Erro poético

Sou o açúcar

procurando a formiga.

Meu carreiro

não tem linha.

É um ponto, um planetário grão.

A minha natureza

é uma inacabada caligrafia:

apenas os erros me defendem.

O amor apenas

me rasura a alma.

Com a formiga

partilho alucinogénicos:

migas de paixão, migalhas de doçura.

- Mia Couto -