NINGUÉM

Embriaguei-me

num doido desejo

E adoeci de saudade.

Caí no vago ... no indeciso

Não me encontro, não me vejo -

Perscruto a imensidade

E fico a tactear na escuridão

Ninguém. Ninguém

Nem eu, tão pouco!

Encontro apenas

o tumultuar dum coração

aprisionado dentro do meu peito

aos saltos como um louco.

Hora Sombria 1923

in " Castelo de Sombras" (1923)