Encosto-me à morte sem amparo ou sombra

Encosto-me à morte sem amparo ou sombra

Como o grão

Abeiro-me da flor que virá e venho

À superfície do teu sonho

Como se acordasse a mão que semeia

No coração lavrado de quem faz a ceifa

Rebento no interior da morte como o trigo

Rebento no interior do trigo

E de qualquer planta que se assemelhe a ti

Daniel Faria - in "Explicação das árvores e de outros animais"