

Se procuram viver como Jesus de Nazaré, é inevitável uma relação permanente e muito íntima com sua mãe. De facto, Madalena sempre cultivou e incentivou as suas religiosas a um grande amor a Nossa Senhora, a quem dedicou a congregação desde a sua fundação. “Peço-te, irmãzinha, que olhes de uma maneira muito particular para Maria, para compreenderes melhor a tua missão de mulher… que conserves sempre para com a tua Mãe do Céu um coração de criança; que ela te ajude a fazer de Jesus o centro da tua vida e a paixão do teu coração”, escreveu.

Por isso, foi ela mesma que tudo fez para conseguir abrir, no ano seguinte, a fraternidade de Fátima. Inicialmente orientada para o noviciado, ao longo dos anos tem servido essencialmente para encontros da congregação e acolhimento a quem deseja encontrar um espaço de “respiração” e de oração mais prolongada, assim como “uma porta aberta a todos os que precisam de encontrar um lugar onde possam partilhar o que trazem no coração, ou aproveitar do silêncio da nossa capela e da natureza que rodeia a nossa casa”, revela a irmã Casimira, superiora local.

A pequena comunidade residente dedica-se, sobretudo, à “oração e difusão da mensagem de Natal através do artesanato, disponibilidade e escuta a quem nos bate à porta”.


Testemunho vocacional

Não fui para a África, mas a África veio até mim


Nasci há 69 anos na aldeiazinha rural de Pedregais, concelho de Vila Verde, Braga. Sou a última de 8 irmãos, 4 raparigas e 4 rapazes, duma família pobre que vivia do trabalho árduo do campo, mas que soube transmitir-me os valores humanos e cristãos. Eu costumo dizer que muita coisa me faltou na minha infância e juventude, mas nunca me faltou o amor da minha família, sobretudo dos meus pais, o que muito contribuiu para o meu equilíbrio afetivo, para a minha realização e mesmo para a minha vocação. Trabalhei e vivi do trabalho do campo, trabalho que ainda hoje me dá vida

Fiz parte da Juventude Agrária Católica (JAC), movimento que me ajudou, não só na parte espiritual, mas a alargar a minha visão do mundo e das realidades concretas. Lia um jornal chamado Acção Missionária, que uma amiga me dava a cada mês, e o desejo de ser missionária, ir para África dar a conhecer Jesus, ia-se desenvolvendo no meu coração. Aos 19 anos fiz o meu primeiro retiro, e o desejo de me entregar a Jesus foi muito forte. No meu segundo retiro, aos 21 anos, a decisão foi tomada. Não podia fazer outra coisa senão, na minha simplicidade, dar-me, viver só para Deus e para os irmãos. Por motivos familiares, só uns anos mais tarde foi realizado este sonho, não na congregação em que sempre pensei entrar, mas na Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus. Vejo aqui a mão do Senhor, que me deu tempo para descobrir esta forma de viver, este belo carisma que tanto amo.

Não fui para a África, mas a África veio até mim. Vivi quase sempre em bairros degradados, o último dos quais na Quinta da Serra, Prior Velho, onde estive 9 anos no meio de bons, sorridentes e simpáticos africanos. Ali pude realizar a missão sonhada, dando a conhecer Jesus, não apenas por palavras, mas através duma amizade dada e recebida.

Agora estou nesta Fraternidade de Fátima, como superiora, há 10 anos, e sinto que o meu dom ao Senhor pode ser vivido em qualquer lugar. Sinto-me feliz e agradecida pelo dom da escolha que Deus me fez e pela graça do “sim” que eu dei.

Se hoje tivesse de recomeçar, faria a mesma escolha e seguiria o mesmo caminho.

