BATISMO DO SENHOR-A

BATISMO DO SENHOR

(ÚLTIMO DIA DO TEMPO DE NATAL)

12/01/2020

Acesse as leituras de hoje neste link:

https://www.paulus.com.br/portal/liturgia-diaria 


Primeira Leitura: Isaías 42,1-4.6-7


Salmo Responsorial 28(29) R- Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo. 

Segunda Leitura: Atos 10,34-38

Evangelho: Mateus 3,13-17 (ano A)

Naquele tempo: 13Jesus veio da Galiléia para o rio Jordão, a fim de se encontrar com João e ser batizado por ele. 14Mas João protestou, dizendo: 'Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?' 15Jesus, porém, respondeu-lhe: 'Por enquanto deixa como está, porque nós devemos cumprir toda a justiça!' E João concordou. 16Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água. Então o céu se abriu e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e vindo pousar sobre ele. 17E do céu veio uma voz que dizia: 'Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado'. Palavra da Salvação.


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, Arcebispo de Sorocaba SP


O Batismo de Jesus no Jordão levanta espontaneamente uma pergunta: pode o Filho de Deus se submeter ao rito de purificação? Como é possível que aquele que veio salvar o povo do pecado possa descer às águas junto com a multidão de pecadores? Pode confessar os pecados? 

Essas questões não são meramente teóricas. Elas refletem, de algum modo, o significado salvador do Batismo de Jesus para nós. Jesus se fez batizar em solidariedade aos pecadores. Ele se apresenta humilde, como servo, se confunde com a massa dos pecadores, mas que tem, com o Pai, uma relação particularíssima. 

No Batismo Jesus carrega, sobre si, o peso da culpa de toda a humanidade, para mergulhá-la nas águas do Jordão. Ele começa sua vida pública tomando o lugar dos pecadores. Ao fazer assim antecipa sua cruz, na qual se cumprirá toda a justiça. Assim, a justiça cumprida será revelada não mais como uma aplicação fria da lei e imposição de penas, mas como a vitória definitiva sobre o mal. 

A voz do céu: “Este é o meu Filho Amado”, é, já, um anúncio da ressurreição. No Batismo, Jesus revela que é o servo que assume sobre si os pecados da humanidade. Ele é o Filho que vive o seu ser filial ao dar a vida. A justiça que ele comunica é a libertação definitiva do poder do maligno. Seu batismo é o início dessa libertação, e a Páscoa será seu complemento. 



 

BATISMO DE JESUS: “tatuado” pelo amor do Pai - Adroaldo Paloro

“Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado” (Mt 3,17)

 

Começamos o “Tempo Comum” do novo ano litúrgico (Ano A: evangelista Mateus); ao longo deste ano vamos realizar um percurso contemplativo, deixando-nos impactar pelos mais importantes acontecimentos da vida pública de Jesus. É natural que comecemos com o primeiro relato deste percurso, o batismo.

Sem dúvida, foi a experiência decisiva na vida de Jesus. Ali, Ele tem clareza de ser o Messias, enviado pelo Pai, a serviço do Reino. 

Jesus mergulha no rio Jordão e, ao sair das águas, experimenta uma “teofania” (manifestação) que revela seu mistério mais profundo e que antecipa sua Páscoa. Jesus é proclamado oficialmente o “Filho amado do Pai” e sobre Ele desce o Espírito. 

Jesus se sente verdadeiramente o Filho amado do “Abbá”, e o batismo deixa claro que o motor de toda sua trajetória humana é obra do Espírito.

Nesse sentido, o Batismo revela-se como um momento chave no percurso de Jesus, marcando-o para toda sua vida; marcou sua experiência de Deus; marcou a experiência de si mesmo e marcou o caminho que tinha adiante.

Em Jesus, essa tomada de consciência de quem é Deus n’Ele, foi um processo que não terminou nunca. O relato do batismo está nos falando de um passo a mais, embora decisivo, nessa tomada de consciência.

O que a cena do Batismo nos relata é uma autêntica conversão de Jesus, o que não quer dizer que vivia uma situação de pecado, mas um profundo despertar de sua missão, em seu caminhar para a plenitude.

