Artigo 1

A HISTÓRIA DO CINEMA

(breve retrospecto)

A palavra cinema é originária do grego “kinema”, que significa movimento. Ao longo desses mais de 100 anos muita gente de talento deixou seu nome registrado no aprimoramento dessa admirável invenção — alguns por amor à Arte, outros por interesses econômicos.

A pré-história do cinema remonta a um tempo em que os orientais faziam "jogos de sombras", ou no século XVI com Leonardo da Vinci fa zendo experiências com uma câmara escura. Mas o primeiro avanço significativo para se conseguir construir um projetor de imagens, aconteceu na primeira metade do sécu1o XIX com a invenção da fotografia por Joseph N. Nièpce, em 1828. Alguns aparelhos posteriores à fotografia foram sintetizados no kinetoscópio, de uso individual, cuja patente foi requerida, em 1891, por Thomas A. Edison (1847-193l) — insigne inventor da 1âmpada elétrica e do fonógrafo.

Finalmente, na noite de 28 de dezembro de 1895 no Salão Indiano do Grand Café, 14, Boulevard dos Capucines (Paris/França), os irmãos Louis (1864-1948) e August (1862-1954) Lumière utilizaram sua invenção chamada cinematógrafo, para realizar aquela que é oficialmente conhecida como a primeira sessão de cinema. Equivocados, os irmos Lumière pensaram que o interesse da população pelo cinema seria efêmero, ignorando os futuros benefícios comerciais que poderiam obter. Talvez por isso August tenha participado apenas dos primeiros empreendimentos, dedicando-se mais às pesquisas médicas. Louis, ao contrário, pode ser chamado de o primeiro cineasta, por realizar documentários e expandir as técnicas cinematográficas, como é o caso do “travelling” (movimento da câmera fora do seu eixo).

Mais sagaz, Thomas Edison contra-atacou com o seu vitascope, porém teve que se render frente à superioridade do aparelho francês. Sem se dar por vencido, conseguiu granjear o monopólio das projeções de imagens, tendo sido apoiado pelo presidente dos EUA, MacKinley, cujo irmão era sócio de Edison. De 1897 a 1908 enfrentou cerca de 502 processos movidos pelos seus concorrentes. Lutou bravamente até 1917, quando então foi derrotado.

A excitação pelo cinema foi abalada em 1898 após a tragédia ocorrida no Bazar de la Charité, em Paris. Um incêndio, procedente do descuido de um projecionista, causou a morte de duzentas pessoas. A imprensa aproveitou o ensejo para difamar o cinema, pois consideravam-no um rival a se temer. Aos poucos, porém, os espectadores foram voltando às salas de exibição para ver as mesmices filmadas pelos “diretores” (imitadores de Louis Lumière) daquela época.

Desse período, dois cineastas pioneiros destacam-se: Georges Méliès (1861-1938), francês, unanimimente elogiado pelas façanhas técnicas, pelo talento e criatividade ao aplicar no cinema seus conhecimentos adquiridos no teatro. O sucesso do seu filme “Le Voyage dans la Lune” (1902), tornou-o célebre internacionalmente e somente não ficou rico com essa fita porque naquela época não respeitavam os direitos autorais. Tendo como preceito a independência artística, recusou-se a associar-se aos magnatas da indistria cinematográfica, de modo que em pouco tempo caiu no ostracismo, sendo obrigado a vender doces e cigarros para sobreviver. Em l933 foi internado no Retiro dos Artistas, onde morreu pobre e esquecido.

David W. Griffith (1875-1948), norte-americano, autodidata, antecedeu a todos no uso primoroso de avançados recursos técnicos. O desmedido sucesso alcançado com seu "Nascimento de uma Nação"/"Birth of a Nation" (1915), serviu de base para o surgimento de Hollywood. Sua proficiência quantitativa é inquestionável: de 1908 a 1931 dirigiu aproximadamente 500 filmes (a maioria curtas-metragens), cujos vigores estéticos talvez só percam para os trabalhos de seu coetâneo Sergei Eisenstein (1898-1948).

Nas décadas seguintes e principalmente após o advento do som (em 1927), novos cineastas, técnicos e atores ajudaram a tornar o cinema o grande sucesso que é até os dias atuais.

Escrito por Hildebrando Martins em 1995

e atualizado em 2003