Eduardo Kokubun
Desde os primeiros casos da Covid-19 no mundo, a ciência descobriu muitas coisas sobre a doença, com base no conhecimento anterior de outras epidemias e pandemias. Mas o que teria acontecido se não existisse ciência, se a humanidade nada soubesse sobre controle de epidemias virais. E se não soubéssemos que distanciamento social, uso de máscaras, de álcool em gel fossem medidas para controlar uma doença que ataca nossa respiração? Ninguém saberia dizer o que fazer para evitar ou curar a doença e as pessoas viveriam normalmente, indo para a escola, para o trabalho, socializando. Com o vírus circulando livremente.
No primeiro dia da doença, uma pessoa ficaria infectada. Quatro dias depois, essa pessoa transmitiria a doença para outras duas. No oitavo dia, cada uma delas transmitiria para outras duas e teríamos 4 doentes. No 20 dia, um total de 31 pessoas estariam infectadas, 6 seriam internadas, 2 na UTI e 1 iria a óbito.
Sem a ciência, não haveria medicina, nem hospitais, nem UTIs e tudo seria pior. A ciência aprendeu observando populações de animais soltos na natureza e nas sociedades humanas que as epidemias virais ocorrem dessa forma. É a ciência que descobriu que sem nenhuma medida de mitigação, cada pessoa infectada, chamada de caso primário, ou o caso número 1, transmite a doença para um pouco mais de duas pessoas, chamados casos secundários, em cerca de 4 dias. Isso é conhecido como número básico de reprodução, ou R0. Depois de algumas gerações de transmissão, o número de casos secundários oscila porque as pessoas mudam de comportamento ou começam a ganhar imunidade, ou ainda porque o ambiente muda e o indicador passa a se chamar número efetivo de reprodução Rt.
O R0 para a Coid-19 é de 2,5 aproximadamente. Essa velocidade de propagação é assustadora: sem nenhum freio, um único caso primário teria sido capaz de infectar toda população de Rio Claro em cerca de 70 dias. Isso não ocorreu porque além de freios naturais, a ciência existe. A ciência aprendeu que em caso de epidemias por vírus respiratórios a higienização e o distanciamento social são um potente freio. Eles são bastante eficazes para quebrar a cadeia de transmissão do vírus e evitar que uma única pessoa propague a doença para outras 30 em apenas 20 dias. Por essa razão é que, aos primeiros sinais de infecção pelo SarsCov-2, a melhor medida é que a pessoa seja totalmente isolada de outras, por 14 dias, para quebrar a cadeia de transmissão,
Rio Claro ainda passa por um grande apuro, porque a velocidade de transmissão medida pelo Rt foi muito alta entre o final do mês de maio e início de junho. Muitos novos casos foram se acumulando. Em 7 de julho, Rio Claro acumulou 1.393 casos com esse número duplicando a cada 12 dias. A esse ritmo, alcançaríamos 5,6 mil casos até o final do mês de julho. Em, 30/07, eram 2.735. É um número alto, porém menor do que o cenário previsto. Passados 23 dias, o número de casos ainda não duplicou: a propagação está mais lenta. Permanecer na zona vermelha, a adoção de distanciamento social, higiene e uso de máscaras, enfim começam a mostrar seus efeitos.
Não há ainda motivos para relaxar porque começamos a diminuir o ritmo de avanço da doença com muita gente ainda infectada, 1,056 pessoas estavam em tratamento, podendo ainda ser um caso primário. Com tantos casos ativos, a taxa de hospitalizações ainda é alta e nos últimos dias, o número de óbitos bateu recordes de alta. Desde 13/07, o Rt vem oscilando um pouco acima e abaixo de 1. Muito melhor do que 2,5 quando vimos os casos explodirem e pressionarem os hospitais. Faltou vagas em UTIs e rio-clarences tiveram que ser atendidos em outros municípios. A ciência recomenda que esse número permaneça abaixo de 1, mais próximo de 0,8, durante pelo menos 14 dias.