 

Pela primeira vez, em sua condição humana, Jesus sente a confissão do Pai sobre Ele; confessa-o como Filho. E lhe marca com os sinais do amor: “Este é meu Filho o amado, no qual eu pus o meu agrado”.

É a experiência messiânica fundante que marcará para sempre: júbilo, confiança, disponibilidade, fé profunda, fidelidade total, docilidade incondicional ao Pai e a seu desígnio de salvação.

Em seu batismo, Jesus ficou como que “tatuado” pelo amor do Pai. E por isso viveu numa total liberdade de espírito. Não importava se o rejeitavam, pois Ele se sentia profundamente unido ao Pai. Não importava se o criticavam, pois Ele se sentia marcado pelo amor do Pai. Não importava se os seus lhe abandonavam, pois Ele se sentia “tatuado” pelo amor do Pai.

Jesus quer viver sempre sendo Filho amado, que ama a seu Pai e, portanto, que ama o que seu Pai ama. Quer deixar-se apaixonar por aquilo que seduzia o coração do Pai: a vida da criação, a vida digna dos seus filhos e filhas, a quem também deixa transparecer um amor de predileção. 

Essa experiência de ser “o Filho amado” será sua força vital durante toda a vida de Jesus. E essa também deveria ser a experiência do(a) seguidor(a) d’Ele: ser alguém “marcado como o(a) amado(a) de Deus”. Quando descobre este sinal e esta “tatuagem” de ser também ele(ela) “o(a) amado(a), o(a) predileto(a) de Deus”, então descobrirá o que é ser cristão(â), compreenderá sua fé, entenderá as exigências do Evangelho, acolherá o grande mandamento do Amor: “Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado”. 

Para amar como Ele amou, antes é preciso fazer a experiência de sentir-se amado(a) pelo Pai.

 

Deixando-se conduzir pelo Espírito, Jesus se encaminha para a plenitude humana, marcando-nos o caminho de nossa plenitude. Mas, é preciso ser muito consciente de que só nascendo de novo, nascendo da água e do Espírito, poderemos ativar todas as nossas possibilidades humanas. Não seguimos de Jesus a partir de fora, como se tratasse de um líder, mas entrando, como Ele, na dinâmica da vivência interior, onde o Espírito atua com liberdade. Daí em diante, tudo o que dissermos e fazermos será a manifestação continuada do Reinado de Deus, que experimentamos em nós mesmos.

Deus chega sempre a partir de dentro, não de fora. Nossa mensagem “cristã” de doutrinas, normas e ritos, está muito distante daquilo que Jesus viveu e pregou. O centro de sua mensagem consiste em convidar todos os homens e mulheres a ter a mesma experiência de Deus que Ele teve. Depois dessa experiência, Jesus vê com toda claridade que essa é a meta de todo ser humano e pode dizer como disse a Nicodemos: “é preciso nascer de novo”. Porque Ele já havia nascido da água e do Espírito.

Deus quer suscitar vibrações novas em nossas vidas e sua Presença instigante desperta em nós o grande desejo de entrar em sintonia com Seu coração. Abrir os olhos e os ouvidos à Presença e à ação de Deus nos faz ficar atônitos, fascinados e sensíveis à voz divina que cada dia ressoa em nosso interior.

Talvez Ele precise colocar outro ritmo em nossa existência, que nos permita estar atentos e à escuta das surpresas que a vida des-vela. A nós corresponde nos mobilizar e estar atentos aos movimentos do Seu Espírito e dos acontecimentos.

 

A experiência do batismo de Jesus também é importante para todos nós, seus(suas) seguidores(as), para compreender o verdadeiro sentido de nossas vidas.

As raízes de nossas histórias podem estar marcadas pelo amor ou pelo desamor. Quando estas raízes estão marcadas pelo amor, crescemos em harmonia conosco mesmo, em harmonia com os outros e em harmonia com o mundo. Quando nossas raízes estão regadas pelo amor crescemos com segurança em nós mesmos, com confiança nos outros e nossas vidas passam a adquirir o sentido da unidade interior.

Somente aqueles(as) que mergulham nas águas do perdão, da compaixão, do amor solidário..., saem marca-dos pelo Espírito e confirmados na filiação. 

