Praça Jardim Paraíso – Projeto de Lei Nº 151 de 06/11/ 1989.
Nasceu em 31 de dezembro de 1926 em Botucatu.
Filho de imigrantes, pai espanhol e mãe italiana, na então localidade conhecida como “Venda Seca” (atualmente às margens da estrada que liga Botucatu à Vitoriana), que lidavam a terra como colonos pobres a serviço dos senhores de terras e café.
Seu pai Diego Martinez (aportuguesado para Diogo Martins), empregou-se na Ferrovia que trazia o progresso para a região no ciclo do café, onde a família mudou-se para as imediações da Fabrica de Peneiras (onde hoje se localiza o Supermercado Fávero, na Av. Major Matheus) onde havia um campo de futebol onde realizavam-se as “peladas” entre as criançadas da Vila dos Lavradores.
O então José Martins foi matriculado no Grupo Escolar do Bairro, onde hoje funciona a Junta Trabalhista de Botucatu, na Major Matheus, mas a sua paixão começava a despertar e sua vida passou a ser mobilizada pelas “peladas” do Campo do Brasil.
Foi no campo que surgiu o apelido de Guanxuma, nome de uma planta que tem como características a solidez da raiz ao solo, que deixa a planta muito difícil de ser retirada do solo, era assim que se apresentava o “mignon” menino do Bairro.
Era muito difícil de derruba-lo quando tinha a bola nos pés, além de se identificar com a planta de altura baixa, que lhe cedera o apelido.
Do campo de peladas para a Associação Atlética Ferroviária foi questão de tempo e, já estava incorporado ao plantel da equipe patrocinada pela ferroviária, como ponteiro direito.
Um verdadeiro velocista com a bola nos pés, com dribles desconcertantes, jogadas mirabolantes e inesperadas, o que era facilitado pela batida forte na bola e com os dois pés, conquistou logo a camisa 7 do tricolor botucatuense que disputava uma acirrada 2a divisão do campeonato paulista de futebol.
Foi nessa época que conheceu grandes craques do futebol de Botucatu, como Cação, Paulo Bueno Rocha, Paulo Garófolo e outros tantos.
O sucesso parecia inevitável, era um predestinado ao futebol, e em pouco tempo foi profissionalizado, aproveitando o sucesso contraiu matrimônio com a Sra. Aparecida Patrício do Nascimento Martins, com quem teve os filhos: Edson Aparecido Martins, Éderson José Martins, Eliane Fátima Martins Giandoni, Elaine Maria Martins Vieira.
Teve o seu passe comprado pela Associação Prudentina de Esportes Atléticos (APEA) de Presidente Prudente. Voltando para Botucatu logo foi para o XV de Novembro de Jaú, o “Galo da Comarca”. Iniciava-se então uma campanha futebolística, sem precedentes.
Uma super equipe começou a ser montada, com craques oriundos de diversos locais do Brasil, e no primeiro ano classificou-se como Vice-Campeão, mas em 1951, um time formado por Inocêncio, japonês , Almir, Ribamar, Fernando, Cotia, Guanxuma, Nestor, Silas, Adãozinho e Itamar; derrotou a Equipe do Jabaquara em pleno Pacaembu, por 1 X 0, gol de Guanxuma, sagrando-se Campeão da Segunda Divisão do Campeonato Paulista de Futebol, tendo acesso à divisão maior do futebol paulista.
No segundo ano de campanha, Guanxuma foi tirado da equipe que o consagrara e que lhe deu o “status” de maior jogador que o XV teve em todos os tempos, a Sociedade Esportiva Palmeiras havia descoberto aquele que seria o maior ponta direita do interior do Estado.
Parecia iniciar – se uma nova fase na vida do botucatuense, que ao lado dos maiores jogadores do Brasil, mas a epopeia durou apenas 9 meses, pois um sentimento nativista o trouxe de volta ao Galo da Comarca, contra tudo e contra todos, que não queriam que ele deixasse o Palmeiras, inclusive com ofertas mirabolantes, mas nada disso o convenceu, o amor ao XV foi bem maior.
De volta a Jaú, Guanxuma iniciou uma campanha espetacular, que o transformou no mais temido atacante do interior, sendo a ser cotado para a Seleção Brasileira, que uma contusão na cocha esquerda o alijou da convocação.
Foram 13 anos só de glórias no XV de Jaú, de onde ainda andou emprestado para finais de temporada ao XV de Piracicaba, ao Guarani de Campinas.
Fato pitoresco deu – se quando o Flamengo do Rio de Janeiro, tentou seu concurso, e com tudo já acertado, ele faria a sua estreia nos gramados da Espanha em jogos amistosos, mas ao descobrir que iria viajar de avião, Guanxuma desmanchou toda a negociação e permaneceu no XV de Jaú.
Findo o reinado dos famosos times do Galo, Guanxuma que havia se licenciado da Estrada de Ferro Sorocabana, retornou a Botucatu onde assumiu a sua profissão e passou a defender as cores da Associação Atlética Ferroviária, equipe onde havia começado a sua trajetória.
Disputou vários campeonatos, e chegou a técnico da equipe. Posteriormente se transferiu para a Associação Atlética Botucatuense, onde solicitou a sua reversão de categoria profissional para o amador.
Quando o futebol em Botucatu, entrou em declínio, o velho esportista passou a dirigir equipes juvenis da cidade, além de preparar atletas para principalmente o Guarani de Campinas, de onde era emissário.
Foi nesse período que vários garotos tiveram o seu apoio e seus momentos de glória.
Entre tantos podemos citar João Marcos (goleiro da Seleção Brasileira), Zito (volante da Seleção Brasileira de Juniors), Julinho (para o Santos F.C., tido como substituto de Pelé), Ademir Fioretto (goleiro do Guarani), Eduardo (quarto zagueiro da Portuguesa) e outros que militaram em equipes menores, sem deixar de citar seu próprio filho Nenê que também fez carreira por diversos clubes de alta expressão do Brasil.
Diante dessa carreira super agitada, Guanxuma chegou ao fim vitimado de doença rara, sem concretizar o seu sonho, ou seja: Construir em Botucatu uma praça de esportes dotada de recursos que abrigasse meninos de rua, podendo alimentá – los, estudá – los e prepará – los para os transformar em profissionais do Futebol.
Foi funcionário da antiga Estrada de Ferro Sorocabana e profissional de futebol.
Quanxuma faleceu em Botucatu, no dia 29 de julho de 1982.