in RETRATO DO ARTISTA QUANDO COISA

Editora Record, ano 1998

(Ilustrado por Millôr Fernandes).

"Agora em seu Retrato do artista quando coisa, não contente em descoisificar o mundo, Manoel se coisifica e de poeta passa a ser, ele mesmo, parte integrante da poesia. Como naquele jogo de descobrir o bicho oculto num desenho, podemos descobrir o Manoel no poema." — Fausto Wolff

RETRATO DO ARTISTA QUANDO COISA revela um mundo no qual o poeta está totalmente integrado à paisagem do pantanal. Seja como pedra, bicho, musgo ou pequenos seres que habitam a região, Manoel de Barros se veste e reveste de natureza, construindo poesias que tornam o seu meio cada vez mais uno. Como diz Fausto Wolff no texto de orelha: neste livro, a paisagem se manoeliza. Ou é Manoel que se paisageia?

O livro é dividido em duas partes. Na primeira, que tem o mesmo título do livro, visualiza-se a transformação do poeta em uma das "coisas" do seu ambiente: "Há um cio vegetal na voz do artista/Ele vai ter que envesgar seu idioma ao ponto/De alcançar o murmúrio das águas nas folhas das árvores/.../Não terá mais idéias: terá chuvas, tardes, ventos, passarinhos..." Na segunda parte do livro — "Biografia do orvalho" —, Manoel de Barros faz pequenas avaliações sobre si, sobre o ser, as coisas e a natureza, e a sua solução para o cotidiano: "Eu penso renovar o homem usando borboletas." Ou: "Sabedoria poder ser que seja ser mais estudado em gente do que em livros."

Poemas escolhidos: