Será que vou dar conta?
15/02/2023
Camila, 41 anos, branca, casada, residente em São Paulo, procura atendimento com a médica de seu convênio por estar sentindo dor na região lombar, com irradiação para glúteo e membro inferior, à direita.
Há 3 anos iniciou com dores neste local, mas melhorou após começar a praticar pilates. Entretanto, com a pandemia, parou a atividade devido à necessidade de fazer trabalho remoto e cuidar de seus dois filhos em casa. É designer de interiores e passa mais de 8 horas diárias sentada diante do computador, atribuindo a dor a esse motivo.
Ela conta que ficou preocupada porque há cerca de um mês a dor piorou significativamente e passou a apresentar dormência, formigamento, queimação e por vezes até sensação de choque, além de sentir leve diminuição de força. Relata que é pior quando está de pé ou faz movimentos e melhora quando está deitada. Tem tido dificuldade de permanecer muito tempo na mesma posição e, como trabalha de maneira autônoma, teme que não tenha condições de manter sua produtividade, com redução de sua renda familiar. Nega queda, trauma, histórico de cirurgias ou doenças prévias. Nega incontinência urinária ou fecal.
Refere ter ganhado 10kg no último ano, além de se sentir mais ansiosa que o habitual pelas incertezas do momento, por ter pais idosos e ainda manter menos contato que antes.
Ao exame físico: marcha preservada, sinal de Lasègue positivo à direita, reflexos patelar e aquileu preservados; e extensão e dorsiflexão do pé direito estão preservados.
Foi prescrito anti-inflamatório e analgésicos fixos (de horário) por 5 dias e, após este período, apenas quando necessário. Além disso, foi iniciado gabapentina a cada 8 horas e orientado realização de fisioterapia motora. Após dois meses de tratamento demonstrou melhora substancial. Atualmente tem buscado controlar a alimentação e o seu peso, além de observar os cuidados de ergonomia durante seu período de trabalho.
Problemas: Grifados
Hipóteses:
A lombalgia de Camila é crônica e tem origem neuropática.
A falta de exercício físico, ergonomia errada, ganho de peso, ficar horas sentadas ocasiona a agudização da dor.
Os sintomas decorrem da compressão da raiz nervosa do nervo ciático, nas vértebras L2 a S4.
Camila provavelmente tem uma hérnia de disco, devido ao sinal de Lasegue positivo.
O Gaba é produzido a partir do glutamato por uma enzima e tem papel inibidor.
A dor lombar com irradiação para os membros inferiores é uma dor referida pela compreensão do nervo.
Questões de Aprendizagem:
Quais as principais causas da lombalgia e qual sua epidemiologia?
Caracterize a dor neuropática e seu processamento no SN.
Diferencie a dor irradiada e dor referida.
Quais os tratamentos farmacológicos e não farmacológicos para dor de origem neuropática?
O que a lei trabalhista e seguridade social prevê em casos de afastamento por incapacidade temporária?
Quais exames neurológicos e complementares são necessários para o quadro de Camila?
1.Quais as principais causas da lombalgia e qual sua epidemiologia?
Do ponto de vista evolutivo, as lombalgias, lombociatalgias e ciáticas podem ser caracterizadas como agudas ou lumbagos, subagudas e crônicas. As dores lombares podem ser primárias ou secundárias, com ou sem envolvimento neurológico. Por outro lado, afecções localizadas neste segmento, em estruturas adjacentes ou mesmo à distância, de natureza a mais diversa, como congênitas, neoplásicas, inflamatórias, infecciosas, metabólicas, traumáticas, degenerativas e funcionais, podem provocar dor lombar.
A lombalgia idiopática, antigamente assim chamada, pois não se achava um substrato para sua causa, e que hoje é denominada de lombalgia mecânica comum, ou lombalgia inespecífica, é a forma anatomoclínica inicial de apresentação e a mais prevalente das causas de natureza mecânico-degenerativa. Inúmeras circunstâncias contribuem para o desencadeamento e cronificação das síndromes dolorosas lombares (algumas sem uma nítida comprovação de relação causal) tais como: psicossociais, insatisfação laboral, obesidade, hábito de fumar, grau de escolaridade, realização de trabalhos pesados, sedentarismo, síndromes depressivas, litígios trabalhistas, fatores genéticos e antropológicos, hábitos posturais, alterações climáticas, modificações de pressão atmosférica e temperatura.
Condições emocionais podem levar à dor lombar ou agravar as queixas resultantes de outras causas orgânicas preexistentes.
RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE A DOR E A ATIVIDADE CORPORAL OU REPOUSO
Dor com o movimento corporal ao longo do dia, ou desencadeada por longos períodos de permanência em pé, pode ser devido à alterações mecânicas ou degenerativas.
ASSOCIAÇÃO DA DOR COM QUEIXAS SISTÊMICAS
Quando houver comprometimento sistêmico, a dor lombar, geralmente, tem um começo gradual e progressivo, distribuição simétrica ou alternante, sem relação com o movimento e sem melhora com o repouso, e pode ser acompanhada de rigidez matinal de duração superior a trinta minutos.
TIPO DE IRRADIAÇÃO DA DOR:
DISTRIBUIÇÃO DERMATOMÉRICA OU NÃO
Quando a dor se irradia para a face anterior da coxa, não ultrapassando o joelho, deve-se pensar em neuralgia crural.
DOR DE ORIGEM RAQUIDIANA OU EXTRA-RAQUIDIANA
A dor de origem extra-raquidiana não tem relação com os movimentos da coluna, aparecendo mesmo com o repouso. Nesta situação, devem ser lembradas a calculose renal, endometriose, aneurisma de aorta abdominal, processos expansivos abdominais, retroperitoniais e outros.
DOR PSICOSSOMÁTICA
Pode ser detectada em pacientes que apresentem sensibilidade dolorosa superficial ou de distribuição não-anatômica, com queixa de dor vaga, imprecisa, um dia num lugar, outro dia em outro, com irradiação bizarra para peito, coluna dorsal, abdomen e dramatização do quadro clínico.
REFERÊNCIA:
https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/lombalgias-e-lombociatalgias.pdf
A maioria das diretrizes classifica a dor lombar em três grupos: inespecífica (> 90%), aprisionamento da raiz nervosa com radiculopatia ou estenose do canal vertebral (aproximadamente 5%) e dor decorrente de uma doença subjacente específica (1 a 2%).13,14
A dor lombar inespecífica geralmente é causada por lesões musculoligamentares e processos degenerativos relacionados à idade dos discos intervertebrais e facetas articulares.
Observe que o termo “dor lombar inespecífica” é preferível a “entorse ou distensão lombar”.
No caso de uma dor nas costas na linha média, os diagnósticos podem incluir: lesão musculoligamentar, herniação discal, doença discal degenerativa, doença degenerativa das facetas articulares da coluna vertebral, fratura ou colapso vertebral e, raramente, metástases na medula espinal ou abscesso epidural. Em casos de dor fora da linha média, avaliar distensão muscular, dor miofascial (pontos de gatilho), sacroileíte, síndrome dolorosa do trocanter maior e artrite no quadril, assim como condições renais como pielonefrite ou cálculos.
