SER LAVRA DE TI

Canta-me um novo hino

Amor

Enquanto as outonais folhas

Nos afagam os corpos quentes

Enlaçados num murmúrio de vento.

Só a lua nos contempla, só ela poderá abençoar

O filho que de nós há-de brotar,

Aqui neste chão de chuva,

Nesta terra que já foi de lavra.

Meus ancestrais nos saúdam

Com um vinho novo

Bebamos amado,

Bebamos da mesma colheita

Eis a celebração da Vida!

Saciemos finalmente nossa sede,

Longínqua ficou a travessia pelo deserto…

Sejamos gratos à Luz que nos guiou,

Prestemos vénias,

Cantemos um novo hino!

Cobre-me somente com teu corpo

Meu instinto,

Nada mais preciso, nada mais insisto.

Permanecer lavra de ti, ser útero, ser semente.

© Célia Moura – a publicar “Terra de Lavra”

(Pascal Chove Painting)