Identificação:
Theo Oliveira , 28 anos
14/05/1994
Solteiro
Homem Transsexual
Professor de história
Morador de Pólis, Capital
Cor Branca
Queixa e Duração (QD):
Dor nas costas há 2 meses
HPMA:
Paciente relata dor lombar com início a dois meses e piora progressiva , com piora na parte da tarde e quando senta e levanta, com característica de fisgada e intensidade 6/10. Relata melhora com compressas de gelo, deitar em posição supina e utilização tópica de pomada ARNICA. Nega sintomas associados. Também relata ter aumentado a carga de trabalho nos últimos meses após a entrada de um novo diretor na escola o qual o discrimina por ser transsexual, aumentando sua carga de trabalho. Além disso, relata passar muito tempo em posição ortostática durante o dia e após muito tempo sentado na correção de provas e atividades em casa, este também afirmou que a dor o desencoraja a sair de casa para momentos de lazer.
Antecedentes Pessoais (AP):
Paciente relata ter feito mastectomia há 3 anos e uso de hormonioterapia há 6 anos. Nega doenças prévias, uso de outros medicamentos de uso contínuo, porém relata ter alergia a paracetamol. Nega perda de peso. Relata se consultar periodicamente com ginecologista.
Vacinação:
Relata ter carteira vacinal completa, sendo essas: Tétano, covid, influenza, DT e Tríplice viral
Hábitos de vida(HV):
Nega etilismo e tabagismo e nega uso de drogas. Relata vida sexual ativa com uso de preservativos. Relata prática prévia de exercícios físicos, mas interrompeu há 3 anos. Também relata estar sem sua fonte de lazer que era pedalar.
Histórico Familiar (HF):
NDN
Exames Físicos:
BEG , LOTE , Corado, hidratado, anictérico , afebril e eupneico
PA: 110 / 70 mmHg
FC: 60 BPM
FR: 22
Temperatura: 35.5
Peso: 55 Kg
Altura: 160 cm
Exame cardíaco
2BRNF, sem sopros
Exame pulmonar
Eupneico, sem sinais de esforço respiratório
Apresentou expansibilidade torácica usual
Ausculta com murmúrios vesiculares universalmente audíveis bilateralmente, sem ruídos adventícios.
Apresentou cicatrizes nas mamas esquerda e direita devido a cirurgia prévia
Exame abdominal
Inspeção: plano, sem abaulamentos, sem retrações Ausculta: RHA normoativos, sem sopros
Percussão: som timpânico
Palpação superficial: parede normotensa, sem massas palpáveis, normotérmica
Sinal de Murphy negativo
Sinal de Giordano negativo
Osteomuscular:
Sem deformidades ósseas
Apresentou dor à palpação na região lombar
Força muscular preservada, tônus firme e eutrófico
Sinal de Lasegue negativo para ambos os membros
Sinal de Patrick negativo
Hipótese Diagnóstica(HD):
Lombalgia à investigar
Plano de Cuidados:
Pactuar intervalos maiores com diretor da escola para melhora da posição supina
Ibuprofeno - 400mg - 12/12 POR 3 DIAS
Indicação ao Psicólogo
Atividade física sem impacto
Orientação sobre denúncia do assédio moral recebido na escola, por meio de assistência social
Caso 2: ARIEL:
Identificação:
Nome: Ariel Pires
Idade: 23 Anos
Estado Civil: Solteira
Escolaridade: EM completo
Profissão: Curso técnico de digitação, auxiliar de farmácia
Orientação Sexual; Heterossexual
Gênero: Mulher Transexual
Queixa e Duração:
Dor na mão e punho direito - 2 meses
História da Moléstia Atual:
Dor na região do punho e da mão, no início do quadro era uma dor esporádica ao final do dia e atualmente com piora de intensidade durante o dia inteiro por causa do esforço. É uma dor de característica contínua e em queimação, com presença de parestesia e perda de força nos 3 primeiros dedos e metade do anelar, aspecto unilateral da dor com intensidade 6/10 atualmente. Relata piora ao sair do curso de digitação. Nega fator de melhora e utilização de medicamentos para dor. Também relata ter problemas familiares importantes
Antecedentes Pessoais:
Bebe socialmente em pequenas doses, não fuma (nunca o fez), faz uso de tratamento hormonal , estradiol intramuscular e bloqueador de testosterona a 10 meses, não têm doenças prévias, nega alergias, nega cirurgias , calendário vacinal completo. Relações sexuais ativas com uso de preservativos.
História Familiar:
Mãe e pai vivos, pai é diabético e tabagista
Hábitos de vida:
Diz que vive sozinha , junto a 4 amigas e que está muito feliz justamente por estar longe dos pais os quais tinham problemas. Trabalha como assistente , tendo que digitar o dia inteiro, diz que a dor o atrapalha em seu trabalho. Alimenta-se de forma correta com 3 refeições ao dia, sendo no jantar come coisas leves, porém relata tomar muito refrigerante e beber 1 litro de água por dia. Não dorme muito bem pois costuma acordar com dor no punho e relata ter piorado o quadro. Sua fonte de lazer é assistir reality shows
Exame Físico:
PA: 110 / 60 mmHg
FC: 63 BPM
FR: 22 IRPM
Peso: 70 Kg
Altura: 175 cm
IMC: 22 Kg/m^2
Temperatura: 35 Graus Celsius
Cardíaco: Bulhas rítmicas , perfusão periférica normal
Pulmonar: Som claro pulmonar preservado
Abdome: Ruídos hidroaéreos presentes, sem sinal de edemaciação ou aumento dos órgãos torácicos
BEG / ANICTÉRICA / AFEBRIL / HIDRATADA / CORADA / LOTE
Testes ortopédico: Teste de Tinel e Phalen positivos , Teste de Durkan positivo
Conduta:
O principal diagnóstico é do túnel do carpo por compreensão do nervo mediano , conduta para realização de exames de imagem e antinflamatório por 3 dias , realização de raio-x
Diferencial: Fraturas , doenças reumáticas
Questões de Aprendizagem 1:
1 - Como avaliar o exame físico de um paciente com lombalgia e diagnósticos diferenciais?
ETIOLOGIA DAS LOMBALGIAS
Lombalgia de etiologia mecânica
A lombalgia de etiologia mecânica é um termo que descreve a dor lombar decorrente de esforço físico e que é aliviada com o repouso no leito. É geralmente causada por anormalidades nos músculos posteriores, tendões e ligamentos e pode ser atribuída a atividades como o
levantar peso, permanecer na posição sentada ou em pé durante tempo prolongado. A dor é crônica e descrita como peso e dolorimento e geralmente piora ao final do dia em decorrência de atividades e esforços físicos. Não há anormalidades neurológicas associadas; a tosse e o espirro não exacerbam os sintomas. O descondicionamento físico pode causar dor lombar do tipo mecânica. O início é insidioso, o doente apresenta-se sedentário, obeso, com fraqueza dos músculos abdominais, músculos posteriores da coluna lombar e músculos glúteos e encurtamento dos músculos isquiotibiais.
Estenose do canal raquidiano
Consiste no estreitamento do diâmetro ântero-posterior e do recesso lateral do canal raquidiano até atingir ponto crítico em que o canal não pode acomodar o seu conteúdo. Qualquer movimento do segmento lombar pode gerar sintomatologia de compressão radicular ou da cauda equina. A estenose do canal adquirida pode ser secundária à degeneração discal difusa com as suas alterações segmentares características (protrusão posterior difusa do disco), proeminência anterior devido à hipertrofia do ligamento amarelo, varizes epidurais, osteofitose das articulações posteriores, deslizamento anterior do corpo vertebral (espondilolistese, pseudoespondilolistese), acondroplasia ou enfermidade de Paget. Pode ainda ser iatrogênica, resultante do desenvolvimento excessivo de enxertos ou de pseudoartrose. A estenose do canal vertebral lombar pode manifestar-se como uma simples lombalgia ou como ciatalgia semelhante à causada pelas hérnias discais, distingue-se desta pela história de claudicação neurogênica intermitente, condição em que a dor é desencadeada ou intensificada progressivamente com a marcha o que obriga o doente a parar e sentar-se intermitentemente durante 10 a 20 minutos. A extensão da coluna lombar aumenta os sintomas. Difere da claudicação de origem vascular periférica por apresentar mais dor na raiz da coxa e por ser acompanhada de parestesias na perna e pé, associadas à sensação de fraqueza e não ceder simplesmente com a posição ortostática, o doente necessita permanecer agachado ou sentado. Após estes procedimentos o doente consegue caminhar por alguma distância. Dor atípica nos membros inferiores e síndrome da cauda equina crônica também podem ser manifestações clínicas de estenose do canal.
