Pereira Ignácio, Comendador; Antonio Pereira Ignácio
Rua Jardim Dona Nicota de Barros – Lei Nº 418 de 01/09/ 1954
Mais de um século já decorreu depois que o menino português chamado Antônio Pereira Ignácio desembarcou em terras brasileira, trazido pela família. Antônio Pereira Ignácio contava apenas dez anos de idade quando chegou ao Brasil.
Ele vinha de Baltar, pequena vila perto da cidade do Porto. Antônio Pereira Ignácio era pobre e sua pouca idade não lhe deu ensejo para aprender qualquer oficio em sua terra natal.
O menino português pisou em terra paulista, acompanhado de seu pai, veio morar em Sorocaba onde estudou.
O pequeno menino Antônio queria realizar duas coisas neste período difícil de sua infância : aprender a ler e confeccionar calçados. Seu pai era sapateiro e foi seu mestre deste oficio.
Da ideia à realização não foi longa a demora, pois dentro de pouco tempo o menino Antônio cortava couro, batia sola e já sabia ler.
Vencida a primeira etapa, o pequeno sapateiro, agora rapaz, resolveu ser comerciante. Juntou suas coisas e foi para São Manoel (SP), iniciando sua carreira em uma modesta sapataria.
Posteriormente, após a atividade de sapateiro, que foi bem sucedida, foi para Botucatu onde montou um armazém de secos e molhados, casando com Lucinda Rodrigues Viana.
O nobre português queria mais e assim procurou desenvolver seus negócios indo residir em Itapetininga e posteriormente em Boituva, onde nessa cidade, instalou uma serraria e um descaroçador de algodão.
Foi assim que o artista sapateiro, cruzando os domínios do comércio, abriu caminho na indústria.
Ansioso por conquistar novos centros e achar novas opções nas recém formadas industrias, Pereira Ignácio voltou à Sorocaba, onde montou uma fábrica de óleo de caroço de algodão, a Santa Helena, produtora do óleo Primus.
A fábrica de óleo foi, definitivamente, na época, o seu melhor investimento e o mais rentável. O jovem português de Baltar sonhava alto.
Não contente com o que já havia aprendido, ingressou timidamente na indústria manufatureira da época. Já contando com 30 anos, Pereira Ignácio, quando seguiu para os Estados Unidos, animado com a ideia de tomar conhecimento direto com a indústria de óleo comestível americana.
Na Wilson North Carolina Sharlote, tomou conhecimento do processamento e de todas as fases do beneficiamento do óleo comestível naquele país.
A experiência vivida pelo então industrial brasileiro, e por algum tempo simples operário nos Estados Unidos, deu ao jovem maduro, uma visão diferente da importância do Brasil, no contexto mundial.
Agora de volta a Sorocaba (sua segunda cidade do coração depois de Baltar) Pereira Ignácio encontrou nos meios industriais e no comércio, alguns amigos e companheiros que eram do Banco União.
Eles tinham participação em um acervo de uma indústria de tecidos construída por ingleses e posteriormente administrada na sua maioria por italianos, no distrito de Votorantim, pertencente ao município de Sorocaba.
O astuto e inteligente Antonio, em princípio propôs aos que lhe procuraram uma sociedade, assim em 1917, comprou a fábrica denominada Votorantim.
Porém, em menos de um ano, adquiriu as partes dos demais sócios, criando então, a S/A Fabrica Votorantim, em 26 de maio de 1918. (texto de João dos Santos Junior)
NOTA : O Sr. Comendador Antônio Pereira Ignácio permaneceu em Botucatu por oito anos, onde também foi Provedor da Misericórdia Botucatuense, no tempo do Dr. Costa Leite.
Homem de caráter e bondade, trabalhou por volta de três anos no hospital, onde auxiliava o Doutor Costa Leite na parte administrativa.
Sua filha casou e foi para Sorocaba.
Em Sorocaba o Sr. Comendador e seu genro José Hermírio de Moraes e o pai Antonio Hermírio de Moraes, fundaram a Votorantim do Brasil, onde lá depositou a maior parte de seu trabalho, tornando-se grande industrial no ramo de cimento e derivados.
Grande filantropo, todas as nossas instituições, inúmeras vezes puderam contar com a magnanimidade de sua bolsa e seu bondoso coração.
HOMENAGEM DO MUSEU A CÉU ABERTO "PORTAL DAS CRUZES"