https://dspace.uniceplac.edu.br/bitstream/123456789/71/1/Gleidiane%20Souza_0003482.pdf
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/lupus
https://periodicosfacesf.com.br/index.php/FOR-PEI/article/view/243
https://www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/o-tratamento-do-lupus-eritematoso-sistemico/
https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/lupus-eritematoso-sistemico-les/
https://bdm.unb.br/bitstream/10483/1752/1/2001_M%C3%A1rcioNascimentodeOliveira.pdf
1.Quais os sinais clínicos e sintomas de Lúpus?
O Lúpus pode ser manifestar de quatro formas diferentes, que têm causas distintas. As principais formas da doença são:
Lúpus Discoide: esse tipo de lúpus fica limitado à pele da pessoa. Pode ser identificado com o surgimento de lesões avermelhadas com tamanhos, formatos e colorações específicas na pele, especialmente no rosto, na nuca e/ou no coro cabeludo.
Lúpus Sistêmico: esse tipo de lúpus é o mais comum e pode ser leve ou grave, conforme cada situação. Nessa forma da doença, a inflamação acontece em todo o organismo da pessoa, o que compromete vários órgãos ou sistemas, além da pele, como rins, coração, pulmões, sangue e articulações. Algumas pessoas que têm o lúpus discoide podem, eventualmente, evoluir para o lúpus sistêmico.
Lúpus induzido por drogas: essa forma do lúpus também é comum e acontece porque substância de algumas drogas e/ou medicamentos podem provocar inflamação com sintomas parecidos com o lúpus sistêmico. No entanto, a doença, nesse caso, tende a desaparecer assim que o uso da substância terminar.
Lúpus neonatal: esse tipo de lúpus é bastante raro e afeta filhos recém-nascidos de mulheres que têm lúpus. Normalmente, ao nascer, a criança pode ter erupções na pele, problemas no fígado ou baixa contagem de células sanguíneas, mas esses sintomas tendem a desaparecer naturalmente após alguns meses.
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Definição
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica, multissistêmica, de causa desconhecida e de natureza autoimune, caracterizada pela presença de diversos autoanticorpos e considerada o protótipo das doenças mediadas por imunocomplexos. Caracteriza-se pela apresentação clínica polimórfica que, nas suas fases iniciais, pode dificultar o diagnóstico preciso. Esta diversidade de manifestações sistêmicas torna esta doença uma das mais desafiadoras, mas também uma das mais fascinantes do ponto de vista clínico.
O lúpus é uma doença pleomórfica, cujo diagnóstico se baseia fundamentalmente no quadro clínico que, associado aos dados laboratoriais e sorológicos, favorece a definição.
O LES, na fase inicial, acomete com maior frequência o sistema osteoarticular e o cutâneo e, de forma mais grave, o renal e o SNC.
A anorexia e a perda insidiosa de peso podem ser identificadas no início do quadro e até preceder em meses o aparecimento de manifestações orgânicas. A febre como primeiro sinal clínico de LES pode ocorrer em cerca de 50% dos casos, sendo principalmente observada em crianças e adolescentes e, com frequência, associada aos sintomas consumptivos. Apesar da alta frequência, o LES como causa de febre de origem indeterminada perfaz menos de 5% destes casos. Neste sentido, faz diferencial com outras patologias sistêmicas ou mesmo infecções crônicas e, quando associado à linfoadenopatia, também com doenças linfoproliferativas. É importante lembrar que a linfoadenopatia no LES é encontrada em 30 a 80% dos pacientes, é mais frequente nas crianças, pode ser generalizada ou localizada, com certo predomínio das cadeias cervical e axilar.
As lesões cutâneas são de grande importância no reconhecimento do LES, tanto que constituem uma parte importante dos critérios de classificação (Quadro 1).
No início da doença, as manifestações cutâneas são extremamente frequentes, correspondendo a cerca de 70% dos casos, o que facilita a suspeita, e são observadas em mais de 90% dos pacientes lúpicos em algum momento da doença.
