E eu viajeiro de mim...
Tenho pressa de não ter distâncias,
de me encontrar frequentemente
no remanso da minha mansidão.
A espontaneidade é que me guia
pelo imprevisto dos caminhos
rumo a uma qualquer direcção…
no tempo
no espaço
que traço
num frenesim,
cá dentro
no pensamento,
num encalço
fora de mim.
Por sendas e veredas me comovo
Num espanto de vida e de magia,
neste bem querer, de navegar…
(Por estradas calcorreadas e gastas
não há mais nada para inventar…)
Principal, é a boa companhia
é um bom senso comum
na atitude de caminhar.
Perceber que os ensejos
me levam a qualquer lado
e eu sou de qualquer lugar.
(Sei que o meu destino
é não ter destino nenhum.)
Imprescindível, é o chegar,
é o regresso acolhedor e aconchegante,
onde bem longe da minha incoerência
preciso pôr a salvo qualquer imprudência,
aqui onde tudo acontece, ora e doravante.
Onde deambulo em ti num doce adejo,
a esmo dessa inocência premente e nua,
dentro do teu mais apetecível desejo,
onde por ti me perco, em ti me desfaleço
e por ti renasço, em cada carícia tua…
onde se afigura, que nada é impossível,
neste cosmos cingido pelo sol e a lua.
(Rui Tojeira)
Foto de Martin Stranka