PARTO NORMAL X PARTO CESARIANA: VANTAGENS E CONSEQUÊNCIAS PARA MÃE E PARA O BEBÊ

Data de postagem: Oct 28, 2016 6:5:28 PM

FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL BAHIA

LORENA RABELO SILVA

PARTO NORMAL X PARTO CESARIANA: VANTAGENS E CONSEQUÊNCIAS PARA MÃE E PARA O BEBÊ

EUNÁPOLIS, BA

2015

LORENA RABELO SILVA

PARTO NORMAL X PARTO CESARIANA: VANTAGENS E CONSEQUÊNCIAS PARA MÃE E PARA O BEBÊ

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia, como parte dos requisitos parciais para obtenção do título de Bacharel em enfermagem.

Orientador: Professor Diego da Rosa Leal.

EUNÁPOLIS, BA

2015

LORENA RABELO SILVA

PARTO NORMAL X PARTO CESARIANA: VANTAGENS E CONSEQUÊNCIAS PARA MÃE E PARA O BEBÊ

Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia com parte dos requisitos para a obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem.

Professor Diego da Rosa Leal (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

Professor

Professor

Professora Maria Cristina Marques, Coordenadora do curso de Enfermagem Eunápolis–BA

______________________________ DATA: ___/___/___

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que é o meu eterno protetor e autor da minha fé, aos meus pais e a minha irmã pelo amor incondicional, ao meu esposo pelo companheirismo e pelo amor a mim dedicado, e ao meu filho o grande amor da minha vida.

AGRADECIMENTO

Meu agradecimento especial à Deus, eterno protetor, senhor da minha vida, que me guiou nessa longa caminhada. Dedico minha VIDA e meu ânimo renovado a cada dia.

Aos meus pais, Denise e Carlos, fonte inesgotável de amor e doação, obrigada pelo ensinamento e educação que me tornaram a pessoa que sou hoje, dedico o que há de melhor em mim.

A Hélio, meu esposo, agradeço pelo companheirismo, por estar ao meu lado em todo tempo e por ter me dado o melhor presente que já recebi na vida, meu filho Hélio Neto, que é minha fonte de inspiração. Filho, mamãe te ama.

Aos amigos, pelas palavras de estímulo, em especial a Taty, Lívia e Bárbara, pelos inúmeros momentos de alegrias e por sempre me incentivar a não desistir.

Aos mestres, pelos ensinamentos eternizados em especial ao meu orientador, Diego da Rosa Leal por ajudar a concretizar esse sonho.

A todos vocês que me incentivaram a trilhar esse lindo caminho, a minha eterna e mais profunda gratidão.

RESUMO

De acordo com as evidências atuais, o índice de parto cesariana tem aumentado gradativamente. Nos casos de risco para o feto ou para a mãe a cesariana é a melhor opção, visto que esse método vem salvando muitas vidas, porém em outra situação longe dos riscos fetais ou maternos, o parto natural mostra-se a escolha mais apropriada a ser tomada. O propósito deste estudo será para apontar as vantagens do parto normal quando comparado ao parto cesáreo além de esclarecer os benefícios do parto normal, verificar o comprometimento na saúde de bebês nascidos por parto cesariana e apontar os principais motivos que levam a escolha do parto normal e cesáreo. Este projeto visa uma pesquisa que aprimore os conhecimentos de todas as mulheres que pretendem passar pela experiência da maternidade, despertando um olhar crítico nelas, possibilitando uma melhor compreensão dos malefícios dos dois tipos de partos, assim como os prejuízos para a saúde tanto para a mãe quanto para o bebê e incentivando as mulheres a decidir com total segurança a melhor opção na situação de parto. A metodologia do presente trabalho consiste em uma pesquisa de revisão sistemática da literatura científica que estudou as consequências dos dois tipos de parto. Foram utilizados livros e artigos publicados entre 2000 e 2014, revistas eletrônicas autorizadas, artigos do Google Acadêmico, pesquisas da base de dados Bireme, por meio de serviços Medline, Lilacs, Scielo. Não há nenhuma dúvida a respeito de que a cesariana salva muitas vidas e previne sequelas neonatais, porém deveria realizado somente em casos necessários, pois o parto normal ainda é a maneira mais segura e saudável de ter um filho.

Palavras chave: parto normal, cesárea, desvantagens.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

6 METODOLOGIA

2 GESTAÇÃO

3 PARTO CESARIANA

3.1 DADOS HISTÓRICOS

3.2 VANTAGENS DO PARTO CESARIANA

3.3 DESVANTAGENS PARA A MÃE

3.4 DESVANTAGENS PARA O BEBÊ

4 PARTO NORMAL

4.1 ESTÁGIOS DO PARTO NORMAL

4.2 VANTAGENS PARA A MÃE

4.3 VANTAGENS PARA O BEBÊ

5 ENFERMAGEM EM OBSTETRÍCIA

5.1 PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL Á SAÚDE DA MULHER

5.2 O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA À MULHER NO PRÉ-NATAL, PARTO E PÓS-PARTO.

5.2.1 Assistência à mulher no pré-natal

5.2.2 Assistência à mulher no parto e pós parto

5.3 TECNOLOGIAS NÃO-INVASIVAS DE CUIDADO DE ENFERMAGEM OBSTÉTRICA COMO ALÍVIO DA DOR NO PARTO

5.4 A ENFERMAGEM FRENTE À DOR NO PARTO

5.4.1 Estímulo e apoio à liberdade corporal

5.4.2 Estímulo e apoio a presença de um acompanhante

5.4.3 Estímulo e uso do contato da mulher com a água

5.4.4 Estímulo e apoio do contato pele a pele

7 DISCUSSÃO

8 CONCLUSÃO

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

1 INTRODUÇÃO

Estar grávida é um momento pleno na vida de uma mulher, onde estão presentes vários sentimentos como alegrias, medos, ansiedades, esperanças e muita expectativa para o novo ser que vai nascer. Isso é decorrente de muitas mudanças hormonais, físicas e emocionais, o modo como todas essas mudanças são associadas faz acentuar ainda mais as dúvidas e medos sobre o parto.

