ADEUS

Sim, vou partir.

E não levo saudade

de ninguém…

Nem em ti penso agora!…

Julgavas que a tristeza desta hora

fosse maior que a firme vontade

que eu pus em destruir

o luminoso fio de ternura

que me prendia ao teu olhar?…

Julgaste mal:

Eu sei amar,

mas meu amor,

o que eu não sei

é ser banal!

Mas por que vim eu escrever-te ainda?

Nem eu sei!

Talvez somente

o hábito cortês da despedida

– e o hábito faz lei!

Choro?!… Oh! sim, perdidamente!

Mas sabes tu, porque este pranto

assim amargo, e soluçado vem?

É que na hora da partida

eu nunca pude sem chorar,

dizer adeus a ninguém!

Judith Teixeira, Janeiro, 1926

in 'Antologia Poética'