DORMES

Dormes… Mas que sussurro a umedecida

Terra desperta? Que rumor enleva

As estrelas, que no alto a Noite leva

Presas, luzindo, à túnica estendida?

São meus versos! Palpita a minha vida

Neles, falenas que a saudade eleva

De teu seio, e que vão, rompendo a treva,

Encher teus sonhos, pomba adormecida!

Dormes, com os seios nus, no travesseiro

Solto o cabelo negro… e ei-los, correndo,

Doidejantes, sutis, teu corpo inteiro.

Beijam-te a boca tépida e macia,

Sobem, descem, teu hálito sorvendo

Por que surge tão cedo a luz do dia?!

- Olavo Bilac -