JUDITH TEIXEIRA

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JUDITH TEIXEIRA

(Viseu, Portugal, 1880 – Lisboa, Portugal, 1959).

Judite dos Reis Ramos Teixeira, foi uma escritora chave do modernismo português,alcançou notoriedade em Março de 1923 no seguimento da publicação da sua primeira coletânea de poesia, Decadência, quando foi alvo de uma polémica sobre a (i)moralidade da arte, a qual envolveu também António Botto e Raul Leal. Antes disso, Judith já havia publicado em vários jornais, sob o pseudónimo de Lena de Valois, e contribuído para a Contemporânea, conceituada revista modernista. Apesar do escândalo, publicou mais dois livros de poesia, Castelo de Sombras (1923) e Nua. Poemas de Bizâncio (1926), e duas novelas publicadas sob título de Satânia (1927). Caso altamente invulgar para uma mulher desse período, Judith foi diretora da revista Europa em 1925 e escreveu uma palestra, intitulada De mim. Em que se explicam as minhas razões sobre a Vida, sobre a Estética, sobre a Moral (1926), provavelmente o único manifesto artístico modernista de autoria feminina no início do século XX em Portugal.

Devido à temática lésbica de alguns dos seus poemas, foi atacada violentamente na imprensa conservadora e moralista pelas "vergonhas sexuais" e "versalhadas ignóbeis" que escrevia. Na revista pro-fascista Ordem Nova, em 1926, Marcello Caetano referiu-se ao seu livro Decadência como sendo da autoria "duma desavergonhada chamada Judit Teixeira", regozijando-se que os seus livros tivessem sido apreendidos e queimados em 1923. Em 1927 encontrava-se ausente de Portugal, como se depreende de uma nota inserida no fim do livro Satânia, o último que publicou.

Pouco se sabe acerca dos últimos trinta e dois anos da sua vida, em que chegou a ter um negócio de antiguidades. Morreu a 17 de Maio de 1959, aos 79 anos, residindo então em Lisboa, no número 3 da Praceta Padre Francisco em Campo de Ourique. Segundo o assento de óbito, morreu viúva, sem deixar filhos nem bens e sem fazer testamento.

Judith Teixeira era, até há bem pouco tempo, praticamente desconhecida e não estava representada em qualquer antologia. Fala-se ainda hoje da polémica da "literatura de sodoma" de Botto, Leal e Pessoa, e omite-se aquela que viu igualmente um livro seu em labareda e que foi a mais perseguida e enxovalhada dos poetas modernistas. Uma excepção para a Editora "&etc", que, em 1996 resolveu editar os poemas de Judith Teixeira, (com pesquisa, organização e bibliografia elaborada por Maria Jorge e Luís Manuel Gaspar), com o objectivo de reparar a injustiça de tal silêncio a que esta poetisa vanguardista dos anos 20 foi votada todos estes anos.

Mais recentemente, em 2015, a editora Dom Quixote fez uma nova edição reunindo as cinco obras de poesia e prosa que Judith Teixeira publicou em vida, conjuntamente com vinte poemas desconhecidos e uma conferência inédita.

http://www.leyaonline.com/pt/livros/literatura/literatura-classica/poesia-e-prosa/

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