Palavras amarfanhadas
Oca e longa é a noite
que arrasta a minha pena
a tentar escrever poesia…
E proclamo o teu nome,
amena melodia a bailar
no luar que me consome.
Pudera eu decifrar-te
no caminho das estrelas,
mas eu não consigo vê-las
neste verso que me tenta…
Ah! se pudesses escutar
o tilintar do silêncio,
que me bate e atormenta…
Sinto a poesia no ar,
a rimar com o teu peito,
com o teu jeito de amar!
No bater do pensamento
lento, áspero e vazio,
no leito, desfeito e frio…
A emoção inunda a alma
e transborda pelo olhar,
gota de água que se esvai
na solidão que demora
até ao chegar da aurora…
Poema meu que me não sai.
… … … … … … … … … …
Enxergo a manhã numa fresta
e esta dor da tua ausência,
é o único poema que me resta.
(Rui Tojeira)
in Horizontes de Silêncio