O lúpus cutâneo agudo é o mais conhecido no LES, e a forma localizada é descrita como rash malar ou rash em asa de borboleta (Figura 1), notadamente simétrica e fortemente associada à fotossensibilidade. A lesão é encontrada em 20 a 60% dos pacientes lúpicos, sendo exacerbada ou precipitada após exposição à radiação ultra-violeta. A característica destas lesões é a evolução para hiperpigmentação após resolução da fase inflamatória inicial, que, por vezes, pode ser confundida com o cloasma. A forma generalizada é conhecida como rash maculopapular ou dermatite lúpica fotossensível e se apresenta como erupção exantematosa ou morbiliforme generalizada.
Por outro lado, o lúpus cutâneo crônico engloba uma série de lesões, nas quais a discoide é a mais conhecida. Inicialmente, a lesão discoide clássica é caracterizada por placa eritematosa e hiperpigmentada que evolui com lentidão na periferia, deixando uma cicatriz central hipopigmentada com atrofia (Figura 2).
Na maioria das vezes, esta lesão é única e preferencialmente encontrada na face, no couro cabeludo, no pavilhão auricular e no pescoço.
As úlceras orais (Figura 3) também fazem parte dos critérios de classificação; geralmente, não são dolorosas e são encontradas em até 25% dos pacientes, sendo relacionadas à atividade inflamatória da doença, o que justifica um exame clínico minucioso se houver suspeita da doença.
São frequentes nas fases iniciais de doença, sendo que artralgia e/ou artrite podem ser a principal queixa em aproximadamente 75 a 80% dos indivíduos no momento do diagnóstico. Nesta fase, a natureza transitória da poliartrite pode determinar certa dificuldade, uma vez que o derrame articular constatado ao exame nem sempre é percebido pelos pacientes. Entretanto, os quadros articulares tornam-se mais marcantes no curso da doença quando comprometem até 90% dos pacientes. Apesar de não existir um padrão articular, a maioria dos casos cursa com quadros de poliartrite simétrica episódica, de caráter migratório ou aditivo, e quase sempre não deformante. Por vezes, a rigidez matinal é bastante proeminente e o diagnóstico de LES pode ser facilmente confundido com o da artrite reumatoide, visto que também compromete pequenas e grandes articulações, na maioria de vezes de forma simétrica. A presença de fator reumatoide em aproximadamente 25% no LES também contribui para esta dificuldade diagnóstica, o que determina uma atenção especial às pacientes femininas jovens que apresentam inicialmente poliartrite com características clínicas de artrite reumatoide.
Pode se manifestar por pericardite sintomática em 20 a 30% durante o curso da doença e pode ser observada como primeira manifestação em 5% dos casos de LES. O quadro agudo pode ser isolado ou fazer parte de serosite generalizada, particularmente associada à pleurite.
Os sintomas clássicos de pericardite variam desde discretos e transitórios até graves e persistentes, sendo que o atrito pericárdico pode ser encontrado mesmo em indivíduos assintomáticos. É interessante notar que o ecocardiograma pode revelar derrame ou espessamento pericárdico em até 30% dos pacientes lúpicos durante o acompanhamento, frequência inferior à observada nas autopsias, em que o achado de pericardite é de aproximadamente 50%. A evolução é habitualmente subaguda ou crônica, explicando a rara tendência ao tamponamento.
A miocardite clínica é encontrada sobretudo no decorrer do LES, sendo caracterizada por taquicardia persistente e sinais clínicos de insuficiência cardíaca de instalação aguda, em geral acompanhada de alterações no mapeamento cardíaco e em enzimas musculares
A aterosclerose precoce nos pacientes lúpicos é, na atualidade, uma importante causa de mortalidade na doença em decorrência de infarto agudo do miocárdio. Este processo é multifatorial, com a contribuição das lesões endotelias, das dislipidemias, da menopausa precoce, da hipertensão arterial e da insuficiência renal.
A pleurite é uma manifestação pulmonar frequente, ocorrendo em 40 a 60% dos casos, assim como o derrame pleural, que ocorre em 16 a 40% durante o curso da doença. A doença intersticial pulmonar é rara, mas faz importante diferencial com infecções bacterianas ou oportunistas. A hipertensão pulmonar primária pode ocorrer de forma leve em até 10% dos pacientes, mas exige descartar tromboembolismo pulmonar, principalmente relacionado a SAF e outros estados de hipercoagulabilidade.
