Nasceu na cidade de São Paulo (SP) em 12 de julho de 1904. Filho de Luiz de Assis Pacheco Jr e da Sra. Maria Luiza de Souza Aranha Pacheco.
Foi casado com a Sra. Maria de Carvalho Pinto, sendo seus filhos : Carlos Norberto Aranha Pacheco (médico em Curitiba), Therezinha Aranha Pacheco (Profa. de Química na Capital) e Rubens Dagoberto Aranha Pacheco (Eng. Na capital do Estado).
Cursou o Ginásio Arquidiocesano de São Paulo (SP) onde se bacharelou em 1921. Teve como paraninfo o Dr. Francisco Morato.
Cursou a Escola de Farmácia da Rua Três Rios, diplomando-se em 1924.
Foi Assistente de Pedro Batista de Andrade, o grande químico internacional, na mesma escola onde se diplomou.
Em 1931, foi nomeado Prof. De Física e Química na Escola Normal de Faxina; em 1933, foi nomeado Inspetor de Farmácia, com sede em Sorocaba. Em 1943, prestou concurso de Química e escolheu a cidade de Botucatu. Foi nomeado para a Escola Normal Oficial “Dr. Cardoso de Almeida”, no dia 12 de julho de 1944, tendo tomado posse do cargo no dia 19 de julho do mesmo ano. Lecionou também nessa mesma Escola as cadeiras de Matemática, Física e Ciências Naturais.
Foi Professor do antigo Ginásio Diocesano, ao tempo de Dom Luiz Maria de Sant’Ana. Alugava uma sala nesse Colégio, onde ministrava aulas de musica a alunos particulares.
Foi pianista em São Paulo e costumava tocar em festinhas familiares. Possuía alma de artista e deixou algumas composições : “Meu coração não manca”, “Cidade 7484”, “Sara”, “A dor de uma saudade”, “Lagrimas”, etc... Foi muito amigo de Zequinha de Abreu e ambos tocaram na “Casa de Bethoven”, em São Paulo (centro).
Em Itapeva, fundou a Congregação Mariana e em sua sede promovia palestras à juventude.
Fundou o teatro amador de Botucatu, encenando várias peças, em beneficio do Laboratório de Química da escola em que lecionava.
Levou ao palco as peças : “O amigo da Paz”; “O Divino Perfume”; “Onde canta o sabiá”; “A Cigarra e a Formiga”, etc...
Promoveu a primeira feira de Ciências em Itapeva, expondo aparelhos fabricados por alunos. Nessa época, o Prof. João Queiroz Marques era seu aluno tendo sido por ele preparado para os exames vestibulares da Universidade de são Paulo.
Recebeu os prêmios : “Pergaminho da Amizade” do Instituto de Educação “Dr. Cardoso de Almeida”, “Honra ao Mérito” do Grêmio “16 de Maio” Botucatu IECA, “Mestre-Símbolo” da Escola Normal de Botucatu.
Aposentou-se no dia 08 de novembro de 1963, após mais de trinta anos de serviços prestados ao Estado.
Após prolongada enfermidade, veio a falecer no dia 29 de novembro de 1975 e, a seu pedido, sepultado em Botucatu.
Texto extraido do livro Centenário da Escola Normal
Professor Pacheco
José Covre
O personagem
Para quem o conheceu, vai ser fácil lembrar-se dele, mas, para quem não teve a oportunidade, é bom dizer que o mestre de Química do nossa querido IECA até o início dos anos 60 era o Professor Pacheco (o seu nome completo, salvo engano, era Luiz Carlos de Aranha Pacheco).
Teve, quando criança, paralisia infantil e, então, andava com bengalas.
Quando fiz o Científico, as disciplinas experimentais tinham sua própria sala, a de Química no primeiro andar e as de Física e de Biologia/Ciências no segundo ministradas pelo professor João Queiroz Marques.
E, junto a elas, os respectivos laboratórios.
A assistente do Professor Pacheco era a sua esposa, a dona Mariazinha.
Devido às dificuldades de caminhar, e naquela época andava-se muito a pé, o Professor Pacheco usava charrete, já que, naquela época, não existia automóvel adaptado para deficiente físico.
Quando fui seu aluno, entre 1956 e 1958, o cavalo usado pelo professor Pacheco, em sua charrete, era o Butano.
Ele contava que era o quarto cavalo que tinha: o primeiro tinha sido o Metano; o segundo, o Etano e o terceiro, o Propano.
Enfim, os seus cavalos tinham o nome da série dos alcanos.
A postura Entre os folclores conhecidos sobre o Professor Pacheco, conto dois, mas existem outros.
Um dia ele recebeu uma mãe, preocupada com os estudos de sua terceira filha.
Na conversa, ela disse que o seu primeiro filho gostava muito de Matemática (talvez influência do Professor Cid Guelli), tinha ido cursar Engenharia, já era formado e muito bem empregado.
O segundo filho, que era uma mulher, gostava muito de Biologia (talvez influência do Professor Marques), não tinha medo de ver sangue, tinha ido cursar Medicina e estava concluindo o curso.
Mas o terceiro filho, uma mulher, não gostava de Matemática nem de Biologia e, na realidade, não era uma boa aluna. Por isso, achava que ela deveria fazer o curso Normal: “Já que ela não é boa em nada, vai ser professora, e espero que faça alguma coisa de bom”.
Nesse momento, o Professor Pacheco disse: Obrigado pela parte que me toca. Se a senhora se lembra, eu sou Professor! A didática.
O que escrevo a seguir, conto com absoluta segurança, já que aconteceu em minha classe de 1º Científico.
O Professor Pacheco gostava de fazer perguntas no meio das suas explicações (como sofri com isso, mas como aprendi).
Um dia, no meio Centenário da Escola Normal 97 da exposição, ele escreveu na lousa H2SO4 e perguntou a um dos alunos da classe (acho que era o Gibi, o Gilberto Carmelo): “Moço, o que é isso?”
O aluno deve ter achado a pergunta muito fácil, já que o Professor Pacheco tinha falado muitas vezes nos ácidos. Então, “estufou” o peito e, feliz da vida, respondeu: “É ácido sulfúrico, Professor”.
O Professor Pacheco respondeu: “Moço, se isso fosse ácido sulfúrico, não existiria mais essa lousa, pois o ácido teria comido todo o cimento; H2SO4 não é ácido sulfúrico, mas, sim, a sua fórmula!”.
Aluno do IECA entre 1952 e 1958, engenheiro formado pela Escola Politécnica da USP, professor de Química e autor de livros de Química para o ensino médio.