A redução de casos e óbitos é importante não somente para o controle do vírus. Com 350 caos novos e 13 óbitos nos últimos 7 dias, as pessoas não se sentem seguras em circular livremente pelas ruas. Teria sido melhor liquidar a fatura, e ter exterminado o vírus com medidas mais vigorosas. Ao invés de achatar a curva, tê-la esmagado e banido a pandemia. O impacto na sociedade e na economia teria sido menor e mais curta, com menos casos, óbitos e estresse.
Sabemos que profissionais de saúde estão mais expostos ao novo coronavírus. Na Fundação Municipal de Saúde (FMS), que conta com 1.458 servidores em funções de atendimento direto à população e funções administrativo, houve 133 notificações de suspeita de Covid-19 entre seus funcionários. Até o momento, 47 tiveram confirmação. Dentre os suspeitos de terem contraído a Covid-19, 74 retornaram ao trabalho, 28 porque já estão recuperados da doença. Quatro óbitos foram registrados.
Esses profissionais se dedicam a evitar que a doença se espalhe entre a população e a cuidar de quem fica doente. Nunca é demais lembrar que a ideia do SUS é que qualquer brasileiro tem assistência gratuita à qualquer problema de saúde. Na Covid-19, cuidar de nossa própria saúde é também cuidar de quem nos protege.
Centenário de nascimento do economista brasileiro Celso Furtado é celebrado com homenagens e reflexões sobre a atualidade de suas ideias.
O Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento publicou número comemorativo com diferentes colaboradores, disponível on-line em Cadernos do Desenvolvimento n. 26 , além de outras atividades comemorativas, disponíveis em http://www.centrocelsofurtado.org.br/
Muito mais conhecimento está sendo produzido e disseminado na forma digital nesse momento de pandemia. A rapidez e eficiência na troca de mensagens, bem como a publicação de revistas, jornais, livros e vídeos, postagens nas redes sociais estão mais comuns em nosso cotidiano.
A necessidade do cuidado no acesso, divulgação e citação desses conteúdos é primordial para não gerar problemas futuros, pois a facilidade também existe para denunciar um conteúdo como falso ou copiado indevidamente, ou seja, podem ferir os direitos autorais Lei 9.610/1998 (Lei de Direitos Autorais ou LDA)
Na área do ensino, a geração de conteúdo está em evidência com as aulas remotas e esses mesmos cuidados devem ser observados.
No âmbito da Unesp existe o Manual de propriedade intelectual de 2013, elaborado pelo Núcleo de Educação a Distância da Unesp - NEAD, hoje o atual Instituto de Educação e Pesquisa em Práticas Pedagógicas (IEP³). O manual trata da propriedade intelectual digital no que diz respeito aos direitos autorais, direitos de propriedade industrial e direitos da personalidade.
Essa semana foi lançado o Guia Direito Autoral e Educação Aberta e a Distância: Perguntas e Respostas, pelos professores Prof. Dr. Allan Rocha de Souza (UFFRJ/ITR – UFRJ/PPED) e Tel Amel (UnB/Cátedra UNESCO em EaD) sendo uma publicação da Iniciativa Educação Aberta https://aberta.org.br/
Mesmo para fins didáticos, há necessidade de atenção e cuidado no uso e citação dos conteúdos digitais. Esses materiais podem e devem fazer parte da rotina acadêmica.
Na dúvida, consulte a Biblioteca.
Após a decisão do governo espanhol, divulgada em junho deste ano, de retomada das aulas presenciais em todo o país, especialistas alertaram sobre os perigos de tal medida, em função de estudos realizados sobre a proliferação da contaminação do coronavírus não apenas no ambiente escolar, mas pela família dos alunos. Essa rede de familiares leva a contaminações em larga escala, mediante apenas um de seus integrantes contaminados. Por mais que as crianças sejam menos susceptíveis a contrair e desenvolver a Covid-19, continuam sendo portadores e transmissores em potencial do coronavírus.