Irmãzinha Casimira de Jesus, coordenadora da comunidade de Fátima

Números

No mundo

Fraternidades: 236

Membros: 1220

Em Portugal

Fraternidades: 3

Membros: 12

Na Diocese

Fraternidades: 1

Membros: 5

Mais nova: 69

Mais velha: 84

Média etária: 77

(encontrei por acaso o blog da fraternidade leiga, desativado desde dezembro de 2008. Como eles nunca me enviam notícias, segue esta, que encontrei lá. Se alguém tiver notícias mais recentes, me envie, por favor).

sexta-feira, 10 de outubro de 2008


COM OS TAPIRAPÉS


Os 50 anos das Irmãzinhas de Jesus junto ao povo da Tapirapé

(reportagem feita por Liliane Luchin- extraído do site do MI Brasil - midiaindependente.org)

Falar dos Tapirapé e não falar das Irmãzinhas, ou vice-versa, é omitir parte da história. Há 50 anos as irmãs da Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, da Congregação de Charles de Foucauld, vivem na aldeia Urubu Branco, próximo de Confresa, em Mato Grosso. Três Irmãzinhas chegaram ao Brasil, no dia 24 de junho de 1952, com o objetivo de morar junto com os Tapirapé, numa casa como a dos indígenas, passando a ter a mesma alimentação e o mesmo estilo de vida. "Ir aos esquecidos, aos desprezados, aos que ninguém interessa" palavras da Irmãzinha Madalena, fundadora da Fraternidade.

As Irmãs Genoveva, Clara e Denise, quando chegaram à aldeia Tapirapé encontraram um povo com cerca de 50 pessoas, sobreviventes de ataques de seus vizinhos Kayapó. Após estes 50 anos de dedicação e comprometimento com os indígenas, hoje os números são outros: cerca de 500 Tapirapé em sua maioria crianças e jovens, vivem nas aldeias Majtyritãwa, próxima a Santa Terezinha, e Tapi´itãwa, Wiriaotãwa, Akara´ytãwa e Xapi´ikeatãwa, na área indígena Urubu Branco, próxima da cidade de Confresa.

O respeito às crenças, ao estilo de vida e aos costumes dos Tapirapé, foi o que fez das Irmãzinhas as principais aliadas deste povo durante todos estes anos. As lutas foram muitas e a determinação destas mulheres ainda maior. "Queríamos viver no meio deles o amor de Deus que não deseja outra coisa senão que vivam e cresçam como Tapirapé" são palavras da Irmãzinha Genoveva, que ainda vive com os Tapirapé. Desde o inicio, deram atenção especial para a saúde, especialmente porque estavam muito expostos ao contágio de doenças levadas pelos não-índios.

Era a primeira vez que iam viver em uma comunidade indígena e esta seria também a primeira "fraternidade" estabelecida por elas em solo brasileiro e sul-americano. Muita coisa aconteceu durante esses 50 anos. Os Tapirapé, que pareciam estar próximos da extinção, conseguiram se recompor. Para chegar a essa nova situação foi necessário muita dedicação, muita partilha e mútua aprendizagem. Apesar de alguns surtos epidêmicos, com a chegada das Irmãzinhas a mortalidade foi reduzida e quase que erradicada, por conta dos tratamentos curativos e do controle profilático das doenças, sempre respeitando a maneira de ser dos Tapirapé. Uma história de lutas e conquistas O quase extermínio dos Tapirapé se dá a partir de 1909, quando a população aproximada de 2000 índios foi exposta às doenças trazidas pelos não-índios. Epidemias de gripe, varíola e febre amarela acabaram com duas aldeias.

Outro agravante da diminuição e dispersão expressiva dos Tapirapé, foram as disputas que existiam entre os Kayapó que viviam na região. Em 1935, estavam reduzidos a 130 pessoas, e, em 1947, estavam com apenas 59, segundo o depoimento de Herbert Baldus. Foi nesse ano que ocorreu o grande ataque Kayapó. Aproveitando a ausência dos homens que haviam saído para a caça, a aldeia Tampiitawa foi praticamente destruída e várias mulheres e meninas, raptadas. Os sobreviventes procuraram refúgio na fazenda de Lúcio da Luz e junto a Valentim Gomes, recém contratado pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e que vivia próximo à barra do rio Tapirapé. Foi junto a ele que a comunidade resolveu construir a nova aldeia, em 1950. Com a chegada das Irmãzinhas, em 1952, a situação começa a ser controlada. Podemos dividir a história Tapirapé em duas etapas – antes e depois das Irmãzinhas.