A nefrite lúpica ainda é uma das maiores preocupações na doença e exige maior atenção tanto no início como no seguimento dos pacientes. É interessante notar que a maioria dos quadros renais se apresenta nos primeiros 5 anos de LES, mas podem ser detectados em qualquer momento do curso, o que determina monitoração cuidadosa e regular no seguimento. A identificação precoce é extremamente importante para adequação do tratamento. Deve-se ter sempre em mente que os sintomas e os sinais específicos de nefrite só ocorrem em avançado grau de síndrome nefrótica ou insuficiência renal. É importante salientar que, embora a proteinúria e a presença de cilindros façam parte dos critérios de classificação da doença (Quadro 1), outros parâmetros, como hematúria e aumento de creatinina, devem ser considerados para o diagnóstico de glomerulonefrite (GN). A identificação precisa só pode ser definida frente à biópsia renal de acordo com a classificação histológica pro-posta pela Organização Mundial da Saúde (Quadro 3)10 sendo necessários, no mínimo, de 10 a 15 glomérulos para uma análise fidedigna do padrão de nefrite lúpica.
Engloba uma série de condições neurológicas que são identificadas entre 25 e 70% dos pacientes. Uma padronização de nomenclatura para as síndromes neuropsiquiátricas no LES foi recentemente sugerida e as manifestações foram classificadas em 19 síndromes subdivididas em dois grandes grupos: SNC e sistema nervoso periférico (SNP). Didaticamente, estas condições podem ser sudivididas em difusas, nas quais fazem parte dos critérios a convulsão, a psicose e o estado confusional agudo, e os quadros focais.
2. Quais os fatores etiológicos de Lúpus? (para homem e para mulher) (lembrar dos sintomas da paciente)
O lúpus não é uma doença comum e que tenha fatores de risco pré-determinados, uma vez que pode se manifestar em pessoas de qualquer idade, raça e sexo. No entanto, existem algumas situações que podem facilitar, de alguma forma, a incidência de lúpus:
Gênero: a doença é mais comum em mulheres do que em homens, mas pode se manifestar em ambos os sexos.
Idade: a maior parte dos diagnósticos de lúpus acontece entre os 15 e os 40 anos, mas pode surgir em qualquer faixa etária.
Etnia: lúpus é mais comum em pessoas afro-americanas, hispânicas e asiáticas. Além disso, a incidência do lúpus chega a ser três a quatro vezes maior em mulheres negras do que em mulheres brancas.
Não se sabe ao certo que causa o Lúpus, tendo em vista que o sistema imunológico atacar e destruir tecidos saudáveis do próprio corpo é um comportamento anormal do organismo.
No entanto, os estudos presentes na literatura médica e científica nacional e mundial apontam que as doenças autoimunes, o que inclui o Lúpus, podem ser uma combinação de fatores, como:
hormonais;
infecciosos;
genéticos;
ambientais.
Os gatilhos para desencadear o Lúpus, de acordo com a ciência, são:
Luz solar: a exposição à luz do sol, de forma inadequada e em horários inapropriados, pode iniciar ou agravar uma inflamação preexistente a desenvolver lúpus. Além disso, esse tipo de postura também pode provocar câncer de pele.
Infecções: ter uma infecção pode iniciar lúpus ou causar uma recaída da doença em algumas pessoas, o que pode gerar um quadro leve ou grave, conforme cada situação.
Medicamentos: lúpus também pode estar relacionado ao uso de determinados antibióticos, medicamentos usados para controlar convulsões e também para pressão alta. Informe seu médico se notar qualquer sintoma estranho.
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De modo característico, o LES é muito mais prevalente em mulheres, principalmente na idade fértil, sendo que os seus primeiros sinais e sintomas iniciam-se entre a 2a e a 3a décadas de vida, nas quais o predomínio do sexo feminino é de 10:1. Entretanto, a doença pode ocorrer também em crianças e em idosos, porém com menor predomínio do sexo feminino nestes extremos de idade. O LES é uma doença universal encontrada em todas as etnias e em diferentes áreas geográficas, mas parece ser mais prevalente na raça negra.
É interessante notar uma determinada agregação de doenças autoimunes na família de pacientes com LES, pois aproximadamente 10 a 20% destes pacientes apresentam história familiar de alguma doença autoimune ou mesmo de lúpus.
