A lógica da solicitação de exames complementares na suspeita de TVP é iniciar com exames menos invasivos antes da realização de exames complementares invasivos ou de maior custo.
Os D-dímeros (metodologias Simpli-Red ou idealmente ELISA) são exames iniciais para rastreamento. São altamente sensíveis (> 95%) e pouco específicos (35-45%). Devem ser usados em situações de baixa probabilidade clínica; nestes casos, um D-dímero negativo exclui o diagnóstico de TVP. Os exames não devem ser solicitados nas situações especificadas pela Tabela 4.
Os valores de D-dímero aumentam com a idade. Assim, sugerimos o uso de pontos de corte adaptados para idade. O valor de corte do D-dímero individualizado para idade é: idade em anos × 10 µg/mL para pacientes com 50 anos de idade ou mais. Valores abaixo destes níveis descartam TVP em pacientes com baixa probabilidade clínica.
Os dímeros D são produtos específicos da degradação de coágulos de fibrina que derivam da ação de três enzimas – a trombina, gerada a partir da ativação da cascata de coagulação que converte o fibrinogênio em monômero de fibrina, o fator XIII ativado, que estabiliza a fibrina, polimerizando-a por meio de ligações covalentes entre seus monômeros, e a plasmina, uma enzima da fibrinólise, que degrada a fibrina polimerizada.
Reconhecidos como marcadores de trombose e fibrinólise, os dímeros D contribuem sobremaneira para excluir eventos trombóticos ou tromboembólicos quando se encontram em valores inferiores a 500 ng/mL (FEU). Contudo, sua determinação pode se mostrar elevada também em outras situações, caso de pós-operatório, gestação, puerpério, doença vascular periférica, câncer, insuficiência renal, sepse e em várias outras doenças inflamatórias, inclusive a Covid-19, assim como à medida que a idade avança, o que inspira cautela na interpretação de seus resultados.
O ultrassom (USG) Doppler venoso com compressão é o exame não invasivo de escolha para o diagnóstico de TVP. A sensibilidade para TVP proximal é de 94% e para TVP distal, de 63%. A ausência de compressibilidade tem sensibilidade e especificidade de 95%.
O exame realizado à beira do leito pelo médico emergencista treinado em 3 pontos pode ser utilizado, mas se recomenda repetir o exame em uma semana se permanece a suspeita de TVP.
Pacientes com TVP distal com USG inicial negativo podem ter expansão proximal nos próximos dias. Assim, em casos em que permanece a dúvida diagnóstica recomenda-se repetir o exame em 5 a 8 dias.
Outros exames não invasivos incluem pletismografia, angiotomografia venosa e angiorressonância magnética venosa, mas implicam maiores custos sem melhora na performance diagnóstica.
A venografia é considerada o padrão-ouro para o diagnóstico, mas deve ser limitada a casos selecionados.