JAZ UMA COLCHA DE LINHO NO PASSADO

Jaz uma colcha de linho no passado

Das orquídeas

Quando tua sofreguidão se esbatia entrecortada

Na penumbra

Gemendo a saudade

Nas cortinas velhas do quarto antigo…

Tuas mãos ainda habitam o séquito do meu corpo

Nesta ausência.

Sabes, fui até ao cais de nós e esqueci de voltar.

Estávamos senis, enlouqueceramos em todos os orgasmos.

Mas os pardais, aqueles que fizeram ninho

Nas telhas do antigo quarto,

Eles sempre regressam, chilream livremente.

Jazem dois corpos enlaçados de paixão sob a colcha de linho.

Vejo-os tão longínquamente…

Eu espero-te.

O meu corpo sempre arderá nos teus lábios.

Célia Moura - a publicar "No hálito de Afrodite"

Antoine de Villiers painting