Abarco as tuas mãos...
Abarco as tuas mãos
e aporto nesses teus braços de mar
pontão da minha plácida baía
esculpida nas margens do meu tempo
em ti repouso, em ti me invento
num odor quente de maresia.
E perco-me de amores nesse ondular
em maré cheia de desejo de te ter
num impulso incessante de remar
para as águas calmas desse marejar
que me acolhe a cada entardecer.
Não me deixes perdido nos rochedos
não me soltes amarras nas enchentes
poderei deslizar-te por entre os dedos
e rumar empedernido e sem medos
numa demanda de outras correntes…
Mas tu sentes no sol do meu olhar
sabes bem do meu gosto e deste jeito
que é em ti que eu anseio mergulhar
e naufragar nas dunas do teu peito.
(Rui Tojeira)