Filho de Nelo Carlos Pedretti – italiano de Pontremolli – e Edith Maria Pedretti.
Formou-se, em 1939, professor pela Escola Normal, na qual havia feito o curso primário e ginasial.
Quando estudante começou a trabalhar como redator da “Folha de Botucatu”.
Foi na redação do jornal que mais se intensificou sua vontade de escrever em prosa e verso.
Militou em inúmeros jornais, iniciando pelo “Jornal de Notícias” de propriedade de seu pai o jornalista Nelo Pedretti.
Em 1942 lecionou História Geral e do Brasil na Escola Normal.
Foi Professor de Educação até 1947, quando foi efetivado por concurso na cadeira de Educação.
Em 1959 foi convidado a assumir a direção do Instituto de Educação “Dr. Cardoso de Almeida”, substituindo o Prof. Adolfo Pinheiro Machado.
Esteve na direção desse educandário até 1964, quando então pediu demissão do cargo voltando para a cadeira de Educação.
Lecionou História do Comércio no então Ginásio Nossa Senhora de Lourdes, atual Colégio La Salle.
No Instituto Santa Marcelina lecionou Psicologia e Filosofia.
Em 1968, ao falecer ocupava o cargo de professor catedrático d Metodologia do Ensino na Faculdade de Filosofia “Emilio Pedutti”.
No ano de 1948 casou-se com Laurentina (Lola) Peres Pedretti.
Desse casamento nasceram três filhos:
Luiz José,
Elisabeth Maria,
José Pedretti Junior.
Aos 14 anos aprendeu, com seu pai, a arte tipográfica.
Como redator da “Folha de Botucatu” era o moço de confiança de Pedro Chiaradia, diretor do jornal.
Militou no jornal “O Estado de São Paulo” de 1948 até 1968.
Dentre os inúmeros jornais aos quais prestou a sua colaboração destaca-se :- “Fanfulla”; “A Cidade” de Ribeirão Preto; “A Imprensa”de São Paulo; “O Estado de São Paulo”; “Folha de Botucatu”; “Correio de Botucatu”; “Botucatu-Jornal”; “Jornal de Notícias” e “A Gazeta de Botucatu”.
Pedretti Netto deixou dezenas e dezenas de poesias, artigos e biografias.
Em 1965 promoveu a Semana Vital Brasil em comemoração ao centenário de nascimento do grande cientista (1865), promoção essa que o fez merecedor da Comenda Vital Brasil, homenagem do governo do Estado de São Paulo.
Foi um dos fundadores do Centro Cultural de Botucatu.
O Professor José Pedretti Netto faleceu em Botucatu no dia 04 de maio de 1968.
Agostinho Minicucci assim se expressou, a respeito de Pedretti : “Fez da escola um lar e do lar uma escola”.
O BATIZADO DA CIDADE MORENA
Houve uma festa enorme no batizado da cidade recém-nascida.
Na catedral verde da mata toda enfeitada de festões e cipoama, o padrinho foi o primeiro que chegou.
Era um bandeirante ousado e façanhudo, um comedor de terra, um aome léguas, um Chico vira mundo.
Entrou com o facão abre-picada e sem dar satisfação meteu as botas pela nave tapetada de musgo.
Lá fora no átrio da igreja de esperança, capim fino, dormideiras, maravilhas brancas e vermelhas... (joás... tudo que é planta e flor se transformou num tapete em demanda da pia batismal!
O bandeirante façanhudo carranca carregada, barba degrejabte, subiu a serra e parecia que o coração aos saltos lhe saia pela boca.
Lá em cima, nos corcovos da terra a serra descia e subia e voltava e sumia brincando de esconde-esconde com o sol.
O bandeirante parou extasiado e respeitoso, fez o Sinal da Cruz.
Depos, conclamando as gentes prá festança disparou um violento tiro de arcabuz.
A serra inteira incendiou-se de luz...
Veio o padre, seu vigário, todo de preto, mas alegre e brincalhão.
Parece que este homem tem um sol no coração.
Bem se vê que ele é destemido, destorcido, capaz de de enfrentar o saci, o curupira e até assombração! Cruz credo!
Este homem não tem medo de mula sem cabeça...
Este homem dá risada do caipora e da magia dos pagés.
Este homem – parece mentira! – na terra de Tupã plantou uma capelinha que diante da serra é tão pequenina, miudinha, assim deste tamanho...
Mais parece uma casa de boneca essa capela...
Mas essa capela tão pequena, com seu sino espevitado, desafinado, marcou o destino da terra que nascia: a marca da alegria e da bondade que os sinos de Deus imprimem na vida, nos homens, nos povos, nas cidades...
E seu vigário-jesuíta trouxe coroinhas cor de cobre, uns tapuias que moravam por ali.
Na catedral verde da mata os picos da serra eram torres apontando o Infinito!
Um artista consumado, o vento sul, vento andejo, moleque endiabrado, independente como ele só, altivo como não há outro, ajeitou a ondulante cabeleira de maestro e depois com a batuta das palmeiras vaidosas, esperançosas, altaneiras, preludiou o “Glória” na ramagem da fleresta.
Era o início da festa!
O bandeirante desajeitado carregando nos braços possantes um corpo franzino de menina. Um corpo moreno vestido de azul do céu e do branco das nuvens.
O padre tirou do lava-pés a água lustral para o batismo da cidade.
E enquanto falava com Deus numa língua desconhecida tomou o óleo louro do sol e com ele traçou no corpo moreno da terra o Sinal da Cruz.
Depois, num gesto altivo e nobre, levantou a voz e proclamou: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo eu te batizo: Botucatu.”
Pelass quebradas, pelos vales, pelas grotas, pelas picadas da serra, na paz das solidões e das malocas, o eco repetiu o nome batismal...
Acordaram tribos mal dormidas...
Repetia a Natureza comovida: este nome tem um gosto de cantiga, este nome simboliza um fanal...
Depois, a festança de fazer água na boca.
O Lavapés alcoviteiro, novidadeiro, perdendo a languidez saiu aos pulos e aos pinotes contando umas coisas que ele ouviu.
Umas coisas que não entendeu muito bem, umas coisas esquisitas, uns pensamentos, umas profecias saídas da boca de seu vigário-jesuíta.
No ocaso o sol se punha. O jesuíta olhou a paisagem ensanguentada de sol e erguendo o braço apontou a distância.
E ali do púlpito telúrico, para as aves, para as plantas, para os bichos, para o bandeirante, pronunciou seu sermão:
- Esta cidade, meus irmãos, um dia será nossa esperança como já é nossa alegria.
Do Lavapés ao ribeirão Tanquinho, do Capivara ao Tietê ao Pardo e ao Paranapanema, pela terra onde zunem flechas, por onde andejam as tribos erradias do Iguatemi ao Ivinhama há de impor-se o nome de Ibitucatu!
Nome, mensageiro de amor, mensageiro da fé, mensageiro da paz, um nome que há de ser símbolo para dar ao amigo um abraço, para dar às crianças um regaço, para fechar os olhos de quem morre, para rezar sobre a campa uma oração. Para dar ao inimigo o seu perdão!
Botucatu será maior que todas as cidades, de todos os tempos, de todos continentes, de todas as idades!
Nossa avaliação não importa a riqueza, nem tamanho.
O que importa é a nobreza e coração, ser trabalhador, ser honesto e ser cristão!
E Botucatu o será!
Na sua majestade sobre serrania, ela mesma confessará um dia: acima de mim, olhai vós todos, acima de mim somente existe, a cidade de Deus, o Deus que me criou!