O vinculo mãe e filho nasce desde a formação do feto no útero, a mãe passa a ter consciência deste novo ser, que se forma dentro do ventre dela, e constrói uma relação afetiva com o bebê que faz com que a mãe queira atender todas as necessidades do seu filho, e esse vinculo será eterno.

Os órgãos de saúde pública passaram a se preocuparem mais com a saúde reprodutiva da mulher, principalmente após a humanização desses serviços. É direito de toda mulher ter uma gravidez saudável e um parto seguro. Para isso é importante ter um bom acompanhamento de pré–natal desde o início dessa gestação até o bebê nascer (PORTELLA et al, 2000).

O parto é um momento único, delicado, e de muita expectativa para a gestante, por isso deve ser feita a escolha que seja pensada e analisada com muita cautela e isso vai depender muito da assistência dada a mulher pelos médicos e enfermeiros, que precisam acompanhar cada gestante com um olhar crítico e orientá-la no que for preciso.

A cesárea é mais arriscada que um parto natural. Para a mulher, existe um risco aumentado de infecção e com a anestesia. O bebê pode nascer antes da hora certa e acarretando em problemas respiratórios. Por isso, ela só deve ser realizada quando for para o bem da sua saúde ou do bebê (PORTELLA et al, 2000).

Na grande maioria dos casos, o parto normal é a maneira mais segura e saudável de ter filhos e deve ser estimulado através de uma assistência humanizada, gentil, segura e de boa qualidade, para a mãe e seus acompanhantes (PORTELLA et al., 2000).

O parto normal é mais benéfico para a gestante, pois trás menor risco de infecção, hemorragias e lesões em órgãos como bexiga, uretra e útero, além de promover uma recuperação mais rápida para a mãe, favorecendo ainda a produção do leite materno. Outro ponto positivo do parto normal é que a saída pelo canal vaginal provoca uma compressão do tórax do bebê e isso o ajuda a eliminar todo o líquido amniótico das vias respiratórias, aliviando desconfortos respiratórios. Acontece que a maioria das gestantes não são devidamente informadas, ficando sempre a cargo do médico a escolha do método (COSTA et al, 2002).

Muitas mulheres optam ou se conformam com a decisão do médico pela realização de parto Cesário por causa do medo da dor, não sabendo a maioria delas que a anestesia para parto natural é direito da mulher e pode ser exigida no momento em que a gestante achar necessário. Além do que a dor é algo relativo e depende de cada organismo, sendo maiores em umas e menores em outras. Seria ideal que cada gestante tivesse acesso a um material que esclarecesse os pontos negativos e positivos de cada método, com isso a gestante estaria apta e segura a escolher o método mais benéfico a sua saúde e a do bebê (COSTA et al, 2002).

Os índices de cesariana vêm aumentando consideravelmente nos últimos anos por vários motivos. Inicialmente, as cesarianas eram feitas sobretudo por distocia mecânica, desproporção cefalopélvica e más apresentações. Com o aumento da segurança do procedimento e também para minimizar a morbimortabilidade perinatal, as indicações alargaram-se, passando de 15 para 45% de todos os nascimentos (FREITAS et al,2006).

Foram diversos os motivos que nortearam para a realização deste trabalho desde a minha própria vivência até a constatação de que existem vários fatores que prejudicam a saúde da mãe e do bebê na escolha errada do parto. Além do fato de que as instituições oferecem pouco espaço para que a mulher decida e se expressem a respeito desse processo.

Baseado no exposto, a construção deste trabalho torna-se relevante, pois visa esclarecer e sanar qualquer dúvida a respeito dos tipos de partos, além de apontar as vantagens do parto normal quando comparado ao parto cesáreo. Pretende-se ainda relatar sobre as principais complicações associados ao parto cesáreo disponíveis em literatura, verificar o comprometimento na saúde de bebês nascidos por parto cesariano e apontar os principais motivos que levam a escolha do parto normal e cesáreo.

2 METODOLOGIA

A metodologia do presente trabalho consiste em uma pesquisa de revisão sistemática da literatura científica que estudou as consequências dos dois tipos de parto. Foram utilizados livros e artigos publicados entre 2000 e 2014, revistas eletrônicas autorizadas, artigos do Google Acadêmico, pesquisas da base de dados Bireme, por meio de serviços Medline, Lilacs, Scielo. As publicações foram selecionadas mediante busca com as seguintes palavras-chave: cesárea, desvantagens e parto normal. Os critérios utilizados para a seleção da amostra foram: artigos de pesquisas no Brasil, publicados em periódicos nacionais e internacionais. Outra estratégia utilizada foi a busca manual em listas de referências dos artigos selecionados. Os critérios para escolha dos artigos e livros envolveram todo tipo de estudo que se baseasse no tema escolhido, não havendo exclusões.

3 GESTAÇÃO

O período gestacional abrange cerca de nove meses, onde a mulher acomodará dentro do seu corpo outro ser humano, que irá surgir devido à junção de células sexuais femininas e masculinas após o momento da cópula. A partir desta união, o corpo da grávida passará por uma série de mudanças que será importante aos diversos sistemas do corpo (ALMEIDA et al, 2005).

A gravidez tem duração de 40 semanas a partir do último período menstrual, ou 38 semanas a partir do dia da última ovulação. Com o passar de cada mês, a gestação será marcada por mudanças que irão ocorrer no seu próprio corpo, devido ao crescimento do feto em seu útero, as mudanças causadas pelo aumento dos hormônios, o ganho de peso da grávida e do bebê e às alterações posturais subsequentes à gestação (COSTANZO, 2007; PORTER, 2005).