A dor ciática é uma dor nos glúteos e região posterior das pernas, geralmente causada por compressão das raízes nervosas nos níveis de L4–S1 (ver os achados neurológicos relacionados mais adiante). Até 85% dos casos estão associados a um distúrbio discal, em geral nos níveis de L4–L5 ou L5–S1.15 Uma dor associada a manobras de flexão da coluna vertebral para frente, elevação da perna esticada ou tocar as pontas dos pés, manobra de Valsalva ou ao espirrar, é sugestiva de doença discal subjacente. Uma dor na perna que melhora com a flexão lombar para frente ocorre na estenose do canal vertebral.
->Bates - Propedêutica Médica
2. Caracterize a dor neuropática e seu processamento no SN.
DOR NEUROPÁTICA
Doença neurológica que afeta a via sensitiva e pode produzir dor crônica intensa – a denominada dor neuropática – não relacionada com qualquer lesão de tecido periférico. Isso ocorre com alterações no sistema nervoso central (SNC), como AVE e esclerose múltipla, ou com afecções associadas a lesões de nervos periféricos, como traumatismos mecânicos, neuropatia diabética ou infecção por herpes-zóster.
Os mecanismos fisiopatológicos subjacentes a esse tipo de dor são pouco entendidos, embora se acredite que a atividade espontânea nos neurônios sensitivos lesados, em virtude da expressão exagerada ou de redistribuição dos canais de sódio controlados por voltagem, seja um fator. Além disso, ocorre sensibilização central. A parte simpática do sistema nervoso também desempenha algum papel, porque os neurônios sensitivos lesados podem expressar receptores alfa-adrenérgicos e desenvolver sensibilidade à norepinefrina que, em condições normais, não possuem. Desse modo, estímulos fisiológicos que provocam respostas simpáticas podem produzir dor intensa, fenômeno descrito clinicamente como dor mediada pelo simpático. A dor neuropática responde muito pouco a analgésicos convencionais, mas pode ser aliviada por agentes antidepressivos e antiepilépticos.
->Rang Dale
A dor neuropática associada às doenças como diabetes melito e infecção por herpes-zoster é descrita e estudada mais comumente. Entretanto, esses distúrbios certamente não são as únicas causas de dor neuropática. A radiculopa- tia, que pode ser a causa primária de muitos casos de lom- balgia, provavelmente é o desencadeante mais freqüente da dor neuropática periférica. O Quadro 10.1 apresenta uma relação parcial das causas da dor neuropática.
A expressão dor neuropática refere-se à dor causada por um grupo heterogêneo de distúrbios clínicos muito variá- veis quanto à etiologia e à manifestação clínica. Isso inclui os sinais e os sintomas provocados por uma lesão primária do sistema nervoso periférico, ou pela disfunção do sistema nervoso central sem qualquer estimulação dos receptores nociceptivos (p. ex., neuralgia pós-herpética).
Por outro lado, a dor nociceptiva é uma resposta desen- cadeada por um estímulo periférico desagradável, lesivo ou potencialmente deletério. Essa dor pode ser aguda (p. ex., dor aguda pós-operatória) ou crônica (p. ex., inflamação da artrite).
Essa classificação binária tem importância clínica; por exemplo, a dor neuropática pode não responder tão bem aos opióides ou aos antiinflamatórios não-esteróides (AINE) quanto a dor nociceptiva, que em geral pode ser facilmente controlada com esses fármacos, ao menos por períodos cur- tos. A dor neuropática pode ser tratada mais eficazmente por fármacos que estabilizam ou modulam a função do sis- tema nervoso central (p. ex., fármacos indicados para epi- lepsia ou depressão) ou por agentes antiarrítmicos (como os bloqueadores do canal de sódio). Embora as razões para o estabelecimento do diagnóstico correto da dor neuropática sejam inequívocas, os métodos eficazes para se conseguir isto não estão bem estabelecidos.
TIPOS DE DOR NEUROPÁTICA
Do ponto de vista fisiológico, a dor neuropática é provo- cada por lesões, danos potenciais ou disfunção do sistema nervoso central ou periférico. Logicamente, embora se possa esperar que as lesões do sistema nervoso causem déficits sen- soriais (sintomas negativos) — cuja gravidade é proporcio- nal à extensão da lesão —, um percentual expressivo dos casos apresenta-se com vários tipos de dor e disestesias (ou sintomas positivos).
Os dois tipos principais de dor neuropática são: desen- cadeada por estímulos e independente de estímulos (i. e., dor espontânea). A dor desencadeada por estímulos caracteriza-se por sinais de hiperalgesia e alodinia, que resultam de estimulação mecânica, térmica ou química. A dor independente de estímulos pode ser persistente ou paroxística e, em geral, é descrita por termos como ponta- das, fisgadas ou queimação. As parestesias (definidas como sensações anormais) e as disestesias (definidas como sen- sações anormais desagradáveis) podem ser espontâneas ou provocadas.
Introdução:
Além da parestesia (Sensações cutâneas subjetivas (ex., frio, aquecimento, formigamento, pressão, etc.) que são vivenciadas espontaneamente na ausência de estimulação), a dor neuropática pode resultar de lesões localizadas em qualquer nível do sistema sensitivo, desde as fibras nervosas finas até o córtex sensitivo. Essa categoria ampla inclui alguns dos sofrimentos humanos mais agonizantes. Este capítulo revisa o processamento neurológico normal da dor, os mecanismos responsáveis pela dor neurogênica, suas manifestações clínicas e a grande variedade de tratamentos farmacológicos, com ênfase especial na polineuropatia dolorosa.
A dor neuropática é uma reação inadequada, que resulta de alguma lesão do sistema nervoso que cause dor na ausência de estimulação nociceptiva, ou uma reação inadequada à estimulação nociceptiva. Dor nociceptiva e dor neuropática não são sinônimos de dor aguda e dor crônica. Por exemplo, a artrite reumatoide causa dor crônica, que é nociceptiva. Uma hérnia de disco pode causar dor radicular aguda, que é neuropática.
A dor neuropática é definida como dor resultante de disfunção não inflamatória do sistema nervoso periférico ou do SNC, sem estimulação nociceptiva ou traumatismo das estruturas periféricas. Esse tipo de dor precisa ser diferenciado da dor nociceptiva primária, que ocorre quando um processo lesiona os tecidos e estimula seus receptores de dor. A dor de desaferenciação ocorre depois da interrupção das vias nociceptivas aferentes primárias em qualquer ponto, embora este termo seja utilizado mais comumente com referência às síndromes que se desenvolvem depois de traumatismo do SNC.
Em geral, o termo dor neuropática refere-se à dor associada a alguma lesão do sistema nervoso periférico. Esse termo geral é utilizado comumente como sinônimo de polineuropatia dolorosa, embora também inclua síndromes dolorosas que se desenvolvem depois de lesões focais dos nervos periféricos. O termo neuralgia refere-se mais especificamente à dor que se distribui no território de um único nervo periférico.
Mecanismos periféricos
A transecção de um nervo periférico causa encurtamento retrógrado dos axônios mielinizados e não mielinizados e diminui as velocidades de condução. A ramificação axonal a partir do coto proximal do nervo cortado é uma reação normal a esse tipo de lesão e estes “brotos” crescem na direção do coto distal do nervo na tentativa de restabelecer a continuidade do axônio. Dentro de 1 a 2 dias, formam-se vários “brotos” não mielinizados, que crescem a partir dos axônios transeccionados. Quando essas germinações não conseguem entrar em um tubo de células de Schwann do segmento distal do nervo, elas se enrolam de forma a constituir uma massa contendo tecido fibroso, vasos sanguíneos, grumos de axônios não mielinizados e células de Schwann – estas formações são conhecidas como neuromas.
