Frêmitos desalentados
Rasguei os sentidos
em rugidos noturnos
e ébrias alucinações.
Estremecem os céus
em negros temores
e na fonte da enseada
pairam sombras e véus
e os sonhos esmorecem
nas águas que tombam
pelas pedras da calçada.
Trago os bolsos cheios
de anseios por aclarar
e a lucidez estarreceu
ecos de breu nas ruelas
no luar e nas estrelas
que ficaram por plantar…
Nem sempre há dança
e o pandeiro é forte,
nem sempre a poesia
arrebata a esperança
à brisa do vento norte.
… … … … … … …
Já sinto a madrugada
e temo que ela me fuja
então volteio arreigado
no piar de uma coruja.
(Rui Tojeira)
in Horizontes de Silêncio