O mundo seria diferente se as pessoas, rompendo o medo e a insegurança, se atrevessem a sair dos seus moldes, dos seus hábitos arcaicos, das suas maneiras atrofiadas de pensar, sentir, amar...

Recordando os inícios do cristianismo, com João Batista submergindo as pessoas no rio Jordão, não podemos deixar de dar um destaque especial que também Jesus se submergiu.

Jesus se submerge e experimenta, escuta, sente, adquire lucidez... Essa passagem de Jesus é determinante para nos abrirmos a uma experiência nova na vivência do seu seguimento. Ele nos aproxima ao abraço refrescante de Deus, recebido nas águas. O que para os outros foi purificação, perdão..., para Jesus é de um dinamismo incomparável. Essa experiência O transforma, O faz ir além de si mesmo, rompendo visões estreitas de Deus, quebrando conceitos antigos de religião...

Submergir-nos é sinônimo de deixar Deus, a Vida, trabalhar em nós. A água, com sua força misteriosa, com sua capacidade de gestar vida, é também um símbolo que nos move a abandonar o que é arcaico para deixar-nos submergir no que é de Deus, nunca antigo, nunca ultrapassado. A água que corre, que flui, sempre é nova. Deus Fonte inesgotável: Ruah, ar, alento, espírito, dinamismo, puro fluir.

Encharcados de água, entramos no fluir daquele maravilhoso início, quando a Ruah fluía e enchia nossa vida de alento e inspiração. Precisamos nos atrever a submergir de novo, adentrando-nos por caminhos desconhecidos, para descobrir nosso mapa interior e nossa verdadeira identidade: “Filhos e filhas, amados(as) do Pai”.

 

Texto bíblico:  Mt 3,13-17

 

Na oração: Na musicalidade da vida sinta a regência, suave e delicada, do Grande Compositor, arrancando notas divinas da dispersão caótica do seu cotidiano. Sinta a cadência da música divina que vibra, conduz e vivifica. Receba, com gratidão, o mais leve toque das mãos providentes e ternas do Grande Maestro.

Aguce seus ouvidos e escute até com os olhos a sinfonia que brota do mais profundo de seu ser.

- Faça memória de sua experiência batismal; renove, junto ao Jordão interior, seu compromisso batismal.

 

EXPERIÊNCIA PESSOAL- José Antonio Pagola

Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez

O encontro com João Batista foi para Jesus uma experiência que mudou a sua vida. Após o batismo no Jordão, Jesus já não retorna ao trabalho em Nazaré; nem adere ao movimento do Batista. A Sua vida centra-se agora num único objetivo: gritar a todos a Boa Nova de um Deus que deseja salvar o ser humano.

Mas o que transforma a trajetória de Jesus não são as palavras que escuta dos lábios do Baptista nem o rito purificador do batismo. Jesus vive algo mais profundo. Sente-se inundado pelo Espírito do Pai. Reconhece-se a Si mesmo, como Filho de Deus. A Sua vida consistirá daí em diante em irradiar e contagiar esse amor insondável de um Deus Pai.

Esta experiência de Jesus encerra também um significado para nós. A fé é um itinerário pessoal que cada um de nós deve percorrer. É muito importante, sem dúvida, o que ouvimos desde crianças aos nossos pais e educadores. É importante o que ouvimos de padres e pregadores. Mas, no final, devemos sempre fazer uma pergunta: em quem acredito eu? Acredito em Deus ou acredito naqueles que me falam sobre ele?

Não devemos esquecer que a fé é sempre uma experiência pessoal que não pode ser substituída pela obediência cega ao que os outros nos dizem. Do lado de fora, podem orientar-nos para a fé, mas sou eu mesmo que devo abrir-me a Deus de forma confiada.

Por isso, a fé não consiste tampouco em aceitar, sem mais, um determinado conjunto de fórmulas. Ser crente não depende primariamente do conteúdo doutrinário que se recolhe num catecismo. Tudo isso é muito importante, sem dúvida, para configurar a nossa visão cristã da existência. Mas antes disso e dando sentido a tudo isso, está esse dinamismo interior que, de dentro, nos leva a amar, confiar e esperar sempre no Deus revelado em Jesus Cristo.

