Diverticulite:
A doença diverticular corresponde ao conjunto de manifestações associáveis à diverticulose, desde dor abdominal inespecífica até a diverticulite complicada.
A diverticulite não-complicada representa aquela com peridiverticulite ou flegmão, enquanto a diverticulite complicada é aquela que resulta em obstrução intestinal, formação de abscesso, peritonite ou fístula.
Ainda que cerca de 85% dos episódios de diverticulite ocorram em cólon esquerdo, mais precisamente em cólon sigmóide, divertículos e diverticulite podem ocorrer em todo o cólon. A diverticulite do cólon direito ocorre mais frequentemente em orientais asiáticos e usualmente segue curso mais benigno.
Frequentemente está associada a alteração do hábito intestinal. Outras queixas incluem náuseas, vômitos e distúrbios urinários. Em pacientes com cólon sigmóide redundante, a dor em baixo ventre ou mesmo em quadrante inferior direito pode ocorrer.
Ao exame físico, a dor à palpação do quadrante inferior esquerdo é característica, frequentemente com dor à descompressão brusca localizada. Massa palpável pode ser identificada em cerca de 20% dos casos. Febre baixa e leucocitose são comuns, porém podem não ocorrer em até 45% dos casos.
Diagnóstico: O diagnóstico da diverticulite aguda não raramente pode ser realizado com base na anamnese e no exame físico bem conduzidos. Recomenda-se que, quando a apresentação deixar poucas dúvidas, não sejam realizados exames adicionais. Por outro lado, o diagnóstico clínico isolado pode estar incorreto em até um terço dos casos.
Embora frequentemente realizado na prática clínica diária, e vantajoso economicamente, não há evidência suficiente para recomendar a realização do diagnóstico de diverticulite aguda com base exclusivamente na anamnese e no exame físico.
Exames: Existe alguma evidência acerca da similaridade entre a ultrassonografia (US) e a tomografia computadorizada (TC) do abdome para o diagnóstico da diverticulite aguda, com acurácia estimada para as duas de 84%, sendo que a primeira pode atingir até sensibilidade de 100% para o diagnóstico de complicações em mãos experientes. A US de abdome é exame prontamente disponível, seguro, não-invasivo e relativamente barato, tendo como principais desvantagens a significativa dependência do operador, bem como o prejuízo da avaliação abdominal na presença de distensão abdominal.
Quando há suspeita de diverticulite aguda não-complicada, a confirmação diagnóstica pode ser realizada com similar acurácia empregando-se o enema opaco ou a TC. No entanto, uma vez que a diverticulite aguda é eminentemente uma doença extracolônica, existe alguma evidência recente acerca de que a TC com injeção de contraste por via oral, endovenosa e retal é mais sensível do que o enema opaco para o diagnóstico da diverticulite aguda complicada ou não.
Não se obteve evidência para justificar o emprego da ressonância magnética (RM) para o diagnóstico da diverticulite aguda. Avaliação preliminar empregando a colonoscopia virtual obtida por RM resultou em acurácia similar à da TC.
Uma fístula é uma ligação anômala entre dois órgãos ou entre um órgão e a pele. A inflamação intestinal provocada pela diverticulite pode levar à formação de fístulas que conectam o intestino grosso a outros órgãos.
As fístulas costumam se formar quando um divertículo inflamado no intestino grosso entra em contato com outro órgão (por exemplo, a bexiga). A inflamação resultante, juntamente das bactérias do intestino grosso que penetram lentamente no órgão adjacente, formam uma fístula.
É comum as fístulas formarem-se entre o cólon sigmoide e a bexiga. Essas fístulas são mais frequentes em homens do que em mulheres, embora mulheres que já fizeram uma histerectomia (remoção cirúrgica do útero) tenham um risco maior porque o intestino grosso e a bexiga deixam de ficar separados pelo útero. No caso de se formarem fístulas entre o intestino grosso e a bexiga, o conteúdo intestinal, incluindo as bactérias habituais, penetra na bexiga e provoca infecções nas vias urinárias.
Menos frequentemente, podem surgir outras fístulas entre o intestino grosso e o intestino delgado, útero, vagina, parede abdominal ou até mesmo a coxa.
Um abscesso é uma bolsa de pus. Pode ocorrer a formação de um abcesso abdominal ao redor de um divertículo inflamado, o que causa piora da dor e febre.
A peritonite é uma infecção da cavidade abdominal, que pode surgir se houver ruptura da parede do divertículo.
Outras possíveis complicações da diverticulite incluem inflamação dos órgãos próximos (por exemplo, útero, bexiga ou outras regiões do trato digestivo). Ataques repetidos de diverticulite podem dar origem ao estreitamento (estenose) do cólon, visto que a formação de cicatrizes e o espessamento do músculo resultantes podem estreitar o interior do intestino grosso, impedindo a passagem de fezes sólidas.