O trabalho intenso e seu compromisso fizeram com que em 1959 houvesse um controle da mortalidade, por conta da assistência à saúde feito por elas. E em 1968, mais fortes e unidos, os Tapirapé dão inicio à primeira picada demarcatória que se fortalece depois de inúmeras viagens feitas a Brasília em 1975. Não podemos deixar de citar a influência das Irmãzinhas na criação do Cimi, que, em 1974, dois anos depois da fundação, participou ativamente da questão demarcatória das terras Tapirapé. No período de 1976 a 1981 acontece um fato marcante e histórico, o nascimento de 50 crianças. E em 1979 não foi registrada nenhuma morte na aldeia. Mas o processo de demarcação de terras era, e ainda é, muito lento.

Desde o inicio, os órgãos do governo responsáveis pela questão indígena se omitiram. A Funai prometeu demarcar todas as terras Tapirapé até 1981, e ainda hoje 50 por cento destas terras estão ocupadas por não-índios. Atualmente os Tapirapé vivem em duas áreas demarcadas e regularizadas, porém, a Área Urubu Branco tem sérios problemas de invasão. Apesar de oficialmente demarcado, o território Urubu-Branco encontra-se invadido por oito propriedades de não-índios e pequenos posseiros, restando aos indígenas a posse efetiva de 158,000 hectares, apenas 50 por cento de suas terras. Liderados por Marcos-Xako’iapari, desde 1983 o povo vem desenvolvendo um processo de reconstrução da auto-estima, exercendo o direito à cidadania e de etnia diferenciada, assegurando a herança ancestral. Hoje, a população Tapirapé é de mais de 500 índios. Contam com uma escola estadual de ensino fundamental e estão pleiteando a implantação do ensino médio.

Há professores que já terminaram o terceiro grau e outros que estão freqüentando o terceiro grau indígena. Apesar das interferências da língua portuguesa, os Tapirapé conservam a sua própria língua. As crianças até cinco ou seis anos são monolíngües e apenas na quarta série começam a estudar o português na escola. A saúde é atendida pelo distrito de saúde indígena. Mesmo depois de todas as ações criminosas sofridas por eles, o povo Tapirapé garante: " A luta não vai parar, conclamamos a todos à busca da justiça e o fim da postura arrogante do governo federal pela insistência em manter a política colonizadora, que desrespeita os direitos constitucionais dos povos indígenas" afirma o cacique Xario`i .


Os 50 anos com Genoveva.


Genoveva é a única Irmãzinha que continua vivendo entre os Tapirapé. Desde 1952 quando chegou à aldeia, Veva, como é conhecida, nunca mais saiu de perto dos Tapirapé. Nascida no dia 19 de agosto de 1923, em Valfraicourt, um lugarejo da França, Génevève Hélenè Baoyé, simplesmente Veva, chegou no Brasil em 1952, para viver com os Tapirapé. Antes de vir para o Brasil Veva teve de suportar os quatro anos de ocupação alemã na França. Vivia numa das regiões mais afetadas pela segunda guerra, na fronteira com a Alemanha. Como os irmãos estavam no front, trabalhava na roça para sustentar a família.

Veva, com uma aparência frágil, cabelos brancos, há muitos anos acorda todos os dias antes do sol para cuidar da pequena roça que cultiva atrás das casas de taipa da aldeia Urubu Branco, a maior do povo. O respeito total à cultura e ao processo histórico deste povo, fez com que os Tapirapé se salvassem e se multiplicassem , tornando-se um povo alegre e seguro. Uma das características destas Irmãs é de optarem por viver sempre entre os mais abandonados e excluídos. Quando foram reagrupados em 1950, os Tapirapé estavam sem ânimo para lutar pela reconstituição do seu povo e começavam a pensar que seu sistema de vida era ruim e deveriam abandoná-lo.

