Mariana Oliveira dos Santos

Escrito em 25.06.2002

A caverna

Se olhar para o espaço

Verá geometria e geografia

Se olhar para o tempo

Verá história e filosofia

Se olhar para as coisas

Verá matemática, física e química

Se olhar para cima

Verá a religião e o seu lado cristão

Se olhar para baixo

Verá o seu outro lado

O da escuridão

Talvez por estar na direção do seu umbigo

Umbigo “rima” com egoísmo

Se olhar para frente

Você vai se confundir

Cair no asfalto por estar na contra-mão

Se olhar para traz

Verá seus desejos lhe estendendo a mão

Se olhar sua mão

A verá ocupada lhe mantendo no chão

E mais tarde

Tem hora marcada na manicure do salão

Se olhar para o chão

Verá suas marcas

Pegadas do tênis que viu na televisão

Se olhar em seu bolso

Verá uma carteira de couro puro

Dentro dela

Terá uns trocados da sua vida

E o resto dela, codificada em um cartão

Se olhar em seu pulso

Verá um relógio Bulova que é de estimação

Se olhar em seu corpo

Verá uma roupa

Igual a da atriz de televisão

Se olhar em sua base

Verá um palco com uma cena em ação

E ao seu lado

Um personagem em encenação

Do seu outro lado

Está a platéia prestando atenção

Do lado de fora

Está a multidão

Que não tem “vida” pra pagar o ingresso

Se olhar em seus olhos

Verá uma lente de contato Johnson

Pra combinar com sua máscara de penas de pavão

Quando você a tirar da face

Já estará esperando alguma recompensa

Dentro de um caixão

Mariana Oliveira dos Santos

Psicóloga pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB)