2. Como interpretar os exames laboratoriais presentes no caso? (TGO: 80, TGP: 150, Albumina: 2,5; Globulina: 4; Bilirrubina total: 2,2; Bilirrubina direta: 1,4; Bilirrubina indireta: 0,8; plaquetas: 700.00)
Achados laboratoriais
Bilirrubina:
Os níveis séricos estão frequentemente elevados e podem permanecer por vários anos. As flutuações podem refletir o estado hepático devido a agressões do fígado (p. ex., excessos alcoólicos). A maior parte da bilirrubina é do tipo não conjugado, a não ser que a cirrose seja do tipo colangiolítico. São observados níveis mais elevados e mais estáveis na cirrose pósnecrótica; ocorrem níveis mais baixos e mais flutuantes na cirrose de Laënnec. A icterícia terminal pode ser constante e intensa. A bilirrubina na urina está aumentada; o urobilinogênio está normal ou aumentado
AST:
Os níveis séricos estão aumentados (< 300 U) em 65 a 75% dos pacientes. Os níveis séricos de ALT estão elevados (< 200 U) em 50% dos pacientes. Os níveis das transaminases variam bastante e indicam a atividade ou a evolução do processo (i. e., necrose das células parenquimatosas hepáticas)
ALP:
Ocorre aumento dos níveis séricos em 40 a 50% dos pacientes
Proteínas totais:
Habitualmente, normais ou diminuídas. Os níveis séricos de albumina acompanham paralelamente o estado funcional das células parenquimatosas e podem ser úteis no acompanhamento da evolução da doença hepática; entretanto, podem ser normais mesmo quando existe lesão considerável dos hepatócitos. A diminuição dos níveis séricos de albumina pode indicar o desenvolvimento de ascite ou hemorragia.
Os níveis séricos de globulinas costumam estar aumentados, o que indica a inflamação e acompanha paralelamente sua gravidade. O aumento nos níveis séricos de globulina (habitualmente gama) pode causar aumento das proteínas totais, sobretudo na hepatite viral crônica e na cirrose pós-hepatite.
Colesterol total:
Níveis normais ou diminuídos. Diminuição progressiva dos níveis de colesterol, HDL, LDL, com gravidade crescente. A diminuição é mais pronunciada do que na hepatite crônica ativa. As LDL podem ser úteis para o prognóstico e na seleção de pacientes para transplante. A diminuição dos ésteres indica a ocorrência de lesão mais grave das células parenquimatosas.
Outros exames laboratoriais importantes:
Os níveis sanguíneos de ureia estão frequentemente diminuídos na cirrose (< 10 mg/dl), enquanto estão elevados na hemorragia digestiva. Os níveis séricos de ácido úrico estão frequentemente aumentados.
Os eletrólitos e o equilíbrio acidobásico frequentemente estão anormais e indicam combinações de várias circunstâncias em determinado momento, como desnutrição, desidratação, hemorragia, acidose metabólica e alcalose respiratória. Na cirrose com ascite, os rins retêm muito sódio e água, causando hiponatremia dilucional.
Há elevação dos níveis sanguíneos de amônia no coma hepático e na cirrose, assim como nos indivíduos com shunt portocava
Hematologia:
A contagem de leucócitos costuma estar normal na cirrose ativa; aumentada (< 50.000/µl) na necrose maciça, na hemorragia etc.; e diminuída no hiperesplenismo.
A anemia indica aumento do volume plasmático e certo grau de destruição aumentada dos eritrócitos. Se a anemia for mais significativa, deve-se descartar a possibilidade de hemorragia digestiva, déficit de ácido fólico e hemólise excessiva.
Achados no LCS:
O LCS apresenta-se normal, à exceção de níveis aumentados de glutamina, que indicam os níveis cerebrais de amônia (devido à conversão da amônia). Os níveis de glutamina superiores a 35 mg/dl estão sempre associados a encefalopatia hepática (normal = 20 mg/dl); correlacionamse com a profundidade do coma e mostramse mais sensível do que a amônia arterial.