Os métodos de imagem evidenciam redução do diâmetro do canal raquidiano; a comprovação é feita com a tomografia computadorizada ou ressonância magnética da coluna lombar.
Anomalias da transição lombossacral
A vértebra lombar pode apresentar característica de vértebra sacral (sacralização) ou a vértebra sacral pode apresentar características de vértebra lombar (lombarização). Esta anormalidade pode ser uni ou bilateral, simétrica ou assimétrica. A apófise transversa de L5 pode ser aumentada de tamanho (megatransversa) e contatar a asa do sacro originando, às vezes, articulação verdadeira (neoartrose transverso-sacra) ou estar fundida com o sacro (sinostose uni ou bilateral). O último disco pode estar representado só por vestígios ou não existir (sinostose completa). A doença degenerativa do disco da transição lombo-sacra é rara, porém a do imediatamente superior é mais freqüente. O buraco de conjugação conserva a sua altura. As anomalias da transição lombossacral são causa de dor devido à degeneração discal superior à vértebra de transição, à neoartrose transverso-sacra e, principalmente, devido à síndrome dolorosa miofascial. A maioria dos doentes com diagnóstico de anomalia da transição lombossacral apresenta ao exame físico, pontos-gatilho nos músculos quadrado lombar, glúteo médio, glúteo mínimo e piriforme segundo vivência dos autores.
Espondilolistese
Consiste do deslizamento anterior do corpo vertebral em relação à vértebra imediatamente inferior. Segundo à causa classificam-se como grupo I: espondilolistese congênita ou displásica devida a anomalia das facetas articulares do sacro ou das apófises articulares inferiores de L5;
grupo II ou espondilolistese ístmica, decorrente de espondilolise; grupo III ou traumática, conseqüente a fratura traumática do ístmo; grupo IV, degenerativa e resultante de artrose das articulações posteriores; grupo V ou patológicas, devido a estreitamento ou ruptura do pedículo
secundariamente a enfermidades ósseas, como osteogênese imperfecta, acondroplasia e neoplasias. A lise do ístmo parece não ser congênita, pois manifesta-se aos 5 e 7 anos de idade. O deslizamento ocorre habitualmente entre 10 a 18 anos e, raramente progride a partir dos 20
anos. A localização mais freqüente é entre L5-S1. Acredita-se que a espondilolistese ístmica decorra de fratura de fadiga semelhante às que ocorrem em outras regiões do esqueleto.
A espondilolistese e a espondilolise podem ser assintomáticas. Quando ocorre dor lombar em um indivíduo com espondilolistese, esta nem sempre é causadora de dor. Sintomas dolorosos estão geralmente relacionados a escorregamentos acima de 25% localizados na região lombar e às vezes nas nádegas e na face posterior da coxa, zonas habituais de dor referida de origem lombar. A dor é do tipo mecânica que se inicia ou se exacerba com a atividade e melhora com o repouso. A lombalgia sem padrão da “ciática” pode ter outras causas como degeneração discal de outros níveis, hiperlordose, degeneração discal na transição tóraco-lombar, síndrome dolorosa miofascial e síndrome íleolombar, dentre outras.
Todas estas possibilidades diagnósticas devem ser lembradas para que os resultados do tratamento sejam satisfatórios. Retração dos músculos flexores da coxa de causa não esclarecida é uma manifestação freqüente da espondilolistese; o doente adota atitude (postura) caracterização por flexão dos joelhos e quadris, pelve inclinada para trás (pubes deslizada para frente e para cima), retificação da lordose lombar e os passos tornam-se encurtados e a pelve roda para um e outro lado, suscessivamente durante a marcha. A magnitude destes sinais é relacionada com o grau de deslizamento. Pode haver inclinação lateral do tronco semelhante à atitude antiálgica. O diagnóstico é confirmado com o exame radiográfico de perfil que revela o deslizamento anterior de L5 sobre S1. O deslizamento é classificado em 4 graus.
