No Brasil e no Estado de São Paulo, a velocidade da pandemia está diminuindo, porém, conforme, especialistas advertem, em valores ainda altos. Rio Claro, por outro lado, apresenta indicadores muito bons: número de casos, internações em enfermarias e na UTI estão muito próximos daqueles do início de junho, quando a pandemia começou a acelerar. Os óbitos oscilam há duas semanas em valores abaixo daquele período. Isso é o que se observa quando alguns municípios do estado são comparados: capital, Campinas, Piracicaba e Limeira, ambas do mesmo Departamento de Saúde de Rio Claro, e São Carlos. Os gráficos abaixo mostram o número médio de óbitos e de novos casos diários, corrigidos para 100 mil habitantes.
São Carlos é a cidade, dentre aquelas representadas, que tem os melhores indicadores: menos óbitos e menos casos novos diários. A cidade de São Paulo é onde a pandemia chegou primeiro e o número de óbitos aumentou mais cedo. Atingiu Campinas mais tarde, depois Piracicaba. Limeira e Rio Claro tiveram aceleração aproximadamente no mesmo momento. Todos os municípios mostram queda a partir de julho e agosto. Nas últimas semanas, tanto o número de óbitos como o de novos casos estão menores em Rio Claro, exceto para óbitos em São Carlos.
A redução de casos e óbitos pela Covid-19 é generalizada no estado e nos principais municípios vizinhos a Rio Claro. É um fenômeno que foi observado em alguns países da Europa no final do primeiro semestre, e assim como no Brasil, provocou alguma surpresa positiva entre especialistas levantando perguntas. A pandemia estaria acabando? Porque haveria essa redução, mesmo com medidas de isolamento sendo relaxadas ou desrespeitadas?
A pandemia ainda é nova e embora muito já tenha se descoberto sobre sua disseminação, evolução, tratamento e riscos, muito ainda está para ser desvendado. A doença provocada pelo novo coronavírus é complexa, e nenhum pergunta provavelmente terá uma resposta simples. Abaixo, apresentamos uma síntese de algumas das possibilidades levantadas pelo GT de Monitoramento da Covid-19 da Unesp-Rio Claro. Elas estão fundamentadas na literatura científico, porém não são nem completas e nem definitivas, como tudo que envolve essa nova pandemia.
Para considerar que a pandemia da covid-19 esteja debelada é neessário que uma parcela significativa de uma população precisa estar imunizada, ou por terem adquirido a doença, ou por terem tomado a vacina. Os pesquisadores divergem ao número, mas estimativas apontam que é necessária a imunização de 40 a 60% das pessoas. Rio Claro está se aproximando de 5 mil casos registrados pela prefeitura, o que representa cerca de 2,5%, muito distante ainda dos valores estimados como necessários para a extinção da pandemia. Mesmo considerando que haja subnotificação, já que o Brasil realiza poucos testes para diagnóstico da Covid-19, o número de casos reais teria que ser 16 vezes maiores do que os dados divulgados pelo município para se atingir a imunidade coletiva. Portanto, não dá para concluir que a pandemia chegou ao fim.
Outras epidemias já passaram por aqui em anos recentes. Para citar algumas que tiveram impacto nas nossas vidas e que mudaram nossos hábitos: HIV/AIDS, dengue, zika, gripe A H1N2, febre amarela. Nenhuma delas teve um impacto tão devastador como a Covid-19, mas mudaram a forma como nos comportamos, como cuidamos de nossa própria saúde, dos outros. Tomamos conhecimento que o ambiente que nos cerca pode afetar nossa saúde. Usar preservativos, higienizar as mãos com álcool gel, eliminar criadouros de mosquitos, evitar zonas próximas a matas ou localidades com surto são comportamentos que passamos a adotar ao conhecermos melhor cada uma dessas doenças.
