Nasceu no dia 12 de julho de 1896, na cidade de Cáceres, Província da Espanha. Filho de Antônio Picado Vaz e de Tereza Gonçalves.
Na Espanha, Raphael, desde a tenra idade, trabalhava como Jornaleiro e aos 17 anos de idade, com a permissão de seus familiares, nos meados de 1913, decidiu imigrar para o Brasil, vindo de navio, numa viagem turbulenta, que durou 14 dias.
Chegando ao Rio de Janeiro, então Sede da Capital Brasileira, conseguiu seu primeiro emprego num hotel de luxo, exercendo a função de camareiro e posteriormente de garçom, tendo facilmente conquistado a admiração de seus patrões e colegas de serviço.
Após alguns anos, influenciado pelo desenvolvimento do interior paulista, decidiu aventurar-se no Estado de São Paulo, escolhendo a cidade de Botucatu, para fixar residência. Em 01 de agosto de 1921, foi admitido como ferroviário, na extinta Estrada de Ferro Sorocabana, na função de lenheiro.
Após algum tempo, foi transferido como trabalhador da Via Permanente, chegando a exercer o cargo de Encarregado de Turma. Pela sua dedicação e assiduidade, mais tarde foi transferido para a Seção de Escala, atuando como Chamador e posteriormente como Escalante, aposentando-se em 19 de janeiro de 1954, na função de Repórter de Locomotivas do Depósito de Botucatu.
Após seu ingresso na ferrovia, Raphael Picado Gonçalves, naturalizou-se brasileiro, cujos documentos de sua naturalização, foram assinados pelo Presidente da República, Dr. Getúlio Dorneles Vargas.
Casou-se com a Sra. Pedrina Florêncio e dessa união nasceram os filhos José Picado Gonçalves e Luiz Picado Gonçalves, ambos já falecidos.
Seu primeiro casamento durou poucos anos, pois, sua esposa, vítima de uma doença grave, veio a falecer, deixando os dois filhos ainda muito pequenos.
Nessas circunstancias, Raphael decidiu contrair um segundo matrimonio.
Conheceu a Sra. Rosaria Amélia Pereira, também viúva, com duas crianças também pequenas: Joaquim Bueno, com três anos e Elza Bueno, com um ano, hoje, ambos falecidos.
Em meados de 1931, casaram-se na igreja e em 26 de fevereiro de 1935, casaram-se no Civil. Dessa união, nasceram os filhos: Álvaro Picado Gonçalves, que foi vereador à Câmara Municipal de Botucatu, Nelson Picado Gonçalves, Jair Picado Gonçalves e Maria Lúcia Picado Gonçalves, sendo estes três últimos falecidos.
Raphael Picado Gonçalves era membro da Irmandade do Santíssimo Sacramento e, sua esposa da Irmandade do Sagrado Coração de Jesus, Paróquia da Catedral Metropolitana de Botucatu. Ambos participaram ativamente das programações da Igreja e eram membros efetivos da Comissão Permanente Pró-Construção da Sé Catedral e deram muito de si para a realização desse sonho.
Moradores antigos na parte baixa da Vila São Lúcio, foi uma das primeiras famílias a construir residência no início da Rua Nelo Cariola. Desde então, Raphael passou a liderar os movimentos reivindicatórios do local, visando os benefícios de melhoria pública.
Juntamente com o morador Brasilio Catharino, iniciaram uma campanha de adesão, visando angariar fundos para a compra das manilhas necessárias para a instalação da rede de esgoto, doando-as à Prefeitura Municipal, para a execução dos serviços.
Foi também um batalhador junto à Classe Ferroviária, sendo um dos fundadores da Associação dos Ferroviários Aposentados e Pensionistas da Estrada de Ferro Sorocabana.
Raphael Picado Gonçalves, sempre foi uma pessoa ativa, muito simples e muito querido pela maneira educada de tratar seus semelhantes.
Era também muito conhecido e estimado pela classe política de nossa cidade.
Faleceu no dia 11 de maio de 1961, aos 65 anos de idade, foi sepultado no cemitério “Portal das Cruzes”.