Sumário
Eduardo Kokubun - UNESP Rio Claro
Adilson Roberto Gonçalves - IPBEN UNESP Rio Claro
Compartilhamos o luto pelo qual passam esses milhares de famílias em todo o país. Os símbolos, faixas e atos são apenas uma forma de respeito. A ação é necessária para lidar com a tragédia.
Em 2018 houve 1.316.719 óbitos no Brasil, 743.198 eram evitáveis, 150.814 por causa externa como acidente, homicídio, etc. O número de 100 mil mortes pela Covid-19 supera o número total de pessoas que moram em cada uma das cerca de 95% das 5.570 cidades brasileiras.
É uma coincidência macabra o número de mortos em Hiroshima, cujo bombardeio atômico completa 75 anos, ser praticamente o que se atinge com a Covid-19 neste mês de agosto no Brasil. O desfecho da Segunda Guerra Mundial foi a vingança quente dos norte-americanos a Pearl Harbor, e as vidas perdidas aqui carregam um forte questionamento: era possível evitar?
Com essa bomba atômica que atingiu o país, a economia não consegue dar as melhores respostas ao que poderia ter sido feito, e procura, ainda que cambaleante, mostrar rumos possíveis para sairmos dessa crise.
A ciência fez e continua fazendo uma série de análises e alertas, indicando procedimentos para evitar a contaminação das pessoas pelo coronavírus e minimizar os efeitos da doença por meio dos tratamentos hospitalares, culminando, agora, no desenvolvimento de vacinas que, aparentemente, estão se mostrando seguras e eficazes.
Uma conta assustadora de se fazer, mas importante, é o custo de cada uma dessas vidas levadas pela Covid-19. Somente em termos de gastos de UTI, o Sistema Único de Saúde calcula que cada paciente internado custa cerca de R$ 1,5 mil por dia. Tomando por base que o tempo de internação médio é de 10 dias, chegamos a R$ 15 mil. O índice de recuperação em UTI não passa de 50%, o que significa que 200 mil pacientes lá ficaram internados, o que representa um custo de R$ 3 bilhões de reais. Os cálculos dos planos de saúde levam a valores maiores que correspondem a 10 vezes os do SUS, ou seja, o custo da pandemia no Brasil poderia ser de R$ 30 bilhões somente no tratamento final.
Mas os números não revelam as pessoas por trás de cada vida perdida.
Não revelam as famílias desestruturadas e abaladas, os parentes e amigos em luto.
A pandemia era inevitável, mas poderíamos ter adotado estratégias mais efetivas e responsáveis para que a dor e o sofrimentos fossem menores.
Não podemos esperar os próximos 100 mil mortos para mudar essa situação.
Não poderíamos sequer esperar pela próxima vida a ser interrompida.
José Roberto Gnecco
UNESP/RC
coordenador da Comissão Executiva AntiCovid-19
Amanhã a sociedade civil de Rio Claro presta homenagem àqueles que morreram pela mesma doença que estavam tentando curar - trabalhando para salvar pessoas iguais a nós que foram contaminadas pelo vírus; destas, algumas tiveram sintomas mais graves e precisaram ser internadas; algumas não conseguiram se manter vivas sem cuidados intensivos e foram intubadas; destas, algumas morreram. Dessa vez, os que estavam tentando curar também morreram.
Agora os mortos têm nome, sobrenome e endereço, são amigos, são pais, são filhos. Têm 80 anos, têm 60, têm 40, têm 20 e tem recém-nascidos, tem para todos. Têm cidades com mais mortos, têm cidades com menos mortos; tem país com mais mortos (1), têm países com menos mortos (191). Têm católicos, muçulmanos, judeus; têm evangélicos, umbandistas, ateus. Tem quem pegou covid e sarou, mas tem quem pegou covid e de novo pegou.
Tem prefeito que quer abrir o comércio, tem prefeito que quer fechar o comércio. Tem governador que decretou lockdown, tem governador que nunca decretará lockdown. Tem presidente que para os mortos está nem aí: “- E daí?”. Têm países orientais que fecharam tudo logo de cara por 2 meses, morreram 50.000 e já estão com vida quase normal; tem países europeus que fizeram tudo para não fechar nada e fecharam tudo por 2 meses depois de 2 meses, morreram 200.000 e agora estão com vida quase normal; e têm os países das Américas que nunca fecharam tudo nem vão fechar em que morreram 400.000 subindo, com 100.000 só no Brasil, e parece que está tudo normal. Têm os outros países sul-americanos em que morreram 56.000 e o Brasil tem quase o dobro com 100.000, mas está tudo normal – a pandemia já está estabilizada, dizem. Sim, já está estabilizada com 1.000 mortos todo dia.
Vai ter vacina inglesa, vai ter vacina chinesa, vai ter vacina da Itália e vacina da Rússia, mas nenhuma que se saiba que funcione, sabe-se apenas que não mata quem as toma e já se pagam milhões adiantados sem se saber se funcionam. Algumas servem para produzir anticorpos – já se sabe se os anticorpos impedem a doença ou se permanecem no corpo humano? Não. Não é assim a da gripe? Não é só tomar todo ano? Já se sabe que o coronavírus não respeita o calendário letivo nem anual não sendo um vírus sazonal. E a imprensa as anunciam para o ano que vem, para janeiro, para dezembro, para novembro, para outubro, para todos ficarmos calmos e felizes.
Enquanto isso, nossos amigos vão morrendo.
Painel com dados detalhados da evolução da Covid-19 em Rio Claro. Com base em informações fornecidas pelas Secretarias de Saúde do Município de Rio Claro e do Estado de São Paulo, são apresentados gráficos de tendências e evolução da pandemia, desde a confirmação do primeiro caso.
Três páginas com indicadores relevantes para entender e tomar decisões para enfrentar a pandemia, são atualizadas diariamente. Gráficos mostram como o isolamento em Rio Claro vem diminuindo, principalmente após o dia das mães em maio e, como depois disso, houve aumento acentuado no número de novos casos.
O acesso está no banner do BAC, na forma de um ícone "Situação da covid-19 Rio Claro" .
BOLETIM ANTI COVID-19, Rio Claro: Unesp, n. 33, agosto 2020. Disponível em: https://sites.google.com/unesp.br/boletim-anti-covid-19/ed_anteriores/bac-33-07082020. Acesso em [dia / mês (abreviado) / ano]
Diretor do Instituto de Biociências da Unesp-Rio Claro:
Prof. Dr. José Euzébio de Oliveira Souza Aragão
Diretor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp-Rio Claro:
Prof. Dr. José Alexandre de Jesus Perinotto
Presidente do CEAC-19:
Prof. Dr. José Roberto Gnecco
Editores:
Eduardo Kokubun
Eugenio Maria de França Ramos
Márcia Correa Bueno Degasperi
Lucas Massensini de Azevedo
Adilson Roberto Gonçalves
Colaboradores:
Bibiana Monson de Souza
Bernadete Benetti
Igor Salomão Monteiro
Roberto Goitein
Maria Christina Amoroso
Auro Aparecido Mendes
José Eduardo F. Ramos
Artes e diagramação:
Arianne Dechen Silva
Mateus Fernando Silva Sales
Lucas Massensini de Azevedo
Angela Ferraz
Vídeos (Lives e Mini-Lives)
Lucas Massensini de Azevedo
Adilson Roberto Gonçalves
Felipe Renger Ré
Lucas Henrique Silvestrin
Osmar Malaspina