A figura foi elaborada pelos pesquisadores e mostra a rede de contatos possíveis a partir de uma sala com 20 alunos, o que resulta em mais de 800 contaminados cruzados em dois dias! (https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-06-17/colocar-20-criancas-numa-sala-de-aula-implica-em-808-contatos-cruzados-em-dois-dias-alerta-universidade.html )
Esses estudos foram feitos considerando que a criança não mantém o distanciamento em sua casa e não usa máscara lá dentro. Ainda que alarmante, é um resultado para a realidade espanhola, considerando que cada família de dois adultos possui em média 1,5 filho. No terceiro dia, a contaminação cruzada passaria para mais de 10 mil pessoas. Para uma classe de 25 alunos, esses números aumentariam em pelo menos 50%.
Assim, a questão de segurança sanitária não diz respeito apenas ao distanciamento dentro da sala de aula e das barreiras individuais de proteção, como o uso ininterrupto de máscara facial, lavar as mãos e braços constantemente e fazer uso de álcool em gel toda vez que tocar em algum objeto. Quem vê crianças juntas sabe o quão difícil é estipular que fiquem distantes uma das outras. Pedagogicamente, o estudo coletivo ficará muito prejudicado sem essa proximidade.
Há pressões de todas as partes e, ao contrário do equilíbrio de forças da física, elas não se anulam. Pelo contrário, somam-se e tornam mais difícil a tomada da melhor decisão em relação à retomada das atividades escolares presenciais. Pais de alunos de escolas privadas questionam o pagamento das mensalidades porque seus filhos não estão tendo aulas ‘de verdade’, restritas, quando possível, a vídeo-aulas ou aulas remotas. Escolas têm sistematicamente dispensado seus professores por uma série de motivos e pressionam para a retomada ‘segura’ das atividades letivas presenciais.
Ainda há a disparidade de condições entre os que têm e os que não têm acesso a boas conexões de internet, planos com banda larga e computadores e outros dispositivos para assistir e participar das aulas remotas. Mesmo assim, parece ser a melhor alternativa, face aos riscos de contágio tendo as crianças em sala de aula como vetores.
Crédito da figura: El País Brasil, 17 jun. 2020.
Painel com dados detalhados da evolução da Covid-19 em Rio Claro. Com base em informações fornecidas pelas Secretarias de Saúde do Município de Rio Claro e do Estado de São Paulo, são apresentados gráficos de tendências e evolução da pandemia, desde a confirmação do primeiro caso.
Três páginas com indicadores relevantes para entender e tomar decisões para enfrentar a pandemia, são atualizadas diariamente. Gráficos mostram como o isolamento em Rio Claro vem diminuindo, principalmente após o dia das mães em maio e, como depois disso, houve aumento acentuado no número de novos casos.
O acesso está no banner do BAC, na forma de um ícone "Situação da covid-19 Rio Claro" .
BOLETIM ANTI COVID-19, Rio Claro: Unesp, n. 31, julho 2020. Disponível em: https://sites.google.com/unesp.br/boletim-anti-covid-19/ed_anteriores/bac-31-31072020. Acesso em [dia / mês (abreviado) / ano]
Diretor do Instituto de Biociências da Unesp-Rio Claro:
Prof. Dr. José Euzébio de Oliveira Souza Aragão
Diretor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp-Rio Claro:
Prof. Dr. José Alexandre de Jesus Perinotto
Presidente do CEAC-19:
Prof. Dr. José Roberto Gnecco
Editores:
Eduardo Kokubun
Eugenio Maria de França Ramos
Márcia Correa Bueno Degasperi
Lucas Massensini de Azevedo
Adilson Roberto Gonçalves
Colaboradores:
Bibiana Monson de Souza
Bernadete Benetti
Igor Salomão Monteiro
Roberto Goitein
Maria Christina Amoroso
Auro Aparecido Mendes
José Eduardo F. Ramos
Artes e diagramação:
Arianne Dechen Silva
Mateus Fernando Silva Sales
Lucas Massensini de Azevedo
Angela Ferraz
Vídeos (Lives e Mini-Lives)
Lucas Massensini de Azevedo
Adilson Roberto Gonçalves
Felipe Renger Ré
Lucas Henrique Silvestrin
Osmar Malaspina