Cada mulher irá comportar-se de modo diferente de outra gestante durante a gravidez, é importante que haja um entendimento dessas transformações para uma gestação mais tranquila, prevenindo complicações que possam ocorrer, assim estará proporcionando melhor qualidade de vida para a mãe e para o filho (ENDACOTT, 2007).

4 PARTO CESARIANA

A Cesariana é definida como a saída do feto através da incisão nas paredes abdominal (laparotomia) e uterina (histerotomia) (FREITAS et al, 2006).

4.1 DADOS HISTÓRICOS

Acredita-se que a operação cesariana recebeu este nome por causa de Júlio César, o imperador Romano que teria supostamente nascido por esse método. A operação era quase sempre fatal para a mãe naqueles dias, e, além disso, como a parede uterina não era suturada após a extração do bebê, não era provável que uma mulher tivesse outros filhos, mesmo que ela vivesse (ZIEGEL; CRANLEY, 2011).

Constitui um marco na história da cesariana a data de 21 de maio de 1876, quando Eduardo Cavallini, iniciou sua técnica cirúrgica inovadora, que consistia na retirada do concepto, continuando-se o procedimento com uma histerectomia e anexectomia bilateral. Isso passou a ser feito como prevenção à infecção uterina, desde então a principal causa de mortalidade materna na cesariana (FREITAS et al, 2006).

As cesarianas tornaram-se progressivamente mais seguras, e a incidência dessa operação tem aumentado nos últimos anos. As cesarianas apresentam uma taxa de mortalidade materna e fetal maior que a dos partos normais, mas quando há complicações a operação é mais maneira mais segura tanto para a mãe quanto para o bebê (ZIEGEL; CRANLEY, 2011).

No Brasil, a prática do parto cesariano começou após a segunda guerra mundial, quando os conhecimentos e habilidades na área cirúrgica foram surgindo. A anestesia, assepsia, hemoterapia e antibioticoterapia foram sendo unificados pelos médicos, reduzindo bastante, a morbidade e mortalidade maternas nas operações. Embora os avanços tecnológicos tenham proporcionado melhor controle dos riscos materno-fetais, houve inclusão de grande número de intervenções desnecessárias (OLIVEIRA et al, 2002).

Devido o medo da dor que a maioria das mulheres sente em relação ao parto normal, o número de cesarianas vem crescendo a cada dia. O Brasil é campeão mundial de partos cesárea realizada por planos de saúde. Em 2008, as cesarianas correspondiam a 85% dos partos feitos por meio dos convênios, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS, 2008).

4.2 VANTAGENS DO PARTO CESARIANA

A cesárea é um procedimento cirúrgico desenvolvido para salvar a vida da mãe e da criança, quando ocorrem complicações durante a gravidez ou o parto. É, portanto, uma saída para ser utilizada quando surge algum tipo de risco para a mãe e o bebê, durante o progresso da gravidez e do parto (BARBOSA et al, 2003).

As razões para considerar o parto cesariano a melhor forma de nascimento estão associadas com ausência das dores de trabalho de parto, ser um procedimento mais rápido, a possibilidade de realizar uma laqueadura, salvar a vida do bebê e da mãe, possuir informações e ter controle sobre o evento (VELHO et al, 2012).

Com o aumento da segurança do procedimento e também para minimizar a morbimortalidade perinatal, as indicações alargaram-se. São indicações de parto cesariana: desproporção cefalopélvica, deslocamento prematuro de placenta, gestação gemelar, prematuridade, procedência de cordão, malformações congênitas, algumas condições maternas como psicopatia, doenças cardiovasculares, doenças pulmonares, presença de cistos ou tumores, entre outras. Atualmente, outras indicações tornaram-se frequentes, tais como feto não-reativo, apresentação pélvica, gestante portadora do HIV e distorcia ou falha da progressão do trabalho de parto (FREITAS et al, 2006).

O mito de que a mulher que se submete a uma cesariana não poderia mais optar por um parto normal tem sido desmentindo por pesquisadores. A suspeita era que após a cesariana, a mulher que fizesse um parto normal poderia correr o risco de romper o útero e consequentemente morrer. Entende-se hoje que à benefícios do parto normal após a cesárea, e o que acontece é uma falta de informação da população e receio de alguns profissionais de realizar o parto normal em mulheres que já se submeteram a uma cesárea (ERLACH; FORNAZARI; SOUSA, 2007).

4.3 DESVANTAGENS PARA A MÃE

Quando comparadas ao parto vaginal, a cesariana está associada com riscos bem aumentados, incluindo anestesia, entre outros eventos menos frequentes, podendo até levar a morte. (LEVENO et al, 2010).

Quando comparados os dois tipos de partos, vários estudos revelam maior morbimortalidade materna entre as mulheres que se submeteram à cesárea, devido a infecções pós parto e complicações anestésicas (OLIVEIRA et al, 2002).

Um estudo brasileiro, publicado em 2003 que pesquisou vinte anos de mortes maternas no Rio Grande do Sul, demonstrou o número expressivo de mortes relacionadas á cesariana, principalmente os casos de infecções puerperais. O trabalho constatou um risco de morte quase onze vezes maior para as mulheres submetidas à cesariana (RAMOS, 2003 apud DINIZ; DUARTE, 2004).

As complicações durante e após o parto são mais frequentes na cesária, são também mais comuns os acidentes de anestesia, infecções da cicatriz, embolias, hemorragias, tromboses. Todos esses fatores fazem com que o risco de morrer por causas diretamente relacionadas à gravidez e ao parto, embora pequeno, seja a de duas a 15 vezes maior em cesáreas do que em partos vaginais (COSTA, et al, 2002).