Muitas pessoas mudaram o comportamento com a chegada da pandemia da Covid-19. Higienização, distanciamento social, uso de máscara foram adotadas por muitas pessoas. Além disso, autoridades públicas com maior ou menor intensidade tomaram medidas para evitar a transmissão do vírus, como restrição no horário comercial, fechamento ou restrição de atividades que promovem aglomerações como comércio, escolas, grandes eventos, etc. Essas mudanças de comportamentos individuais e atividades coletivas contribuíram para reduzir a cadeia de transmissão do vírus. Os casos diminuíram, portanto, porque as pessoas aderiram a esse conjunto de medidas e também apesar de outras pessoas não aderirem.
A transmissão da doença pelo vírus ocorre quando pessoas infectadas encontram outros suscetíveis que ainda não ficaram doentes. Quanto maior o número de infectados e de suscetíveis, maior é a propagação da doença. Entretanto, as pessoas circulam muito mais em locais rotineiros, com chance de encontrar outras que frequentam os mesmos espaços, formando uma rede de conexões frequentes. Essas redes de conexões podem ser o local do trabalho, do estudo, ou outros para se socializarem no tempo livre. Com o vírus pairando o município há mais de 200 dias, é possível que tenha ocorrido o esgotamento da rede de infecção, porque nos locais onde as pessoas frequentam rotineiramente, não há mais suscetíveis a serem infectados.
Do mesmo modo, é possível que existam ainda bolhas de proteção, com pessoas que permaneceram isoladas de outras durante um grande tempo nesta pandemia. Como elas não circulam, embora sejam ainda suscetíveis, conseguem evitar o encontro com infectados, bloqueando a cadeia de transmissão do vírus. Rio Claro vem registrando um nível de isolamento ao redor de 36%. Isso significa que, diariamente, um pouco mais de ⅓ da população ou 70 mil pessoas estão sem contato com outros, com pequena chance de se infectarem. Especialistas advertem que essas bolhas são instáveis de modo que uma pequena mudança pode estourá-la acelerando a propagação da doença.
Outra possibilidade debatida é que assim como a gripe, a incidência da Covid-19 sofra influência das estações do ano. A transmissão da gripe ocorre com maior intensidade no outono e no inverno e seria plausível que a Covid-19 siga o mesmo padrão. Essa pandemia se alastrou inicialmente pelos países do hemisfério norte durante a estação do inverno. A redução na incidência coincidiu com a chegada da primavera e verão no Hemisfério Norte, enquanto que no Hemisfério Sul, a incidência começou a se acentuar com a chegada do outono. Essa possibilidade foi analisada pelo professor Mário Watanabe da Universidade Federal Fluminense. Segundo ele, a Europa teria sido atingida pela pandemia no final do período de maior transmissibilidade, portanto com pouco tempo para se propagar. Com a chegada das estações mais quentes do ano, a transmissão teria diminuído, voltando novamente em setembro com a chegada do outono por lá. Não está afastada a possibilidade de que com uma temporada mais prolongada a segunda onda chegue com mais força por lá. No Hemisfério Sul, incluindo o Brasil a primeira onda da Covid-19 teria atingido todo período das estações mais frias, levando a uma primeira onda mais intensa.
Embora a hipótese da sazonalidade seja plausível, as evidências sobre a relação entre estações do ano e a transmissão da Covid-19 não são suficientemente fortes, porque para comprová-la, seria necessária a comparação de dados de vários anos. A pandemia da Covid-19 ainda não completou um ano. Outros estudos alertam que enquanto um vírus é pandêmico, a sua transmissibilidade é muito elevada porque poucas pessoas apresentam imunidade. Nessas condições, mesmo que fatores sazonais influenciem a incidência da doença, elas seriam superadas pelo elevado número de suscetíveis. A Organização Mundial de Saúde (OMS) admite a possibilidade de que quando mais pessoas estiverem imunizadas a Covid-19 pode se tornar sazonal. Ocorreriam surtos anuais como a gripe sem que a SarsCov-2 seja extinta. No momento, para a OMS medidas ativas e agressivas de contenção da cadeia de contágio são mais importantes e menos arriscadas do que apostar que as estações mais quentes do ano façam a contenção.