3. Quais os exames indicados para o Lúpus? (físicos, laboratoriais e de imagem)
4 dos critérios (com pelo menos 1 clínico e 1 laboratorial) de forma simultânea ou evolutiva.
O primeiro grupo engloba as provas inflamatórias de fase aguda, como a velocidade de hemossedimentação (VHS) e a proteína C-reativa (PCR). Em geral, o VHS está aumentado na atividade de doença, refletindo a fase agu-da dos processos inflamatórios, porém pode persistir ele-vado mesmo após o controle da doença, não se correla-cionando com sua atividade inflamatória. Por outro lado, a PCR é geralmente baixa no LES e aumenta nos processos infecciosos, auxiliando por vezes no diagnóstico di-ferencial destas duas condições.
A avaliação imunológica é fundamental para a caracterização da doença autoimune. Os FAN detectados pela imunofluorescência indireta utilizando a célula HEp-2 são o primeiro teste a ser realizado, pois é positivo em mais de 98% dos casos e é um dos critérios de classifica-ção da doença (Quadro 1). Ressalta-se que a alta sensibi-lidade deste exame não reflete a sua especificidade, pois o FAN ocorre em um grande número de doenças crôni-cas (infecciosas, neoplásicas), autoimunes e mesmo em indivíduos normais (particularmente em idosos). Diante da suspeita de LES e da positividade do FAN, é fundamental tentar caracterizar os autoanticorpos es-pecíficos da doença, particularmente o anti-DNA nativo (anti-dsDNA) e o anti-Sm (que são marcadores), pois suas detecções corroboram o diagnóstico. A positividade do anti-dsDNA chega a 40% e a determinação de seus tí-tulos é útil no acompanhamento da atividade inflamató-ria da doença, particularmente na nefrite. Os anticorpos anti-Sm são identificados em aproximadamente 30% dos casos e auxiliam no diagnóstico. Da mesma forma, os an-ticorpos antiproteína P ribossômica, presentes em ape-nas 10% dos casos de LES, podem, em alguns casos, ser os únicos marcadores de doença e também auxiliar no acompanhamento de pacientes com quadros graves de distúrbios psiquiátricos associados a esta doença. Outros anticorpos também são detectados e caracterizam o pa-drão de resposta imune do LES, sendo frequentes os an-ticorpos anti-U1RNP, anti-Ro/SS-A, anti-La/SS-B e os anticorpos antifosfolípides, que estejam relacionados com trombose e/ou abortos de repetição, caracterizando a SAF secundária. Aproximadamente 25% dos casos de LES apresentam positividade do fator reumatoide. A determinação da atividade hemolítica do comple-mento e dos níveis séricos dos seus componentes C3 e C4 é extremamente útil na monitoração de doença e da res-posta terapêutica.
4. Quais os diagnósticos diferenciais para Lúpus?
5. Qual o manejo para Lúpus no ambulatório e para manutenção? (tratamento)
O tratamento da pessoa com LES depende do tipo de manifestação apresentada e deve portanto, ser individualizado. Dessa forma a pessoa com LES pode necessitar de um, dois ou mais medicamentos em uma fase (ativa da doença) e, poucos ou nenhum medicamento em outras fases (não ativas ou em remissão). Ao mesmo tempo, o tratamento sempre inclui remédios para regular as alterações imunológicas do LES e de medicamentos gerais para regular alterações que a pessoa apresente em consequência da inflamação causada pelo LES, como hipertensão, inchaço nas pernas, febre, dor etc.
Os medicamentos que agem na modulação do sistema imunológico no LES incluem os corticóides (cortisona), os antimaláricos e os imunossupressores, em especial a azatioprina, ciclofosfamida e micofenolato de mofetila. É necessário enfatizar a importância do uso dos fotoprotetores que devem ser aplicados diariamente em todas as áreas expostas à claridade. O produto deve ser reaplicado, ao longo do dia, para assegurar o seu efeito protetor. Em alguns casos podem ser usados cremes com corticosteróides ou com tacrolimus aplicados nas lesões de pele.
