Amaury José Dorini nasceu em 17 de fevereiro de 1950 na cidade de Botucatu, E.S.P e faleceu em São Paulo, capital, no dia 7 de novembro de 2020. Deixou irmão, cunhada, cunhado, sobrinhos e muitos amigos de longa data. A todos amou muito e por eles foi muito amado!
Ele era o caçula de uma família de quatro filhos, tendo como irmãos Adair, Abílio, Ana Maria. Seu pai, Abílio Dorini e sua mãe Aurora Mazzoni Dorini eram cidadãos ilustres da cidade, muito devotados à família e sempre estimularam seus filhos à busca do conhecimento e da cultura.
Assim, após ter concluído seus estudos no Colégio “La Salle”, Amaury prestou vestibular para Medicina e logo passou na UNESP de Botucatu. Após sua graduação como médico, em busca de sua especialização em Dermatologia, prestou prova e foi aprovado para a especialização na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – chamava-se residência médica porque, naquela época dos anos 70, os alunos residiam dentro do Hospital das Clínicas.
Uma experiência inesquecível para o Amaury que, vindo do interior do Estado, passou a conviver com alunos de outras localidades e do exterior, aumentando e muito sua cultura e sua visão de mundo.
Em todos os lugares, ele fazia amigos cujas relações duraram vidas inteiras. Engraçado, brincalhão, divertido nas horas livres transformava-se em médico zeloso, sério e conservador em suas atividades profissionais.
Zeloso e sério pois era como lidava com a saúde de seus pacientes; conservador pois era como mantinha suas rotinas de atendimento, não só no mesmo consultório há décadas, como também com a convicção de que a prática da medicina exigia confiança, conhecimento e compromisso. Isso fez dele um excelente médico dermatologista.
Ele tinha outro dom especial fascinante: a facilidade de aprender, falando e escrevendo em idiomas estrangeiros. O inglês que aprendeu na escola desenvolveu-se a ponto de possibilitá-lo em ser um tradutor especialmente contratado para trazer ao vernáculo brasileiro textos técnicos da área médica; línguas como o alemão, o russo e o francês lhe eram corriqueiros; e o espanhol, por concurso público estadual, permitiu que ele fizesse parte do seleto grupo de tradutores juramentados do Estado de São Paulo. Também tinha amplo e profundo conhecimento da língua portuguesa.
Culto, instruído, poliglota, não tinha letra de médico. Suas receitas eram facilmente entendidas e podiam ser emolduradas, pela qualidade e beleza das letras. Estas pareciam terem sido datilografadas ou digitadas ao invés de serem manuscritas.
Também escrevia contos e livros com emoções profundas e sensações de toda natureza, movendo seus personagens com riqueza de detalhes, navegando pelo universo de sentimentos e sensibilidades humanas, da mesma forma como quando usava o pincel em seus quadros ou cantava uma música da MPB ou do folclore estrangeiro, ou, ainda um trecho de opereta. Seu gosto musical era amplo, dependendo do momento de seu dia, mas muito refinado e sempre cantando no idioma original. Sua música predileta mais recente era “Let it be” (McCartney) cuja letra transmite a ideia de “manter a tranquilidade”, de “deixar rolar” certas coisas, sendo orientado por alguém sábio – como era seu pai Abílio para ele.
Seu animal preferido era o gato. Fazia aniversário no mesmo dia em que se comemora o dia mundial do Gato na Europa. E entre o gato e o Amaury há algumas semelhanças: beleza, agilidade, brincadeiras, reflexos, capacidade de dar amor, independência, curiosidade, amizade, afetividade, sentidos apurados, força, magnífica presença, forte personalidade.
Com um humor inteligente e gracejador, olhar vivo e observador, Amaury logo se tornava centro das conversas. Ótimo amigo, excelente companheiro, um homem que ajudou muitas pessoas não só na profissão, mas especialmente como ser humano. Viajado, conhecedor de diferentes culturas, mesmo morando em São Paulo desde meados dos anos 70, ele era e permanecia botucatuense. Dizia: “nós saímos de Botucatu, mas Botucatu nunca saiu da gente”.
Gostava de caminhar pelas ruas arborizadas de seu bairro, admirando o movimento e a magnificência da natureza em um simples graveto, no espreguiçamento de um gato ou em um ipê florido, tendo predileção por orar na hora do Ângelus, no badalar dos sinos das igrejas. Especialmente no dia 19 de março de cada ano, ele comemorava seu padroeiro, São José.
Amaury morreu em sua própria cama, simplesmente não despertou do sono matinal. Morreu a morte dos bons, dos que oram diariamente pelo domínio de suas ações, pela certeza de acertar, pelo amor, pela paz de espírito.
Sua alma imortal voltou ao Pai Celestial e aos que já partiram desta vida, mas aqui deixou saudades. Feliz foi quem o conheceu e o amou e foi por ele amado.
Homenagem de sua amiga Stella Aurea Turriani Marques