MINHA LINDA BONECA DE PELÚCIA

Minha linda boneca de pelúcia,

Com sutis redondezas de mulher

Tens um nome romântico — Alba Mucia

E um perfume que canta — Chanteclair.

Roubaste às gatas a felina astúcia

Que alcança tudo o que almeja e quer

Esse jeito de andar, essa fidúcia

E essas unhas de um jaspe rosicler.

À noite, quando sais do inexistente

E vens viver alucinadamente

Entre um grande soluço e um grande beijo

Nas páginas do livro onde te lanço

Sinto que és carne porque te desejo

Sinto que és sonho porque não te alcanço.

Publicado na revista paraense 'A Semana', nº 700, em 20 de fevereiro de 1932.