Os sintomas mais leves podem ser tratados com analgésicos, anti-inflamatórios e/ou doses baixas dos corticóides (prednisona – 5 a 20 mg/dia). Na vigência de manifestações mais graves do LES, as doses dos corticóides podem ser bem mais elevadas (prednisona – 60 a 80 mg/dia). Geralmente, quando há envolvimento dos rins, do sistema nervoso, pulmões ou vasculite é necessário o emprego dos imunossupressores em doses variáveis de acordo com a gravidade do acometimento. Um aspecto importante no uso desses medicamentos é a atenção necessária quanto ao risco aumentado de infecções, já que eles diminuem a capacidade do indivíduo de defender-se contra infecções, incluindo a tuberculose. Em pacientes com LES grave, com rápida evolução, pode-se utilizar altas doses de glicocorticóide por via endovenosa.
O uso da cloroquina (ou hidroxicloroquina) está indicado tanto para as formas mais leves quanto nas mais graves e deve ser mantido mesmo que a doença esteja sob controle (remissão), pois auxiliam na manutenção do controle do LES.
Que outros cuidados as pessoas com lúpus devem ter?
Além do tratamento com remédios, as pessoas com LES devem ter cuidado especiais com a saúde incluindo atenção com a alimentação, repouso adequado, evitar condições que provoquem estresse e atenção rigorosa com medidas de higiene (pelo risco potencial de infecções). Idealmente deve-se evitar alimentos ricos em gorduras e o álcool (mas o uso de bebidas alcoólicas em pequena quantidade não interfere especificamente com a doença). Quem está utilizando anticoagulantes por ter apresentado trombose (muitas vezes relacionada à síndrome antifosfolipídeo associada ao LES), deve ter um cuidado especial que é a manutenção de uma dieta “monótona”, ou seja, parecida em qualidade e quantidade todos os dias, para que seja possível um controle adequado da anticoagulação. Pessoas com hipertensão ou problemas nos rins, devem diminuir a quantidade de sal na dieta e as com glicose elevada no sangue, devem restringir o consumo de açúcar e alimentos ricos em carboidratos (massas, farinhas e pães).
Outra medida de ordem geral é evitar (ou suspender se estiver em uso) os anticoncepcionais com estrogênio e o cigarro (tabagismo), ambas condições claramente relacionadas à piora dos sintomas do LES. Pessoas com LES, independentemente de apresentarem ou não manchas na pele, devem adotar medidas de proteção contra a irradiação solar, evitando ao máximo expor-se à “claridade”, além de evitar a “luz do sol” diretamente na pele, pois além de provocarem lesões cutâneas, também podem causar agravamento da inflamação em órgãos internos como os rins. Outra medida muito importante é a manutenção de uma atividade física regular, preferencialmente aeróbia que ajuda não só para o controle da pressão e da glicose no sangue, mas também contribui para melhorar a qualidade dos ossos, evitando a osteoporose e melhorando o sistema imunológico.
O objetivo geral dos cuidados com a saúde (incluindo os medicamentos) para as pessoas com LES é permitir o controle da atividade inflamatória da doença e minimizar os efeitos colaterais dos medicamentos. De uma forma geral, quando o tratamento é feito de forma adequada, incluindo o uso correto dos medicamentos em suas doses e horários, com a realização dos exames necessários nas épocas certas, comparecimento às consultas nos períodos recomendados e os cuidados gerais acima descritos, é possível obter um bom controle da doença e melhorar de forma significativa a qualidade de vida das pessoas com LES.
Quanto tempo dura o tratamento?
O lúpus é uma doença crônica, assim como também o são a hipertensão, diabetes, várias doenças intestinais, alergias e outras doenças reumatológicas. Todas as pessoas que têm essas doenças necessitam de um acompanhamento prolongado, mas isso não quer dizer que a doença vai estar sempre causando sintomas, ou impedindo a pessoa de viver sua vida, trabalhar fora ou cuidar dos filhos e da casa, pois a evolução natural do lúpus, se caracteriza por períodos de maior e menor “atividade” (com quantidade maior ou menor de sintomas). Ao mesmo tempo, o uso regular dos medicamentos auxilia na manutenção da doença sob controle e, o uso irregular dos corticóides, antimaláricos (difosfato de cloroquina ou hidroxicloroquina), azatioprina e micofenolato de mofetila favorece a reativação da doença.