A fé também não é um capital que recebemos no batismo e do qual podemos então dispor tranquilamente. Não é algo adquirido em propriedade para sempre. Ser crente é viver permanentemente escutando o Deus encarnado em Jesus, aprendendo a viver dia a dia de forma mais plena e libertada.

Esta fé não está feita apenas de certezas. Ao longo da vida, o crente vive muitas vezes na escuridão. Como dizia aquele grande teólogo que foi Roman Guardini, «a fé é ter luz suficiente para suportar as trevas». A fé é feita, acima de tudo, de fidelidade. O verdadeiro crente sabe como acreditar durante as trevas, no que viu nos momentos de luz. Sempre continua a procurar esse Deus que está além de todas as nossas fórmulas claras ou escuras. O padre P. de Lubac escreveu que «as ideias que fazemos de Deus são como as ondas do mar, sobre as quais o nadador se apoia para as superar». O decisivo é a fidelidade a Deus que se manifesta a nós no Seu Filho Jesus Cristo.

  


 E PARA QUEM LÊ ESPANHOL...

FIESTA DEL EL BAUTISMO DEL SEÑOR 

 

Primera lectura (Is 42,1-4.6-7)

 

            Dentro del libro de Isaías tenemos los capítulos 40 a 55 que se atribuyen a un profeta del exilio al que se denomina Segundo Isaías y que es, sin duda, el profeta del amanecer, del despertar después de la larga noche del exilio en Babilonia (51,17; 52,1)[1]. A su vez dentro de estos capítulos tenemos una 1ª sección (Is 40,1–48,22) que trata sobre la liberación del destierro de Babilonia que llevará a cabo el Señor a través del rey persa Ciro. En esta sección también se proclama el anuncio de que el Señor elige a un «siervo», al que envía con el auxilio de su Espíritu para implantar la ley y la justicia (Is 42, 1-7). En este primer cántico la figura del «siervo» resulta algo enigmática: el v.1 lo presenta como un individuo que recibe del Señor un trato especial: lo sostiene, lo elige, en él se complace su alma y ha puesto su espíritu sobre él. Y con una misión también especial: llevar el derecho, la justicia a las naciones (los paganos, los no judíos). Los vv. 2-4 nos describen "negativamente" su modo de obrar pues lo hacen con una serie de "no" que se refieren a acciones de cierta violencia (gritar, quebrar), es decir, su acción será humilde y pacífica; no-violenta. Pero esto no significa que será débil; al contrario, será perseverante hasta lograr su misión de instaurar el derecho-justicia y la ley (Torá) sobre la tierra.

            En 42,6-7 vuelve sobre la vocación o llamado personal que ha recibido este "siervo" y sobre la misión trascendente que recibe: "te destiné a ser la alianza del pueblo, la luz de las naciones, para abrir los ojos de los ciegos, para hacer salir de la prisión a los cautivos y de la cárcel a los que habitan en las tinieblas." La alianza de Dios con Israel ya había sido sellada con Moisés, pero Israel la rompió; y ahora este elegido viene a concluir la alianza con Israel de un modo nuevo y definitivo. Pero antes debe iluminar y hacer salir a los cautivos, o sea, liberarlos, salvarlos.

 

 

Evangelio (Mt 3,13-17):

 

Este relato se estructura en dos partes: 1) Los preliminares del bautismo (vv. 13-15); 

               2) La teofanía (vv. 16-17).

 

La primera parte narra la venida de Jesús al Jordán para ser bautizado. Al igual que en Mc 1,9-11, es la primera aparición pública de Jesús por lo cual también Mateo se detiene en precisar los datos geográficos y la circunstancia (3,13). Pero, siguiendo la comparación con Mc, notamos que Mateo añade un diálogo donde queda claro que Juan Bautista se resiste a bautizar a Jesús (3,14-15). En la negativa de Juan el verbo "impedía" está en imperfecto denotando la insistencia de Juan en no bautizar a Jesús. La razón de su negativa remite a lo que ya había anunciado sobre la superioridad del que había de venir y de su bautismo (cf. 3,11). Pero Jesús le da una orden (verbo en imperativo): "permítelo/déjalo" y precisa que se trata algo transitorio y provisional: "ahora". 