As Irmãzinhas queriam devolver àquele povo a vontade de viver, assumindo sua cultura e fazendo tudo o que faziam, sem julgar se aquilo estava certo ou errado. Hoje, aos 78 anos e mais de seis malárias no currículo, Veva completa 50 deles vivendo com os Tapirapé. É a única Irmãzinha que permanece na aldeia desde o começo da missão. Vive hoje numa casa como as outras, em companhia de duas Irmãzinhas, Odila e Elizabette. A festa Após 10 anos da não realização da Festa da Cara Grande, os Tapirapé decidiram que a celebração das Irmãzinhas deveria coincidir com esta festividade. Para surpresa de todos, foi convidada Irmãzinha Clara, que atualmente vive na Rússia, para participar dessa comemoração, ela que havia deixado a aldeia há quase 50 anos. Passamos agora a palavra a ela, reproduzindo seu belo relato, de alguém que conheceu um povo à beira da extinção e que agora encontra uma comunidade cheia de vida e de esperança: "

Que emoção! Eis que me encontro no pequeno aeroporto de Confresa, onde nos espera Irmãzinha Odila. Logo reconheço a montanha do Urubu Branco, tão querida dos Tapirapé e que conhecia apenas de foto. Nos dias subseqüentes vão voltar com insistência as histórias da retomada da antiga terra, depois de mais de 50 anos... São as cerâmicas encontradas no mato, as pedras dos fogões, as macaubeiras... O caminhão que tomamos, nos deixa na aldeia, diante da casa das Irmãzinhas e me reencontro com Genoveva, que não havia visto há 40 anos e Elizabeth, há 44 anos! O formato da aldeia é o mesmo da anterior, mas em contrapartida é dez vezes maior. A Fraternidade se encontra no interior desse círculo, que envolve a takãra, a casa dos homens, que é também a casa das festas e dos espíritos.

Está construída no sentido Norte-Sul e as portas foram abertas para o nascente e para o poente, segundo a tradição tapirapé. Rapidamente e sobretudo à medida que o sol vai se pondo, percebo o grande número de moradores. A aldeia fervilha de crianças de todas as idades e me faz lembrar meu último sonho do paraíso, quando, ao cair da tarde, vi sair da mata, dançando, centenas de Tapirapé... Na realidade, não tinha certeza se estava bem desperta ou se aquilo que estava vendo era um sonho... Esta sensação irá me acompanhar em toda minha estadia.

Os velhos logo vêm me saudar. Felizmente as Irmãzinhas me ajudam a lembrar seus nomes ou me dizem seus novos nomes, pois os Tapirapé costumam trocar de nome pelo menos três vezes na vida. A gente se abraça! Um deles, Cantídio-Taywi, me diz sem rodeios: "Clara mudou muito." Eles também mudaram bastante e o principal é que "a gente se reconhece". Como isso é bom! Marcos-Xako’iapari, o antigo cacique, e que deve ter mais de 80 anos, toca nos meus cabelos brancos e me diz: "Clara está velha como eu." E acrescenta: "Minha cabeça não está mais boa e será logo o fim", e dá uma boa gargalhada!... Ele me faz lembrar todos os sábios que encontrei em minha vida... Será que já não me lembrava de que eram tão numerosos?

Com freqüência recordava a última cena do filme A Missão, com aquela canoa com mulheres e crianças Guarani, sobreviventes de um massacre, e que me fez chorar, lembrando do que havia ocorrido com os Tapirapé... Na aldeia de Urubu Branco há cerca de 250 pessoas, a metade com menos de 12 anos. Hoje, por causa da festa, muitos vieram das outras quatro aldeias e a população total deve chegar a um pouco mais de 500 pessoas. Apenas nessas duas semanas que passei com eles, nasceram mais quatro. Que vitalidade! Que beleza! Com algumas exceções, eles transpiram saúde. Os jovens são bem maiores que seus pais e as moças são muito bonitas. Atualmente há mais moças que rapazes e isso deverá criar problemas. Será que a vida deles mudou?