A secção de um tronco neural por inteiro com impedimento da regeneração (p. ex., amputação) forma um neuroma neural terminal, enquanto a secção completa com regeneração parcial (p. ex., reparo cirúrgico de um nervo) pode formar um neuroma em continuidade no local da anastomose.
O traumatismo de um segmento longitudinal do nervo, mesmo sem transecção (p. ex., lesão por estiramento), pode danificar os fascículos axonais pequenos ou axônios separados em vários níveis, formando microneuromas disseminados. Os neuromas também podem formar-se depois de uma lesão por esmagamento. Infelizmente, a formação do neuroma favorece os aferentes nociceptivos.
Os neuromas são uma fonte de potenciais elétricos espontâneos e evocados, conforme foi demonstrado pelo registro dos filamentos das raízes dorsais com o nervo lesionado em repouso. Essas descargas aumentam com a estimulação mecânica da área do neuroma e têm mais tendência a afetar as fibras sensitivas que as motoras ou autonômicas. As descargas crônicas em especial parecem originar-se basicamente das fibras C.
Neuromarca-passos ectópicos retêm limiares próximos para disparos repetitivos e, em muitos casos, geram pós-descargas repetitivas depois de uma única despolarização. Essa atividade pode ser atribuída à densidade alta dos canais de sódio, que originalmente se destinavam ao axônio distal transeccionado e que se acumulam no neuroma do coto, aumentando a entrada de sódio e reduzindo cronicamente o potencial da membrana no sentido do limiar de despolarização.
O contato direto entre os “brotos” axonais desorganizados dentro do neuroma também pode fazer com que a corrente passe lateralmente de um axônio para outro – um curto-circuito conhecido como transmissão efática. Pós-descargas repetitivas e outra atividade sustentada também podem resultar da transmissão cíclica da corrente para frente e para trás, formando uma alça entre as duas efápses (i. e., propagação circular, como se observa em algumas arritmias cardíacas).
A regeneração axonal anômala e a formação de efápses também podem ocorrer nos nervos lesionados cronicamente por desmielinização ou degeneração axonal, mesmo que não tenha ocorrido traumatismo externo. As descargas espontâneas podem ser induzidas não apenas por estímulos mecânicos, mas também por calor, frio, isquemia, irritação química e estimulação metabólica. A estimulação mecânica pode desencadear uma série de descargas e pós-descargas, enquanto o aquecimento e o resfriamento modulam as frequências e os padrões das descargas. Peptídios e outras substâncias neuroativas, especialmente agonistas alfaadrenérgicos, aumentam a atividade dos neuromas produzidos experimentalmente.
A atividade do neuromarca-passo ectópico foi registrada nos pacientes com síndrome do membro fantasma e pode explicar a hipersensibilidade ao calor e ao frio desta síndrome. Alguns dos componentes principais da neuropatia dolorosa e da neuralgia, inclusive disestesias espontâneas na forma de sensações de choque, ardência e dor e também hiperestesia, também poderiam estar relacionados com as descargas ectópicas.
A sensibilidade à estimulação mecânica na neuralgia ou nas mononeuropatias compressivas, que podem provocar dor persistente por mais tempo que o estímulo desencadeante, pode resultar das descargas e pós-descargas repetitivas provocadas pela compressão do neuroma.
Mecanismos centrais
Embora os mecanismos periféricos descritos antes desempenhem um papel significativo na dor neuropática, os mecanismos centrais também são importantes e podem predominar nas lesões crônicas dos nervos periféricos. O fracasso das medidas planejadas para interromper a estimulação periférica originada da região dolorosa de forma a aliviar completamente a dor da síndrome do membro fantasma – inclusive bloqueio farmacológico do nervo lesionado proximal à área da lesão, rizotomia dorsal e até mesmo bloqueio espinal e outros bloqueios do SNC, ilustra a influência agravante dos mecanismos centrais.
Depois da lesão de um nervo periférico, o redirecionamento anômalo dos estímulos dentro do cérebro e da medula espinal pode resultar na derivação dos estímulos originados das vias não nociceptivas para as vias nociceptivas. Isso foi demonstrado experimentalmente nos estudos de mapeamento da medula e do cérebro, que foram realizados antes e depois da transecção de um único nervo periférico do membro. Inicialmente, as vias de dor central que inervam a área desenervada entram em “silêncio”, mas a atividade elétrica retorna gradativamente depois de alguns dias. Parte dessa atividade pode ser induzida pela estimulação não nociceptiva das áreas inervadas por um nervo lesionado, embora esteja distante dos dermátomos por ele inervados, sugerindo a dispersão dos estímulos nociceptivos das vias normais para as vias nociceptivas, que antes eram inervadas pelo nervo lesionado.
Esse fenômeno conhecido como reorganização somatotópica poderia ser causado pelas ramificações axonais limitadas a distâncias curtas dentro da medula espinal e pela formação de sinapses novas, que são estimuladas quando a estimulação sensitiva primária é interrompida.
Outra explicação seria que a perda dos estímulos aferentes primários para uma via espinal central depois da lesão de um nervo periférico poderia ativar sinapses que, até então, estavam inativas. Essas sinapses inervadas pelos axônios espinais adjacentes encarregados da sensibilidade de outras regiões permitiriam a estimulação sub-reptícia da via desenervada e produziriam sensações “fantasmas”, inclusive dor.
As descargas das fibras aferentes podem provocar morte celular dos neurônios do corno dorsal, onde se concentram os interneurônios inibitórios, provavelmente por um mecanismo excitotóxico. Isso pode intensificar a transmissão da dor.
Os aferentes das fibras C liberam glutamato e formam sinapses com os neurônios de segunda ordem existentes no corno dorsal, de forma a produzir efeitos excitatórios nas sinapses de glutamato dos receptores de AMPA, resultando na despolarização da membrana.
Essa despolarização libera a inibição do receptor de NMDA pelo íon magnésio e há um afluxo de cálcio. Os neurônios de segunda ordem são despolarizados gradativamente e as respostas são amplificadas, alterando a reação dos neurônios à estimulação subsequente.
Dois processos diferentes ocorrem no corno dorsal e são conhecidos como “finalização” e “sensibilização central”.
A finalização resulta das despolarizações repetitivas das fibras C em frequências baixas, resultando no aumento progressivo da amplitude da resposta do neurônio do corno dorsal apenas durante a série de estímulos repetitivos.
A sensibilização central consiste em uma sensibilidade anormal com dispersão da hipersensibilidade para as áreas não lesionadas e dor resultante da estimulação dos mecanorreceptores Aβ de limiar baixo. A sensibilização central ocorre depois de um estímulo breve em frequência alta e a resposta exagerada aos estímulos subsequentes pode ser prolongada, mesmo que o estímulo de alta frequência tenha cessado.
Esses dois fenômenos podem ser bloqueados pelos antagonistas do receptor de NMDA. A sensibilização central pode ser causada pela finalização. Isso é um resultado do afluxo de cálcio pelo receptor de NMDA depois da despolarização da membrana do corno dorsal. O cálcio intracelular ativa algumas quinases, entre as quais a proteinoquinase C (PKC) provavelmente é importante. A PKC potencializa o receptor de NMDA, resultando na ligação subsequente do glutamato deste receptor e na formação de uma corrente interna. Embora a finalização possa causar sensibilização central, ela não depende deste último processo para que possa ocorrer.
