Nascida em Itapeva, filha do Coronel Antonio Alves Pereira de Queiroz e D. Paula Ferreira de Mello.
Dona do lar, influenciada pelo altruísmo de seus antepassados, praticava o bem na projeção caridosa de sua boa alma. Visitava as famílias necessitadas para prestar-lhes auxílio, como também assistia aos indígenas chagando e preparar-lhes o alimento.
Religiosa e mãe conselheira, criou seus filhos com respeito e amor, dando assim à sociedade,cidadãos exemplares.
Ouviaa "Hora do Brasil" já deitadinha em sua cama,tocava piano "O Pequeno Jangadeiro" e fazia quitutes salgados e doces para seus familiares.
Sua vida foi um exemplo para nós, pelo seu caráter forte e determinado.
Em seu velório eram os pobres que pranteavam a passamento de Adélia, comovendo a todos.
S A U D A D E
Homenagem de seu neto José Sérgio Turriani Marques,que colocou na sua primogênita o seu nome Patrícia Adélia
Não sabemos se o tema se entrosa hoje, com a mesma precisão antiga, como o coroamento de um inteiro programa gramatical.
Hoje, a estrutura dos programas interpolou a matéria e entremeou-a de tanta frase literária e textos a interpretar, que os alunos, no geral, acabam não sabendo sequer, a mais elementar regra da Gramática. E nem mesmo os professores.
Veja-se, por exemplo, a triste contingência a que chegaram, na primeira fase, os milhares de candidatos reprovados no último concurso para preenchimento de vagas na cadeira de Português , do segundo grau.
Salvou-se uma diminuta e digna elite. No nosso tempo, quando se chegava ao Idiotismo, a classe já tinha apontados em seus índices de aproveitamento cabal, os nomes dos futuros literatos, poetas e oradores.
Por Idiotismo, entenda-se aqui, a vera acepção da palavra, não a terminologia psicanalítica e nem mesmo, o calão popularesco. Nas priscas eras, estudava-se a Etimologia, a fundo.
Sem mesmo conhecermos o grego, as leis do ensino obrigavam-nos a mergulhar sério, na infra-estrutura idiomática e, com Ramiz Galvão, o dicionarista das raízes gregas, conhecíamos a contribuição clássica ao nosso idioma. Sob sua exata acepção sabia-se que o idiotismo é a expressão, termo ou dicção existente numa língua sem correspondente em outros idiomas. A palavra “saudade”, situa-se dentre os idiotismos do nosso vernáculo.
Martin Heidegger, filosofo alemão há pouco falecido, deixou, este, entre seus muitos pensamentos : “ Um individuo que não sabe o que é saudade não pode filosofar”. Saudade é, como dissemos, uma peculiariedade de nosso idioma. Sua significação não tem substrato em outras línguas.
Não é exatamente o “remember” inglês , nem o “souvenir” francês , nem o “recuerdo” espanhol, nem mesmo o sonoro “riccordo” italiano. Essas palavras, semanticamente, tem um sentido quase físico, palpável. Tem algo de mecanismo mnemônico. É dicotomia onde vibram as fibras nervosas, que acendem memórias e idéias. Saudade, para nós, é algo mais profundo. Nasce primeiro no coração. Saudade , para nós, dói . Machuca.
E paradoxalmente nos alimenta, nos envolve, nos alenta e faz viver. Ela se infiltra no coração, se esgueira no espírito, se imiscui na mente, e nos alcandora às doces regiões do sonho. Por isso, nosso cancioneiro é rico em improvisações e tem um profundo sentido filosófico : Saudade, palavra doce Que traduz, tanto amargor. . .
Saudade é como se fosse Espinho beijando a flor . . .