Lo que sigue de la respuesta de Jesús contiene un vocabulario típico de Mateo, en especial la expresión “cumplir toda justicia”, que suena un poco misteriosa. Para comprender el significado del término “justicia” aquí nos ayudará ver el uso del verbo que lo acompaña (plhro,w) que en Mateo aparece 16 veces, 13 en pasivo, de las cuales 12 se refiere al cumplimiento de las Escrituras, mientras que la vez restante carece de significado teológico (13,38 "llenarse una red"). Este verbo, en voz activa como aquí en 3,15, aparece también en 5,17 y 23,32. En ambos casos se trata de cumplir o llenar una norma o medida fijada, sea la Ley y los profetas o la medida de los antepasados. Por tanto podemos decir que la expresión "cumplir toda justicia" significa aquí llevar a plenitud, cumplir perfectamente la voluntad de Dios[2]. Vale decir que ambos deben cumplir la voluntad de Dios: Jesús porque así manifiesta su solidaridad con los hombres; y Juan Bautista porque debe admitir que el Mesías puede obrar de modo distinto a cómo él esperaba. 

            

En cuanto a la teofanía, y comparándolo con Mc 1,10-11, notamos que en Mt el acto bautismal apenas se menciona mediante un participio y que el acento está puesto en la salida del agua. En esta escena, al igual que en Mc, hay apertura de los cielos, descenso del Espíritu como una paloma y una voz celestial. El abrirse o desgarrarse los cielos podría ser una referencia a Is 63,19: “Ojalá rasgases el cielo y bajases” dado que en el contexto de esta súplica Dios es llamado Padre (Is 63,16; 64,7) y el Espíritu es mencionado tres veces (Is 63,10.11.14). Otros piensan, sobre todo para Mt, en Ez 1,1: “Se abrió el cielo y contemplé visiones divinas (hvnoi,cqhsan oi` ouvranoi, kai. ei=don)”. La paloma en relación al Espíritu tiene también múltiples reclamos al AT, como ser Gn 1,2; 8,8; Is 38,14; Os 7,11; Sal 55,7.- 

Por lo que respecta a lo dicho por la voz celestial, hay un cierto acuerdo en que nos remite al Sal 2,7 donde el Hijo recibe la investidura real y mesiánica; y al Siervo sufriente de Is 42,1; 44,2.21 en cuanto es amado y objeto de complacencia por parte del Padre. 

La diferencia con Mc es que la apertura de los cielos es algo público al igual que la voz celestial la cual se dirige a la gente y a los lectores u oyentes, o sea a la comunidad y no a Jesús sólo como en Mc (“este es mi hijo amado” en vez de “Tú eres mi hijo…). Vemos aparecer aquí el aspecto eclesial tan propio de Mateo complementando la afirmación cristológica. Así la escena concluye con una revelación pública de Jesús como Hijo de Dios, siendo la comunidad mateana la destinataria de esta revelación y, por ello, quien tiene también la misión de revelar la verdadera identidad de Jesús. En cambio, la visión del Espíritu es algo propio de Jesús al igual que en Mc. La diferencia está en que Mt precisa que se trata del Espíritu de Dios. 

Además de la filiación Divina, se afirma la unción mesiánica de Jesús, constituido Mesías por la Palabra del Padre y la donación de su Espíritu. El kerigma primitivo sostenía que Jesús fue ungido con el poder del Espíritu después de su bautismo (cf. He 10,37-38: "Ustedes ya saben qué ha ocurrido en toda Judea, comenzando por Galilea, después del bautismo que predicaba Juan: cómo Dios ungió a Jesús de Nazaret con el Espíritu Santo, llenándolo de poder", segunda lectura de hoy). Por su parte, considerando que la escena se inspira en Is 42,1 que leemos hoy ("He aquí mi siervo a quien yo sostengo, mi elegido en quien se complace mi alma. He puesto mi espíritu sobre él: dictará ley a las naciones…"), pero cambiando la expresión "siervo" por "hijo", podemos concluir que la voz de Dios presenta a Jesús como Mesías-Hijo en la línea del siervo sufriente.