Observações semelhantes foram efetuadas há muitos anos por Denny-Brown, que descreveu a região de um dermátomo hipersensível e ampliada nos primatas depois da lesão das raízes dos nervos circundantes distais ao GRD, em comparação com a transeção proximal ao GRD. Isso sugeria plasticidade dos neurônios do corno dorsal, que seria secundária aos estímulos originados do GRD.
O mapeamento das vias do SNC durante a estimulação seletiva dos campos cutâneos demonstra estímulos sinápticos de grande alcance, que atingem estruturas muito além de seus limites funcionais normais dentro da medula espinal. Fenômenos semelhantes também foram demonstrados nos níveis mais proximais do sistema nervoso, inclusive núcleos talâmicos. Esses fenômenos poderiam explicar a síndrome do membro fantasma, na qual um paciente tem a sensação de que o membro amputado ainda faz parte do seu corpo. Os mesmos fenômenos podem desempenhar um papel significativo em algumas das manifestações clínicas da dor neuropática, inclusive a percepção de um tipo de estímulo como se fosse outro (i. e., alestesia), quando o toque é percebido como calor, ou quando um estímulo não nociceptivo é percebido como dor (i. e., alodinia).
3. Diferencie a dor irradiada e dor referida.
Dor Referida: A dor sentida numa área do corpo nem sempre representa exatamente o local do problema pois a dor pode ser referida de outra área do corpo. Por exemplo, a dor provocada por um infarto do miocárdio pode parecer originária do braço, visto que as informações sensoriais do coração e do braço convergem nas mesmas células nervosas da medula espinhal.
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/multimedia/figure/o-que-%C3%A9-a-dor-referida
Tipos comuns de dor nas costas, incluindo local, irradiada e dor referida.
A dor local ocorre em uma região específica da região lombar. É o tipo mais comum de dor nas costas. A causa é geralmente uma pequena lesão discal, artrite na articulação e distensão e entorse muscular. A dor pode ser constante ou latejante ou, algumas vezes, intermitente e aguda. A dor repentina pode ser sentida quando uma lesão for a causa. A dor local pode ser agravada ou aliviada pelas mudanças de posição. A região lombar pode ficar sensível ao toque. Pode ocorrer espasmo muscular.
Dor irradiada é dor que sai da região lombar e desce pela perna. A dor pode ser surda ou pode ser aguda e intensa. Ela normalmente envolve apenas a parte lateral ou posterior da perna e pode descer até o pé ou apenas até o joelho. A dor irradiada geralmente indica a compressão de uma raiz nervosa causada por distúrbios, como uma hérnia de disco, ciática, osteoartrite ou estenose da coluna vertebral. Tossir, espirrar, se esforçar ou curvar enquanto as pernas estão retas pode desencadear a dor. Havendo pressão na raiz nervosa, a dor pode ser acompanhada por fraqueza muscular na perna, sensação de formigamento ou, até mesmo, perda de sensibilidade. Raramente, as pessoas perdem o controle da bexiga (incontinência urinária) ou o controle do intestino (incontinência fecal).
Dor referida é sentida em um local diferente da causa real da dor. Por exemplo, algumas pessoas, quando têm ataque cardíaco, sentem dor no braço esquerdo. A dor referida de órgãos internos para a região lombar tende a ser mais profunda e latejante, e é difícil de apontar o local exato. Geralmente, não há piora com o movimento, diferente da dor por doença musculoesquelética.
4. Quais os tratamentos farmacológicos e não farmacológicos para dor de origem neuropática?
A gabapentina e seu congênere, pregabalina, são fármacos antiepilépticos (ver Capítulo 46) que também são eficazes no tratamento da dor neuropática. Reduzem a expressão das subunidades α2δ dos canais de cálcio ativados por voltagem na membrana nervosa (ver Capítulo 4) e a liberação de neurotransmissores. As subunidades α2δ são suprarreguladas nos neurônios sensoriais danificados, o que pode explicar a razão de esses agentes serem mais eficazes em certa variedade de estados de dor associados a lesão neurológica do que em outras formas de dor.
A gabapentina e a pregabalina são utilizadas atualmente mais para alívio da dor neuropática do que como agentes antiepilépticos.
A dor neuropática crônica é menos responsiva aos opioides e pode ser tratada com antidepressivos tricíclicos (p. ex., amitriptilina) ou anticonvulsivantes (p. ex., carbamazepina, gabapentina).
A gabapentina, embora desenhada como um simples análogo de GABA, que seria suficientemente lipossolúvel para penetrar a barreira hematencefálica, deve seu efeito antiepiléptico principalmente à ação sobre os canais de cálcio do tipo P/Q. Ao ligar-se a uma subunidade em particular do canal (α2δ1), a gabapentina e a pregalabina (um análogo relacionado) reduzem o tráfego para a membrana plasmática dos canais de cálcio que contêm esse subunidade, diminuindo, assim, a entrada de cálcio nos terminais nervosos e reduzindo a liberação de diferentes neurotransmissores e moduladores.
Gabapentina e pregabalina são eficazes nas crises epiléticas parciais. Os efeitos adversos (sonolência, cefaleias, fadiga, vertigens e ganho de peso) são menos intensos do que com muitos antiepilépticos. A absorção da gabapentina no intestino depende do sistema transportador de aminoácidos e mostra propriedade de saturabilidade, que significa que elevar a dose não aumenta proporcionalmente a quantidade absorvida. Sua meia-vida plasmática é de cerca de 6 horas, exigindo posologia de 2 a 3 vezes/dia. Pregabalina é mais rapidamente absorvida no intestino e tem meia-vida mais longa (6 a 12 horas). Como esses fármacos são excretados inalterados na urina, eles devem ser usados com cuidado em pacientes cuja função renal esteja alterada. Ambos os fármacos são também usados como analgésicos para tratar a dor neuropática (ver Capítulo 43) e como ansiolíticos no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada (ver Capítulo 45). Recentemente, tornaram-se fármacos de uso abusivo especialmente populares entre utilizadores de heroína e podem contribuir para as mortes por superdosagem de opioides.
REFERÊNCIA:
Ritter JM. Rang & Dale Farmacologia. (9th edição). [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN; 2020.
Em alguns casos, é possível reverter a disfuņão de base (p. ex., pode-se aliviar a compressão da neuropa- tia compressiva pela correção postural, ou pode-se corrigir um fator tóxico ou metabólico deletério como a hipergli- cemia). Se não for possível realizar uma intervenção direta, então o médico pode dirigir seus esforços para a causa ou o fator gerador dos estímulos nociceptivos utilizando terapias não-farmacológicas (i. e., gelo para diminuir a inflamação) ou fármacos (p. ex., normalização do transporte anormal do sódio por meio dos bloqueadores do canal de sódio).
1. Terapias não-farmacológicas
Os pacientes com dor neuropática freqüentemente necessitam da atenuação significativa de seu sintoma, mas o tratamento clínico tradicional (inclusive ablação neural, bloqueios nervosos e fármacos) obtém sucesso apenas par- cial neste sentido. Os médicos entendem que a eficácia des- sas intervenções é limitada em alguns casos e também estão cientes dos enormes custos diretos e indiretos da dor e do sofrimento, dos gastos com assistência à saúde e à qualidade de vida, sem mencionar os custos sociais em perda de pro- dutividade e incapacidade ocupacional.
