Nativo do amor

De olhos cerrados

vejo o mundo,

pelo instinto ávido

dos meus dedos

de ti embriagados…

e sorvo-te nos lábios

trémulos segredos

e adejo cerros e vales

onde renasço e sucumbo

aos enlevos desbravados.

De todo o corpo celeste

firmo-me no teu

que é meu estandarte,

nebulosa de luz

que de ti se reveste

e me norteia e seduz

por toda a parte.

Ascendo em Vénus

e sou nativo do amor,

limiar que descerra

uma outra dimensão.

Sou terra a terra,

não sou de Marte!

Sou mais de amar-te

no rasto das estrelas

que plantas no meu chão.

(Rui Tojeira)