As despesas hospitalares de um parto cesariana são consideravelmente superiores aos do parto normal, devido a assistência e a permanência no hospital serem maiores. Outro fator é o vínculo entre mãe e filho, em que o contato é um pouco mais demorado do que no parto normal, no qual o RN só é entregue a mãe depois de receber os cuidados do pós-parto (BRASIL, 2002).

4.4 DESVANTAGENS PARA O BEBÊ

Na cesárea são mais frequentes as infecções puerperais, as anemias decorrentes de perda sanguínea, as complicações anestésicas, a prematuridade, os problemas respiratórios no recém-nascido e, até mesmo, a morte da mãe e da criança (COSTA, et al, 2002).

Os recém nascidos de parto normal apresentam melhores condições fisiológicas ao nascimento do que os nascidos por cesariana. Em um parto normal ao passar pela bacia da mãe, o bebê tem seu tórax comprimido, o que ajuda a expelir a água por ventura depositada em seus pulmões, facilitando-lhe a respiração e diminuindo o risco de problemas respiratórios, sendo que no parto cesárea o bebê não passa por isso (FRANCESCHINI; CUNHA, 2007).

A cesárea também está relacionada ao surgimento de bebês prematuros, o que acontece principalmente pela verdadeira comodidade, tanto da mulher como do médico, de se fazer cesáreas com datas e horas previamente marcadas, às vezes sem a plena certeza de que a criança já esteja completamente madura – aumentando as chances do surgimento de complicações e de morte entre recém-nascidos de cesariana, com relação aos de parto normal (COSTA, et al, 2002).

5 PARTO NORMAL

Entende-se por parto natural aquele realizado sem intervenções desnecessárias durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós parto, onde a mulher tem todo o atendimento centrado nela. No parto natural, o nascimento do bebê ocorre pelo canal vaginal, sem qualquer intervenção cirúrgica. Tudo decorre o mais natural possível e com o mínimo de procedimentos, evitando mais dores, complicações e risco de infecções à mãe e ao bebê. Apenas quando, existir uma real indicação para alguma intervenção, poderá ser realizado o corte na vagina, a colocação de soro na veia e a suspensão da alimentação, além de outros procedimentos (COREN, 2010).

5.1 ESTÁGIOS DO PARTO NORMAL

As fases clínicas do parto são divididas em quatro períodos: dilatação, expulsão, dequitação e primeira hora pós parto. A dilatação compreende a fase latente e a fase ativa de TP, a expulsão compreende entre a dilatação completa e o desprendimento do feto, a dequitação é o período entre a expulsão do feto e a expulsão da placenta, e o quarto e último período é a primeira hora após a expulsão da placenta (FREITAS et al, 2006).

5.2 VANTAGENS PARA A MÃE

De maneira geral, o parto normal ou vaginal reúne, em relação à cesárea, uma série de vantagens, que vão desde uma recuperação mais rápida para a mulher até um menor desconforto respiratório do bebê, o que o torna a forma ideal de dar à luz. Além disso, é natural, tem menor custo, a alta é mais rápida, o que oferece uma volta aos seus afazeres mais rápida, não á dor pós-parto, redução dos riscos de infecção hospitalar, laceração acidental de algum órgão e hemorragia (COSTA, et al, 2002).

Outra vantagem do parto normal é que o organismo da mulher se prepara para o nascimento. Os hormônios prolactina e ocitocina, fabricados durante o trabalho de parto, são essenciais para produção de leite. Quem faz uma cesárea não produz quantidade satisfatória desses hormônios e o leite pode demorar a ser produzido (BRASIL, 2014).

5.3 VANTAGENS PARA O BEBÊ

O parto normal é o mais seguro tanto para a mãe quanto para o bebê. Logo após o nascimento a mãe já pode amamentar seu filho e realizar os seus cuidados pessoais. O contato pele a pele e o aleitamento na primeira hora após o nascimento, oferecem benefícios para a vida toda da criança, além de ter menos riscos de problemas respiratórios, o bebê ainda desenvolve um forte vínculo com a mãe (BRASIL, 2002).

O parto normal é importante para ajudar a completar a maturidade da criança: ao passar pela bacia da mãe, o bebê tem seu tórax comprimido, o que ajuda a expelir a água por ventura depositada em seus pulmões, facilitando-lhe a respiração e diminuindo o risco de problemas respiratórios (COSTA, et al, 2002).

6 ENFERMAGEM EM OBSTETRÍCIA

O enfermeiro tem a responsabilidade de atuar dando assistência a população materno-infantil, dando uma evidência maior à prevenção de doenças incidentes no ciclo gravídico (FREITAS et al, 2006).

De acordo com a Lei n° 7.498, que regulamenta o exercício profissional da enfermagem, compete ao profissional de enfermagem, como membro da equipe de saúde, prestar assistência à gestante, à parturiente e à puérpera; acompanhar a evolução do trabalho de parto e a execução do parto sem distorcia. O enfermeiro-obstétrico identifica as distorcias obstétricas e toma providências até a chegada do médico. Realiza também episiotomia e episiorrafia com aplicação de anestesia local (BRASIL, 1986 apud FREITAS et al, 2006).

Segundo FREITAS et al., (2006), na assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puerpéria, devem ser seguidos os seguintes passos do processo de enfermagem: Histórico de enfermagem, que consiste em, análise dos dados coletados e exames que já foram realizados, coleta de informações com o propósito de conhecer o cliente e identificar problemas individualizando a assistência de enfermagem, e exame físico geral e obstétrico, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial e evolução de enfermagem.

A assistência de enfermagem à mulher no ciclo gravídico-puerperal visa atender as necessidades da cliente e de sua família de maneira individualizada e humanizada, estabelecendo um relacionamento de confiança e respeito mútuos, preparando o casal para a maternidade (FREITAS et al, 2006).

