ID: Emanualdo, 3 meses, sexo masculino.
QD: fezes líquidas e volumosas há 3 dias.
HAM:
A avó do bebê relata que o bebê tem apresentado aumento do volume e da frequência de evacuações, cerca de 5 a 7 vezes por dia. As fezes são líquidas, amarelo claras, sem sangue, com muco. Relata também que o paciente está dormindo muito ultimamente e que antes era mais agitado. Relata que o lactente está fazendo pouca quantidade de urina. Relata febre não aferida há 3 dias.
Alimentação:
Avó relata que o lactente se alimenta de leite de vaca com mucilon (90mL de leite e 3 colheres de sopa de mucilon) desde o primeiro mês de vida. Ingere em média 7 mamadeiras por dia.
AP:
Avó relata que o lactente só tomou as vacinas do momento do nascimento, mas não trouxe a carteira de vacinação para verificação. Além disso, não realizou acompanhamento médico após o nascimento (realizou apenas na primeira semana de vida). Avó relata que a mãe tem estado muito triste e não quer cuidar nem amamentar bebê.
EF:
Sinais vitais:
FC 172 bpm
PA 70x40 mmHg.
FR 50 irpm
SatO2 96%
TEC 4s
Temperatura 38,5
Peso: 4,5 kg.
Peso do nascimento: 3,4kg.
Abdome distendido, dor inespecífica e difusa à palpação, RHA aumentados, pulso radial filiforme, mucosas descoradas 2+/4+ e desidratadas, sinal da prega com turgor pastoso, fontanela anterior deprimida.
CD:
Reposição volêmica EV.
Antitérmico (paracetamol).
Orientações alimentares.
Questões:
1.Como classificar a desidratação e qual a conduta para diarreia/reidratação pediátrica? (volumes de reposição, vias de reposição).
De acordo com a OMS deve ser usado em menores de cinco anos, durante 10 a 14 dias, sendo iniciado a partir do momento da caracterização da diarreia. A dose para maiores de seis meses é de 20mg por dia e 10mg para os primeiros 6 meses de vida. Tanto a ESPGHAN como a Diretriz Íbero-Latinoamericana questionam a validade da terapia com zinco no primeiro semestre de vida11,16. A ESPGHAN não recomenda zinco no tratamento da diarreia aguda nos países da Europa, pois considera que a deficiência de zinco não é comum naquele continente11. No Brasil, é comercializado um soro de reidratação oral com 6 mg de gluconato de zinco em cada 100 mL. São comercializadas, também, soluções de zinco (solução com 2mg/0,5 mL na forma de gliconato de zinco; 4mg/mL na forma de sulfato de zinco), para serem administradas conforme as recomendações da OMS1,2,7 e MS9.
2. Quais agentes etiológicos podem causar um quadro de diarreia aguda? Como diferenciá-los a partir da história e dos sinais clínicos? (vírus, bactérias).
De acordo com a OMS, a doença diarreica pode ser classificada em três categorias2,7:
1. Diarreia aguda aquosa: diarreia que pode durar até 14 dias e determina perda de grande volume de fluidos e pode causar desidratação. Pode ser causada por bactérias e vírus, na maioria dos casos. A desnutrição eventualmente pode ocorrer se a alimentação não é fornecida de forma adequada e se episódios sucessivos acontecem.
2. Diarreia aguda com sangue (disenteria): é caracterizada pela presença de sangue nas fezes. Representa lesão na mucosa intestinal. Pode associar-se com infecção sistêmica e outras complicações, incluindo desidratação. Bactérias do gênero Shigella são as principais causadoras de disenteria.
3. Diarreia persistente: quando a diarreia aguda se estende por 14 dias ou mais. Pode provocar desnutrição e desidratação. Pacientes que evoluem para diarreia persistente constituem um grupo com alto risco de complicações e elevada letalidade.
Assim, doença diarreica aguda pode ser entendida como um episódio diarreico com as seguintes características: início abrupto, etiologia presumivelmente infecciosa, potencialmente autolimitado, com duração inferior a 14 dias, aumento no volume e/ou na frequência de evacuações com consequente aumento das perdas de água e eletrólitos. Apesar da definição de diarreia aguda considerar o limite máximo de duração de 14 dias, a maioria dos casos resolve- -se em até 7 dias.