Na tentativa de abordar as sequelas emocionais, sociais e ocupacionais associadas à dor crônica, alguns autores desenvolveram programas interdisciplinares e multidisciplinares para tratamento da dor (ver Cap. 6). Foram desenvolvidos programas interdisciplinares para ajudar os pacientes a aprenderem a lidar mais eficazmente com a dor e facilitar a manutenção do mais alto nível funcional possível a fim de atenuar a dor e o sofrimento. Esses programas interdisciplinares de tratamento da dor desenvolveram e introduziram terapias não-farmacológicas que, na verdade, produziram impacto notável nos aspectos biomédicos.
Mais do que simplesmente uma sensação física, a dor do paciente também inclui as reações emocionais, cognitivas e comportamentais a esta sensação. Os pacientes com dor neuropática crônica podem ter incapacidade mais grave do que suas limitações físicas poderiam sugerir. Vários estudos mostraram que não existe necessariamente uma cor- respondência direta entre a quantidade de tecidos lesiona- dos e a experiência da dor pelo paciente. A dor pode ser agravada por fatores psicossociais como estado emocional, experiências pregressas, ganho secundário e expectativas. A dor neuropática crônica não-tratada pode gerar sofrimento pessoal desnecessário aos pacientes; incapacidade maior do que seria esperada; problemas emocionais associados, inclu- sive risco aumentado de suicídio; uso excessivo ou indevido de fármacos psicoativos; utilização mais freqüente dos ser- viços de saúde; complicações iatrogênicas secundárias aos procedimentos, às intervenções e às cirurgias inadequadas; e aumento dos custos sociais e econômicos. A dor neuropá- tica complexa e refratária ao tratamento certamente requer uma abordagem interdisciplinar que leve em consideração os fatores biológicos e também psicossociais e que enfatize a recuperação funcional em todos os aspectos da vida.
Alguns Exemplos:
Psicoterapia;
Fisioterapia;
Terapia Ocupacional.
Tratamento farmacológico
Hoje, a melhor abordagem clínica do tratamento farma- cológico incorpora observação empírica e determinação dos mecanismos potenciais da lesão neuropática (“alvos”), segui- das da utilização dos melhores conhecimentos de farmaco- logia disponíveis para se estabelecer a correspondência entre esses mecanismos patológicos potenciais e os mecanismos de ação dos fármacos escolhidos. Embora a monoterapia seja a melhor abordagem, na prática geralmente se recorre à poli- farmácia racional. A polifarmácia racional requer considera- ção detalhada dos mecanismos básicos da dor e uma combi- nação adequada de fármacos que atuam em diferentes locais do neuroeixo para interferir e nos mecanismos detectados e modulá-los. Duas classes principais de fármacos devem ser consideradas: agentes profiláticos (utilizados regularmente) para controlar a dor e outros sintomas; e fármacos supres- sores (usados quando necessários) para aliviar os episódios de agravamento da dor ou outros sintomas. Em geral, os fármacos profiláticos são selecionados com base na apresen- tação clínica do paciente. Por exemplo, se o paciente esti- ver profundamente deprimido ou ansioso e tiver insônia, o médico pode optar por um antidepressivo tricíclico com pro- priedades analgésicas, sedativas e ansiolíticas significativas.
Antidepressivos
A. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS
Os fármacos classificados no grupo dos antidepres- sivos tradicionais podem ser utilizados no tratamento da dor neuropática porque também atuam como analgésicos. Entretanto, é importante salientar que existem poucas expe- riências randomizadas e controladas que tenham avaliado a eficácia desses fármacos no alívio da dor neuropática ou na redução dos sintomas específicos desta síndrome. O Quadro 10.5 relaciona os fármacos que produziram efeitos benéficos em experiências clínicas que avaliaram sintomas específicos da dor neuropática, enquanto o Quadro 10.6 descreve as posologias de alguns desses fármacos.
Os antidepressivos tricíclicos são opções aceitas para os distúrbios neuropáticos e uma metanálise dos estudos clí- nicos randomizados sugeriu que eles são eficazes no trata- mento da dor neuropática. Um desses estudos mostrou que 30 de 100 pacientes com dor neuropática tratados com antidepressivos conseguiram alívio de pelo menos 50%.
Os efeitos anti-hiperalgésicos dos antidepressivos tri- cíclicos podem estar relacionados com a ativação das vias inibitórias descendentes noradrenérgicas e com o bloqueio parcial dos canais de sódio, mecanismos que não dependem dos seus efeitos antidepressivos. Além disso, o efeito de blo- queio do canal de sódio pode ser o mecanismo mais eficaz dessa classe farmacológica (que tecnicamente inclui a carba- mazepina). Quando a dor é independente de estímulos, os mecanismos centrais podem ser razoavelmente controlados, porque esses mecanismos causam sensibilização das fibras aferentes somatosensitivas. Os antidepressivos tricíclicos que causam inibição equilibrada da recaptação da seroto- nina e da norepinefrina (p. ex., imipramina, amitriptilina) podem ser mais eficazes na polineuropatia dolorosa do que os fármacos que têm seletividade relativa para a recaptação da norepinefrina neurotransmissor (p. ex., desipramina).
O médico responsável deve dispor de um repertório de vários fármacos tricíclicos/tetracíclicos, porque deter- minados agentes produzem efeitos colaterais específicos associados e, em alguns casos, podem ser utilizados a favor do paciente. Por exemplo, um paciente com dor moderada, depressão, sobrepeso e hipersonolência com lentidão psico- motora pode utilizar um antidepressivo tricíclico com mais seletividade noradrenérgica (p. ex., desipramina), que pode ter ação ativadora e causar alguma anorexia, em vez de usar um agente sedativo associado ao aumento de peso.
B. INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA
A eficácia dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina na dor neuropática não é convincente. Alguns antidepressivos mais modernos como a venlafaxina e a mir- tazapina produzem alguns efeitos promissores na prática clínica e têm a vantagem de gerar um perfil de efeitos cola- terais e tóxicos diferentes e mais benignos.
Anticonvulsivantes
Os agentes anticonvulsivantes estão entre os fármacos mais bem estudados na dor neuropática e há evidências substanciais em favor da sua eficácia, tendo como base meta- nálises e experiências clínicas randomizadas. Muitos desses anticonvulsivantes mais modernos bloqueiam os canais de sódio e de cálcio e diminuem a excitabilidade neuronial.
A. GABAPENTINA
Na verdade, a gabapentina, amplamente utilizada no tratamento da dor neuropática, chamou a atenção da comunidade científica quando foi publicado um relato informal sugerindo sua eficácia no tratamento da SCDR. O mecanismo de ação da gabapentina (e da pregabalina, recém-lançada) foi atribuído inicialmente à ativação dos sis- temas GABA endógenos que atuam na modulação da dor (embora não seja um agonista GABA). Evidências recentes sugerem que esse pode não ser o mecanismo principal de ação e a teoria moderna enfatiza os “sinaptossomos” da pré- sinapse. Além disso, a gabapentina pode produzir algum efeito como supressora dos aminoácidos excitatórios como o glutamato. Em várias experiências clínicas randomizadas de grande porte, a gabapentina e a pregabalina tiveram efi- cácia significativa comprovada na neuralgia pós-herpética e na neuropatia periférica diabética.
