Introdução
Doença de Crohn (DC) e retocolite ulcerativa (RCU) constituem as principais doenças inflamatórias intestinais (DII) com etiologia ainda não totalmente esclarecida. DC e a RCU ocorrem a partir da interação de fatores genéticos, microbiota intestinal e imunorregulação de mucosa. A RCU acomete a mucosa – eventualmente a submucosa — do cólon e do reto, enquanto a DC pode ocorrer em qualquer parte do tubo digestivo, da boca ao ânus, com predileção pelas regiões ileal e ileocecal, agride toda a parede intestinal (inflamação transmural) e, na sua forma característica, gera reação granulomatosa não caseosa.
Manifestações extraintestinais ocorrem, em geral, entre 25 e 40% dos casos de DII (ex.: artralgia, artrite, sacroiliíte, aftas orais, eritema nodoso, episclerite, pioderma gangrenoso), mas, esta frequência pode alcançar valores mais elevados em centros de referência e na dependência da definição de “manifestações extraintestinais”.
Retocolite Ulcerativa
O quadro clínico da RCU depende da extensão da doença e da sua gravidade. A extensão da RCU, em geral, é avaliada pela colonoscopia (Tabela 1), e a gravidade ou atividade, por meio de avaliação clínica e laboratorial como no caso da classificação de Truelove & Witts (Tabela 2). A RCU grave é considerada quando se tem seis ou mais evacuações com sangue por dia somadas a, pelo menos, uma das seguintes alterações:
a) febre (>37,5 °C);
b) taquicardia (>100 bpm);
c) anemia (hemoglobina <10 g/dL);
d) velocidade de hemossedimentação (VHS) >30 mm, 1a hora;
e) albumina <3,5 g/dL.
A forma fulminante da RCU, por sua vez, é caracterizada por >10 evacuações diárias com sangue, febre, taquicardia, necessidade de transfusão de sangue, provas de atividade inflamatória bastante alteradas (ex.: VHS >30 mm, 1a hora; proteína C reativa >30mg/L), com ou sem megacólon tóxico (dilatação colônica, geralmente do cólon transverso ≥5,5 cm) ou perfuração intestinal. Vale ressaltar que alguns autores não concordam com essa denominação “fulminante” uma vez que foi utilizada nos anos 50 para definir um único quadro agudo de RCU que culminava com morte no primeiro ano de evolução. Tal situação, de fato, com a melhoria do tratamento dos surtos agudos de RCU, tornou-se exceção e não a regra. Assim, a tendência é a utilização da terminologia RCU grave somente.
Sistemas de pontuação têm sido utilizados para quantificar a atividade inflamatória na RCU. Um dos mais utilizados é o escore de Mayo (Tabela 3). O escore completo de Mayo (máximo de 12 pontos) inclui dados endoscópicos. O escore parcial de Mayo (máximo de 9 pontos) não leva em conta os achados endoscópicos. O escore endoscópico de Mayo (0 a 3) é muito utilizado na rotina de avaliação endoscópica dos pacientes. De acordo com o escore completo de Mayo, os escores 0–2, 3–5, 6–10 e >10 indicam doença em remissão (desde que não haja nenhum subescore doença leve, doença moderada e doença grave, respectivamente.
A intensidade do quadro clínico da RCU correlaciona-se com a extensão da doença, a saber:
a. Proctite: geralmente casos leves e moderados, sendo comum o sangramento retal, a presença de fezes com muco e pus, e o tenesmo. Em 80% dos casos há diarreia. Contudo, pode ocorrer constipação. A dor abdominal é geralmente em cólica, precedendo as evacuações e não totalmente aliviada com o esvaziamento colorretal. Os pacientes podem se queixar de urgência, incontinência e dor anorretal. As manifestações extraintestinais são menos frequentes.
b. RCU esquerda e pancolite (colite extensa ou universal): nesses casos, os pacientes geralmente apresentam formas moderadas ou graves da doença. Febre, astenia, perda de peso com anorexia são comuns. Há também diarreia com muco, pus, sangue e tenesmo, além da dor abdominal mais intensa que no caso de proctite. Formas muito graves, inclusive com megacólon tóxico e perfuração colônica, podem ocorrer.
