EU ME VIRO...
Eu me viro
Perante o veneno da serpente
E os afectos alcatroados
Que reviram no âmago da gente.
Abençoo a luz para não amaldiçoar as trevas.
Me lavo no fogo
Ao vento em preces
Para que as cinzas prossigam até ao mar.
Não, a peçonha dos rastejantes
Não é maior que o voo das pombas
Que ainda repousam no parapeito da esperança…
É nelas que lanço o olhar que me restou
De onde espreito a vida
É onde faço e desfaço os laços
Recolhendo na colheita arremessada à eira
Todas as ressacas, todos os pedaços.
Célia Moura - a publicar "Terra de Lavra"
Andrew Lucas Photography