Mesmo que seja comprovada a relação entre estações do ano e transmissibilidade da SarsCov-2, especialistas que se debruçam sobre o assunto advertem que ela não pode ser atribuída simplesmente à variação de temperatura ou umidade entre as estações do ano. A viabilidade de um vírus pode ser afetada por condições do ambiente, incluído o regime de radiações ultravioleta. O ciclo biológico do ser humano também se altera com as mudanças nas estações do ano, inclusive a imunidade. O comportamento humano, o modo como as pessoas interagem com as outras também se modifica com as estações do ano.
As possibilidades aqui apresentadas para compreender as razões que levaram à redução na transmissão do novo coronavírus envolve necessariamente o comportamento das pessoas. Os números da pandemia não autorizam a decretar o seu fim. Ao contrário, a possibilidade de uma segunda onda, tal como vem ocorrendo em países da Europa é uma realidade. Pessoas que circularam ao longo desses 200 dias pode ter esgotado a rede de infecção. Outros que não circularam, contribuíram diminuindo o tamanho da mesma rede. A adoção de comportamentos de distanciamento e higiene pelas pessoas, além de medidas adotadas pelo poder público estabeleceram o curso da pandemia. Estações do ano igualmente modificam o comportamento das pessoas e o modo como interagem com outros, o que também parece contribuir com a velocidade de propagação do novo coronavírus.
Finalmente, mudanças bruscas no comportamento das pessoas e suas interações sociais podem provocar mudanças igualmente bruscas na transmissão do SarsCov-2. Portanto, as medidas de flexibilização precisam ser monitoradas e calibradas cuidadosamente.
Adilson Roberto Gonçalves
IPBEN Unesp
O coronavírus atravessa o poro da máscara, mas a gotícula de água que o contém não. Como a maior parte da transmissão se dá pela tosse, espirro e lançamento de perdigotos, a máscara cumpre sua função de reter a contaminação próxima à boca e ao nariz de quem já tem o vírus. E também serve de barreira para que as mesmas partículas que estejam no ar não entrem pelas vias respiratórias em quem não foi contaminado. Os epidemiologistas consultados pela BBC em janeiro, quando a Covid-19 não era ainda classificada como uma pandemia, eram céticos quanto à eficiência do uso de máscaras, mas hoje a recomendação médica de seu uso é inequívoca. Uma das questões que levantavam dúvidas era a falta de proteção aos olhos e, por isso, foi estabelecida a recomendação do uso da máscara facial transparente por profissionais que atuam diretamente com contaminados.
Em entrevista ao G1, Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe, da FioCruz, e Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz, relembram que o cenário da gripe no início de 2020 era preocupante, com um surto de H1N1 em andamento. As medidas contra a Covid-19 ajudaram a diminuir os casos de outras doenças respiratórias. De qualquer forma, apesar dos dados positivos de diminuição da gripe, as medidas não foram suficientes para conter o avanço da pandemia do coronavírus no Brasil.
Dados do InfoGripe/Fiocruz mostram que, até setembro de 2020, 99,2% das mortes por síndrome respiratória aguda grave (abreviada SRAG) tiveram a Covid-19 como causa. A gripe influenza, que até 2019 matava cerca de 6 mil pessoas por ano no Brasil, em 2020 atingiu até agora 1.672 mortes (somadas influenza A e B).
Tomando por base a H1N1 (gripe A), foram 330 mortes por gripe em 2020 e 1122 mortes em 2019. Essa redução abrupta tem várias causas dentre as medidas de contenção e proteção adotadas para a Covid-19. Usando a previsão de mortos por gripe como marcador, pode-se estimar que o número de vidas perdidas pela Covid-19 seria cerca de 3,4 vezes o que foi constatado. Teríamos, assim, mais de meio milhão de mortos por Covid-19 no Brasil. As medidas de contenção, ainda que frágeis, desorganizadas e sem adesão integral da população em muitos locais, foram responsáveis por salvar 360 mil vidas!