Quando o ângulo posterior e inferior de L5 não sobrepassa o 1/4 posterior da superfície superior do sacro, a listese é denominada de grau 1, quando alcança o 1/4 anterior denomina-se grau 4. Raramente L5 sobrepassa totalmente o sacro, é condição denominada de ptose de L5. A projeção radiológica para visualizar a lise é a oblíqua com incidência do raio ligeiramente ascendente e centrado sobre o disco lombossacral. O tratamento operatório, geralmente a
artrodese sem descompressão, está indicado na dependência do grau da listese e dos sintomas, e do resultado do tratamento conservador que consiste no repouso relativo, uso de órtese lombo-sacra e tratamento reabilitacional.
Protrusão e hérnia discal
A protrusão discal consiste do abaulamento localizado ou difuso do disco resultante de alteração degenerativa do anel fibroso. A hérnia discal ocorre quando o material do núcleo pulposo desloca-se através da ruptura do anel fibroso devido à fissura radial do anel.
De acordo com o grau de deslocamento do núcleo, as hérnias podem ser classificadas como prolapsadas, extrusas e seqüestradas. Em caso de hérnia prolapsada, há ruptura do anel fibroso mas há integridade do ligamento longitudinal posterior, de modo que só o núcleo insinua-se no ligamento. Quando o ligamento rompe-se e o núcleo pulposo degenerado migra para o canal vertebral ocorre hérnia extrusa. Quando o material do núcleo pulposo migra para o interior do canal rostral ou caudalmente ou no interior do forâmen, ocorre hérnia sequestrada. A protrusão e a hérnia discal são devidas à alteração degenerativa do anel, às exigências mecânicas externas as quais se submete e ao turgor do núcleo pulposo. A hérnia
discal ocorre com maior frequência no adulto jovem que no idoso, porque embora haja ruptura do anel fibroso devido à degeneração, o núcleo ainda conserva o seu turgor. O comprometimento póstero-lateral do disco é o local mais frágil. As alterações puramente mecânicas que constituem a hérnia de disco são possíveis causas de dor, assim como a compressão da raiz nervosa. Existe uma relação funcional entre o disco e as articulações interfacetárias, ligamentos intervertebrais (ligamento longitudinal anterior, posterior e amarelo) e ligamentos inter-espinhosos. Qualquer alteração na morfologia ou na função do disco repercute nas demais estruturas do segmento móvel. A hipermobilidade discal associa-se à mobilidade anômala das articulações posteriores e a redução da altura do disco pode provocar a sua incongruência ou sub-luxação. Os movimentos extremos do segmento móvel levam as articulações posteriores ao limite de sua resistência; esta sobrecarga funcional parece causar artrose interfacetária, principalmente na fase crônica das hérnias discais.
O quadro clínico das hérnias discais consiste de dor lombar e lombociatalgia. Há grau variado da intensidade de dor, escoliose antálgica, déficit motor, alteração da sensibilidade, dificuldade para flexão do tronco, positivididade do teste de elevação da perna estendida e hiporreflexia ou arreflexia miotática. O sinal de elevação da perna estendida, mais conhecido como de Lasègue, é considerado positivo quando gera dor radicular até 60 graus de elevação do membro acometido estando o doente em decúbito dorsal. Há casos em que ocorre sinal de Lasègue contra-lateral, o que indica hérnia extrusa ou sequestrada. A hérnia discal lombar é tida como a mais freqüente causa de lombociatalgia mecânica. O diagnóstico é clínico em mais de 90% dos casos e pode ser confirmado com a tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e eletroneuromiografia. Estudos comparativos demonstraram haver maior sensibilidade da RM em relação à TC.
Outras causas de lombociatalgia em que os sinais neurológicos são discretos ou ausentes incluem a estenose do canal medular, a espondilolistese, as anormalidades da articulação sacroilíaca, as síndromes dolorosas miofasciais do músculo glúteo mínimo, paravertebrais, psoas, e piriforme, os abcessos epidurais, as anormalidades arteriais obstrutivas e a fibromialgia.
Lombalgia degenerativa
A lombalgia degenerativa quase sempre é acompanhada de comprometimento discal e interapofisário, dor na região lombar de instalação súbita ou insidiosa que bloqueia os movimentos, determinando atitude de rigidez da coluna lombar. O processo degenerativo das pequenas articulações posteriores pode causar irritação das raízes L3, L4, L5 e S1, provocando dor no território comprometido. Por outro lado, a acentuação da lordose devido à acentuação do ângulo lombo-sacro ou fraqueza dos músculos glúteos e abdominais causam aumento do apoio nas articulações interapofisárias e dor. A assimetria das facetas articulares lombares também pode ser razão de manifestação dolorosa.