6.1 PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL Á SAÚDE DA MULHER

Feministas e profissionais de saúde no ano de 1984, se uniram com o Ministério de Saúde, para criar o Programa de Assistência Integral á Saúde da Mulher, na tentativa de ressarcir as falhas dos programas de assistência a saúde da mulher existentes na época, que seguia um modelo de assistência restrita, garantindo assim os direitos como cidadã e direcionar as ações de forma integral, ou seja, a mulher ser vista na sua totalidade, em todos os seus ciclos de vida, em diferentes faixas etárias e grupos sociais (RIOS; VIEIRA, 2007).

Depois do governo federal tentar implantar programas de planejamento familiar sem sucesso e de muitos anos de polêmicos debates sobre o controle de natalidade no país, o Ministério da Saúde lançou o PAIS, (programa de atenção integral á saúde da mulher), devido à instalação da comissão de Inquérito Parlamentar sobre problemas populacionais em 1983 (ALEXANDRE, 2007).

O referido programa inclui ações voltadas à educação em saúde, prevenção, diagnósticos, tratamentos e recuperação da saúde, abordando todas as reais necessidades da população feminina e não somente as questões reprodutivas (ALEXANDRE, 2007).

6.2 O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA À MULHER NO PRÉ-NATAL, PARTO E PÓS-PARTO.

6.2.1 Assistência à mulher no pré-natal

Um pré-natal e uma atenção puerperal de qualidade e humanizada são essenciais para a saúde materna. Para sua humanização, faz-se necessário a construção de um novo olhar sobre o processo saúde/doença, que envolva a pessoa em sua totalidade corpo e mente e considere o ambiente social, econômico, cultural e físico no qual vive. A atenção pré-natal e puerperal deve incluir ações de promoção e prevenção da saúde, além de diagnóstico e tratamento dos problemas que possam vir a ocorrer nesse momento (BRASIL, 2005).

A consulta de enfermagem no pré-natal visa cuidar da mãe e do filho no período de gestação, considerando o contexto familiar e social da gestante, e prepará-la para um parto e puerpério mais seguros e saudáveis possíveis. Na primeira consulta de pré-natal, a enfermeira realiza o histórico de enfermagem, na entrevista são abordados aspectos como aceitação da gravidez, expectativas, situações socioeconômicas da família, história de gestações anteriores, hábitos de vida e saúde da gestante e do companheiro, entre outros (FREITAS et al, 2006).

Após a realização do exame físico são identificados os problemas de enfermagem, a partir dessa identificação é elaborado um plano assistencial, que deve ser direcionado para a gestante, além de solicitação de exames, aplicação de vacinas e encaminhamentos. A cada consulta é realizada a evolução de enfermagem por meio da entrevista, do exame físico e obstétrico, a realização do plano assistencial é adaptado a cada consulta aos novos problemas que possam surgir. O enfermeiro obstetra também é responsável em realizar atividades em grupos que visam favorecer a troca de experiências entre gestantes que estão vivendo uma situação em comum (FREITAS et al, 2006).

Para um pré-natal adequado é necessário a garantia de exames básicos que previnem doenças, como AIDS, sífilis, anemias, infecção urinária, entre outras. Esses exames permite a diminuição de riscos de aquisição de morbimortalidade dessa população (NETO et al, 2008).

Para Shimizu e Lima (2009), é muito importante que a gestante passe por essa etapa da vida com mais calma, que a consulta de pré-natal seja feita em um ambiente tranquilo, onde a gestante se sinta confortável, e com isso diminua a sua ansiedade, para que possa entender e expressar a grandeza de sentimentos vivenciados. Por isso a enfermagem tem um papel importante na realização da consulta de pré-natal.

O enfermeiro que a hoje em dia está mais dotado de autonomia, deve além de utilizar todo seu conhecimento técnico, repensar a atenção ao pré-natal com um olhar crítico ao processo de trabalho em saúde e organização de serviço, oferecendo uma assistência de qualidade e humanizada para a cliente. Um pré natal pouco esclarecedor para a gestante, pode levar a mulher escolher a via de parto errada (WERNECK; FARIA; CAMPOS, 2009).

A morbimoratlidade materna e perinatal pode ser reduzida se for realizado um pré-natal com qualidade. Mas, para que se alcance esse objetivo é necessário que haja uma atuação profissional competente e atualizada continuamente (COSTA et al, 2010).

O objetivo do pré-natal é garantir tanto para a mãe quanto para o bebê, que a gravidez aconteça sem intercorrências. Essa assistência deve ser feita por profissionais dispostos em estabelecer um vínculo com a gestante, para que ela se sinta segura e entenda a necessidade de realizar os exames, da presença às consultas e o compromisso com o seu cuidado e do bebê (BRASIL, 2008).

Estudos mostram que, a maioria das mulheres que realiza pré-natal, recebe pouca informação sobre os tipos de parto, e geralmente essas informações são “vagas”. É de extrema importância que a mulher se mantenha tranquila no processo de nascimento e o momento adequado para se preparar a mulher é durante o pré-natal, com informações claras sobre a gravidez, o nascimento, e principalmente sobre dúvidas e anseios dessa mulher (OLIVEIRA et al, 2002).

Dentre os profissionais que atuam na atenção ao pré-natal, a posição do enfermeiro apresenta-se em destaque na equipe, pois é um profissional qualificado para o atendimento à mulher, sendo dono de um papel muito importante na área de prevenção e promoção da saúde, além de ser o responsável pela assistência humanizada (MOURA; RODRIGUES, 2003).

6.2.2 Assistência à mulher no parto e pós parto

A enfermagem na assistência á mulher no trabalho de parto tem a responsabilidade de realizar a admissão da parturiente no centro obstétrico, onde será realizado o histórico de enfermagem da gestante sem intercorrências, e a partir das informações colhidas no histórico, o enfermeiro realiza a identificação de problemas e traça seu plano assistencial. Faz parte da assistência de enfermagem na admissão verificar os sinais vitais e o peso, orientar a cliente sobre as rotinas do serviço, e preparo físico para o parto (FREITAS et al, 2006).