 

A modo de síntesis vale lo que dice A. Rodríguez Carmona[3]: "El texto tiene dos centros de atención íntimamente relacionados: en el primero Jesús profesa su determinación de cumplir en cada momento la voluntad del Padre; en el segundo el Padre lo reconoce públicamente como Hijo: obediencia y filiación son anverso y reverso de la misma realidad".

Algunas reflexiones:

 

            La fiesta del Bautismo del Señor cierra el tiempo de Navidad y por ello hay que entenderla y celebrarla en continuidad con la solemnidad del nacimiento de Jesús. Justamente es en el sacramento del Bautismo donde se verifica el "admirable intercambio" celebrado en la Navidad. Esta teología la liturgia de esta solemnidad la refleja en sus oraciones: el Verbo de Dios, quien al manifestarse en la realidad de nuestra carne se hizo semejante a nosotros en lo exterior, nos transforma interiormente -reza la segunda colecta de la fiesta-; Jesús al entrar en el agua, quiso lavar los pecados del mundo -reza la oración sobre las ofrendas- y nosotros fuimos hechos hijos adoptivos por el agua y el Espíritu Santo; este nuevo bautismo en el Jordán ha sido “señalado” con signos admirables -expresión del prefacio-.[4] 

            La continuidad con la Navidad también hay que referirla al mensaje de la Palabra de Dios. En la misa del día de Navidad hemos escuchado el testimonio del evangelio de Juan: "La Palabra se hizo carne y habitó entre nosotros" (Jn 1,18). La Palabra Eterna del Padre asumió la condición humana y vino a habitar en nuestro mundo. Con esta obra de infinito amor Dios cumplió y superó lo que había anunciado a su pueblo Israel: Jesús es la Palabra personal del Padre, es el Hijo de Dios. Esto lo declara solemnemente el Padre quien mediante su voz celestial nos da testimonio de la identidad de Jesús: es Su Hijo amado. 

            Desde el punto de vista litúrgico también se nos señalan la importancia de unir esta fiesta con la Epifanía: “El Bautismo del Señor es una fiesta de Epifanía, es decir de manifestación. En Oriente el icono del Bautismo del Señor, que es uno de los iconos cultuales bien determinados, es el icono de la Gran Teofanía, pues en el Bautismo se proclama la divinidad de Cristo y por lo mismo se da testimonio de la Trinidad. En la Natividad se manifiesta Cristo en el ámbito humilde de Belén. La Epifanía es la manifestación a los gentiles. El Bautismo es la manifestación de la unción de Cristo, la manifestación absoluta de la divinidad de Cristo en la Trinidad”[5].

Y sobre las consecuencias de esta “epifanía” o “manifestación” nos dice el Papa Francisco: "celebrando la Navidad, la fe una vez más nos ha dado la certeza de que los cielos se han desgarrado con la venida de Jesús. Y en el día del bautismo de Cristo todavía contemplamos los cielos abiertos. La manifestación del Hijo de Dios sobre la tierra marca el inicio del gran tiempo de la misericordia, después que el pecado había cerrado los cielos, elevando como una barrera entre el ser humano y su Creador. ¡Con el nacimiento de Jesús los cielos se abren! Dios nos da en Cristo la garantía de un amor indestructible. Desde que el Verbo se ha hecho carne es posible ver los cielos abiertos Y es posible también para cada uno de nosotros, si nos dejamos invadir por el amor de Dios, que nos es donado por primera vez en el Bautismo. ¡Dejémonos invadir por el amor de Dios! ¡Éste es el gran tiempo de la misericordia! No lo olviden: ¡éste es el gran tiempo de la misericordia!" (Ángelus 12 de enero 2014).

 

            Juan Bautista había anunciado que el que viene después de él bautizará con el Espíritu, pues es alguien que estará lleno – ungido – del Espíritu que desciende sobre Él y lo conduce en su misión. Justamente el prefacio de esta fiesta lo proclama así: "Tu quisiste expresar, con signos admirables en el río Jordán, el misterio del nuevo bautismo, para que, por tu voz celestial, se manifestase que tu Palabra habitaba entre los hombres, y, por el Espíritu, que bajó en forma de paloma, se reconociera que Cristo, tu servidor, había sido ungido con el óleo de la alegría y enviado a evangelizar a los pobres".