Síndrome dolorosa miofascial
Cerca de 90% dos doentes, com dor de origem vertebral de difícil diagnóstico e com exames de imagem e laboratoriais normais, aparentemente apresentam síndrome dolorosa miofascial. Esta condição está presente na grande maioria dos doentes com lombalgia, seja primariamente, seja como componente dos quadros resultantes de reações e anormalidades regionais. Apesar de os mecanismos etiopatogênicos ainda não estarem totalmente esclarecidos, acredita-se que a síndrome dolorosa miofascial seja manifestação de sensibilização espinal que acomete o miótomo do segmento envolvido e não uma entidade nosológica isolada. O diagnóstico é realizado pela história e pela presença de pontos-gatilho nos músculos comprometidos.
Lombalgia em gestantes
Cerca de 20% a 50% das gestantes apresenta dor lombar durante algum período da gestação. O rabalho pesado, a paridade e a história prévia de lombalgia são fatores de risco. O aumento de peso corpóreo materno ou fetal não parece ser fator de risco. O comprometimento da articulação sacroilíaca durante a gestação parece ser decorrente da produção de hormônios que ocasionam frouxidão articular, inflamação, dor e desconforto. A dor noturna, que, geralmente, manifesta-se cerca de 2 a 3 horas após o deitar pode estar relacionada à estase sangüínea no plexo venoso vertebral ou à compressão da veia cava pelo feto. A postura hiperlordótica adotada pela gestante pode comprometer a função dos músculos paravertebrais e desequilibrar a relação funcional entre os músculos abdominais e paravertebrais.
Lombalgia em atletas
Foi relatada lombalgia em mais de 75% dos atletas jovens. A coluna lombar é o principal sítio de lesões em ginastas, futebolistas americanos, levantadores de peso e nos praticantes de canoagem, natação, golfe amador e ballet; é comum nos jogadores de tênis, beisebol e
basquetebol. Nestes esportes há sobrecarga considerável na coluna lombar com subsequente risco de lesões e lombalgia. Anormalidades radiológicas decorrentes de traumatismos diretos e de anormalidades do crescimento podem indicar vulnerabilidade da coluna durante o período
de crescimento. Isto significa que a idade de início da atividade esportiva e grau de sobrecarga mecânica são fatores importantes para o desenvolvimento destas anormalidades.
Outras causas
Afecções infecciosas, tumorais, viscerais e traumáticas podem causar lombalgia. A medula espinal e as raízes da cauda eqüina, podem ser comprometidas por abcessos, neoplasias,
malformações vasculares e cistos medulares. As lesões neoplásicas extramedulares e intradurais incluem o ependimoma do cone medular, o meningeoma, a carcinomatose meníngea e os abscessos epidurais. Lesões radiculares por fraturas vertebrais e luxação decorrente de processos tumorais ou traumáticos podem ser observados em alguns casos. As lombalgias podem também ser decorrentes de afecções viscerais de órgãos ginecológicos, urológicos, vasculares, gastrenterológicos (estômago, duodeno e pâncreas). A semiologia, os exames de imagem e de laboratório possibilitam os diagnósticos.
Lombar:
•Flexão (medir a distância polpas digitais-chão)
•Extensão (30°)
•Rotação esquerda e direita (90°)
•Lateralidade esquerda e direita (35°).
2- Quais são os pontos gatilhos e como isso se relaciona com doenças? Como avaliá-los?
Os pontos-gatilho miofasciais (PGMs) são nódulos palpáveis dolorosos que produzem dor referida espontânea e/ou a dígito pressão. A presença de pontos gatilho pode levar à perda da produtividade e consequente incapacidade biopsicossocial, reduzindo a qualidade de vida dos indivíduos acometidos.
O mecanismo da lesão é a forma principal de desencadeamento de PGMs, independente de qual mecanismo fisiopatológico levará a sua formação. Estudos apontam microtraumas, agudos ou repetidos, como contribuintes para a formação desses pontos dolorosos, além de outros fatores como: distúrbios do sono, deficiências de vitaminas, predisposição para desenvolvimento de microtraumas e distúrbios posturais.