Após o preparo físico, a parturiente é encaminhada para a sala de pré-parto onde é feita a avaliação materna, fetal e da progressão do trabalho de parto. A enfermeira deve zelar pelo conforto da mulher, mantendo uma relação de ajuda. Quando se trata de uma enfermeira especialista em obstetrícia, essa assumirá a conduta indicada para execução do parto sem distorcia. No caso da enfermeira não ser uma especialista, ela deverá se posicionar ao lado da parturiente, orientando-a e auxiliando-a a respirar adequadamente (FREITAS et al, 2006).

A enfermeira deve reforçar elogiar quando a gestante coopera com os procedimentos do parto e informar sobre os procedimentos que estão sendo realizados. Deve transmitir apoio e segurança, podendo segurar a mão da parturiente, falando com voz calma e firme. A enfermeira deve ficar atenta aos batimentos cardíacos do feto e o estado geral da parturiente, mantendo o médico informado sobre qualquer intercorrência (FREITAS et al, 2006).

Quando ocorrer o nascimento de uma criança saudável, o bebê é coberto por um campo aquecido e colocado sobre o abdome da mãe, para incentivo da interação mãe e filho. A enfermeira permanece ao lado da parturiente, informando-lhe sobre a expulsão da placenta, verifica a P.A. e o pulso, avalia o volume do sangramento vaginal e se for o caso informar sobre a episiorrafia. Em seguida ajuda-la em uma rápida higiene e encaminhar para sala de recuperação pós-parto (FREITAS et al., 2006).

No momento do parto, a gestante precisa se preparar para um parto tranquilo, e deve prevenir complicações que possam ocorrer, assim estará proporcionando melhor qualidade de vida à mesma e ao feto, tendo assim um nascimento mais participativo e humanizado (BARACHO E.; BARACHO S.; OLIVEIRA, 2007).

6.3 TECNOLOGIAS NÃO-INVASIVAS DE CUIDADO DE ENFERMAGEM OBSTÉTRICA COMO ALÍVIO DA DOR NO PARTO

A dor no parto é um sintoma que deve ser tratado. As mulheres são consideradas incapazes de suportar a dor do parto, fazendo com que intervenções sejam necessárias para eliminá-las. Muitas vezes é escolhida uma cirurgia cesariana para escapar dessa temida dor, uma opção invasiva e que causam mais dores, além de aumentar a morbidade e mortalidade materna (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

A cesariana não previne que a mulher sinta as dores normais pós – parto, que são contrações do útero para voltar a seu tamanho normal, comum em qualquer parto, considerada intensa por muitas mulheres. A cesárea implica em um pós-operatório mais doloroso, um tempo de recuperação mais longo, e mais tempo de fraqueza, dificuldade de retornar as funções normais e cuidar do bebê (DINIZ; DUARTE, 2004).

Percepções negativas sobre o parto normal são associadas à má atenção da equipe, complicações com o bebê, parto demorado ou difícil, pouco ou nenhum controle do trabalho de parto pela parturiente, frequência de exames vaginais, limitações de movimentação, ausência de um acompanhante e compartilhamento das salas com outras mulheres, durante as experiências negativas do trabalho de parto, elevando seus níveis de ansiedade (VELHO et al, 2012).

É natural que a maioria das mulheres tenha muito medo do parto normal, pois grande parte das pessoas, seja de um parente ou de algum conhecido, já escutaram coisas apavorantes sobre a dor do parto. Entretanto existe também a possibilidade do parto natural não ser uma experiência tão ruim assim, pois há mulheres que quase não sentiram nenhuma dor ao parir. Todavia na sociedade ocidental, em que a tecnologia é supervalorizada, todos acreditam que uma cesariana é muito mais prática e menos dolorosa do que o parto vaginal (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

A dor no parto está relacionada aos índices altos de cesarianas, a Organização Mundial de Saúde vem trabalhando cada vez mais para diminuir esse número. No Brasil, sabe-se que o índice de cirurgias é muito alto, a porcentagem de cesarianas pode chegar até 50,45%, como é o caso da região sudeste (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

Segundo Batista et al, (2010), na maioria das mulheres a dor do trabalho de parto é definida como uma experiência vivenciada de uma forma desagradável. Estas dores não serão benéficas para grávida nem para o feto, pois o stress e a ansiedade provocarão, através de reflexos medulares, alterações na homeostase da mãe, afetando a normal evolução do trabalho de parto.

6.4 A ENFERMAGEM FRENTE À DOR NO PARTO

As regras ditas pela equipe de saúde a parturiente, como por exemplo, que a mulher não pode se movimentar e é obrigada a ficar deitada, não pode ver seu bebê nascendo pois a posição litotômica lhe é imposta, não pode ter contato imediato com seu bebê por que ele precisa ser vacinado, tudo isso causa uma dor que vai muito além daquela que é explicada pela biologia do parto. Estudos mostram que quanto mais a mulher sente medo de perder o controle, mais a dor será insuportável e necessitará de analgesia (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006; DINIZ; DUARTE, 2004).

As endorfinas são produzidas pelo corpo em situações tais como o parto, e seus efeitos são semelhantes ao da morfina, diminuem a sensação de dor e têm efeito entorpecedor sobre a consciência. A produção desse neurotransmissor é incentivada pelo ambiente acolhedor, tranquilo, pela privacidade e liberdade de posição, um ambiente contrário, a endorfina é bloqueada (GOER’S HENCI,1999 apud DINIZ; DUARTE, 2004).

A dor sentida pela parturiente precisa ser aliviada, pois mesmo tendo um papel biológico importante, a persistência da dor intensa está associada ao stress e tem efeitos prejudiciais para a mãe, para o feto e para o RN (MAMEDE et al, 2007).