Aparentemente parece que o relacionamento entre eles e as Irmãzinhas continua o mesmo. E os encontramos sentados nos troncos de árvore e nas carapaças de tartaruga, como antigamente. À noite há o mesmo céu com o Cruzeiro do Sul e o mesmo luar... Algumas vezes, quando há gasolina para o gerador de energia, algumas lâmpadas, penduradas no pátio, clareiam o ambiente. Apesar dos botijões de gás que há em várias casas da aldeia, as mulheres continuam cozinhando em seus fogões à lenha, localizados atrás das casas, onde toda família se junta para comer.

Mas o que fez mudar o aspecto da aldeia foram as roupas a secar nos varais, amarradas nas árvores. Roupa muito limpa – calções, sutiãs e camisetas –, com as mais variadas marcas, desde Coca-cola até o nome de políticos da região... A limpeza reina também no interior das casas, com as panelas brilhando pela ação do Bom-Bril. Logo entramos no ritmo das festas, festas que começam no período da estiagem, cujo ponto culminante é a festa da Cara Grande. Geralmente esta festa é por volta do dia 24 de junho. Pela primeira vez, desde 1947, o ciclo completo das festas será realizado na aldeia de seus antepassados, agora retomada. É um ano muito importante para eles (e para nós também!!!). Durante uma semana os cantos e as danças vão se suceder, muitas vezes durando a noite toda, até o desaparecimento da última estrela. Impossível descrever todas as festas.

O que chama a atenção é o ambiente de festa. Durante dias seguidos e o dia todo, em todos os cantos mulheres, agachadas, fazem as pinturas no corpo dos homens, dos rapazes e das moças, com desenhos geométricos, cada um com seu significado, incluindo os xire’i (isto é, adolescentes que se preparam para os rituais de iniciação à vida adulta) com o corpo todo pintado de preto. As danças são realizadas pelos homens mais novos, preparados pelos mais antigos, que nesse ano fizeram um grande esforço, conscientes de que são os depositários das tradições de seu povo.

A dança é feita geralmente pelos homens, que se colocam em fila indiana, perto da entrada do nascente da tãkãra, magnificamente pintados e enfeitados, com seus arcos e flechas, acompanhados pelos "espíritos ancestrais dos Tapirapé", que estão vestidos de uma roupa feita de folha de palmeira verde ou seca, que faz um ruído característico, ao menor movimento. Nos divertimos em contar os participantes homens (jovens e adultos): eram 84. Havia dia em que chegavam a 110! Isso me faz lembrar o ano de 1952, quando eram apenas 47 pessoas!... Algumas vezes as danças se transformavam em disputas: a eterna luta contra seus inimigos tradicionais, como os Karajá, os tori (os não-índios) e sobretudo os Kayapó. Estes, representados por um grupo de Tapirapé disfarçados, parecem inicialmente vencê-los, mas são dominados e levados como prisioneiros para a casa dos homens. No final há a dança da vitória.

Numa das manhãs, ao nascer do sol, houve a festa da liberação dos espíritos, quando estes saem pela aldeia, sendo perseguidos pelas moças, que procuram agarrá-los para dar-lhes o cauim, que irá apaziguá-los. Houve também a refeição ritual, que é um apelo à unidade dos diferentes grupos rituais, cada um com o nome de um pássaro. Nesse dia, os rapazes levam à tãkãra grandes panelas, bacias e cestos cheios com banana, carne de porco-do-mato, farinha de mandioca e cauim. Quando o grupo é maior, como agora, a festa ocorre no pátio da aldeia.

A última noite foi consagrada à festa do kawio, bebida fermentada, ao redor da qual as danças se prolongam por muitas horas, visando espantar os espíritos maléficos, simbolizados por essa bebida ácida. Duas casas são escolhidas para o ritual: uma ao norte e outra ao sul da casa dos homens. A escolha dessa última recaiu justamente sobre nossa Fraternidade, pois na casa escolhida havia falecido uma mulher há pouco tempo. Dessa vez a roupa dos tori (não-índios), que as mulheres Tapirapé costumam usar, desapareceu completamente. Enfeitadas de maneira tradicional, elas dançam em volta dessas duas casas, enquanto que os homens permanecem no interior das mesmas, em torno das panelas de cauim.