B. ESTABILIZADORES DA MEMBRANA
A fenitoína e os agentes antiepilépticos estabilizadores da membrana (bloqueadores do canal de sódio) podem ter alguma utilidade na dor neuropática, principalmente nos casos em que a atividade ectópica pode contribuir para a geração de dor. A carbamazepina é um estabilizador da membrana e desempe- nha um papel tradicional e talvez clinicamente importante no tratamento da dor neuropática, especialmente da neuralgia do trigêmeo. A oxicarbazepina pode ser tão eficaz quanto a carba- mazepina e causa menos efeitos colaterais, de acordo com os resultados de uma experiência open-label (sem autorização ofi- cial) com pacientes portadores de neuropatia diabética dolo- rosa, mas isso não foi confirmado no estudo-piloto.
C. OUTROS ANTICONVULSIVANTES
Alguns outros anticonvulsivantes, como o levetiracetam, o topiramato, a lamotrigina e a zonisamida, contam com evidências razoavelmente convincentes que sugerem que eles podem ser úteis no tratamento da dor neuropática, razão pela qual estão sendo realizados vários estudos-piloto de grande porte hoje.
Agentes antiinflamatórios
Os AINE, os corticostireóides e os varredores de radicais livres são utilizados esporadicamente em alguns distúrbios dolorosos neuropáticos, sobretudo quando há inflamação significativa associada. Na dor neuropática, pode haver inte- rações entre os sistemas imunológico e neurológico, o que justifica a utilização de fármacos imunossupressores. Estudos realizados em animais com ciclosporina, talidomida e meto- trexato reforçam essa hipótese. Os AINE inibem a ciclooxi- genase (COX) e impedem a síntese das prostaglandinas, que induzem inflamação e talvez hiperalgesia periférica. Além da ação antiinflamatória periférica desses fármacos, outro meca- nismo sugerido é o bloqueio do processamento nociceptivo espinhal. Entretanto, em várias experiências clínicas com dor neuropática, os AINE produziram resultados variáveis. O cetoprofeno produz efeitos detectáveis na síntese das bradici- ninas, além do efeito clássico de bloqueio das prostaglandinas. Nenhum estudo clínico randomizado avaliou os inibidores da COX-2. Os corticosteróides podem ser particularmente úteis nas fases iniciais/agudas de alguns tipos de dor neuropática (como as radiculopatias), nas quais há inflamação significa- tiva. Os corticosteróides podem ser indicados por períodos curtos, mas os tratamentos mais prolongados têm relação custo-benefício questionável e várias contra-indicações.
Os varredores de radicais livres (i. e., dimetilsulfóxido [DMSO] e vitamina C; ver adiante) podem reduzir a concentração das espécies reativas do oxigênio, que atuam comprovadamente como mediadores dos processos inflama- tórios e podem estar envolvidos especificamente na inflama- ção neurogênica.
Opióides
Os opióides podem ser úteis, sobretudo nas fases agudas, mas sua utilização no tratamento da dor crônica ainda é relativamente controversa. Vários estudos com opióides uti- lizados na dor neuropática sugerem sua eficácia. Em geral, a dor neuropática parece ser menos sensível aos opióides do que a dor nociceptiva; por esta razão, as doses administra- das aos pacientes que têm neuropática devem ser maiores, aumentando o risco de ocorrerem efeitos colaterais. Para evitar essas complicações, deve-se empregar uma estratégia que utilize os agentes não-opióides na profilaxia e reserve os opióides para controlar as crises de exacerbação. O tra- tamento com opióides pode estar associado à melhora fun- cional e, por esta razão, comumente se utiliza um protocolo de opióide agudo ou subagudo para permitir que o paciente comece a progredir com as terapias não-farmacológicas.
Antagonistas dos receptores NMDA
A. CETAMINA E AMANTADINA
Os antagonistas de receptores NMDA (p. ex., MK-801, cetamina, amantadina) foram estudados no tratamento da abstinência, da sensibilização e da tolerância aos opióides, mas se mostraram muito tóxicos nas doses eficazes utiliza- das regularmente. A cetamina foi avaliada em um estudo de pequeno porte com pacientes portadores de câncer e dor neuropática refratária à morfina e ainda há interesse significa- tivo pelos protocolos hospitalares de doses altas de cetamina para tratar a SCDR, assim como pelos protocolos ambula- toriais ou hospitalares que empregam doses menores. Hoje, também estão sendo avaliados vários sistemas de liberação desse fármaco. A amantadina foi avaliada em pacientes com câncer e dor neuropática, assim como em pacientes com dor neuropática crônica, com alguns resultados favoráveis.
B. DEXTROMETORFANO
O dextrometorfano puro na formulação de comprimidos pode ser mais bem tolerado do que alguns outros antagonistas de receptores NMDA e pode ampliar o efeito dos outros fár- macos, principalmente dos opióides. Um estudo realizado com ratos mostrou que a administração oral simultânea do sulfato de morfina e do dextrometorfano pode evitar o desenvolvi- mento de tolerância aos efeitos antinociceptivos do sulfato de morfina. Entretanto, o dextrometorfano é ineficaz em doses baixas, é tóxico nas doses suficientes para mostrar eficácia e, por enquanto, foi ineficaz quando utilizado isoladamente.
Outros fármacos
A clonidina foi avaliada em suas diversas preparações: por via oral na neuralgia pós-herpética, por via subaracnóide em um modelo de dor neuropática em ratos e por adesivo transdérmico na polineuropatia diabética. Infelizmente, um estudo clínico randomizado de grande porte com distúrbios dolorosos neuropáticos não mostrou qualquer eficácia glo- bal. De acordo com uma revisão sistemática recém-publi- cada, os dados relativos à clonidina não são convincentes.
A mexiletina é um agente antiarrítmico oral com pro- priedades anestésicas locais e tem sido utilizado em algumas clínicas para tratar a dor neuropática, mas os resultados de um estudo randomizado com neuropatia associada ao HIV indicaram ineficácia. Além disso, a mexiletina causa alguns efeitos colaterais problemáticos.
A lidocaína sistêmica administrada por via venosa ou subcutânea pode ser eficaz na dor neuropática, mas propor- cionou apenas melhora temporária na maioria dos estudos.
Tratamentos tópicos
Os tratamentos tópicos para dor neuropática diferem das preparações transdérmicas (p. ex., adesivo de fentanila, cloni- dina transdérmica). Os sistemas tópicos liberam o fármaco localmente na pele e nos tecidos moles afetados. Entre os fár- macos tópicos utilizados no tratamento da dor neuropática estão o adesivo de lidocaína a 5%, o creme com mistura euté- tica de anestésicos locais (EMLA), a capsaicina e o DMSO.
A lidocaína transdérmica é administrada em forma de um adesivo homogêneo, que contém lidocaína a 5%. Essa preparação foi aprovada pelo FDA como tratamento para neuralgia pós-herpética e seu uso em outros distúrbios dolo- rosos neuropáticos está aumentando. O adesivo de lidocaína pode ser útil em alguns distúrbios dolorosos neuropáticos focais ou bem localizados, inclusive na alodinia.