 

La teofanía que sigue al bautismo nos conecta, en cierto modo, con el mismo Misterio de la Santísima Trinidad: el Padre, el Hijo y el Espíritu Santo. Las Tres personas divinas se hacen presentes aquí. La relación de la persona de Jesús como Hijo con el Padre y el Espíritu es Eterna, pero desde la Encarnación ha entrado en el tiempo y se manifiesta en el tiempo incluyendo ahora a la humanidad de Jesús. En Navidad, junto al Niño Jesús, veíamos a su Madre y a San José, su familia humana. Hoy se nos revela su Familia Trinitaria, el Padre y el Espíritu en comunión con el Hijo hecho hombre en Jesús.

Jesús recibe aquí el Espíritu Santo y la "declaración de amor" de su Padre. Este es el principio y fundamento de la vida de Jesús como Hijo de Dios: saberse amado por el Padre, saberse aprobado por el Padre que se complace en Él. Aquí está el secreto de la libertad interior y afectiva de Jesús. No va mendigando amor porque ya lo tiene. No va mendigando la aprobación de los hombres porque ya tiene la aprobación del Padre. Jesús recibe el Amor personal de Dios, el Espíritu Santo. Es ungido por el Espíritu. Por eso su vida tendrá la libertad que da el Espíritu Santo, que conducirá su misión en este mundo.

 

El día del Bautismo del Señor, con que concluye el tiempo de Navidad, recuerda no solamente el bautismo de Jesús sino también el bautismo del cristiano. Por tanto, al igual que subrayamos la importancia de re-vivir en nosotros el nacimiento del Señor como parte esencial del misterio de Navidad celebrado en la liturgia; así también somos invitados a re-vivir nuestro propio bautismo en la fiesta del bautismo del Señor.

Nosotros, al ser bautizados, hemos recibido la filiación adoptiva por la cual el Padre nos ama como a hijos suyos en su Hijo Jesús y se complace en nosotros como se complació en Él. Se trata de la vida de Hijos de Dios que "se nos transmitió el día del Bautismo, cuando «al participar de la muerte y resurrección de Cristo» comenzó para nosotros «la aventura gozosa y entusiasmante del discípulo» (Benedicto XVI, Homilía en la fiesta del Bautismo del Señor, 10 de enero de 2010). Y en su catequesis del 8 de Enero de 2014 decía el Papa Francisco: "El Bautismo es el sacramento sobre el que se sustenta nuestra propia fe y que nos injerta como miembros vivos en Cristo y en su Iglesia […] Nosotros con el bautismo somos sumergidos en la fuente inagotable de la vida que es la muerte de Jesús, el más grande acto de amor de toda la historia; y gracias a este amor podemos vivir una nueva vida, ya no a merced del mal, el pecado y la muerte, sino en comunión con Dios y con los hermanos […] Es en virtud del Bautismo que, liberados del pecado original, estamos injertados en la relación de Jesús con Dios Padre; que somos portadores de una esperanza nueva, porque el Bautismo nos da esta esperanza nueva. La esperanza de ir por el camino de la salvación, toda la vida. Y a esta esperanza nada y nadie la puede apagar, porque la esperanza no defrauda". 

También nosotros tenemos que descubrir en este "sentirse amados y aprobados por el Padre" el principio y fundamento de nuestra vida y la fuente de nuestra libertad interior y afectiva. Al respecto escribe H. Nouwen[6]: "Tu verdadera identidad es ser hijo de Dios. Es ésta la identidad que debes aceptar. Una vez que la has reivindicado y te has instalado en ella, puedes vivir en un mundo que te da mucha alegría y también mucho dolor. Puedes recibir alabanzas o calumnias que llegan a ti como una ocasión para fortalecer tu identidad fundamental, porque la identidad que te hace libre ha clavado su ancla más allá de toda alabanza y de toda calumnia humana. Tú perteneces a Dios, y como hijo de Dios has sido enviado al mundo."