A doença diarreica na maior parte das vezes representa uma infecção do tubo digestivo por vírus, bactérias ou protozoários e tem evolução autolimitada, mas pode ter consequências graves como desidratação, desnutrição energético-proteica e óbito. Nem sempre é possível identificar o agente causador do episódio diarreico.
Os seguintes agentes infecciosos são os que causam a maior parte dos quadros da diarreia aguda:
Vírus - rotavírus (geralmente é sanguinolenta), coronavírus, adenovírus, calicivírus (em especial o norovírus) e astrovírus.
Bactérias - E. coli enteropatogênica clássica, E. coli enterotoxigenica, E. coli enterohemorrágica, E. coli enteroinvasiva, E. coli enteroagregativa18, Aeromonas, Pleisiomonas, Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, Vibrio cholerae, Yersinia. Atravessam a barreira hematológica e entram na corrente sanguínea.
Parasitos - Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Cryptosporidium, Isosopora
Fungos – Candida
Pacientes imunocomprometidos ou em antibioticoterapia prolongada, podem ter diarreia causada por: Klebsiella, Pseudomonas, Aereobacter, C. difficile, Cryptosporidium, Isosopora, VIH, e outros agentes.
Eventualmente outras causas podem iniciar o quadro como diarreia tais como: alergia ao leite de vaca, deficiência de lactase, apendicite aguda, uso de laxantes e antibióticos, intoxicação por metais pesados. A invaginação intestinal tem que ser considerada no diagnóstico diferencial da disenteria aguda, principalmente, no lactente.
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2017/03/Guia-Pratico-Diarreia-Aguda.pdf
3. Como orientar a alimentação do Emanualdo? Quais as composições das fórmulas infantis? Quais as indicações?
https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=152999#:~:text=%C3%81GUA%2C%20PROTE%C3%8DNAS%2C%20LACTOSE%2C%20%C3%81CIDOS,de%20uma%20esp%C3%A9cie%20para%20outra.&text=M%C3%A9dia%203%2C5%25%20de%20prote%C3%ADnas,)%20e%2087%25%20de%20%C3%A1gua.
4. Quais as principais doenças que os bebês podem ter que os impeçam de ganhar peso (alergias alimentares, intolerâncias)?
O refluxo gástrico é normal no primeiro ano de vida, por causa da insuficiência da cárdia -> essa doença é muito associada a
5. Qual a diurese esperada para um bebê?
DIURESE: A primeira diurese deve ocorrer antes de completadas as primeiras 24 horas de vida, apresentando, como características, grande volume e coloração amarela-clara.
23% dos RNs urinam na sala de parto, 99% urinam em 48 horas.
Diurese das primeiras 24 horas = 15 ml. débito urinário e taxa de filtração glomerular baixos nos primeiros dias de vida comum a proteinúria e >quantidade de uratos (coloração rósea), durante a primeira semana de vida cheiro característico volume: 15 ml (10 dia), atingindo 200ml no 70 dia de vida
6 a 8 fraldas -> por dia
6. Qual o calendário vacinal pediátrico?
7. Qual a posologia pediátrica dos antitérmicos?
Contraindicado para <3 meses ou peso <5Kg;
Em crianças com idade entre 3 e 11 meses ou pesando <9Kg, não deve ser administrada por via intravenosa;
Gravidez (categoria D): não utilizar durante os primeiros e últimos 3 meses de gestação; a liberação para o 2º trimestre só deve ocorrer após cuidadosa avaliação do potencial risco/benefício pelo médico.
A dipirona é excretada no leite materno. A amamentação deve ser evitada durante e por até 48 horas após a administração de dipirona.
Embora raro, pode causar agranulocitose e ou pancitopenia. Aplasia de medula
Cuidado na administração do ibuprofeno em pacientes desidratados ou sob risco de desidratação (com diarreia, vômitos ou baixa ingestão de líquidos), em pacientes com história atual ou prévia de úlcera péptica, gastrites ou desconforto gástrico [Bula Alivium®].
O ibuprofeno não é recomendado durante a gravidez ou a lactação. Os AINEs no terceiro trimestre estão associados a malformações cardíacas, como fechamento prematuro do ductus arteriosus, e prolongamento do trabalho de parto, e deverão ser evitados após a 30ª semana de gestação. Classificados como categoria de risco B no 1º e 2º trimestres da gravidez, e D no 3º trimestre [Bula Alivium®].
Dados são limitados para uso em < 6 meses [[UpToDate – Ibuprofeno, Bula Alivium®].