O principal papel da enfermagem é ajudar a mulher a encontrar dentro de si mesma potencialidade para parir, utilizando técnicas não-invasivas de cuidados de enfermagem com objetivo de diminuir as intervenções no corpo feminino (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

6.4.1 Estímulo e apoio à liberdade corporal

A posição imposta por profissionais de saúde no momento do parto ainda é a litotômica, onde a mulher fica com as pernas sustentadas por perneiras. A parturiente fica sem opção de escolha, tendo que se manter deitada no leito e é compelida a se comportar de maneira a colaborar no momento do parto. Para estimular a liberdade corporal, o enfermeiro deve se aproximar da parturiente utilizando a comunicação terapêutica, fazendo orientações e eliminando as sensações de dor (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

A enfermeira deve convidar a mulher, em franco trabalho de parto, a sentar-se no leito ou em uma cadeira, ou ainda a andar pelas dependências da unidade hospitalar e a estimula a sanar todas as suas duvidas e medos. A parturiente pode ser estimulada a adotar posições diferentes da litotômica para o momento do parto, podendo ainda utilizar instrumentos como bola, cavalinho, banquinhos de parto, banheiras, entre outros, para ajudar especialmente no inicio da fase de dilatação cervical, que é marcada por grande excitação e euforia, além de colaborar para que a mulher produza naturalmente os hormônios do parto, tornando esse processo mais rápido e menos doloroso (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

A dor no trabalho de parto é aliviada quando a mulher tem liberdade para se movimentar e fazer as suas próprias vontades, pois essa liberdade leva a mulher a buscar posições e movimentos antálgicos, que diminuem a dor. No parto, se a mulher notar que sua dor melhora se ela mudar de posição, ficar sentada, ou de cócoras, ou deitada, ou andando (MAMEDE et al, 2007).

Mudar de posição, sentando-se, caminhando, ajoelhando-se, ficando de pé, deitando-se, ajuda a aliviar a dor e acelera o trabalho de parto devido aos benefícios da gravidade e as mudanças no formato da pelve. Se o trabalho de parto estiver evoluindo com vagarosidade, a deambulação ajuda a acelerá-lo. As pesquisas dizem que a frequência de mudanças de posição tem efeitos sobre a atividade e a eficiência uterina facilitando uma rotação fetal favorável (BRASIL, 2001; RICCI SS, 2008).

O enfermeiro prossegue com os cuidados, as massagens, com as palavras de apoio, os demorados banhos de chuveiro ou de banheira, entre outros. Assim, o enfermeiro se faz presente de forma sutil e acolhedora (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

6.4.2 Estímulo e apoio a presença de um acompanhante

A dor no parto é aliviada quando a mulher é apoiada e não se sente sozinha. Carinho e atenção diminuem a necessidade de analgesia durante o trabalho de parto. É garantido pela Lei 11.108, de 07 de abril de 2005, o direito da parturiente de um acompanhante durante o trabalho de parto e puerpério (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

A presença do acompanhante de livre escolha da mulher em trabalho de parto dá a ela segurança e traz, para a esfera hospitalar, um pouco do ambiente doméstico. Essa simples presença contribui para que a vivência do parto tenha elementos que o aproximem de um evento familiar e que não pareça somente um procedimento hospitalar (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

O parto hospitalar afasta a mulher de seu ambiente, colocando-a em local desconhecido e, na maioria das vezes, pouco acolhedor, tornando a experiência do nascimento desumana, o acompanhante fará com que a gestante se sinta um pouco mais próximo do seu ambiente domestico, diminuindo o trauma da experiência vivida (OLIVEIRA et al, 2002).

O enfermeiro orienta o acompanhante a incentivar a mulher com palavras positivas, ensina como o corpo da mulher deve ser segurado, o acompanhante também pode cortar o cordão umbilical e é incentivado a tocar o recém nascido junto com a mãe (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

6.4.3 Estímulo e uso do contato da mulher com a água

Estimular o contato com a água é uma tecnologia de cuidado de enfermagem que acalma e alivia a dor no parto. É importante lembrar que a mulher não pode ser encaminhada ao banho antes de atingir 5 centímetros de dilatação cervical, pois o seu relaxamento pode ser tanto a ponto de causar desaceleração do trabalho de parto. Na fase ativa de dilatação, onde as contrações são mais dolorosas devido a pressão da cabeça fetal sobre o cóccix, a água é a melhor maneira de aliviar a dor (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

O uso da água quente é considerado uma alternativa para o conforto da mulher em trabalho de parto, já que combate a tensão e a dor sem trazer prejuízos ao recém-nascido. Ao entrar na água aquecida, o calor promove uma vasodilatação, reversão da resposta nervosa simpática e redução de catecolaminas, resultando em uma sensação de bem-estar. O nascimento para o bebê é muito mais suave além do períneo da mãe ganha maior flexibilidade com a água quente (RICCI SS, 2008).

6.4.4 Estímulo e apoio do contato pele a pele

Além do apoio, de orientações, dos incentivos para que a parturiente escolha a posição mais confortável durante o trabalho de parto e de auxiliar na respiração e no relaxamento, a enfermeira pode adotar outras técnicas não medicamentosas de alívio da dor, como massagens nas costas e banho de chuveiro (FREITAS et al, 2006).

A massagem realizada na mulher durante o seu trabalho de parto é considerada uma terapia eficiente em termos físicos e emocionais. A massagem alivia a dor e o medo no momento do trabalho de parto, proporciona também sensação de alivio e relaxamento para manter em equilíbrio o estado físico e mental. A massagem pode ser realizada pelo acompanhante também, reforçando o vinculo afetivo com a parturiente (KALINOWSKI; MARTINI; FELLI, 2006).

7 DISCUSSÃO

A cesariana teve o seu início desde tempos remotos antes de Cristo. Porém foi se aperfeiçoando com o passar dos anos e se tornando progressivamente mais seguras, conforme Oliveira et al (2002). Devido a esse avanço tecnológico, é hoje a técnica mais utilizada por médicos para a realização de partos no Brasil, segundo Freitas et al (2006).