A capsaicina é um composto vanilóide presente na pimenta malagueta que causa ativação e depleção das terminações ner- vosas nociceptivas porque permite a entrada livre dos cátions. No local da aplicação, a capsaicina geralmente provoca sen- sação de queimação. Em um estudo clínico randomizado, a capsaicina tópica foi eficaz no tratamento de neuralgia pós- herpética. Contudo, em nossa experiência, a capsaicina tópica mostrou-se intoleravelmente dolorosa nas primeiras aplica- ções, sujava as roupas e dificultava a adesão ao tratamento.
O DMSO é um varredor de radicais livres. Um estudo de excelente qualidade analisado em uma revisão sistemática, o DMSO (creme a 50%, aplicado por 2 meses) não produziu redução significativa da dor em pacientes com SCDR, em comparação com um placebo.
ROENN, Jaime H V.; PAICE, Judith A.; PREODOR, Michael E. CURRENT: Dor. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2010. E-book. ISBN 9788580550177. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580550177/.
Princípios gerais
Os pacientes com dor neuropática podem ter respostas mais variadas ao tratamento que aqueles com outras doenças e pode ser difícil prever a evolução deste tipo de dor, que tem exacerbações inesperadas e remissões espontâneas. O objetivo do tratamento é permitir que o paciente recupere suas funções normais com a redução da dor a níveis toleráveis. O paciente precisa entender e aceitar essa meta desde o início e não esperar erradicação completa da dor. Além disso, ele deve entender que a parestesia, a fraqueza e os outros sintomas neuropáticos podem não melhorar com o uso desses fármacos. Em muitos casos, esses pacientes melhoram com fisioterapia, prática regular de exercícios e atividade construtiva. Os sintomas refratários podem levar ao tratamento por uma equipe multiprofissional de uma clínica de dor respeitável. Essa equipe não deve incluir apenas um médico especialista, mas também um psiquiatra ou psicólogo treinado em tratamento da dor, que possa ajudar a analisar o componente afetivo dos sintomas e as questões como ganho secundário, assim como condicionamento e psicoterapia. Alguns pacientes também podem ser beneficiados pelas medidas coadjuvantes (i. e., complementares) como biofeedback e técnicas de meditação.
Tratamento farmacológico
Agentes antinociceptivos
Ao contrário da dor nociceptiva primária, a dor neuropática comumente é resistente ao tratamento analgésico convencional, inclusive com anti-inflamatórios não esteroides como ibuprofeno e ácido acetilsalicílico. Em geral, o paracetamol tem eficácia mínima. Os analgésicos opioides têm menos probabilidade de trazer alívio crônico da dor que em outros estados dolorosos, embora possam ser úteis como parte de um esquema multimodal recomendado aos casos refratários. Estudos randomizados duploscegos controlados por placebo de curta duração mostraram que esses fármacos foram benéficos aos pacientes com dor neuropática. Comumente, os médicos que prescrevem opioides para tratar dor neuropática devem estar treinados a utilizá-los por períodos longos e devem ficar atentos e monitorar os padrões de consumo e a resposta do paciente ao fármaco, de forma a evitar padrões de dependência química. Os pacientes que usam opioides podem ser beneficiados pelo referenciamento a uma clínica para monitoramento crônico adequado e, quando necessário, para avaliação dos problemas de tolerância, dependência e uso abusivo.
Cloridrato de tramadol
Ao contrário dos outros analgésicos, o cloridrato de tramadol mostrou-se eficaz para tratar neuropatias dolorosas em um estudo randomizado duplo-cego controlado por placebo [Nível 1].1 O tramadol é um inibidor fraco da recaptação de norepinefrina e serotonina e tem pouca afinidade pelos receptores opioides μ (i. e., cerca de um décimo da potência da codeína). Os efeitos benéficos nos casos de dor neuropática são atribuídos à modulação serotoninérgica da transmissão da dor no cérebro e na medula espinal. O fármaco é bem tolerado, mas pode causar constipação intestinal, cefaleia ou sedação. Em geral, o tratamento é iniciado com 50 mg/dia e a dose é aumentada gradativamente a cada semana, até 150 a 200 mg/dia ou uma dose máxima eficaz, mas os efeitos benéficos máximos podem não ser alcançados antes de 1 a 2 semanas depois de iniciar o tratamento ou alterar a dose.
Anticonvulsivantes
As propriedades antiexcitatórias dos fármacos antiepilépticos (FAE) tornam seu uso atraente para suprimir descargas neuronais espontâneas associadas à dor neuropática. Os primeiros estudos com fenitoína produziram resultados conflitantes, mas a carbamazepina foi eficaz em dois estudos controlados por placebo e em uma experiência comparativa (versus antidepressivos tricíclicos [ADT]) em doses de 300 a 1.000 mg/dia. Os efeitos adversos comuns da carbamazepina são sonolência, tontura e distúrbios da marcha e, raramente, leucopenia, hepatotoxicidade e secreção inadequada do hormônio antidiurético. A oxcarbazepina também pode ser eficaz, com menos efeitos colaterais.
A gabapentina e a pregabalina são FAE eficazes para suprimir dor neuropática e isto foi comprovado em estudos controlados por placebo com pacientes portadores de neuropatia diabética dolorosa, neuralgia pós-herpética e outras síndromes de dor neuropática [Nível 1]. Esses fármacos atuam como moduladores da subunidade alfa-2-delta do canal de cálcio que, de acordo com alguns estudos, fica hiper-regulada depois de uma lesão neural. Em geral, os efeitos colaterais são brandos, embora sedação comumente seja um efeito limitante na população idosa. Edema dos tornozelos e aumento do peso ocorrem em alguns pacientes. A dose inicial de pregabalina é de 150 mg/dia (fracionada em duas) e é aumentada gradativamente até alcançar a eficácia desejada ao longo de várias semanas; os aumentos lentos podem evitar sedação excessiva.
A lamotrigina – um bloqueador do canal de sódio dependente de voltagem – mostrou-se eficaz para tratar a dor da neuropatia associada ao HIV e da neuralgia do trigêmeo, mas não produziu efeitos benéficos em um estudo de grande porte com pacientes com dor neuropática [Nível 1]. Nos estudos que demonstraram sua eficácia, foram usadas doses de 50 a 400 mg/dia. O efeito colateral mais preocupante da lamotrigina é uma erupção semelhante à síndrome de Stevens-Johnson; para evitar isto, a dose deve ser titulada, geralmente começando com 25 mg/dia. A zonisamida (um bloqueador do canal de cálcio tipo T e facilitador da liberação de GABA), a tiagabina e o topiramato podem ser úteis ao tratamento da dor neuropática.
A lacosamida (dose de 400 mg/dia) – um fármaco que aumenta a inativação lenta dos canais de sódio regulados por voltagem – atenuou a dor da neuropatia diabética em estudos duplos-cegos randomizados controlados por placebo.
