https://cenpre.furg.br/drogas?id=75
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762021000300011
Quais as principais hipóteses diagnósticas do paciente Alfonso?
Quais exames físicos e laboratoriais devem ser pedidos para confirmar ou afastar as hipóteses diagnósticas?
Qual o manejo imediato na emergência de um paciente que fez uso abusivo de substâncias? Qual a conduta de acordo com os principais diagnósticos?
Mesmo para as reações de pânico e para as reações psicóticas, deve-se tentar o manejo não farmacológico, explicando ao paciente que os efeitos irão se dissipar em poucas horas e mantendo-o em ambiente tranquilo, sem estímulos. Os procedimentos adotados devem ser cautelosamente explicados.
Em reações de ansiedade muito intensa, quando o manejo não farmacológico for insuficiente, utiliza-se diazepam, de 10 a 30 mg por via oral ou de 10 a 12 mg por via intramuscular.
Nas reações psicóticas graves, quando o paciente tornar-se violento ou agitado, deve-se optar também pelos benzodiazepínicos, reservando os antipsicóticos para situações resistentes aos benzodiazepínicos. Os antipsicóticos podem piorar os efeitos simpaticomiméticos e cardiovasculares da cocaína. A droga de escolha é o haloperidol, em doses de 5 a 2 mg por via oral ou intramuscular, durante 4 dias. Essa droga possui menos efeitos anticolinérgicos, porém pode diminuir o limiar convulsivante.
O paciente em surto psicótico deve ser hospitalizado até o esbatimento dos sintomas, que ocorre em poucos dias. A contenção mecânica deve ser usada somente quando o paciente torna-se violento, pois aumenta o risco de hipertermia, rabdomiólise e insuficiência renal.
A hipertermia deve ser tratada agressivamente, com medidas de resfriamento externo, incluindo pacotes de gelo e água gelada. Para as convulsões, recomenda-se diademam, em doses de 5 a 10 mg, por via intravenosa. Não se deve administrar mais que 5 mg da droga por minuto. Se a convulsão for resistente, optar por hidantoína, nas doses habituais.
A pressão arterial (PA) deve ser verificada com frequência. Se a PA diastólica for maior que 120 mmHg, usar nitroprussiato de sódio, em doses de 0,5 a 10 mg por minuto. O propranolol pode ser usado na dose de 1 mg, de 2 em 2 minutos, até 8mg, no auxílio do controle de taquicardia, hipertensão e complicações respiratórias, desde que seja utilizado concomitantemente com o nitroprussiato de sódio. Caso contrário, poderá aumentar a toxicidade cardiovascular dos estimulantes.
Como medidas de desintoxicação, a lavagem gástrica está indicada quando as drogas foram ingeridas por via oral. A acidificação da urina pode aumentar a eliminação dos metabólitos das anfetaminas.
Ecstasy (MDMA)
A intoxicação por ecstasy (3,4-methylenedioxymetanfetamina, MDMA) pode apresentar efeitos clínicos significativos. Efeitos leves incluem trismo, taquicardia e bruxismo, e efeitos tardios, como sintomas depressivos e sensação de ressaca, podem durar 5 dias. Os efeitos graves incluem morte súbita, hiperpirexia, rabdomiólise, falência de múltiplos órgãos, síndrome serotoninérgica, falência hepática, crises de pânico e hiponatremia com edema cerebral. A Tabela 7.6 mostra os quadros citados e seu tratamento.
Tratamento
Algumas medidas gerais devem ser seguidas em qualquer uma das síndromes descritas na Tabela 7.6: administrar carvão ativado, se a ingestão da substância ocorreu na hora anterior ao atendimento, e monitorar os sinais vitais por no mínimo 4 horas.
ESTIMULANTES
Esta categoria inclui uma variedade de substâncias usadas para diminuir o apetite, combater a fadiga e o cansaço, e geralmente fazem o indivíduo sentir-se “alto”. De uso legal ou ilegal, fazem parte de um grande consumo por usuários de drogas.
São estimulantes de anfetaminas, cafeína, nicotina, efedrina, atropina, etc.
EFEITOS DO ABUSO – excitação, anorexia, insônia, inquietação, confusão mental, agressividade, boca seca, dilatação de pupilas, alucinações, convulsões, visão embaraçada, liberação das inibições, paranóia, descontrole verbal e fadiga.
RISCOS DO ABUSO – respiração superficial, depressão, agitação psicomotora, tremores, convulsões, paranóia, alucinações, perda de peso, parada cardíaca.
EFEITOS DA FALTA – apatia, sono prolongado, irritabilidade, depressão, delírio, desorientação, alucinações, agressividade, tendências suicidas, surto psicótico.
SUPERDOSE – embora não seja muito freqüente, mas em tais circunstâncias pode ocorrer ansiedade, paranóia e pânico, desmaios e perda de consciência, confusão e alucinações, com possível agressividade; respiração rápida, pulso rápido e irregular, tensão muscular, cefaléia, boca seca, olhos normais ou dilatados, hipertermia, pressão sangüínea elevada, tremores, convulsão, pele quente, úmida e avermelhada, taquicardia; colapso circulatório e morte.
CUIDADOS DE EMERGÊNCIA – se a ingestão foi via oral, dilua com muitos copos de água ou leite, induza ao vômito, dilua novamente com água ou leite. Diminua os fatores estimulantes do ambiente diminuindo a luz ou ruído; tente manter a vítima imóvel, evite assustá-la, mantenha monitorização dos dados vitais. Em raros casos a temperatura se eleva a níveis preocupantes; se necessário medique sintomaticamente. Não fique temeroso ou agressivo, mesmo que a vítima apresente tais sintomas. Use a força apenas em último recurso. Encorage a pessoa a ingerir líquidos; observação e cuidado com vômitos e aspiração. Quando necessário poder-se-á utilizar benzodiapinicos (opção pelo clorbiazepóxido 25 a 100mg) e/ou clorprozima 25 a 100mg podendo usar até 300mg.