Como possíveis causas de microtraumatismos, podem-se apontar: alongamentos ou encurtamentos excessivos, sobrecarga muscular, movimentos repetitivos (lesões causadas pela repetição de ações, muitas vezes, culminando na conhecida lesão por esforço repetido), movimentos rápidos (como os observados nas lesões esportivas), trauma direto, quedas e acidentes que envolvam uma contração muscular rápida reflexa, pontos de tensão (assimetrias posturais que podem levar compensações corporais e tensionamento excessivo de um determinado músculo).
O diagnóstico dos PGMs é essencialmente clínico, sendo extremamente importante a anamnese e avaliação física bem realizada, a fim de identificar as características clínicas. Os PGMs são pontos encontrados nos tecidos moles miofasciais que apresentam hipersensibilidade, bandas tensas e dor referida, a qual pode ocorrer espontaneamente ou a digito-pressão.
Um equívoco, bastante comum, ocorre entre a conceituação de tender point e PGM. O tender point provoca dor local e não referida, podendo ser encontrado tanto na musculatura como em estruturas ósseas e articulares. São manifestações sensoriais das disfunções musculares e neuromusculares do nível vertebral correspondente, configurando um distúrbio secundário.
No que se refere ao diagnóstico, sugere-se um método de localização de PGMs denominado de eletropalpação que consiste na utilização de um gerador de pulso, programando-o nos parâmetros da TENS Convencional, associado à palpação. Ao localizar os PGMs, o avaliador percebe a eletroestimulação durante a palpação. A explicação decorre da alteração da impedância da pele por presença de processo inflamatório e alteração da atividade nervosa. Este seria um meio diagnóstico mais acessível que os já citados, mas necessita ser mais estudada e avaliada quanto a sua confiabilidade no diagnóstico.
Nos pontos gatilhos ativos a queixa de dor é regional e mal localizada, e aumenta quando
são digitalmente comprimidos. A ativação de um ponto gatilho esta associado à sobrecarga muscular que pode ser de forma aguda, sustentada, repetitiva, por outro ponto gatilho, doenças viscerais, articulações artríticas ou stress. Os músculos mais frequentemente afetados por pontos gatilhos ativos são os posturais do pescoço, ombro, cintura pélvica e da mastigação, podendo gerar dois tipos de disfunção: autonômicas ou motoras.
O tratamento de pontos gatilhos consiste basicamente em identificar a(s) causa(s) e os fatores perpetuantes, ajudando o paciente a restaurar e manter a função muscular normal.
O diagnóstico é clínico, por intermédio de uma história bem elaborada e exame físico minucioso. A presença do PG e a reprodução dos sintomas pela sua palpação são imprescindíveis ao diagnóstico. Os exames laboratoriais e de imagem são normais e devem ser solicitados somente para afastar outras possibilidades diagnósticas. O mesmo pode-se dizer em relação aos exames de neurocondução, como a eletroneuromiografia, pela inexistência de distúrbios neurológicos.
O diagnóstico diferencial da síndrome miofascial deve ser realizado com qualquer outra causa de dor musculoesquelética regional, principalmente os espasmos musculares, as artropatias mecânicas e inflamatórias periféricas ou axiais, as radiculopatias compressivas ou não, as síndromes de compressões nervosas periféricas, miopatias inflamatórias ou não, tendinites, tenossinovites e bursites.
Outro diagnóstico diferencial importante é a fibromialgia (FM). Para diferenciá-la basta lembrar que a FM é caracterizada pela presença de dor e hipersensibilidade dolorosa a pressão, difusa, e a SM é caracterizada pela presença de dor muscular regional associada aos PG. Há importante sobreposição da SM com a FM, e por apresentarem sintomatologia semelhante, há autores que sugerem que ambas partilham substrato fisiopatológico comum. Embora seja controverso, alguns pesquisadores consideram a SM um quadro minor de fibromialgia, fazendo parte de um mesmo espectro sindrômico doloroso.
3- Como conduzir um caso de Lombalgia (tipos de exames) ?
4- Como o estresse acentua a percepção de dor do paciente?
Questões de Aprendizagem 2:
1- Qual a etiologia da síndrome do túnel do carpo?
Etiologias:
Na grande maioria dos casos, a STC é dita idiopática. As STCs secundárias podem ser relacionadas a anomalias do continente ou do conteúdo. Além disso, as STCs dinâmicas são frequentemente encontradas em patologias laborais.