Quando a pessoa com lúpus, não aceita a existência da doença e não se conscientiza que são necessárias algumas mudanças no dia a dia, as coisas ficam bem mais difíceis, pois quem tem LES, deve manter um acompanhamento médico para sempre.
Algumas medidas são para a vida toda como proteção solar (chapéus, sombrinhas, etc., além dos cremes fotoprotetores já citados), não fumar, exercícios físicos regulares, controle alimentar, não faltar às consultas, realizar exames com a periodicidade recomendada e seguir as orientações e sempre retirar suas dúvidas com seu médico reumatologista.
Quanto ao uso dos remédios, isto varia de acordo com a fase da doença. O reumatologista, que é o médico especialista para o tratamento do LES, sempre vai tentar empregar os medicamentos nas menores doses possíveis, pelo menor tempo possível, mas a decisão quanto a que doses utilizar em cada momento, depende de uma avaliação especializada que é feita durante a consulta. Portanto, as doses prescritas não devem ser modificadas para que não haja retardo na melhora programada, mesmo que a pessoa esteja se sentindo bem a acredite que daria para reduzir os remédios. Antes de qualquer mudança na dose de qualquer medicamento, a pessoa com LES sempre deve conversar com o seu reumatologista.
As consultas geralmente são marcadas a cada 3 a 6 meses, no entanto, nos casos de doença em atividade, podem ser necessários retornos mais freqüentes, como semanal e, se necessário até mesmo com internação hospitalar (condição que não é necessária para a maioria das pessoas com LES).
6. Quais as complicações que o Lúpus pode causar?
Manifestações tardias incluem alterações nos rins, que podem levar à necessidade de hemodiálise e transplante renal, complicações nas membranas que revestem os pulmões e coração, doença neurológica, psiquiátrica, problemas de circulação, doença das válvulas cardíacas, entre outros. Outro complicador é que a atividade da doença (e o seu tratamento) aumentam o risco de infecções oportunistas.
Com o avanço das opções terapêuticas nas últimas décadas, a expectativa de vida dos pacientes aumentou significativamente. Atualmente, 80% das pessoas com Lúpus permanecem vivas após 15 anos de doença.
O tratamento para lúpus envolve uma ampla gama de medicamentos que vão desde anti-inflamatórios comuns, baixas doses de corticoides e medicamentos antimaláricos (ex: cloroquina) para tratar manifestações mais leves – sem comprometimento de grandes órgãos ou sistemas – até drogas que retiram as defesas do organismo (como a ciclofosfamida, azatioprina e metotrexate) para graus mais avançados da doença.
Cabe ao médico assistente a escolha da opção terapêutica mais apropriada levando em consideração as características individuais da doença e do “adoecer” do paciente em questão.
Apresentando-se como uma das complicações mais comuns entre os portadores da doença destaca-se a artralgia, podendo ocorrer necrose asséptica de múltiplas articulações, perda óssea, associada à doença e/ou ao uso de glicocorticoides(1,5,8). Pericardite (cerca de 55% dos casos de LES), doença arterial coronariana, envolvimento pulmonar como derrame pleural (50% dos casos de LES), pleurite(9,10). Com o comprometimento renal que leva à nefrite, é comum se encontrar de forma persistente proteinúria e hematúria(11,12). No nível neurológico, verifica-se a possibilidade psicose, déficits funcionais, Acidente vascular encefálico, neuropatias periféricas e cranianas, mielite transversa, convulsões, quadros depressivos, déficit cognitivo, entre outros(13,14). As infeções, fotossensibilidade, lesões cutâneas, rash malar, anemia, leucopenia, trombocitopenia e Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo (SAF), sepse são outras complicações que ocorrem comumente (15,16,17,18) . Tais complicações resultam em um decaimento na qualidade de vida nas áreas de lazer, social, profissional e escolar, podendo ser notada pela reclusão que portadores de LES se auto infligem como consequências de complicações ou como forma de preveni-las(19). Especialmente, quando as complicações envolvem lesões visíveis como o rash malar, causando sinais de baixa autoestima e depressão no portador(20) . O acometimento dos sistemas articular/motor e renal, que geram uma incapacidade funcional significativa de forma a interferir nas