A higienização das mãos continua sendo uma prática mais eficiente. Se o uso de máscara facial passar a ser rotina a partir de agora, independentemente da pandemia, podemos alcançar um importante nível de diminuição de incidência de doenças respiratórias. A combinação de ambas (máscara e higienização) é o protocolo de segurança adotado, uma vez que a população decidiu sair às ruas, acabando com a possibilidade de distanciamento social.
Esta atividade da Semana da Biblioteca foi baseada nos jogos conhecidos como Riddle, que consiste em descobrir a resposta de um enigma utilizando métodos lógicos de raciocínio. Basicamente, os enigmas são formados por uma imagem, um título e uma frase embaixo da figura, além de dicas escondidas. A partir das dicas, o jogador deve chegar a uma única resposta e colocá-la no final da URL da página do enigma, ou em um pop-up, ou numa caixa de resposta (no caso dos jogos em flash).
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A cada dia, uma sequência diferentes de contos!
Esta atividade da Semana Virtual do Livro e das Bibliotecas da Rede Unesp foi construída com os nossos usuários que compartilharam suas estórias especiais.
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Dados de 12/10/2020 mostram tendência de estabilização da pandemia aqui em Rio Claro em níveis próximos àqueles considerados adequados para o final de uma primeira onda.
Com base em informações fornecidas pelas Secretarias de Saúde do Município de Rio Claro e do Estado de São Paulo, são apresentados gráficos de tendências e evolução da pandemia, desde a confirmação do primeiro caso.
Ficar em casa e sair somente em caso de absoluta necessidade é ainda a principal recomendação para o controle da pandemia.
Se necessário, devem ser tomadas todas medidas para evitar a transmissão:
Ficar em casa se estiver doente
Usar máscaras em locais públicos ou quando estiver perto de pessoas que não moram com você, especialmente se as medidas de distanciamento social são difíceis de cumprir
Manter o distanciamento social de pelo menos 1,5 m
Antes de sair, informar-se sobre medidas de prevenção extra que estão sendo tomadas no local de destino
Lavar as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos quando chegar no destino e em casa
Higienizar produtos de compras, sapatos, roupas e quaisquer objetos ANTES de entrar em sua casa
É necessário ainda que se evitem a presença de muitas pessoas num mesmo ambiente e que a permanência tenha a menor duração possível.
BOLETIM ANTI COVID-19, Rio Claro: Unesp, n. 52, outubro 2020. Disponível em: https://sites.google.com/unesp.br/boletim-anti-covid-19/ed_anteriores/bac-52-14102020. Acesso em [dia / mês (abreviado) / ano]
Diretor do Instituto de Biociências da Unesp-Rio Claro:
Prof. Dr. José Euzébio de Oliveira Souza Aragão
Diretor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp-Rio Claro:
Prof. Dr. José Alexandre de Jesus Perinotto
Presidente do CEAC-19:
Prof. Dr. José Roberto Gnecco
Editores:
Eduardo Kokubun
Eugenio Maria de França Ramos
Márcia Correa Bueno Degasperi
Lucas Massensini de Azevedo
Adilson Roberto Gonçalves
Colaboradores:
Bibiana Monson de Souza
Bernadete Benetti
Igor Salomão Monteiro
Roberto Goitein
Maria Christina Amoroso
Auro Aparecido Mendes
José Eduardo F. Ramos
Jamil Viana Pereira
Artes e diagramação:
Arianne Dechen Silva
Mateus Fernando Silva Sales
Lucas Massensini de Azevedo
Angela Ferraz
Vídeos (Lives e Mini-Lives)
Lucas Massensini de Azevedo
Adilson Roberto Gonçalves
Felipe Renger Ré
Lucas Henrique Silvestrin
Osmar Malaspina