Marcos-Xako’iapari parece estar tomado de uma grande força interior, o que nos comove muito. Descobre que ele e Joana-Ataxowoo são os únicos capazes de transmitir a riqueza dessas tradições que estão correndo o risco de desaparecer completamente. Os jovens procuram segui-los, observando-os com atenção, imitando-os e gravando tudo. Nos dias subseqüentes, ouvimos suas vozes por toda parte, seguidas da voz dos jovens que repetem as palavras e as melodias. Foi realmente o triunfo Tapirapé. Mais uma vez, Marcos liderou um último rito, que está quase desaparecendo e que tem por finalidade fazer uma espécie de redistribuição das riquezas.

É o encerramento das festas. No dia seguinte ao da dança do kawio, bem cedinho, ele vem com Tokyna, sua mulher, buscar a panela do kawio que ficou em nossa casa e a leva, cantando de casa em casa. O chefe de cada família bebe um gole de cauim, cuspindo em seguida, enquanto que os demais têm o direito de tomar um pouco do cauim que sobrou e ao mesmo tempo de pedir ao dono da casa tudo o que querem. Marcos dá o exemplo e se vê despojado de muitos de seus bens. Outras lideranças o seguem, mas nem todos têm essa coragem.

Como diz Irmã Odila, nesse ritual "há ao mesmo tempo desprendimento e audácia que podem causar admiração ou medo". Cama, colchão, cadeira, fogão a gás, pasta de urucum, arara, galinha mudam de proprietário em apenas uma manhã! Uma exposição de fotos ampliadas pela Irmã Edith, que infelizmente teve de deixar a aldeia antes da festa que ela tanto se empenhou em preparar, fez muito sucesso e levantou muitos comentários. Evocava a vida desses 50 anos e muitos reconheceram aqueles que já se foram. À noite houve a projeção de dois vídeos históricos, que teve o poder de reunir num minuto toda a aldeia: o filme do Padre Voillaume, que esteve com Irmãzinha Madalena em 1953 e um outro, de 1955. Não conseguia imaginar a quantidade de crianças que estavam à nossa frente, sentadas nos primeiros lugares. No dia seguinte, após as festas, começa a partida... pois é impossível alimentar por muito tempo 500 pessoas!

Com todas as coisas novas que estão chegando à aldeia, o futuro parece inquietar as Irmãzinhas. Mas acredito que são eles realmente os construtores de seu futuro juntamente com Deus. As Irmãzinhas, que encontrei na aldeia, certamente escreverão um outro relato, depois de tantos anos de presença no meio deles. Eu as agradeço por me terem convidado e por terem partilhado comigo tanta coisa que me ajudou a reencontrá-los, ficando no meu coração apenas um canto de ação de graças. "Que beleza!" é a única coisa que consigo repetir o tempo todo." Fonte:Cimi( na foto aparece Genoveva, com outra irmãzinha e o cacique dos Tapirapés Marcos( já falecido)

Postado por Naldito

LIVRO DA IRMÃZINHA ANNE

Em 19/06/2012 Bizon escreveu:

Caros Membros da Fraternidade! Dias atrás enviei o e-mail informando do lançamento do Livro Irmãzinha Madalena de Jesus, “A experiência de Belém até os confins do mundo”, de Irmãzinha Annie de Jesus, Ed. Cidade Nova.

Recebi várias solicitações de irmãs e irmãos, mas informo que tenho ainda um bom número de exemplares à disposição para os irmãos e irmãs das Fraternidades e para todos os demais interessados.

Como informei na MSN anterior, o resultado da venda dos livros ficará para a caixa da Fraternidade, para os possíveis gastos. Aguardo sua solicitação.

Força e coragem! Bizon - Casa da Reconciliação (http://www.casadareconciliacao.com.br/)


IRMÃZINHA MADALENA

IMZ VEVA E CASIMIRA

IMZ DE PORTUGAL

IMZ MADALENA E PE. VOILLAUME NA ÁFRICA