atividades diárias, induz sintomas depressivos que são vinte três vezes mais impactantes negativamente na qualidade de vida que a morbidade física, assim como estados de ansiedade e desespero generalizado, impelindo o portador de LES a se recluir em uma vida sedentária, gerando prejuízo ao seu físico(12,21,22) . Ao analisar o prejuízo sofrido na qualidade de vida dos pacientes com complicações neurológicas, pode-se notar uma diferença exponencial quando comparado a outros portadores de doenças crônicas(23), visto que tal prejuízo ocasionado pelo déficit cognitivo, leva a um agravamento da depressão e ansiedade e consequentemente um agravamento da própria doença(24). Isto porque a percepção que o portador tem da doença é influenciada pelo estado de depressão e ansiedade que o mesmo apresenta. Assim sendo, quanto mais profundo é o estado de depressão e ansiedade, o portador apresenta maior dor, fadiga e uma pior qualidade de sono, o que resulta em qualidade de vida inferior(25) . Quando há comprometimento do sistema hematológico como anemia e respiratório como pleurite ou derrame pleural, a qualidade de vida decai pela incapacidade do portador de suprir as necessidades de oxigênio dos tecidos, o que gera dor, fadiga muscular, indisposição, agravamento da depressão, ansiedade e gera um estado de vida sedentário, interferindo na forma como o portador avalia a qualidade de vida (26,27) . O comprometimento cardiovascular influencia na percepção da qualidade de vida dos portadores por causar limitações para manter um estilo de vida autônomo, ocasionado pela fadiga, depressão, surgimento de distúrbios do sono, ansiedade, estresse psicológico o que resulta em um agravamento da doença (28) .
https://dspace.uniceplac.edu.br/bitstream/123456789/71/1/Gleidiane%20Souza_0003482.pdf
Se não tratado corretamente, o Lúpus pode desenvolver complicações graves a diversos órgãos e tecidos do corpo humano, podendo provocar, inclusive, a morte da pessoa.
As principais complicações do Lúpus costumam acontecer nos seguintes órgãos:
Rins: a falência dos rins está entre as principais causas de morte por complicações de lúpus nos primeiros cinco anos do diagnóstico da doença.
Alguns sintomas são comuns nessa fase: irritação, coceira generalizada, dores no peito, falta de ar, náuseas, vômito e edemas.
Cérebro: se a doença tiver chegado ao cérebro, a pessoa pode apresentar alguns sintomas específicos, como dor de cabeça, confusão, tontura, mudanças de comportamento, alucinações, derrames cerebrais (AVC) e convulsões.
Vasos sanguíneos: anemia, aumento no risco de sangramentos e inflamação dos vasos (vasculite) estão entre as principais complicações possíveis decorrentes de lúpus. Em alguns casos, é preciso doação de sangue no tratamento.
Pulmões: o lúpus também pode levar à pleurisia, que é uma inflamação dos tecidos que revestem os pulmões e a caixa torácica, o que pode provocar muita dor durante a respiração.
Coração: pode ocorrer também, em alguns casos, a inflamação dos músculos do coração e artérias, aumentando significativamente as chances de um infarto.
Além disso, o lúpus pode acarretar outros problemas de saúde, ou desenvolver os que já existem, como, por exemplo:
Infecção: tanto a doença quanto o tratamento do Lúpus atacam o sistema imunológico da pessoa, o que abre espaço para entrada de infecções. As mais comuns são no trato urinário e respiratório.
Câncer: o lúpus também pode provocar o surgimento de tumores ou agravar os que a pessoa tiver.
Necrose avascular: ocorre a morte das células que revestem os ossos, causando pequenas fraturas e o rompimento de muitas articulações, em especial as do quadril.
Complicações na gravidez: as mulheres que sofrem de lúpus e engravidam geralmente são capazes de manter a gravidez e dar à luz um bebê saudável, desde que não sofram de doença renal ou cardíaca grave e que o lúpus esteja sendo tratado adequadamente. No entanto, as chances de perda na gravidez aumentam consideravelmente.
Importante: Lúpus com manifestações graves também podem acarretar outras complicações, como anemia hemolítica, amplo envolvimento cardíaco ou pulmonar, doença renal ou envolvimento do sistema nervoso central, necessitando de um tratamento mais agressivo e específico.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/lupus/complicacoes