Segundo Costa et al (2002), em algumas situações o parto cesariana é a única solução para salvar a vida tanto da mãe quanto a do bebê, porém um parto normal leva em média 12 horas, a cesariana leva 20 minutos e pode ser marcada no momento mais conveniente para a mãe e para o médico. Devido a essa comodidade e ao medo da dor que a mulher sente em relação ao parto vaginal, faz da cesárea uma campeã de escolha na via de parto.

A posição de Oliveira et al (2002) é defendida por Costa et al (2002), quando diz que em comparação ao parto vaginal, a cesariana está relacionada com maior número de morbimortalidade maternas, por que o risco de infecção, hemorragia, lesão em órgãos, embolias, acidentes com anestesia, entre outros, são aumentados no parto cesáreo.

Corem (2010) descreve que, o parto Normal é realizado sem qualquer procedimento cirúrgico, o atendimento é centrado na mulher, e tudo acontece de maneira natural sem intervenções desnecessárias. Costa et al (2002) e Corem (2010) destaca que de uma forma geral, o parto natural é a maneira ideal de dar à luz, pois os riscos de uma cirurgia não vão existir, alem de propiciar uma recuperação bem mais rápida a mulher e ser mais seguro para o bebê.

Freitas et al (2006) concorda com Brasil (2005) quando diz que, uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada é fundamental para a saúde materna e neonatal, alem de dar subsídios suficientes para que a mulher saiba escolher a via de parto mais apropriado para si própria. O enfermeiro tem a responsabilidade de atuar dando assistência à gestante, à parturiente e à puérpera. A assistência de enfermagem deve atender as necessidades de forma individualizada e humanizada, fazendo com que a cliente se sinta confiante para passar por todo esse processo da maternidade.

É notório que a maioria dos autores concorda que a cesárea deve ser recusada quando não há indicação médica, porque provoca maior risco de complicações para mãe e filho, por tanto existe médicos que dão preferência ao parto cesáreo em qualquer circunstância, levando em conta o avanço tecnológico dos tempos atuais, as novas técnicas de anestesias e o aprimoramento da técnica cirúrgica que fornece uma suposta segurança a esses profissionais (HARER, 2000).

Kalinowski, Martini e Felli (2006), e Rodrigues (2011) concluíram em suas pesquisas que muitas mulheres optam por uma cirurgia cesariana por medo da dor do parto normal, o que seria uma escolha equivocada, já que existem maneiras de amenizar a dor em um parto natural. Shimizu e Lima (2009) diz que a enfermagem tem papel fundamental nesse processo, ajudando a mulher a encontrar coragem e ânimo para parir utilizando técnicas não invasivas e diminuindo as intervenções no corpo feminino.

8 CONCLUSÃO

A gravidez é uma experiência marcante e muito importante na vida da mulher e de toda sua família. Alterações fisiológicas que ocorrem durante toda gestação, envolve todos os sistemas do corpo gerando ansiedade, expectativas, medos, e para isso é necessário que seja oferecida uma assistência de qualidade à mulher, para que haja uma gestação mais tranquila e consequentemente um parto seguro.

O Brasil apresenta alto índice de cesarianas e esse índice elevado se deve a uma cultura em que se diz que, o procedimento é a melhor forma de dar a luz, pois o parto normal é realizado na maioria das vezes com muitas intervenções e dor, o que acaba chocando a população feminina.

O melhor parto é aquele que oferece maior segurança tanto para mãe quanto para o bebê, para isso é necessário que o profissional de saúde acompanhe o desenvolvimento da gravidez no pré-natal e identifique qualquer tipo de complicação. O pré-natal é um período em que o enfermeiro poderá influenciar na decisão das mulheres na escolha do tipo de parto, por isso uma assistência pouco esclarecedora poderá levar a mulher na escolha errônea da via de parto.

No momento do parto, a gestante precisa se preparar para um parto tranquilo, e deve prevenir complicações que possam ocorrer, assim estará proporcionando melhor qualidade de vida à mesma e ao feto, tendo assim um nascimento mais participativo e humanizado.

A qualidade da assistência do pré-natal ainda deixa muito a desejar no nosso país. A informação durante o pré-natal é importante para que a mulher possa ter uma experiência positiva, a fim de entender o parto como processo fisiológico, favorecendo assim a um parto mais humanizado e sem intervenções.

Existem métodos não farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto, por exemplo, o banho quente de aspersão e de banheira, a massagem, promover a deambulação e permitir que a parturiente escolha a melhor posição para parir, permitir um acompanhante no momento do parto, entre outros. Tudo isso promove um relaxamento e o conforto materno no momento do parto diminuindo a necessidade de intervenções desnecessárias.

A maioria das mulheres escolhe a cesariana sem nem parar para analisar o que significa um parto normal e nem pensar nas consequências de uma cirurgia cesariana. Isso ocorre por causa da desinformação e da influência da mídia que destaca a dor como o grande vilão que atua no parto normal. A informação a gestante no pré-natal é a chave para melhorar esta situação.

Podemos concluir que é possível sim, um parto normal sem dor, desde que bem acompanhado, sem esquecer que a escolha ao parto normal contribui em uma recuperação muito mais rápida da mãe, o que facilita na amamentação aumentando o vínculo mãe-filho, entre muitos outros benefícios. O pré-natal é o momento ideal onde a gestante poderá compreender as vantagens e desvantagens que envolvem cada tipo de parto.

As políticas do Brasil vêm avançando para diminuir as taxas de parto cesáreo, com campanhas do ministério da saúde que incentiva o parto normal, porém ainda existem obstáculos na decisão da escolha, visto que é necessário mudar a consciência dos médicos obstetras que realizam o parto cesárea de forma indiscriminada.

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