No dia 28 de abril de 1989, faleceu na Misericórdia Botucatuense, Ângelo Martin, conhecido como o “Barbeta”.
Afinal, quem foi esse “Barbeta”.
João Martin e Carolina Pavan Martin (os pais de Ângelo) vieram ao Brasil, pela primeira vez, antes de 1900.
Aqui se conheceram, namoraram e casaram. Nascem os dois primeiros filhos – Luis e Ângelo – brasileiros, portanto.
Em 1904 retornam à Itália. Ângelo estava com dois anos.
O tempo passa. Explode a Primeira Guerra Mundial.
Ângelo cumpre o serviço militar na Itália. A família Martin retorna ao Brasil em 1923, pois sua pátria se achava em péssimas condições de vida.
Ângelo fica terminando o serviço militar, somente chegando ao Brasil um ano depois, usando uma longa “costeleta” que lhe causou o apelido de “Barbeta”, apelido este que depois se estendeu aos irmãos.
Vive com a família na fazenda “Boa Esperança”, onde trabalham como colonos.
Depois, a mudança para a fazenda São Bento, como meeiros de café.
Ângelo, sempre um inconformado com a passividade na aceitação dos fatos, espírito ativo, motiva a família para outras atividades paralelas: vender ovos, frangos, queijo.
Todos juntos: pais, irmãos, filhos, genros, noras e netos.
Compram a fazenda “água do Cigano”, em Vitoriana, onde vivem um longo tempo.
Depois de um ano, Ângelo e Silvio vêm para a cidade, quando compram a Fabrica de Farinha.
A família é trazida para a vida urbana.
Surgem as fábricas de balas, refrigerantes, bebidas alcoólicas, vinagre, bolachas.
As Industrias Martin crescem e se tornam conhecidas e famosas em todo o Estado.
Todos procuravam a deliciosa groselha e o licor de cacau dos “Barbetas”.
Seu espírito inquieto agora cavalgava muito mais longe: uma nova fábrica de bolachas, bem mais moderna, que competisse com as de São Paulo.
Surge então a CATU, elevando o nome de Botucatu uma vez mais.
Infelizmente a CATU pede concordata.
A situação econômica de 1964 era das piores!
O Brasil se quebrava e com ele muitos brasileiros e estrangeiros perderam o que tinham construído.
Cisão dos bens. Fabrica vendida, terras vendidas para o pagamento das dividas.
Cada um para um canto e, desde então, Ângelo se esfacelou, viu-se a morrer lentamente. . . dia a dia… barbas longas no silêncio de seu quarto.
Ele que sonhava alto para Botucatu, nada recebera de apoio de Botucatu.
Hoje, está morto. Um brasileiro – italiano a mais que se foi. Muitos nem souberam de seu passamento.
Afinal o “Barbeta”, o tenente comandante das tropas “Tenório” na Revolução Constitucionalista de 1932, que lutou lado a lado de tantos outros botucatuenses como o Dr. Sebastião de Almeida Pinto, passou... “Enfrentou e deteve o inimigo no lugar denominado “Perigo”, nos terríveis dias 15 e 16 de agosto, “epopéia que ficará como um padrão de glória para meus comandados” e , “apoiado em homens de sua têmpera, São Paulo e o Brasil tudo podem esperar” – dizia o Coronel Klingelhoefer, sobre Ângelo Martin.
(Relato da Profa. Carmen Silvia Martin Guimarães )