Roberto Troster & Francisco Mochón

Como a escassez e a insaciedade humana se tornam as bases da economia

Roberto L. Troster e Francisco Mochón

Extraído de:

Introdução à Economia. 2ª ed. (2004), de Troster & Mochón

O PROBLEMA ECONÔMICO: A ESCASSEZ

         O problema econômico por excelência é a escassez. Surge porque as necessidades humanas são virtualmente ilimitadas, e os recursos econômicos, limitados, incluindo também os bens. Esse não é um problema tecnológico, e sim de disparidade entre os desejos humanos e os meios disponíveis para satisfazê-los. A escassez é um conceito relativo, pois existe o desejo de adquirir uma quantidade de bens e serviços maior que a disponibilidade.

            Existem países em que a população possui níveis de vida mais elevados do que em outros. Nesses países, há alimentos e bens materiais abundantes, enquanto em alguns países atrasados existem milhões de pessoas vivendo na mais absoluta pobreza, na qual muitos chegam a morrer de fome.

              Tendo em conta essa situação, parece estranho a economia abordar a escassez como um problema universal, isto é, como um problema que afeta todas as sociedades. Isso se deve em razão de a economia considerar o problema como de escassez relativa, uma vez que os bens e serviços são escassos em relação ao desejo dos indivíduos.

 

AS NECESSIDADES, OS BENS ECONÔMICOS E OS SERVIÇOS

          O conceito de necessidade humana, isto é, a sensação de carência de algo unida ao desejo de satisfazê-la é algo relativo, pois os desejos dos indivíduos não são fixos. O ditado popular “quanto mais se tem, mais se quer” parece refletir fielmente a atitude dos indivíduos em relação aos bens materiais. Assim, pois, o fato real que enfrenta a economia é que em todas as sociedades, tanto nas ricas quanto nas pobres, os desejos dos indivíduos não podem ser completamente satisfeitos. Nesse sentido, bens escassos são aqueles que nunca se têm em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos indivíduos. 

Os bens econômicos caracterizam-se pela utilidade, pela escassez e por serem transferíveis. Os bens livres – como, por exemplo, o ar – são aqueles cuja finalidade é suficiente para satisfazer a todo o mundo.

        Quando buscam satisfazer suas necessidades, as pessoas procuram, normalmente, fixar suas preferências. Assim, os primeiros bens desejados são os que satisfazem as necessidades básicas ou primárias, como a alimentação, o vestuário e a saúde. Satisfeitas as necessidades primárias, os indivíduos passam a satisfazer outras mais refinadas, como o turismo, ou buscam melhor qualidade dos bens que satisfazem suas necessidades primárias, como uma habitação melhor, roupas de determinadas marcas etc.

          Por isso, pode-se dizer que as necessidades são ilimitadas ou, de outra forma, que sempre existirão necessidades que os indivíduos não poderão satisfazer, ainda que seja somente pelo fato de os desejos tornarem-se “refinados”. 

ROBERTO L. TROSTER e FRANCISCO MOCHÓN

Introdução à Economia.