Os fatores de risco genéticos existem, mas os que aumentam mesmo a frequência das doenças são os fatores ambientais (alimentares -açúcares, gorduras-, tabagismo, fatores psicossociais, etc)
Doença de Crohn: alterações em Th1 e Th17 (número de neutrófilos aumentado associado à mucosa intestinal). deficiência de IL10 (anti-inflamatória) -> não diferenciação de Th1, aumento de TNF.
Manifestação Clínica:
• Ocorre com mais frequência no íleo distal;
• Áreas de ulcerações e inflamação acontecem de modo descontinuo e envolvem toda a espessura da parede intestinal;
• Recorrência pode acontecer em regiões do intestino não envolvidas previamente
• Podem envolver mesentérios e linfonodos adjacentes;
• Complicações: perfuração, formação de fistulas, formação de abscessos e obstrução do intestino delgado;
• Sangramento incidioso ou massivo;
• Enteropatia com perda de proteína;
• Incidência aumentada de câncer intestinal;
• Manifestações fora do TGI: artrite, eritema nodoso, uveíte, irite, úlceras aftosas da membrana bucal, colangite esclerosante, hepatite crônica ativa autoimune, nefrolitíase, esteatorreia, amiloidose, doença tromboembólica, desnutrição.
MALT: barreira imunológica que facilitam as células de defesa a formarem barreiras.
Células de defesa produzem enzimas que degradam células epiteliais e tec. conjuntivo associado (mucosa e submucosa).
Colite ulcerativa:
Manifestações Clínicas:
• Inflamação restrita à mucosa do colo e do reto;
• Início comumente na junção anorretal, estendendo-se no sentido proximal;
• Presença sanguinolenta e má absorção;
• Enteropatia com perda de proteína e má nutrição;
• Presença de neutrófilos no epitélio das criptas e de seus lúmens, além de células inflamatórias na mucosa;
• Obstrução, perfuração e formação de fístulas não são complicações típicas;
• Maioria dos pacientes com doença leve;
• Risco aumentado de adenocarcinoma do colo;
• Pacientes crônicos: megacolo tóxico;
• Na mucosa, lesão e ulceração podem causar pseudopólipos.
Farmaco:
Corticoides: consequencia principal é a supreção da adrenal.
Mesalazina (5-ASA) e sulfassalazina: tanto para quadro agudo e manutenção de retocolite ulcerativa leve a moderada.
Sulfassalazina é contraindicada nos seguintes casos:
• Hipersensibilidade à Sulfassalazina, seus metabólitos, sulfonamidas ou salicilatos.
• Na obstrução urinária ou intestinal.
• Pacientes com porfiria não devem receber sulfonamidas, pois há relatos de que estas drogas podem precipitar um ataque agudo.
Azatioprima: imunossupressor, tratamento diferenciado para pacientes que utilizam esse medicamento, são mais suscetíveis a várias situações, inclusive para infecções hospitalares.
Usado para Crohn.
Lude:
Crohn:
+fossa ilíaca direita;
massa abdominal;
Retocolite ulcerativa:
+fossa ilíaca esquerda;
tenesmo (vontade de evacuar, mas em sucesso);
Ambas:
Dor abdominal;
fístula (+comum em crohn);
anemia;
hematoquezia;
perda de peso;
Úlcera (+retocolite);
Abscesso (+crohn).
Manifestação Extra-intestinal:
Articulação;
Olhos.
Vesícula biliar;
Pele (eritema nodoso, pioderma gangrenoso, sacroileíte, artrites, aftas orais).
Exames:
Colonoscopia com biópsia:
RCU: pode acometer reto sigmóide, descendente e pouco transverso, graves podem chegar no ascendente -> contínuas
Crohn: não contínuas, podem estar em qualquer parte do intestino.
Hemograma, PCR, plaquetas, Indicadores de inflamação, enzimas hepáticas (... esclerozante) etc;
Exame de fezes para vermes...
Marcadores sorológicos para as doenças:
Marcador reumatológico de inflamação: P-ANCA e ASCA. (obs: podem dar falso positivo)