Síndrome do túnel do carpo idiopática
Ocorre mais frequentemente no sexo feminino (65% a 80%), entre 40 e 60 anos, 50% a 60% são bilaterais. A característica bilateral aumenta com a duração dos sintomas. Está ligada a uma hipertrofia da sinovial dos tendões flexores por causa de uma degeneração do tecido conjuntivo com esclerose vascular, edema e fragmentação do colágeno. Das metanálises em 2002 e em 2008 foi demonstrado que sexo, idade e fatores genéticos e antropométricos (tamanho do túnel do carpo) representam os fatores de predisposição mais importantes. As atividades manuais repetitivas e a exposição a vibrações e ao frio são os menos importantes. Outros fatores são a obesidade e o tabagismo.
Síndrome do túnel do carpo secundário
Anomalias do continente
Qualquer condição que modifique as paredes do túnel do carpo pode causar compressão do nervo mediano.
• Anomalias da forma ou da posição dos ossos do carpo: luxação ou subluxação do carpo;
• Anomalias da forma da extremidade distal do rádio: fratura (translação de mais de 35%)30 ou consolidação viciosa do rádio distal, material de osteossíntese na face anterior do rádio;
• Anomalia articular: artrose do punho, artrite inflamatória (por hipertrofia sinovial, deformação óssea e/ou encurtamento do carpo) ou infecciosa, rizartrose, sinovite vilonodular;
• Acromegalia. Anomalias do conteúdo
• Hipertrofia tenossinovial:
• Tenossinovite inflamatória: reumatismo inflamatório,33 lúpus, infecção;
• Tenossinovite metabólica: diabetes melittus (anomalia do turn over do colágeno), amiloidose primária ou secundária (hemodiálise crônica com depósito de beta-2- microglobulina), gota, condrocalcinose;
• Anomalias de distribuição dos fluidos: gravidez, em 0,34% a 25% dos casos, sobretudo ao terceiro trimestre, com sinais deficitários frequentes em 37% a 85% dos casos, hipotireoidismo, insuficiência renal crônica (fístula arteriovenosa).
• Músculo anormal ou supranumerário: músculo palmar profundo, posição intratúnel do corpo muscular do flexor superficial, extensão proximal do corpo muscular dos músculos lumbricais;
• Hipertrofia arterial do nervo mediano persistente;
• Tumor intratúnel: lipoma, sinovial (cisto, sinoviossarcoma), neural (Schwannoma, neurofibroma, lipofibroma);
• Hematoma: hemofilia, acidente anticoagulante, traumatismo;
• Obesidade.
Síndrome do túnel do carpo dinâmica
A pressão no interior do túnel do carpo aumenta em extensão e em flexão do punho. Os movimentos repetitivos em flexão-extensão do punho, assim como flexão dos dedos e supinação do antebraço, foram implicados nesse aumento. Uma incursão dos corpos musculares do FSD e do FPD para o túnel, quando em extensão do punho e dos dedos, foi encontrada em 50% dos casos. Esse gesto particular pode ser visto em patologias ocupacionais.
STC e trabalho em computadores
Não houve aumento da prevalência da STC em caso de trabalho no computador em mais de 15 horas por semana. Uma tendência ao aumento foi demonstrada para além de 20 horas por semana.
Exposição à vibração
A exposição à vibração representa um dos fatores predisponentes menores. As consequências ultraestruturais são problemas de compressão microcirculatória e edema intraneural após lesão da mielina e dos axônios.
Síndrome do túnel do carpo aguda
Etiologias:
• Traumatismo: deslocamento, por fratura do rádio distal ou luxação do punho;
• Infecção;
• Hemorragia por overdose de anticoagulante ou em caso de hemofilia;
• Injeção de alta pressão;
• Trombose aguda da artéria do nervo mediano;
• Queimadura.
https://www.scielo.br/j/rbort/a/Cs3XX8SgNf7sBtqhSkXRxgC/?format=pdf&lang=pt
->Artigo de revisão sobre síndrome do túnel do carpo, Revista Brasileira de Ortopedia
2- Como orientar melhor o paciente neste caso? (investigação , orientação e exames)
3- Quais as implicações da hormonioterapia relacionada a esse caso?