Antidepressivos tricíclicos
A amitriptilina foi um dos primeiros fármacos comprovadamente eficazes para tratar neuropatia dolorosa. Os ADT bloqueiam a recaptação de serotonina e norepinefrina e modulam a transmissão da dor no SNC. Além disso, eles inibem a função do canal de sódio e o alívio da dor que proporcionam não depende de qualquer efeito no humor. Vários estudos duplos-cegos controlados por placebo demonstraram a eficácia da amitriptilina [Nível 1]. Outros ADT como a desipramina e a nortriptilina também podem ser eficazes e, em alguns casos, funcionam quando a amitriptilina é eficaz [Nível 1]. Infelizmente, os ADT produzem efeitos anticolinérgicos, inclusive sedação, hipotensão ortostática e retenção urinária, que comumente limitam sua utilização nos pacientes diabéticos e idosos. A sedação que ocorre no início do tratamento pode melhorar depois de 1 ou 2 semanas. As doses iniciais típicas variam de 10 a 25 mg à hora de deitar e são aumentadas gradativamente a cada 2 semanas, até obter o efeito desejado ou alcançar a dose máxima tolerável (i. e., no máximo 150 mg/dia). Quando não se evidenciam efeitos benéficos depois de 4 a 6 semanas de tratamento com doses máximas toleráveis, deve-se experimentar outro fármaco.
Inibidores seletivos da recaptação de serotonina
Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) não foram estudados tão detalhadamente quanto os ADT como tratamento da dor neuropática. Entretanto, a paroxetina e o citalopram foram mais eficazes que um placebo, mas menos eficazes que os ADT para tratar dor neuropática, enquanto a fluoxetina foi ineficaz nos poucos estudos realizados até hoje.
Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e norepinefrina
Estudos duplos-cegos controlados por placebo demonstraram a eficácia da duloxetina como tratamento da dor neuropática diabética [Nível 1].7 A dose inicial habitual é de 20 a 30 mg/dia, que deve ser titulada até 60 mg/dia. Alguns pacientes apresentaram melhoras mais expressivas com a dose de 120 mg. Náuseas e tontura são os efeitos colaterais mais comuns. A venlafaxina é um inibidor da recaptação da serotonina e um inibidor fraco da recaptação da norepinefrina e, em um estudo randomizado, teve eficácia equivalente à da imipramina.
Outros fármacos
Teoricamente, a lidocaína intravenosa e seu conjugado oral mexiletina (150 a 1.200 mg) são muito promissores para suprimir excitação neuronal anômala, mas os resultados foram inconsistentes. O adesivo de lidocaína libera o fármaco tópico na área afetada e reduz as descargas espontâneas dos nervos cutâneos. Ele pode atenuar a dor região em áreas gravemente afetadas, como plantas dos pés. O creme de capsaicina (0,075%), que esgota a substância P dos nervos sensitivos cutâneos com a aplicação tópica crônica, também é eficaz. Entretanto, os pacientes acham essa preparação inconveniente, porque precisa ser aplicada 3 vezes/dia. A capsaicina é cáustica e irrita qualquer mucosa com a qual entre em contato (p. ex., ocular e oral depois da transferência acidental pelo toque da mão durante a aplicação). Na verdade, a capsaicina tópica agrava a dor neuropática durante a primeira ou segunda semana inicial de tratamento (i. e., fase de depleção inicial), antes de produzir alívio. O adesivo de capsaicina em concentração elevada (8%) proporciona alívio prolongado da dor com uma única aplicação a cada 12 h [Nível 1].
5. O que a lei trabalhista e seguridade social prevê em casos de afastamento por incapacidade temporária?
Auxílio por incapaxidade temporária
O que é?
Serviço para a pessoa vinculada à previdência social brasileira, que esteja temporariamente sem condições de trabalhar por motivo de doença e que tenha trabalhado em país que possui acordo internacional com o Brasil.
Quem pode utilizar o serviço?
Pessoa que esteja no Brasil e deseja utilizar tempo trabalhado em outro país e que seja:
vinculada à previdência social brasileira e de país acordante;
somada as contribuições do Brasil e do país acordante tenha 12 contribuições previdenciárias ou tenha alguma doença prevista na Portaria Interministerial MPAS/MS nº 2998/2001, que o isente desta carência.
considerada incapacitada para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos, conforme avaliação médico-pericial.
Aposentadoria por invalidez
É um benefício que pode ser pago ao segurado do INSS que comprove, por meio de perícia médica, estar incapaz para o trabalho de forma permanente.
Importante! Durante a perícia médica será avaliado o benefício devido, temporário (auxílio-doença) ou permanente (aposentadoria por invalidez).
https://www.gov.br/inss/pt-br/search?SearchableText=auxilio%20doen%C3%A7a
No primeiro momento, quando da constatação da incapacidade e afastamento do trabalho, este fato gera o benefício por incapacidade temporária (auxílio-doença), porém, a depender da doença ou dores na coluna que possui o segurado, pode, por conta do agravamento ou progressão, gerar a aposentadoria por invalidez.
Situação que influencia muito nesse caso é a própria relação da doença com o trabalho, uma vez que muitas dores na coluna são decorrentes de alterações na postura, lesões e acidentes. Veja algumas dores na coluna e lombar ocasionadas por doenças que podem gerar aposentadoria por invalidez, uma vez constatada a incapacidade total e permanente para o retorno ao trabalho:
Torcicolo (Cervicalgia): forte rigidez no pescoço e pressão sobre os ombros, causada por vícios posturais, o mal pode ser crônico (persistente) ou agudo (isolado);
Doenças nos discos intervertebrais (protusão discal ou discopatia degenerativa): rompimento fibroso ou distensão dos ligamentos, provocados pelo transporte de excesso de peso, por exemplo;
Hérnia de disco: a dor afeta do pescoço à área lombar e importa no deslocamento de parte de um dos discos intervertebrais, comprimindo nervos e causando dor;
Osteofitose: também conhecida como “bico de papagaio”, ocorre quando há o crescimento do osso entre as vértebras onde o disco intervertebral está desgastado e não funciona mais como amortecedor. Isso também causa contato entre os ossos;
Dor lombar baixa (lombalgia): uma espécie de pressão ou dor na região lombar, que pode ser aguda (episódio de travamento da coluna) ou crônica (se permanece por mais de 12 semanas);
Artrose na coluna: se trata do desgaste da cartilagem nas articulações da coluna, que pode gerar limitações na mobilidade e dor severa;
Escoliose: desvio lateral da coluna que pode atingir uma série variada de vértebras. É comum que traga comorbidades como patologias no joelho e outros distúrbios ortopédicos, sendo que há graus a serem averiguados na perícia médica.
Para ter direito à aposentadoria por incapacidade permanente (aposentadoria por invalidez) ou benefício por incapacidade temporária (auxílio-doença), é preciso comprovar com exames e laudos médicos durante a perícia médica realizada pelo INSS a presença da incapacidade.
Em relação as dores na coluna, muitos segurados conseguem conviver com elas e trabalhar, todavia, em razão das consequências físicas que as dores na coluna provocam muitas pessoas precisam se afastar definitivamente de suas atividades.
A incapacidade é investigada por perícia multidisciplinar a cargo do INSS, ocasião em que todos os fatores socioambientais de interação entre a doença, o segurado e seu meio de trabalho resultarão na avaliação sobre incapacidade. A equipe pericial poderá se deslocar ao hospital ou residência do doente, se ele não puder se locomover e fizer um pedido junto ao INSS.
Durante esta perícia é permitido que compareça o médico assistente da confiança do segurado. Ainda, neste momento deve o segurado apresentar toda a documentação médica que possui, a qual irá servir de base para constatação da data de início da incapacidade.
https://saberalei.com.br/dores-na-coluna-aposentadoria-invalidez/
6. Quais exames neurológicos e complementares são necessários para o quadro de Camila?