En su homilía del 11 de enero de 2015 decía el Papa Francisco: "en el Bautismo somos consagrados por el Espíritu Santo. La palabra «cristiano» significa esto, significa consagrado como Jesús, en el mismo Espíritu en el que fue inmerso Jesús en toda su existencia terrena. Él es el «Cristo», el ungido, el consagrado, los bautizados somos «cristianos», es decir consagrados, ungidos”. Nosotros hemos recibido también el Espíritu Santo que nos ha ungido como apóstoles y testigos de Jesús, como sus discípulos y misioneros. Y esto tiene que notarse, manifestarse: somos epifanía del Señor.

Y no podemos olvidar la dimensión comunitaria o eclesial del Bautismo. Al respecto decía el Papa Francisco en el ángelus del 8 de enero de 2017: “Esta fiesta nos hace redescubrir el don y la belleza de ser un pueblo de bautizados, es decir, de pecadores —todos lo somos— de pecadores salvados por la gracia de Cristo, inseridos realmente, por obra del Espíritu Santo, en la relación filial de Jesús con el Padre, acogidos en el seno de la madre Iglesia, hechos capaces de una fraternidad que no conoce confines ni barreras.”

 

En fin, nosotros hemos recibido también el Espíritu Santo que nos ha ungido como apóstoles y testigos de Jesús, como sus discípulos y misioneros. Y esto tiene que notarse.

 

 

PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):

 

Necesitamos tu bautismo hoy, Señor

 

Señor, tú que sabes de nuestras necesidades

De nuestras debilidades y flaquezas

No mires nuestras faltas

Bautízanos en tu Espíritu Santo

Renueva la naturaleza.

 

Sin pretender abarcarlo todo

Haznos respetar tus mandamientos.

Y aceptar la Voluntad tuya

Entrar en tu Presencia sanadora,

Detectar el signo de estos tiempos.

 

Concédenos adorar en silencio

Penetrar desnudos tus Sagrados misterios.

En medio de este mundo agitado

Levantar en un instante los ojos

Para escuchar la voz de los cielos.

 

Deseo de los hombres cumplido:

En lo profundo del corazón,

El más grande de los anhelos.

Hijos en el hijo Amado, Jesucristo

Para tu gloria Padre nuestro. Amén.


[1] En general hay aceptación en datar la acción de este profeta al final del exilio, cerca del año 540 a.C. cuando el imperio babilónico comienza a colapsar habiendo surgido los persas capitaneados por Ciro.

[2] En esto seguimos a K. Stock, Discorso della Montagna, 76. Por su parte Davies-Allison, Matthew, 326-327 supone que cuando Jesús cumple toda justicia está cumpliendo las profecías de la Escritura y encuentra una confirmación en 3,17 con las citas de Sl 2,7 e Is 42,1. En la misma línea A. Rodríguez Carmona, Evangelio de Mateo, 52, sostiene que Jesús recibe el bautismo para realizar un gesto del Siervo de Yahvé, tomar sobre sí la culpa de los pecadores. U. Luz, Mateo, 215-218, no encuentra dificultad en aceptar que la expresión se refiere a la acción humana de cumplir la voluntad de Dios en su globalidad, todo lo que es justo. Además, pone el acento -con razón- en el aspecto cristológico y en el carácter anticipador de 5,17. Dado que son las primeras palabras de Jesús en el evangelio de Mateo y que nos encontramos con una frase indiscutiblemente redaccional (el vocabulario es propio de Mateo y falta en los paralelos de Mc 1,9-11 y Lc 3,21-22) compartimos la opinión de Luz: "La frase adquiere un carácter programático. Jesús, obediente a la voluntad de Dios, pasa a ser el modelo y ejemplar de los cristianos", 217.

[3] Evangelio de Mateo, 53.

[4] Cf. A. Bottoli, "Navidad. Historia. Teología. Espiritualidad. Pastoral", para uso de los estudiantes.

[5] R. Grandez, “Celebración del bautismo del Señor”, en CPL, Navidad y Epifanía, Barcelona, 1991, págs. 67-68.

[6] La voz interior del amor (Madrid 1998).