APOTEOSE
Nada mais sei que a loucura das vagas pela madrugada
Deste Inferno!
Nada mais sei que a Despedida de todas as mãos acenando
Ao vento
Como um lamento!
Nada mais sei que a tortura do Amor maior
Que me estilhaça o ventre, permanentemente
Quando no esplendor de mim
Agarrei as mágoas como um condão divino
E as tentei cantar qual louca epopeia
Entre meus próprios roseirais de espinhos já maduros.
Nada mais sei, que sei
Que não é possível ir mar adentro
Sem naufragar,
Quando a loucura vem beijar esta plenitude de mim
Estes estilhaços!
E de mãos dadas me leva através de todas as despedidas
Meu amor!
E, espero que todas as flores me sorriam ainda,
E as crianças bradem mais um hino de mãos dadas,
Com as minhas, ao céu erguidas,
Só depois ousarei
Despedir-me de ti!
© Célia Moura – in “Enquanto Sangram As Rosas…”
(Imagem – Hamish Blakely)